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Não sabemos tudo. Não apregoamos certezas absolutas. Não estamos aqui para impor o que pensamos aos outros. Às vezes, não sabemos ainda o que pensar.
Mas temos um dever. Esse dever chama-se o dever de tentar. O dever de tentar ouvir, o dever de tentar saber mais, o dever de tentar explicar a nossa opinião, o dever de tentar persuadir e o de nos deixarmos persuadir pelos outros.
Temos esse dever porque o país está numa crise profunda. Temos esse dever porque somos europeus e a nossa opinião tem tanta importância e dignidade como a opinião de quaisquer outros europeus, oriundos de qualquer dos outros 26 países desta União que é um clube de democracias, mas não é ainda uma democracia. Acima de tudo, temos esse dever por uma razão muito simples: a democracia não funciona sozinha.
Portugal teve, no século que passou, mais tempo de ditadura do que democracia. A última ditadura foi das mais longas da Europa: 48 anos. A revolução do 25 de Abril vai fazer, em comparação, apenas 38 anos. Meditemos nisso por um momento: só daqui a dez anos se atingirá um dia extraordinário em que Portugal terá, finalmente, mais tempo de liberdade do que teve de opressão. E como chegaremos lá? Terá a democracia dado tudo aquilo que pode dar? Ou teremos um Portugal vergado pela crise, em que os mais jovens e qualificados emigram, e ficam apenas aqueles que são velhos de mais ou qualificados de menos para o mercado global? Será Portugal uma república que se respeita enquanto tal, ou seja, que (independentemente da ideologia, falo de república no sentido original de coisa pública) tenha uma noção do bem comum e da integridade com que ele deve ser preservado? Ou terá caído no clientelismo, na partidocracia, no autoritarismo dos senhores feudais da política? Tudo isso depende de nós.
Depende de nós? mas quem somos nós?
Nós somos tu, que me lês ou escutas. E eu, que te escrevo. Gostaria de hoje estar aí para falar contigo. Gostaria acima de tudo que fizéssemos deste país uma conversa em democracia, uma conversa que não significa só falar; significa encontrar soluções; significa legitimar propostas; significará fazer e mudar. E, para tudo isso, não podemos esperar pelos outros. Depende de nós. Depende de ti, e de mim. Não sabemos tudo. Não queremos saber tudo. Não impomos nada. Não temos certezas absolutas. Mas, pela nossa democracia, temos pelo menos o dever de falar e ouvir. Como cidadãos, temos o dever de tentar.
Outras Intervenções já publicadas: Abertura I, Abertura II, Estrela Serrano, Heloísa Apolónia, José Reis Santos, Paulo Pedroso
Hoje andei perto de vós, nas deambulações partidárias, mas não pude ficar, por razões verdadeiramente inadiáveis. Espero e desejo estar na próxima Tertúlia, enquanto agradeço aos organizadores que se tenham disponibilizado a emprestar-me a sua voz.
A vossa iniciativa fazia falta. Em Portugal discute-se pouco a política e as políticas. Há mesmo resquícios de uma cultura bafienta segundo a qual a discussão gera a divisão e não as melhores soluções. Tenho, por princípio a visão oposta e, na actual conjuntura, creio que é mais necessário que nunca tê-la.
Desde o fim do PREC houve um grande desígnio nacional que uniu a larga maioria dos portugueses, no sentido de aproximar-nos da Europa e de fazer da convergência europeia o nosso caminho. Os resultados até hoje foram largamente positivos, mas chegámos ao ponto do caminho em que os espinhos são mais visíveis do que as rosas. E devemos perguntar-nos como queremos estar na Europa, que queremos para ela e que queremos para Portugal nela.
Pessoalmente, a minha utopia europeia é federalista. Gostava de poder votar algures contra Merkozy, mas não posso. Sei também que, com Merkozy, Portugal terá pouca margem para seguir um rumo muito diferente do actual. Mas tem alguma.
A federação europeia em que eu gostaria de viver seria radicalmente democrática, não parando a democracia à porta do mundo do trabalho e não a remetendo para os lugares institucionais dos órgãos de soberania. Mas o mundo também não caminha nesse sentido. Pode parecer-vos um raciocínio muito de “velha social-democracia europeia”, mas continuo a acreditar que a força dos sindicatos é a melhor garantia de avanço da igualdade em sociedades que mantêm a economia capitalista como modo primeiro de produção e distribuição de recursos. Infelizmente não há muitas razões para estar optimista quanto ao que vai acontecer entre nós ao mundo sindical nos próximos anos.
Portugal deve preocupar-nos. Porque os portugueses parecem resignados com a terapia de choque liberal que embrulha em recuos sociais e em recuos nos serviços públicos uma soução austerativista para a crise. Na terapia que estamos a seguir quase tudo está errado. É certo que acabará, a médio prazo, por ter resultados. Mas fá-lo-á à custa de muito sofrimento social desnecessário.
Essa resignação e esse sofrimento social têm que ser contrariados pela acção dos movimentos cívicos. Claro que os partidos têm um papel insubstituível, mas não é único. Teremos que mobilizar forças para dizer que há outras soluções para a crise mundial e para a sua variante portuguesa. Teremos que criar uma rede de pensamento crítico. Teremos que prosseguir e aprofundar o debate.
Para o fazer é necessário criar uma corrente de debate. É o que aqui estais a fazer. É aquilo que me proponho fazer convosco se assim quiserem. Neste momento pouco importa saber quanto concordaremos nas propostas alternativas. Basta que tenhamos em cmum o sentimento que elas são necessárias.
Melhor democracia será obra de mais cidadania e mais cidadania será resultado de falar mais e ouvir melhor. Eu estou à escuta. A escutar-vos como cidadão interessado na defesa radical da democracia em todas as esferas da vida e com vontade de ser uma voz a falar convosco nos debates que agora iniciais.
Boa tertúlia e força, que o futuro não está pré-determinado nem tem proprietário.
Outras Intervenções já publicadas: Abertura I, Abertura II, Estrela Serrano, Heloísa Apolónia, José Reis Santos
Minhas caras e meus caros,
Em primeiro lugar, queria vos dizer que é um prazer imenso ter a oportunidade de participar, ainda que à distância, ainda que lido e ouvido, neste vosso ciclo de conferências que hoje se inicia, sob o título « OUVIR E FALAR -- I Tertúlia pela Democracia e Cidadania».
Uma excelente iniciativa promovida pelo Blogue Pegada, de responsabilidade do meu amigo ‘simplexiano’ (e pessoa nada simples, posso acrescentar) Rogério da Costa Pereira, a quem desde já endereço um forte abraço, directamente de uma auto-estrada europeia, uma vez que por estas horas devo estar em transito para Budapeste...
Acresço ao facto que participar em tais tertúlias é sempre um prazer, mesmo que a distância me impeça de convosco saborear um belo enchido acompanhado por um tinto de colheita decerto superiormente selecionada pelo senhor doutor que julgo estar a ler esta minha missiva, a ocorrência de me estar a dirigir a uma audiência reunida no Fundão, e não em Lisboa, Porto ou outra cidade de meia dimensão, como Coimbra, Leiria ou Faro.
E enfatizo este facto, e já entrando no tema geral das tertúlias, porque julgo muito importante, nos dias de hoje, capacitar a nossa ainda insipiente-mas-bem-mais-organizada-activa-e-politicamente-significativa sociedade civil portuguesa para a intervenção pública e política.
E neste sentido, entendo que é essencial que iniciativas desta natureza ocorreram não só com frequência, mas essencialmente que surjam de forma descentralizada, polvilhando o país urbano, rural, profundo e cosmopolita.
Somente desta forma poderemos construir o apoio social necessário para a consolidação em terras lusas de uma sociedade progressista, que não discrimine, que tolere, que desenvolva leituras críticas da sociedade e da informação que hoje enviesadamente nos é propagandeada.
Uma sociedade civil que se capacite para um engajamento social de elevada exigência cívica e política, e que clame pela sólida implementação em Portugal de uma sociedade justa, assente no mérito de cada um e forneça oportunidade para todos, onde nos seja permitida a busca do nosso modelo de vida e felicidade, conforme definido por casa uma ou um.
Dito isto, que adorava debater convosco, a minha proposta de intervenção passa pela leitura de um curto texto, publicado na semana passada no Diário Económico que, em versão revista e aumentada, julgo que se enquadra no âmbito do desafio deixado pelo Rogério.
Chamei ao texto “Portugal à bastonada”, e como decerto já terão entendido, é uma curta reflexão sobre os infelizes eventos decorridos aquando da última manifestação, em Lisboa.
E julgo que este texto se enquadra no tema e no espaço em que nos encontramos, pois decidi – na sua escrita – mergulhar um pouco na história e memória colectiva do nosso Povo, da nossa Nação, para desmontar a excessiva mitificação em torno do carácter manso dos nossos genes políticos.
Esquecemos de todos os séculos de luta contra a imposição do Poder do Estado, na Antiguidade, na Idade Média e Moderna, durante o nosso Liberalismo, republicanismo e fascismo, e mesmo durante a nossa democracia.
Esquecemos não, foi-nos construída essa imagem dócil durante o período do Estado Novo, onde o regime utilizava – de forma bastante eficaz, diga-se – a censura para retirar da comunicação social toda e qualquer referência ao carácter mais ‘exaltado’, mais ‘apaixonado’ do nosso povo, cumprindo aliás uma velha máxima de Salazar “Politicamente só existe o que se sabe que existe, politicamente o que parece é”...
Deixem-me vos dar alguns exemplos.
Saúdo todos os espaços de promoção de debate democrático sobre a situação que o país enfrenta, consciente que a democracia é tanto mais plena quanto a consciência cívica e política dos cidadãos, bem como a motivação de todos para a participação.
Saúdo, em particular, a I Tertúlia pela democracia e pela cidadania, a realizar no Fundão, cujos contornos não conheço bem, mas que, segundo a informação que me foi prestada ou dada a conhecer, me parece um bom ponto de partida e de encontro para uma ampla discussão.
Nunca me identificaria com a discussão, se ela se centrasse num discurso anti-partidos. Não suporto esse discurso, desde logo porque sou militante do PEV, mas sobretudo porque esse discurso é grande cúmplice dos partidos que se têm alternado no Governo e constituído maiorias parlamentares, que, por via de opções políticas muito claras, sustentadas em muitas ilusões e quebradoras de compromissos assumidos, têm conduzido este país a um empobrecimento territorial, social e económico vergonhoso. O que esses partidos mais desejam é que os portugueses nunca encontrem alternativas noutras forças partidárias... e meter tudo no mesmo saco, ajuda-os bastante! E porque eu sei que os partidos não são todos iguais, e porque sei que há partidos que defendem opções políticas muito diferentes, não dou, um cêntimo que seja, para esse peditório anti-partidos. O problema do sistema não são os partidos políticos... são as opções políticas que alguns partidos políticos têm tomado!
A diferença está entre aqueles que acreditam neste país e nas suas gentes e aqueles que não acreditam: estes últimos retiraram poder de compra aos portugueses e impediram-nos de ser agentes dinamizadores da nossa economia, sufocaram micro, pequenas e médias empresas pela via fiscal e pela via do financiamento à economia, geraram mais e mais desemprego, desestabilizaram famílias inteiras e encontram-lhes a solução da emigração! Os mesmíssimos que vendem o país a saldo: um BPN por 40 milhões de euros depois de se ter lá injetado criminosamente mais de 7 mil milhões de euros (pago pelos contribuintes); uma barragem do Tua que custará a esta e à próxima geração cerca de 16 mil milhões de euros, com o custo associado da perda de um património natural valiosíssimo e único com um potencial estrondoso de desenvolvimento da região, negócio benéfico só para a EDP; uma prospeção de petróleo ao largo da costa alentejana e da costa algarvia sem contrapartidas para o Estado português e em benefício direto de grandes empresas, espanhola e alemã, e com os riscos todos direcionados para o nosso mar e para a nossa costa. Chegam estes exemplos? Os mesmíssimos que privatizam setores fundamentais como a energia ou a água... a água... um bem essencial à vida que ameaça ser o maior fator de conflito entre Estados no futuro, provavelmente, pelo andamento da carruagem, não tão longínquo! Os mesmos que desaproveitam uma boa parte do território nacional, intensificando assimetrias regionais e encerrando serviços públicos essenciais de proximidade às populações.
Bolas! Nada disto tem que ser assim!
Quando se acreditar que este país tem gente tão válida, que o trabalho é a força de criação de riqueza do país, que o mercado interno vale tanto ou mais que o externo, que a justa repartição da riqueza é um princípio básico de consolidação orçamental, bem como a nossa capacidade de atividade produtiva sustentável, que este país tem potencial para “dar e vender”, que o Estado somos todos nós e que a Sra Merkel não é, definitivamente, a pessoa que escolhemos para gerir os destinos do país... este país cria viabilidade.
Até lá, bom debate, bons alertas e boas propostas!
Caros Tertulianos,
É bom saber que a crise não nos tirou a vontade de reflectirmos em conjunto sobre o presente e o futuro do nosso país, no momento em que tantos desistem de lutar. Junto à vossa palavra directa a minha palavra escrita - uma das poucas formas que podemos usar sem o risco de levarmos com um bastão perdido... Queremos e podemos ser eficazes através da palavra. Temos razões para acreditar que vale a pena lutar por melhores dias e que iniciativas como esta podem trazer luz ao pensamento.
Um abraço a todos e boa tertúlia.
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