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Contudo, a marcha triunfal do antieconomismo começou em 1492. Na época, a Espanha tinha não apenas descoberto a América mas também conquistado o último reduto do domínio árabe em Granada, antes de, nos séculos seguintes, expulsar do país judeus e mouros. Acontece que estas duas comunidades detinham as rédeas das artes e ofícios e do comércio. E o fidalgo cristão abominava o labor: todos os trabalhos lhe estavam interditos, em nome de um estranho código de honra, e só enxergava uma missão divina na soldadesca.
As riquezas das colónias escorriam entre os dedos dos espanhóis como ouro líquido. A Europa Central enriquecia com o ouro inca, enquanto a nobreza espanhola dormitava passivamente sobre os rendimentos de latifúndios em ruínas.
Durante três séculos, tudo o que se assemelhasse a uma atividade produtiva foi objeto de perseguições por heresia por parte da Inquisição. Quem ousasse fazer investigação, ler ou dedicar-se a tarefas manuais corria o risco de acabar na fogueira.
Com o desaparecimento da Inquisição, a tocha do imobilismo passou a ser empunhada pelo catolicismo espanhol. Nem mesmo a laicização do país conseguiu quebrar essa armadura. Só no País Basco e na Catalunha se assistiu ao aparecimento de zonas industriais. É verdade que foram criadas ligações de transporte – mas com grandes obstruções. Assim, existia uma rede ferroviária, mas a bitola não era a mesma que em França, para o país não ficar demasiado perto da Europa. A Europa termina nos Pirenéus, dizia-se então.
Quem diz sempre "não" em qualquer circunstância e não tem poder para impor a sua "verdade" está pura e simplesmente a colocar-se à margem das decisões.
Em Portugal nós vimos isso todos os dias. Há que mudar na saúde, fechar hospitais na região de Lisboa e Coimbra e menos no Porto, todos estão contra. Mas está mais que provado que há desperdício, há que adequar a oferta à procura.
No mapa autárquico que vem de 1835, se não me falha a memória , todos querem permanecer na terrinha onde nasceram e levantam-se as guerras entre vizinhos, nem pensar mexer no nome da freguesia ou juntá-la à mais próxima. Na educação, os concursos anuais com o cortejo de acusações mútuas, continua a ser um objectivo estratégico. A autonomia da escola anda a passo de caracol e o monstro continua a mandar a partir da 5 de Outubro. No funcionalismo público as progressões automáticas são uma bomba ao retardador que vem minando as finanças públicas . Na Segurança Social nada muda apesar da óbvia insustentabilidade e injustiças. A Justiça é um factor preponderante para o desenvolvimento económico e para o equilíbrio social mas os vários poderes que dela se alimentam não deixam mudar o que tem de mudar.
Nas Forças Armadas a redução de efectivos, quartéis e equipamentos é um objectivo há muito sentido mas que ninguém mexe com medo da "tropa". Estão agora a agrupar em um os três hospitais militares existentes, só em Lisboa.
Estas medidas não são de esquerda nem de direita, são medidas que têm a ver com a correcta utilização dos dinheiros públicos.
Ou não?
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