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Hoje foi o dia mundial da hipocrisia. Dia quinze, dia do funeral, a coisa vai fazer por repetir-se. O mundo vai mandar uma centena e meia de eminentes emissários ao funeral do Madiba (há gente cuja missão é ir a enterros). A maioria vai lá para ficar na fotografia. Abutres, lado a lado com o caixão. Há que deixá-los ir, não fazer grandes cenas. Não é hora disso. Tentar não os pisar, por causa do cheiro que depois fica. O povo, esse, saberá festejar a vida de Mandela. É disso que se trata. Não aquele festejar de "ontem" (quando todos os vermes e respectivos assessores tinham já alinhavadas as mensagens de condolências prontas a disparar; um chegou mesmo a fazê-lo aqui há uns meses, tamanha era a vontade). Não o da maioria dos de "hoje", em que até o único carrasco vivo do Madiba (cavaco, a nossa silva) grunhiu o "pesar da praxe". Não o daqueles que "amanhã" incluirão uma qualquer citação de Mandela num qualquer discurso de ocasião. Infelizmente, tudo isso irá acontecer, mas tudo isso é nada.
Como atrás disse, o povo, esse, saberá festejar a vida de Mandela. Saúdem Nelson Rolihlahla Mandela. Digam aos vossos filhos que não morreu um homem e expliquem-lhes a razão de tamanha excepção às regras da natureza. Repito-me, bem sei, assim como me repeti com o meu filho e ele acabou por me explicar que não percebia nada "dessas cores; preto e branco". "Há meninos cor de rosa, há outros cor de chocolate, papá!". O meu filho ouviu hoje falar de Mandela pela primeira vez, mas explicou-me, em dois minutos, quem foi, quem é, e quem será Mandela. Em suma, o povo, esse, saberá festejar a vida de Mandela.
Parabéns, minha vida. Faz hoje seis anos que te vi pela primeira vez, embora já há muito soubesse da tua existência. Parabéns, filho, e estes não são pelo teu aniversário, mas por seres quem és e como és. Poderei não mudar sozinho o mundo, mas mudarei o mundo sozinho, se preciso for, para que possas continuar a mudá-lo depois de mim. Amo-te.
[todos os anos faço por escrever um texto ao Francisco, no dia de aniversário, para além de todos os outros todos que vou escrevendo e que, raramente, não o têm como pedra de toque e moral da história. este ano, pela primeira vez, li-lhe o pequeno texto que lhe dediquei (assim saiu, pequeno em letras, mas não em sentir) e que encima este post]
-- Que lindo, papá, tão bonito; obrigado e dá cá um beijinho.
-- Gostaste, filho?
-- Sim, muito!, é um presente muito bonito, mas não tenho mais prendas?
-- É capaz de haver para aí mais qualquer coisita, sim. Queres que te leia o texto outra vez?
-- Não, obrigado, ainda não me esqueci. Onde estão as outras prendas?
--
-- Francisco, eu e a mamã vamos amanhã à manif, na Covilhã.
-- MANIFESTAÇÃO! MANIFESTAÇÃO! MANIFESTAÇÃO! Grândola Vila Moreeeena...
-- :) Mas olha, filho, temos de ir mais cedo para trabalhar e ajudar a preparar a manif.
-- Eu sei.
-- E como tu não paras quieto, e não podemos andar a correr atrás de ti, importas-te de ficar com os avós?
-- Não. :(
-- Se fosse só ir à manif, como na última a que fomos, tu irias. Sabes isso, não sabes?
-- Sim.
-- Mas desta vez temos outro papel.
-- Sim.
-- Gostavas de ir?
-- Sim, mas não me importo de não ir. Vocês têm de trabalhar.
-- Serias capaz de parar quieto enquanto trabalhamos? De nos ajudar?
-- Acho que não, gosto de brincar e correr.
-- Olha lá, puto, e por quem vamos lutar?
-- Contra os homens maus.
-- Sim; mas vamos lutar por quem?
[pelo tipo de conversas que tenho com o meu filho, esperava uma resposta: "por mim"]
-- Pelo Povo! :)
-- E quem é o Povo?
-- Sou eu e os outros meninos como eu. Olha, papá, eu não me importo de ficar com os avós.
a ideia é mais ou menos esta.
e um gajo vive e ama e odeia e despreza.
e é feliz e é triste e excede-se e aprende e morre.
e depois tem ali o caixão.
e é só? não, não é só.
“E aqueles que por obras valorosas / Se vão da lei da Morte libertando”
plantar uma árvore, pisar uma erva-daninha...
ter um filho!
não, não é só
"Caminante, no hay camino / se hace camino al andar / al andar se hace el camino"
Imagem: Django (Italy, Spain 1966 / Director: Sergio Corbucci)
Fui ler a historinha ao meu filho. Reparei, pelo canto do olho, que ele não estava a olhar para o livro. Por hábito, e porque o notei desatento às letras e às imagens, parei e olhei para ele. Estava a olhar para mim. Com aqueles olhos grandes por onde lê e se dá a ler.
"Papá, estou a ver a minha cara nos teus olhos"
Olhei-o nos olhos, sorri-lhe e li-lhe o resto da historinha.
"Papá, estou a ver a minha cara nos teus olhos"
Desvendou-me a essência em meia-dúzia de palavras. Há exactamente sessenta e quatro meses que a cara dele está nos meus olhos. Há exactamente sessenta e quatro meses que nos olhamos nos olhos. Faz hoje sessenta e quatro meses que a minha mulher e eu nascemos de novo.
"Papá, estou a ver a minha cara nos teus olhos"
Há coisas do arco-da-velha. Esta frase, longa-metragem das minhas sinopses diárias e redondas, saiu-lhe hoje.
Logo hoje que (ele não sabe) nos encontramos numa encruzilhada para onde não caminhámos mas para onde nos arrastaram.
O meu país já não se chama Portugal. Há exactamente sessenta e quatro meses. Disso já suspeitava, que um país é feito a cada dia por quem o faz e por quem o deixa fazer. E Portugal deixou-se ultrapassar pela direita. Pela direita. Mudou de ser, mudou de título. O nome do meu país é outro.
"Papá, estou a ver a minha cara nos teus olhos"
Faz hoje sessenta e quatro meses.
Não haverá bruxas, apesar de as haver, de as haver.
Já não há países sem Inc. a seguir ao nome.
Mas há filhos e há mães e há pais.
"Papá, estou a ver a minha cara nos teus olhos"
Mania esta que os adultos têm de complicar o que é simples. E toma e embrulha, Morpheus. "What is real? How do you define real? If you are talking about what you can feel, what you can smell, what you can taste and see, then real is simply electrical signals interpreted by your brain." [Morpheus, The Matrix]
Tenta antes isto.
"Papá, estou a ver a minha cara nos teus olhos"
Isto sim, é real.
Francisco, não acredito que esta lembrança me venha de '74. Tinha dois anos, então. Talvez de '75. Seja como for, é a minha primeira memória de Abril.
Ontem, andaste pelas ruas de Abril connosco, perguntando-me de quando em vez "são estes os homens maus, papá?". Não, meu filho, e talvez te tenha falado demasiado dos homens maus. Mas aqueles! não eram os homens maus.
Quando puderes perceber isto, saberás quem são os Homens Bons.
Minha vida, meu Abril.
-- Ó papá, sabes por que é que os camarões nunca mais chegavam?
-- Porque tinham ido a um cocktail!
(a viagem até Coimbra ia em 5 minutos e o silêncio ainda imperava)
Quico -- Mamã, Papá, hoje um menino mais pequenino bateu-me, deu-me um murro no peito!
Mamã e Papá -- ...
Quico -- Mas depois a Andreia deu-me uma ajudinha e eu bati ao menino
Mamã e Papá - Quiii-cô...?!!
Quico -- Não, não, enganei-me, não era isso que queria dizer. Eu só queria dizer que estou com vontade de fazer chichi.
Nota: A andreia é uma das professoras e não dá "ajudinhas" destas.
Estive a actualizar o homem-garnisé... (ia com uns meses de atraso).
Não é para vocês, o blogue, não é para mim. O homem-garnisé... é uma selecção de textos. Meus. De mim para o meu filho. A escolha. Não há letra que escreva que não seja por ele; para ele. Espuma dos dias à parte, por ali deixo as palavras que insisto que o Francisco um dia leia. Ali está a minha pele. Filho.
Se são para ele, só para ele, porque faço aqui o alerta? Porque sim!, que há por aí muito homem-do-saco.
Tentei agora deitar-me ao lado do meu filhote, que acordava da sua soneca dos sub4
− Posso descansar aqui um bocadinho ao pé de ti?
− Não, eu já estou perfeito para acordar!
− ...
- Olha, sabes?, eu estou com poucas forças para andar no carrossel, mas vou tentar!
É, mais "ma" menos mã, o número de vezes por dia que o meu filho, detido em casa a contas com uma laringite, diz "mamã".
Uma coisa picante, pois claro.
(hoje, o meu filho está particularmente inspirado)
"- Mamã, gosto tanto de ti que só me apetece comer pizza."
(o que raio andará o puto a ler?)
BEM-VINDO: O EMPRÉSTIMO ONLINE ENTRE PESSOAS GRAVE...
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Olá senhoras e senhores!O ano está acabando e esta...
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