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E ao terceiro dia ressuscitou

por Licínio Nunes, em 04.07.13
A actual crise política vai no seu terceiro dia. O primeiro foi o dia da ira. Um cronista do Público falou em Hamlet; poderia ter falado noutra coisa qualquer, mas que parecia tragédia, parecia. Num movimento que parecia de espadachim profissional, Paulo Portas demitiu-se. Meia-hora antes duma cerimónia oficial de estado, a estocada perfeita. Irrevogável! Em poucos minutos, os portugueses esqueceram o inenarrável Gaspar, esse sim figura marcante do século XXI português, tanto como o seu antepassado António, o das Botas, o tinha sido no século anterior.

Durou pouco este primeiro dia. Cerca de duas horas e meia depois, começou o dia da farsa. Em directo, como convém, ficámos a saber que afinal que afinal não tinha havido estocada, nada de irrevogável tinha acontecido, porque este iria ser o longo dia para o primeiro, ministro como convém, ir a Berlim, sossegar a Rainha da Prússia e garantir-lhe que poderá prosseguir a sua própria agenda política interna sem sobressaltos.

Quero fazer aqui um parêntesis, para dizer que nada nestas peripécias me surpreendeu. O senhor Paulo Portas, grande e profundo actor político, nunca passou dum embuste mediático, criado em boa medida pelo próprio, durante o tempo em que foi director do "Independente", alguém se lembra? Quando o tal espadachim esgrimia furiosamente contra o primeiro-ministro da época? Águas passadas, decerto, que apenas moveram irrevogavelmente o tal espadachim, enquanto o embuste durou e foram mais de vinte anos. Ficámos a saber ontem que o tal grande actor político não manda nada no seu próprio partido, continua apenas a ser, irrevogavelmente, a sua imagem de marca, provavelmente porque aqueles que realmente mandam não conseguem desencantar quem tenha, irrevogavelmente, a mesma falta de vergonha na cara.


Hoje é o terceiro dia. O dia da bruma. Talvez venha a ser recordado como o dia em que a segunda República portuguesa terminou. Parece que a condição imposta pelo garante da constituição e do normal funcionamento das instituições, é que o espadachim ressuscite. Se as noticias hoje avançadas tiverem fundamento, Paulo Portas irá ressuscitar como vice-primeiro-ministro e ministro da economia. Como segundo parêntesis, devo dizer que a possibilidade de tal pasta ser desempenhada por um não economista, até poderia ser uma boa novidade, em todas as circunstâncias que não estas. Assim, é apenas farsa sobre farsa.

Estes foram também os dias em que os meios de comunicação, elemento essencial para a manutenção do Consulado Gaspar, cortaram com a narrativa que o manteve, durante dois anos. Como irão encarar a ressurreição anunciada e, tudo o indica, irrevogável? Será que haverá um único jornalista que seja capaz de encarar estes actores como um mínimo de seriedade? Os próximos dias irão ser os dias do desencanto. Como é que os portugueses irão encarar a sua situação crítica? À força de cuspidelas, como já aconteceu com o ex-Consul Gaspar? Ou será que se irão finalmente convencer de que não há mais nenhum Salgueiro Maia em Santarém. Talvez quando a canícula assentar. Talvez os portugueses queiram olhar o espelho e gostar do que vêm.

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publicado às 20:47


O meu avô e o rádio dele

por Licínio Nunes, em 03.07.13
O meu falecido avô paterno, só acreditou que o 25 de Abril de 1974 era mesmo o reviralho, depois de ter ouvido a confirmação no serviço português da BBC, e no mesmo monstro de rádio em que tinha ouvido as noticias da guerra, vinte anos antes. Brinquei muitas vezes com ele, a este respeito, mas só hoje o consegui entender.

Estamos a viver uma ópera-bufa, mas ainda é pior do que parece, vista de perto. OK! Desta vez não foi a BBC, mas foi lá da terra. E explica tudo. Tudinho, desde a posição daquela coisa que é suposta ser o garante da constituição e do normal funcionamento das instituições — quem quiser que apresente uma moção de censura no parlamento — até ao inenarrável Pedrocas. Estão todos a fazer uma única coisa: evitar que a Margrave de Brandeburgo tenha surpresas nas próximas eleições alemãs.

E continuam alegremente impávidos e serenos, porque são ainda mais medíocres e incompetentes do que a nós nos parece. A lei portuguesa estipula que cada grupo parlamentar só pode apresentar uma moção de censura em cada sessão legislativa e tanto o PS como o PCP e o BE já o fizeram. Está salva a querida líder prussiana! Estará? Veja-se até que ponto esta gentinha é rasca: os Verdes têm um grupo parlamentar e ainda não apresentaram nenhuma moção de censura, este ano. Será possível que não tenham reparado? Os ingleses repararam. Vai ser um Verão muito, muito, muito quente...

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publicado às 16:48


Quero o meu País de volta!

por Licínio Nunes, em 02.07.13
Este post era para ser a respeito da unidade da esquerda. Das esquerdas, da sua multiplicidade, simultaneamente força e fraqueza. Perdi-me. Os acontecimentos de hoje cortaram por completo o meu fio de pensamentos. De um presidente que iça o sinal da ocupação estrangeira, a um primeiro-ministro que joga a sua sobrevivência num golpe-de-mão contra o seu parceiro político, aliado ou refém. Chega! Isto já não é sequer a respeito de ideologias. Quero o meu País de volta e JÀ!

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publicado às 23:06


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