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Diário de um Deus Criacionista

por Rogério Costa Pereira, em 17.06.11

Uma coisa posso dizer do novo Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira: o livro em título foi das coisinhas mais hilariantes e originais que li no último ano. Se for assim tão bom Ministro, temos homem. Ou, como ele diria: homem!  Fico, pois, satisfeito, de ter como Ministro um homem com tamanho sentido de humor.

PS: Quando disse, no post abaixo, que não o conhecia, nem me passou pela cabeça que fosse a mesma pessoa; o Santos Pereira ainda tocou uma campaínha, mas nem me lembrava do Álvaro.

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publicado às 21:33


Contos hieroglíficos

por Rogério Costa Pereira, em 22.05.11

horace walpole

Ao ler esta pequena maravilha, de Horace Walpole, jovem escritor inglês de 294 anos, constato que escrever pode fazer-se sem transpirar. Em contos de 4 páginas, Walpole consegue, no seu rascunhar indolor e ligeiro, fazer-me, a mim que tenho menos 255 anos, sentir um velho cronista do restelo. Para quem não conhece, e para que o vício pegue de estaca, aconselho o conto 6, "uma verdadeira história de amor". Escrito em 1785, consegue ser "demasiado" moderno em 2011. Um verdadeiro murro nas trombas. Serendipty.

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publicado às 01:42


O Bom Inverno

por Rogério Costa Pereira, em 22.04.11

Acabei há dias de ler O Bom Inverno, de João Tordo. Trata-se, definitivamente, de algo de novo na literatura portuguesa. João Tordo tem o mérito de fazer das suas fraquezas forças. Assume-as – assume-se!, como bem se vê no recurso ao novelístico House − com folgança e às escâncaras, quase que a gozar connosco. Bom Inverno é um livro que tem um defeito bom – ele há disso, como o cigarro que ora fumo: o livro não se lê, devora-se. É um defeito, sim, mas, no meu caso concreto, é um defeito muito meu – um defeito do leitor, que é glutão. O romance tem – confirmo! − dos melhores diálogos de sempre – de sempre!, e não exagero − da literatura portuguesa. Bosco é o nosso bicho-papão, o homem do saco, metáfora crua de algo/alguém a que cada leitor dará forma/nome. O eterno monstro debaixo da cama que atenta todas as medranças, os tempos da luz acesa no corredor. Os outros actores, e não é à toa que uso esta palavra – actores ­−, são memoráveis (Olivia é um quadro em branco; nem João Tordo saberá exactamente quem ela é – e escrever é mesmo isto, as palavras a atropelar o instrumentalizado autor). Estamos lá todos e, como na vida, todos temos uma parcela da culpa; até da de estarmos vivos. João Tordo entrega-nos o livro em cru e obriga-nos a recorrer aos nossos sonhos e pesadelos para o cozinhar. É um livro manifestamente incompleto, de tão cheio que vem. Nem o facto de utilizar quatro vezes uma das palavras mais detestáveis da língua portuguesa, procrastinar, me tirou do sério; mesmo na altura em que esta antecede o belo adiar tão mais português. E tão mais bonito.

Em suma, fiquei leitor, e penso que com João Tordo e valter hugo mãe estamos bem servidos, por muitos e bons anos. Não podiam ser mais diferentes, quer nos enredos, quer no domínio das palavras, quer na criação de personagens. Ambos, porém, tem algo em comum. Escrevem de forma despretensiosa, coisa que os afasta de José Luís Peixoto, um fulano que tem tudo para dar certo, mas que exibe um umbigo grande demais. E não, nisto da literatura, a humildade não é algo despiciendo.

PS - Não sou crítico literário, já tenho afazeres que bastem, sou um "mero" leitor. 

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publicado às 23:48


José Luís Peixoto ou Do que dá falar antes de tempo

por Rogério Costa Pereira, em 22.10.10

Quando escrevi este post, a propósito do Livro, de José Luís Peixoto, tinha terminado o primeiro capítulo (o livro tem 263 páginas e dois capítulos, sendo que o segundo começa na página 204). Aproveitei a mudança de capítulo para terminar outra coisa que tinha deixado a meio (gosto de prolongar o que me sabe bem). Inocente, eu, terminada a outra coisa, voltei ao Livro que tanto gozo me a estava dar, longe de pensar que 60 páginas me obrigariam a comer o meu chapéu. As armas e os Barões assinalados. Que da Ocidental praia Lusitana. Por mares nunca de antes navegados. Passaram ainda além da Taprobana, ... E eis que o comi, à grande e à francesa. A ordem é rica e os frades são poucos, pensava este inocente, já a lambuzar-se com a perspectiva de acrescentar ao valter mais um de leitura obrigatória.

, homem! Saíu-me o tiro pela culatra, deparei-me com um ser que ao invés de dar tempo ao tempo,  que assim humildemente , resolveu tentar inventar o que já está inventado há muito. O segundo capítulo é absolutamente miserável, indigno de ser publicado. Li a treta até ao fim, como quem assiste a um suicídio sem nada poder fazer (fraca desculpa, podia ter aproveitado o famigerado capítulo para forrar a caixa de areia da gata). Detesto que me gozem. O que JLP fez, naquelas 40 páginas, foi exactamente isso: gozou com a minha cara. Não voltarei ao lugar do crime, a não ser que me garantam que JLP deixa de escrever os rabos-de-livro com o umbigo. Como é que em 60 páginas se desfaz uma história?, pensa quem me lê. Vejam as bolinhas e passeiem os olhos pelo _______ (classificação do Braga no último campeonato) capítulo (página 204). Atentem no rodapé e no itálico. Tudo made in técnico-táctica de José Luís Peixoto1

1- se o gajo não escrevesse tão bem, eu não estava tão fodido. masc. sing. part. pass. de foder. (latim futuo, -ere, ter relações sexuais) v. tr. e intr. Cal. Ter relações sexuais. v. tr. e pron.Cal. Deixar ou ficar em mau estado, destruído ou prejudicado. Cal. foda-se: interjeição designativa de admiração, surpresa, espanto, indignação, etc.; Sinónimo Geral: fornicar.

PS - Obviamente, as bolinhas, os espaços em branco para preencher (?), os itálicos (que no Livro nem o são) e os rodapés que escolhi são uma caricatura do que li. E, como em qualquer caricatura, talvez o nariz apareça maior. Seja como for, e esse é o ponto, JLP conseguiu, em 60 páginas, mandar-se à merda e ao Livro e a mim. Tenho pena.

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publicado às 21:45


Livro

por Rogério Costa Pereira, em 14.10.10

de José Luís Peixoto. A maior parte dos livros dão-nos a escolher. Este (Livro) é obrigatório. Duas palavras: mágico e sufocante.

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publicado às 02:15


Respirar melhor

por Rogério Costa Pereira, em 10.08.10

Logo às primeiras páginas compreende-se que não vamos sair iguais deste livro. valter hugo mãe já me tinha surpreendido com “o remorso de baltazar serapião” — Saramago chamou-lhe terramoto ou algo que o valha. Desta vez, com “a máquina de fazer espanhóis”, estamos perante algo único, um momento ímpar, coisa singular e mais uma porrada de cenas que querem significar isso mesmo. A história da literatura portuguesa vai fazer-se de valter hugo mãe apenas porque valter hugo mãe é o melhor escritor português vivo. Não é exagero, afianço.

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publicado às 16:27


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