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Portugal e o Pleno Emprego

por Rogério Costa Pereira, em 29.11.13

Ministro diz que descida do desemprego "é sinal positivo" [JN]

Se todos os desempregados emigrarem chegamos a uma situação de pleno emprego. E eu que desconfiava da competência deste governo. 
A propósito, um amigo foi ontem pôr a filha a uma grande agência de emprego. Estavam lá centenas de outros pais. Com os filhos. Estes, já com emprego garantido. Estranhamente, poucos não choravam de tristeza. Pais e filhos. A tal agência de emprego chama-se aeroporto Sá Carneiro. 
Não nos gozem mais com estes números. É melhor para a saúde de todos, acreditem.

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publicado às 13:29


"Comer o mexilhão”

por Rogério Costa Pereira, em 04.10.13

Adivinhem quem vai pagar a contribuição especial que o governo vai lançar sobre os produtores de electricidade? O governo já avisou que não serão os consumidores. Em suma, e traduzindo do português-biltre...… serão os consumidores. Mas alguém com dois dedos de testa pensa mesmo que as eléctricas não arranjaram já forma de facturar essa treta ao Zé-Povinho? E o governo sabe disto? Claro que sabe; e também sabe que as eléctricas sabem. Tudo foi combinado e acertado até ao mais ínfimo pormenor. Então e esta troca de palavras a saber a azedo é tudo encenado? Mas que treta de pergunta é essa!? Há porventura alguma coisa na política económica e financeira desta vilanagem que nos empurra que não comece com um uma pantominice previamente encenada? Houve um jantar, sim, onde tudo foi acertado. E nós também lá estivemos, por certo, ou não tivessem os convivas optado por comer mexilhão. "Comer o mexilhão”". Como sempre, aliás…

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publicado às 15:30

Em suma − e se bem descodifiquei o linguajar por trás do mastigar de bolo-rei −, ou o PS se entende com a dupla PSD-PP (e nos proporciona uma solução anti-democrática), ou, das duas uma:

  1. Vem aí uma “personalidade de prestígio nacional” para liderar um governo de “salvação nacional";
  2. O PS, ao não aceitar esta ignomínia [se aceitar, morre! de vez e de morte matada], “obriga” o Cavaco a escolher a solução de governo proposta pela dupla PSD-PP.

Ideias soltas:

  • Não alinho na ideia de que isto foi uma moção de censura do Cavaco à proposta do PSD e do PP.
  • Cavaco fez um ultimato ao PS. E não aposto na irrevogabilidade da posição do Seguro.
  • E, sim, agora é a hora dos Verdes avançarem – de imediato; ontem! – com a moção de censura que ainda têm livre (são o único grupo parlamentar que mantêm essa arma disponível).
  • Quem é a “personalidade de prestígio nacional”? Bluff! Nem o Cavaco sabe, quanto mais eu.
  • Os donos do Cavaco devem estar a ter orgasmos múltiplos.
  • A democracia segundo Cavaco: PSD + PS + PP (o resto é paisagem)

Agora digam lá, o Cavaco sabe ou não sabe como “acalmar os mercados”? 

E agora? Agora, não esperemos mais! Para a Rua e em Força!

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publicado às 21:31


Há que diminuir o número dos que mais têm!

por Rogério Costa Pereira, em 26.11.12

Coelho,

Desta vez vou tratar-te, não como o estupor que és, mas como alguém que não joga com o baralho todo, que não tem os cinco alqueires bem medidos, alguém que ensandeceu perigosamente. Não sei se percebeste o que disse, até agora. Basicamente é um prólogo de um fecho que não virá longe, porque tenho mais que fazer do que estar a explicar-te ao que venho e qual é o meu estado de espírito.

Não sei, de resto, se à medida que te vai caindo cabelo não se te irão também desprendendo pedaços do resto de cérebro que eventualmente ainda encarceres nesse espaço entre as duas orelhas que te amparam o crânio. Em suma, para além do que os teus actos revelam, uma demência para além de qualquer dúvida — além de uma maldade constitucional que mesmo nos insanos se revela —, nem sequer sei se ainda saberás apreender um texto, ainda que to soletrem ao ouvido.

A cena é esta, pá.

Desde que te colocaram onde estás (até parece mentira que sejas primeiro-ministro), já disseste e fizeste todo o tipo de asneiras e inanidades. Já mimaste o povo que te elegeu com todo o tipo de insultos. E sim, e isso dá-me ainda mais liberdade — toda a liberdade — para te tratar como deves ser tratado. De resto, neste caso, não me incomoda que a minha liberdade atropele a tua, desde logo porque tu e os teus donos e as tuas doninhas me atropelam e ao meu povo todos os dias.

Disseste agora que quem mais contesta o Governo é quem mais tem. No momento em que te ouvi senti uma raiva que não mereces que alguém sinta por ti — porque és reles coisa e porque está fora das tuas capacidades perceber a gravidade do que vomitaste. Tive receio de que mo tivesses dito na cara, sabes? E tenho receio que muitos dos que mais têm motivos para contestar o teu governo de marionetes tenham sentido igual receio.

Muitos dos que mais têm vêem os filhos passar fome e, desempregados por causa das tuas políticas de terra queimada e das ordens que tens para dizimar, estraçalhar, plantar-eucaliptos-e-derrubar-sobreiros; — dizia, desempregados por tua causa, se sentem na obrigação, no dever, de roubar para pôr pão na mesa. Para que os filhos, que são dos que mais têm, não morram à fome. Para que possam crescer sem morrer e chegar a ter idade comprar um bilhete de comboio e fazer-te a vontade: desaparecer deste país. É isso que tu fazes a essas crianças, que mendigam para comer. Pões-lhe dor no olhar. Ódio no agir. São as sementes que plantas, os frutos que vais colher. Pode ser que te saio o tiro pela culatra. Pode ser que percam o comboio.

E, voltando aos pais, aqueles que são dos que mais têm. Estão como estão porque se eclipsaram as empresas onde trabalhavam, continuando, porém, estas, após lançarem milhares de famílias, das que mais têm, no desemprego, a ser das (empresas) que mais têm.

Tudo malta de posses como vês! Quando te ouvi roncar aquelas palavras, depois de olhar para o meu filho, depois de sentir o que senti, depois de gritar bem alto o que tu és em forma de palavra que não quero que o meu filho oiça, sabes no que pensei? Nas crianças que desmaiam nas aulas. De fome canalha! São das que mais têm? Das que não vão à escola porque não têm como. São das que mais têm? Das que não chegam a ver a luz da vida porque os pais, que são dos que mais têm, já não têm possibilidades de as ter. Lembrei-me daqueles que se enfiam dentro dos contentores do lixo à procura de algo para comer. Para dar aos filhos. São dos que mais têm? Daquelas famílias que dormem dentro do carro porque perderam o emprego e, para não roubarem, perderam a casa. São das que mais têm? Das que dormem ao relento. São das que mais têm? Lembrei-me de quantos velhos e menos velhos já terão morrido por causa da puta da tua austeridade. Nos hospitais onde já não há compressas. Onde se doseia o que não deve ser doseado. Onde os teus especialistas querem que se tratem as pessoas em função da esperança de vida. Dois meses de vida? Deixa morrer!  São dos que mais têm? Melhor; eram dos que mais tinham?

Lembrei-me dos velhos que morrem em casa. De fome, de frio, sem cuidados médicos, sem dinheiro para comprar os remédios que o estado social que tu destróis lhes garantia. A pensão miserável que lhes roubas e para a qual eles trabalharam de sol a sol a vida inteira.  

E tudo porque não há dinheiro. Há dinheiro para os teus boys, há dinheiro para tapar os buracos marginais dos da tua laia, há dinheiro para manter em colchão o que os bancos talvez precisem, enquanto pagamos juros usurários aos prestamistas a quem prestas vassalagem. Há dinheiro para tudo. Mas não há dinheiro para dar ao povo aquilo que é do povo por direito. Os tais direitos adquiridos e que tu saqueaste. Adquiridos ao longo de séculos, de evolução da espécie, pá. Olha o ridículo! Adquiridos em Abril. Nesse mesmo Abril que tu teimas em destruir, canalha.

Estes que emigram, estes que passam fome, estes que não nascem, estes que estão doentes, estes que morrem. Por tua causa! Não são estes os que mais têm, pois não?

Os que mais têm são aqueles que, ainda que passando fome, têm força para erguer o punho e a voz para te contestar? Aqueles que, ainda que inventando formas de viver, cortando onde não deviam cortar, te colocam em causa, a ti e às tuas políticas assassinas? São esses os que mais têm? São os milhões que se reúnem aos milhões e inventam formas para te mandar bardamerda? Nos 15 de Setembro? Nos 14 de Novembro? Aqueles que amanhã, em frente à AR e por todo o país, vão contestar o teu OE que, se o teu cúmplice de Belém promulgar, e enquanto o TC não o deitar abaixo — se ousar! —, vai diminuir o número dos que mais têm?

Era aí que queres chegar, não era? Há que diminuir o número dos que contestam! Há que diminuir o número dos que mais têm! Nem que para isso lhes cortes as pernas! Lhes apliques dose reforçada do mesmo que deste aos outros que já eram. Era isso que dizias, sim! Tu e os teus donos.

Para teres mais paz e poderes mais à-vontade fazer o teu serviço de corsário e salteador, de abre-latas aos vis, retalhando e despovoando o país, para entretanto e após o venderes ao preço da uva mijona.

Como vez, fiz como tu fizeste com as tuas promessas. Tratei-te, não só como o estupor que és, mas também como o alienado perigoso que também és. Ora lê lá a primeira frase. Foi isso não foi? Cumpri ou não cumpri? Pois…

Até amanhã, infame! Não passarás!

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publicado às 19:52


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