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Quando partimos da parte para definir o todo corremos o risco de generalizar; e quando generalizamos cometemos injustiças, porque necessariamente excluímos ou incluímos no todo algo que, por Princípio, mereceria ser considerado à parte. E tratado como tal.
Inventei esta espécie de trava-línguas de má colheita para avisar que, ao dizer o que vou dizer, necessariamente cometerei injustiças. Porque nem todos os alemães são iguais (adiante explicarei o propósito disto). Mas são injustiças medidas, calculadas, submetidas a uma espécie de Princípio da Concordância Prática.
Normalmente, este Princípio é usado quando se verifica o confronto de dois Direitos e um tem de prevalecer sobre o outro – veja-se a questão da Liberdade de Imprensa versus o Direito à reserva sobre a Intimidade da Vida Privada; até que ponto é legítimo um jornalista revelar factos da vida privada de quem quer que seja?
A resposta tem de ser dada caso a caso. Será legítimo um jornalista dizer que o vice-Primeiro Ministro é homossexual? Obviamente que não. E se esse mesmo político for o líder de um partido que tem como uma das bandeiras a luta contra o casamento entre homossexuais? Aí a coisa complica-se. Mas a resposta, para mim, continua a ser não. E podíamos ir por aí adiante com esse vice-Primeiro Ministro. Ou então mudar de assunto.
Não mudemos de assunto. E se um jornalista seguir o conselho de Ana Gomes que, no programa Conselho Superior, da Antena 1, disse, antes da formação do actual Governo, em 7 de Junho de 2011, o que foi resumido (presumo que por um jornalista) assim?: «Em relação à formação do Executivo, a eurodeputada socialista defende que os meios de comunicação social devem assumir o seu papel de contribuir para a transparência do passado dos políticos, nomeadamente do presidente do CDS-PP, Paulo Portas. Ana Gomes acredita que estão em causa a idoneidade e credibilidade pessoais e políticas de Paulo Portas para voltar a desempenhar cargos governamentais e lembra o caso dos submarinos. Ana Gomes vai mais longe e acusa Paulo Portas de ter encetado uma “campanha de desinformação” e de calúnia de dirigentes socialistas, associando-os ao processo Casa Pia.»
Mas Ana Gomes foi ainda mais longe e falou de “dois ministros do Governo de Durão Barroso que fariam investidas em meios de prostituição, um deles até disfarçado de cabeleira postiça”. E termina, alertando a Imprensa para que “não digam que não sabiam e que não foram avisados.”. Na altura não tive dúvidas, e referi-me a Ana Gomes como alguém que toca-e-foge, mas deixa as incumbências e os trabalhos sujos para os outros. Mas, no que aqui interessa, ficou o desafio de Ana Gomes à Imprensa. Investiguem e revelem o passado de Paulo Portas. E a verdade é que nem a Imprensa investigou (o que Ana Gomes insinua que a Imprensa já sabe), nem Paulo Portas moveu qualquer processo contra Ana Gomes. Só isto dava uma notícia.
Mas e se um jornalista investigasse? E se um jornalista escrevesse sobre “os dois ministros do Governo de Durão Barroso que fariam investidas em meios de prostituição, um deles até disfarçado de cabeleira postiça”? Seria legítima esta invasão, por um jornalista, na vida privada dos tais “dois ministros do Governo de Durão Barroso”? Se o benefício adveniente dessa intromissão resultasse em ganhos para o país, obviamente que a mesma estaria legitimada.
Em suma, Concordância Prática de Direitos é isso mesmo. Colocá-los, na prática, em concurso e, perante a impossibilidade de ambos se exercerem na plenitude, verificar qual deve prevalecer. Olhando, com bom-senso, os deves e os haveres. Os ganhos e os perderes.
Apliquemos agora este mesmo Princípio, ainda que violentado, à tentacular Alemanha de agora. Será possível legitimar a injustiça em que se traduz a violenta generalização de afirmar que todos os alemães são iguais? E qual a importância de tão ingrata tarefa?
Vamos a factos.
A Alemanha entre 1914 e 1945 tentou por duas vezes dominar a Europa e, em medidas diferentes, praticamente a reduziu a escombros (em termos físicos, económicos, políticos e sociais). Sendo que de ambas as vezes o domínio da Europa seria o trampolim para o domínio do mundo. Esta questão aparece para além do explícito quando propagandeado pelo ideal nazi. Um império de mil anos, imutável e perfeito à imagem da “raça alemã” (o que quer que isso seja). Não me vou alongar em questões como o “misticismo nazi”, que é por muitos visto como a trave mestra do “ideal ariano”; mistura de esoterismo, fanatismo, megalomania, homofobia, racismo, anti-semitismo, xenofobia e demais maleitas congéneres. Basta dizer que a ideia assenta no facto de o nazismo ser a religião e o führer o deus.
A questão é, pois, elementar. Em cerca de 30 anos, a Alemanha (vou aqui ser simplista e chamar-lhe apenas Alemanha; na verdade há mais do que uma Alemanha) foi a génesis das duas grandes guerras convencionais à escala global. Durante a II Guerra Mundial, já com os aliados portas adentro, os alemães (e aqui vem a primeira generalização) ficaram com Hitler até ao fim. Já Hitler se tinha reduzido à sua primeira essência de cobarde, encafuando-se num buraco e terminado com a infeliz nascida que mudou a rota do planeta, e continuavam os alemães a lutar por esse desatino genocida de um louco com voz de rádio.
Mais factos.
Século XXI; eis de novo a Alemanha como potência económica mundial. E eis de novo a Alemanha, reunificada desde 1989, com ganas de dominar o mundo. Há, desta feita, uma nada ténue diferença para as vezes anteriores. É que em 2013 a Alemanha está efectivamente a comandar os destinos, no terreno, de pelo menos três países; Chipre, Grécia e Portugal. E com ganas de o alcançar em tantos quanto possa, o que rapidamente conseguirá, se os homens de bem e sem preço marcado na testa não se mexerem. Espanha, Itália, França, Holanda. E caídos estes, os restantes vêm com o troco. Omito propositadamente a Irlanda, porque não passou de um ensaio. Um teste à Inglaterra. E a Inglaterra é (são), por razões históricas, económicas e geográficas, “outros quinhentos”.
Ainda mais factos.
E agora vou apenas limitar-me ao que não oferece dúvida. Ao que nos toca, embora na Grécia as coisas não sejam muito diferentes. Desde que permitimos, empurrados pelo actual Governo, a entrada da troika em Portugal, quantas vidas se perderam? Entre suicídios, doença, fome, frio; ou “apenas dor e mágoa”. Quantos morreram antes de tempo e quantos não chegaram a nascer? Quantos emigraram? Quantos não imigraram?
Mas há algo que devo esclarecer, sob pena de estas palavras perderem aqui o sentido. Estarei, de forma abusiva, a confundir a troika com a Alemanha? E os infames mercados e as agências de rating?; e bildenberg e o Goldman Sachs? Obviamente, nem tudo isto é Alemanha, basta atentar no declarado ódio visceral que Merkel tem ao Goldman Sachs. Quanto ao triunvirato “Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional” estamos conversados. Os dois primeiros são notoriamente marionetas da Alemanha e o FMI é uma espécie de sempre-em-pé onde haja tostão para extorquir. Alemanha, pois. Os mercados, as agências de rating, bildenberg e o Goldman Sachs, não sendo dominados pela Alemanha − que apenas terá algum poder partilhado nos três primeiros e alguns agentes infiltrados no último −, não vão muito além da agiotagem em grande escala, sem pretensões de ocupar efectivamente o terreno. E a Alemanha, com brio e vocação, aproveita o que mais lhe interessa, a médio e longo prazo. A germanização da Europa. Um império de mil anos, imutável e perfeito.
E, com esta conjugação de factores, teremos em breve um Portugal que manterá o nome como mera referência geográfica. O Algarve e parte do Litoral Alentejano serão uma espécie de Flórida europeia, onde os boches virão morrer no descanso do führer. No resto do país, uma China a custo zero. Trabalho escravo. Construir aqui, espetar a etiqueta “Made in Germany” (ao “made in” não podem eles fugir) e vender para o resto do mundo.
Apliquemos agora a esta loucura, quiçá minha, o tal Princípio da Concordância Prática, ainda que necessariamente adulterado.
De um lado temos uma nação próspera, organizada como nenhuma outra, que pé ante pé se foi recuperando, também graças a um Mundo que lhe garantiu rédea solta e lhe tirou o açaime. Uma nação que vive numa Democracia interna bem mais saudável do que a nossa (suprema ironia). Um país repleto de fervorosos cidadãos, que exercem cidadania efectiva.
Do outro lado, temos todos os factos atrás elencados. Aquilo que, sem arriscar, chamo de IV Reich. Por mera curiosidade − ou nem por isso −, diga-se que esta expressão, IV Reich, foi usada pela primeira vez por Rudolf Hess, já depois do Julgamento de Nuremberga, quando grunhiu algo como “eu serei o führer do IV Reich”. Não calhou. Mas a verdade é que calhou o sacana morrer tarde, já com 93 anos, em 1987. Teorias acerca das causas da sua morte não faltam, mas a maís razoável, atendendo ao facto de o bicho estar cego e praticamente não se conseguir mexer, é que tenha mesmo sido assassinado e o suicídio “versão oficial” não passar de uma emenda bem pior que o soneto. Adiante.
Ser-me-á, perante tais factos, legítimo cometer a injustiça de enfiar todos os alemães no mesmo saco e olhá-los por igual, porque não há tempo para fazer distinções? Ver em cada alemão um inimigo só porque é alemão? Por natureza (minha) diria que não, que mais vale ousar a injustiça de deixar em liberdade mil culpados, do que a maior injustiça de prender um inocente. [e agora entrem os violinos]
E se em vez do Euro, a arma fosse de guerra convencional? E se em condições “ideais” cada alemão fosse agora chamado de volta às trincheiras?; chamado de volta ao viver e matar hitleriano? Os netos da Alemanha genocida estariam aí para as curvas? Se sempre estiveram (ainda não passaram 100 anos sobre a Primeira Guerra Mundial), se economicamente estão… Se para um alemão de classe média viver ao estilo “Deutschland,Deutschland über alles” é necessário chacinar de fome, de frio e de doença dez portugueses (eufemismo, bem sei; serão mais), se a Merkel acabou de ser reeleita, que conclusões posso tirar?
Eis-nos, pois, em pleno matar ou morrer de um IV Reich, bem mais “eficaz” do que os anteriores.
Será injusto tomar a parte pelo todo? Mas e se a parte andar perto do todo? Se for o quase todo? E eis a Justiça de não generalizar versus a Justiça de perder tempo a escolher. E digo perder tempo porque os alemães já provaram (demasiadas vidas matadas) que, quando somados (quando em matilha), perdem a individualidade em favor de um “ideal” de conquista que lhes corre na massa do sangue. A Historia não mente e insiste em não errar. O problema dos homens é precisamente terem memória curta. A reunificação da Alemanha equivaleu, metaforicamente, à união da fome com a vontade de comer. Quem come é sempre a Alemanha, os devorados somos nós; os outros.
“A História é uma velhota que se repete sem cessar” [Eça de Queirós, in Cartas de Inglaterra] e a verdade é que a Alemanha já nos disse − gritou, ameaçou, matou −, por demasiadas vezes, que não cabe nela.
Arriscai por Justiça não ser injustos (é perigoso e longo o caminho de separar tão pouco trigo de tanto joio). Eu arriscarei, também por Justiça, sopesar a injustiça que a História me grita com a injustiça de ser “Justo”. Ainda que os alemães não sejam todos iguais, os resultados da Alemanha aplicada no terreno são sempre os mesmos. No que me toca, antes morrer de pé e berrar de dor do que rastejar às ordens de um kapo que no momento tem assento em São Bento e em Belém.
É possível alterar este fado? Claro que sim! Levanta-te, descruza os braços, ergue os punhos e muda o teu mundo. Se cada um mudar para melhor o seu mundo, o mundo muda (e sim, continuo a acreditar; vivo ao som de violinos, se isso vos fizer felizes; mas sei que um dia alguém inventou a roda, e muitas rodas se seguiram e outras tantas se seguirão.)
E a velhota pára de se repetir.
* Texto escrito em 17 de Novembro de 2013 e que, por razões que para aqui não interessam, não foi publicado. O actual cenário na Ucrânia não me faz mudar a essência do que escrevi, mesmo porque o que penso da Alemanha não se altera por causa do que penso desta Rússia putinesca. Não sigo a teoria do mal menor e não troco o péssimo pelo mau.
Antes de mais, publicaria este post (reprodução de uma conversa no facebook) com ou sem autorização do indivíduo em questão. É-me absolutamente indiferente se se trata de um perfil falso, armado em agente provocador, ou de alguém que realmente sente e vive o que diz. A conversa foi mais longa do que isto que de seguida transcrevo, mesmo porque começou em dois posts por mim publicados no facebook, em que o ser em questão não disse uma palavra em alemão (a excepção poderão vê-la no texto). Apesar de interpelada em alemão, não soube responder. Fica a conversa. É complicado ler e perceber o que o indivíduo diz, mas, acreditem, vale muito a pena. O Perfil era o de uma mulher, mas por uma questão de pudor (porque invoca o falecido pai e porque a fulana pode mesmo ser real), o nome vai substituído por “Deutschland über alles". Leiam, ao menos, os destaques a bold, se não tiverem pachorra para ler tudo. “Äh se o gämänco continuär gäränto-te que ides Pägär,por isso näo me fodäs tu! ficä bem!”
23:15
Deutschland über alles
Rogerio desculpä lä mäs como te disse tenho fämiliä Älemä,poräcäso näoqueres quedigämäldeles pois näo? Näo tenhoculpä deviver bem,tänto äqui como em Portugäl,nem tenho culpä de Portugäl estärnämerdäcerto? e Rogerio cädä umcolhe o que semeäu!! Se estäs ä referir-te äs guerräs,normäl que sou completämente conträ certo???? näo respondoä nädä sobre opovo älemäo!
23:18
Não me lixes. E pára com isso dos tremas. O teu teclado é igual ao meu. Não me tomes por parvo. E o teu alemão é igual ao meu. Ora responde lá à Célia em alemão. Só para eu ver o errado que estou.
23:26
Deutschland über alles
o meu estä todo esträgädo ä serio äpequenä älemä lixouisto tudo:) segundo,comote escrevi eu,näoligoä quem diz mäl dos Älemäes!Depois Rogerio percebe de umävez,eles säo brilhäntes em tudo,tudo mesmo,e voces äi em Portugäl,estääo fodidos pelä troikäe cäscäm nos älemäes,que culpä tem eles de Portugäl sergovernädo por mediocres????? e Rogerio neste ponto desconto,eu,e eles pärä cobrir ä merdä queosvossos governäntes fizeräm!!!!! Tämbem deixä-me dizer-te estou forä mäs ätentä se näo fossem eles,estävä muito boä gente sem culpä äindä pior!!! Sou conträ eles sim,mäs sobre ä guerrä! Por äcäso näo estäväm ä esperö que vos dessem o dinheiro????Como vez näo posso ir conträ eles!!!! Äh se o gämänco continuär gäränto-te que ides Pägär,por isso näo me fodäs tu! ficä bem!
23:26
Não falas uma porra de alemão. E deste-te a tanto trabalho.
23:32
Deutschland über alles
olhääque se cälhär engänäs-te:) olhä que äsvezes nemsempreo que pärece e:)jä o fizeräm e foderäm-se:)
tänto träbälho emqueRogerio? nemnos conhecemos:)
23:32
Uma palavrinha em alemão, vá lá....
23:33
Deutschland über alles
bitte?
zelbä? [nota: a palavra zelbä não existe; selber será o que o indivíduo pretenderia mimicar]
23:33
Deutschland über alles
Kinder?
23:33
Surprise
23:33
Deutschland über alles
olhä quetb
olhäque äsvezes säi o tiropeläcoläträcomomesmodizesPorrä
23:34
Não respondes à Célia porque não fazes a menor daquilo que ela te pergunta
23:35
Deutschland über alles
Ägorä serio Rogerio,näo penses que deste lädo tensumä perädoce,porque näo tens:)nemme dei äo träbälho de ler ä srä,äliäs näoleionädäquesejäescritosobre ä lemänhä:)
Depois,tb näo me interessä ospensämentos vossos:)
Rogerio,eu sobre ä Älemänhä,nädä leio vindo dos Portugueses
ok?
23:36
Olha, vai bardamerda. E nem todos os pastores alemães são alemães.
23:37
Deutschland über alles
Porrä que päreces Älentejäno e näo Dä Covilhä:)
cläroque näo:)tb häälemäesdeemrdä normäl
23:37
Toda esta conversa vai ser publicada. Porque me apetece.
Continua
23:38
Deutschland über alles
fäz,näo tenho problemäs Rogerio,porque cädä um pensä o que quiser:)
borä lä:)
perguntä eu respondo!
23:39
Não.
Vou apenas fazer o que é natural. Sejas lá quem fores, és um case-study.
23:40
Deutschland über alles
sou mesmo
23:40
Olha, agora saiu sem tremas.
23:42
Deutschland über alles
päreces o meu felecido päi:)Rogerio,isto Pärece umä conversä dä tretä:)
Pelo que li es bom miudo e inteligente:)
23:43
Olha, sem tremas de novo. Estás a desleixar-te
23:43
Deutschland über alles
Nädä...
23:44
Agora com tremas.
23:44
Deutschland über alles
sem,estä bem?
tento miudo:)
23:46
Isso tudo. Agora pira-te. Pega no sabonete e entra ali. É essa a ideia, certo?
THE END
"A memória dos destinos dos prisioneiros enche-me de uma tristeza e vergonha profundas", declarou Angela Merkel num breve discurso durante a sua visita, a primeira de um chefe do Governo alemão a este campo de concentração perto de Munique. Cada prisioneiro de Dachau e de outros campos de concentração tinham uma história pessoal que foi interrompida ou mesmo eliminada", disse ainda a chanceler, que também depositou uma coroa de flores no local antes de se encontrar com alguns sobreviventes."[DN]
Hipócrita de merda! "Tristeza e vergonha profunda" só se for por o III Reich não ter tido a "mestria" de alcançar o que o IV Reich vai agora conquistando. As armas são outras mas o objectivo é o mesmo. E, pela Europa, este nazismo de trombas lavadas vai semeando morte e destruição, disfarçado de "austeridade necessária". Os campos de concentração têm agora nomes de países; países sem fronteiras. E os Kapos dos tempos que correm vão sendo eleitos "democraticamente" (por cá, chamam-lhe eleições legislativas) pelos povos de cada país sob o domínio germânico. A letra disfarça-se entredentes [Deutschland über alles] mas a música é a mesma. Uma espécie de som emitido pelo flautista de Hamelin. Os ratos somos nós.
IV REICH
1. "Farei tudo para que Portugal tenha um futuro feliz e para que nos demos bem na Europa." [Merkel].
2. "Quando já não for chanceler venho passar as minhas férias aqui, agora não tenho tempo." [Merkel].
III REICH
1. "Faremos daquela colónia de mestiços e ignorantes uma nova Alemanha." [Hitler]
2. "Onde Napoleão falhou, obterei sucesso, vou desembarcar nas praias da Inglaterra." [Hitler]
Em suma,
"Torne a mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e eventualmente todos acreditarão nela." [Hitler]
"Que sorte para os ditadores que os homens não pensem." [Hitler]
No final,
"Eu realmente achei que venceríamos." [Hitler]
«A entrada da Grécia no euro "foi um erro", defendeu ontem o presidente da França, Nicolas Sarkozy, numa entrevista televisiva transmitida pelos principais canais franceses. Nicolas Sarkozy relembrou que nem ele nem Angela Merkel, chanceler alemã, estavam em funções quando foi decidida a entrada da Grécia no euro e afirma que o país entrou "com números falsificados" e sem uma "economia preparada para assumir a integração na zona euro".» [Antena 1]
Nem ele nem a Angela estavam em funções. Comecemos pelo princípio, que é sempre uma bela maneira de começar. Não remontemos, porém (ai o pudor), ao tempo em que o pequeno Nicolas ainda não tinha descoberto os sapatos de tacão-alto ou a desditosa Bruni. Quando falo de princípio, quero dizer dos Princípios a que já aqui aludi.E o princípio do pequeno Nicolas é algo como: a Europa somos nós, eu e a minha roliça Hausfrau. O inusitado eixo franco-alemão; é disso que ele fala. E nós, em falando, falamos de gentes – eles − que se matam quando separadas, gentes que esfolam quando unidas.
Este pequeno-grande néscio admite, pensando como deus lhe deu (QI-dois-mais-vinte-e-cinco-é-igual-a-dois), que a Europa de hoje se resume ao novo eixo (que gozo me dá usar este termo: “novo eixo”). O eixo franco-alemão. Espetem-me garfos nos olhos e rodem até sangrar (eu já o fiz e escrevo de ouvido), mas a verdade é que o pr eleito está, por uma vez, carregado de razão: quem raios deu a este casal de brita-ossos o poder de se assumir como dono da Europa?
A Grécia-Erro é um belo erro, mas não é o nosso erro? O vosso erro? Da Alemanha e da França? Como raios hei-de dizer isto de uma forma meiguinha?
Ide para a puta que vos pariu? Quem vos elegeu? Querem uma federação? Proponham-na e proponham-se para a dirigir, que isto de pagar para abater árvores de fruto ainda não é propriamente um sufrágio. De resto, isto dos 17-na-sexta-27-no-sábado é menos que zero. Temos, pois, de acordo com o pequeno Nicolas, consorte (com muita sorte) da Fräulein, quatro europas. A Europa deles, a Europa dos 17, a Europa dos 27 e a Europa apesar da Grécia. Apesar de nós, também. Mal ele sabe que a Alemanha o coloca no saco com os outros 15. E eis a quinta Europa. Está-lhes na massa do sangue.
O busílis é que estes outros 15 ou 25 não foram convidados para a casa de ninguém.Não somos, falando agora dos 15 tansos envenenados (cada um à sua maneira) pelo marco-franco denominado Euro, uma espécie de movimento-dos-trabalhadores-sem-terra. Não nos resumimos àqueles reinos lá-longe-longe. Donde vêm as encomendas de cereais e de bê-émes.
Ursinho, Angelita (até tens um petit nom hispânico, vê lá isso) que veio do leste, homem pequeno, leiteiro da mulher do homem pequeno: vós sois a circunstância; nós somos a estrutura que vos… estrutura. E que tal um Euro-Eixo? Não quereis, suponho!; que assim vos foge a clientela. Agora deixo-te em paz, Nico, falo agora para a tua chefe: porque não voltam ao marco, hein? Fica o desafio. Uma voltinha ao marco.Quarto Reich e tal. Continua a ser o vosso sonho, certo? Já lá vão cerca de sete décadas sem queimar judeus às escâncaras. A ressaca bate forte, imagino. Termino este faduncho à desgarrada, e que nem sequer vou rever, dizendo apenas: os boches mudaram de táctica, mas o sangue de 39-45 (foi em 45 que o vosso moreno-ariano-judeu-austríaco se matou) continua a bombar-vos a gelatina a que nos homens se chama coração.
Em suma, e volto ao casal adolf-eva, (abastardando o poeta) a vossa Europa é mais rica que a Europa que corre pela minha aldeia, mas (e já terminei a ignomínia de dobrar o trovador) a vossa europa não sobrevive sem a nossa europa.
Agora, os partisans somos nós. E desse vosso lado?, ninguém diz: "Vive le Québec libre"?
(este post é dedicado ao António Filipe)
Durante os tempos da Guerra Fria era voz corrente dizer-se que a haver uma terceira guerra mundial a quarta seria à pedrada. Entretanto, o muro caiu e o ambiente bélico à escala mundial (que não regional, entenda-se) foi-se desanuviando.
Só na aparência, porém. Tristes os que se orientaram por tal sol enganador, enquanto a teia-mãe era tecida a régua e esquadro pelos de sempre com a ajuda dos cegos, surdos e mudos de serviço. Sem ponto de fuga e pegajosa como nenhuma outra. O bicho-homem, esse avesso ao sol, não iria permitir jamais que aquele de clarão, ainda que de luz-vesga, durasse muito. Fazia parte do plano traçado nas linhas do inevitável e inconsequente, aliás.
Neste momento estamos na iminência de ter duas guerras mundiais ao mesmo tempo. A terceira, que tem sido alimentada, ano após ano, pelos tais conflitos regionais, e que agora se arreganhou com o zénite do capitalismo selvagem, empurrado escada acima pelo neoliberalismo que a desagregação e pulverização das esquerdas permitiu; a terceira, dizia, já é nossa conterrânea e contemporânea, encara-nos e escarra-nos a cada respirar. Países como a Grécia e Portugal estão já ocupados pelo IV Reich, coisa eufemisticamente chamada de "tentativa de evitar a falência do euro". De resistência à seria nem se ouve falar, que o inimigo é por demais inteligente, mascarado de muitas caras e demasiadas vozes e com ainda mais kapos locais em cada posto territorial. Palavras aparentemente inofensivas, como défice, troika e governos cooperantes, lograram criar cercas de arame farpado invisíveis que nos impõem algo como "uma casa, um campo de concentração". Uma fabrica, uma escola, um hospital. Aí nos concentram. Aí nos arrancam os olhos e a língua, nos furam os tímpanos. Um país vendado e vedado pelos muros para cujo betão é obrigado a contribuir, sob a capa do "só assim melhores dias virão". Virão, sim, mas para os de sempre. Os eternos algozes da humanidade, que pé-ante-pé foram entrando, cercando e fazendo morrer em vez de matar às escâncaras.
Falava na coincidência de duas guerras, com adversários e aliados cruzados e entrelaçados, de forma a que, de bibe-sem-cor vestido, aniquilam os prós e os a favor, cegos pela ira e pela estupidez da ganância dos sem-país. O quarto conflito mundial, prestes a entrar em cena e que não chegará a suceder ao terceiro, porque com ele partilha o tempo e o espaço, assumirá formas mais tradicionais. Terá direito ao seu morto arquiduque da praxe, desta vez em forma de Estreito de Ormuz de trancas na porta. Sem petróleo, os ditos civilizados erguer-se-ão em fúria e correrão a salvar-se de tamanha privação. Que toda a gente sabe que só essa urina negra do diabo mantém o mundo a rodar. Espécie de calhau movido a combustível fóssil.
O resto da história não a conheço, mas o final adivinha-se. Adivinhar-se-ia, não fosse esta uma mera ficção sem qualquer parecença com a realidade.
Durmamos pois descansados, virados para o lado onde este sonho mau não nos atente. Sempre de olhos bem fechados.
Esta frase é todo um programa, se atentarmos nas especificidades de quem a profere -- refiro-me à arrogância da senhora -- e nas especificidades da nacionalidade de quem a escarra -- a inditosa arrogância alemã que sempre que pode faz gala em não deixar pedra sobre pedra na Europa onde geograficamente se integra.
"Enquanto for viva". Enquanto ela for viva, portanto. Imagino que a senhora já esteja de planos traçados para se perpetuar no poder. Concedendo no exagero retórico do dito, a verdade é que se há algo que a história nos ensina é que a água passa mesmo duas vezes debaixo das pontes do rio Spree.
Quanto ao integral esplendor do manifesto, espero que faça corar de vergonha os líderes europeus que se têm agachado aos pés desta praga em forma de mulher. Ela quer, ela sabe que pode e ela manda (porque a deixam).
A verdade é que este desafio em forma de insulto, em vésperas de Cimeira Europeia, vem a calhar. Quem se calar, quem amanhã se calar, o que inclui Hollande, está a consentir numa Europa com capital em Berlim. Quem amanhã nada disser -- não incluo obviamente os destituídos de voz própria, como o pm de Portugal -- está a dizer que sim, que a Alemanha é que manda sozinha. Está a dizer à sucessora de Adolf no poder do Reich que sim, que o que este não conseguiu, aquela alcançou. E que a Europa esqueceu e perdoou o que não tem perdão nem pode cair fora das margens da memória.
Falem, pois, ou calem-se para sempre, que nesta segunda hipótese será o povo a falar. Luís XV também terá dito algo como "après moi, le déluge". E o dilúvio lá veio, uns anos depois, em forma de Revolução Francesa. Desta vez, não tardará tanto.
Merkel vai ser atropelada pelas rodas da história. E, pela frase ontem dita, parece que o quantum doloris já não depende dela. É tarde demais; para ela e para a Europa.
[Imagem: detalhe de um cartoon de Steve Bell]
Faz hoje, por volta desta hora, 68 anos e 11 dias que começou o Dia D; por um mundo livre, contra a Alemanha - faço questão de não distinguir as coisas porque raramente enfio três vezes a pata na poça. E o que hoje vivemos é um holocausto, mascarado de ramos de oliveiras e pombinhas brancas.
Ouço na rádio (penso que na Antena 1), que a vitória do Syriza pode lançar o pânico nos mercados.
Pois que lance, que ainda hoje não percebo como meia-dúzia de avençados por interesses obscuros (leia-se Goldman Sachs e IV Reich) avaliam países, controlam as dívidas soberanas e decidem o futuro do mundo. E os "inocentes" mercados da tainha, esses, vão atrás. Que entrem em pânico, pois; os milhões deles são os tostões que nos faltam para o pão.
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