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Todos os dias se esquece. As emoções misturam-se e atropelam-se, como num sonho mal dormido em que a vida passa asinha e aselha. Como quando se morre. Entre o ir e o vir, Gaspar mistura-se entre o que o espelho lhe mostra – lhe exige – e o sonho sonhado da realidade dos Passos que admite não poder dar. No meio dos formigueiros – o da dormência e o da passagem –, confundem-se vidas e pessoas. As de cá moldam-lhe o curriculum à porrada. As de lá garantem-lhe o ser que acorda o acordar amarelo. Gaspar, espécie de homem duplicado – não como Saramago o inventou, mas como um dois-em-um que nem lava nem amacia. Entre vidas, sobrevive indeciso. Não se escolhe, encolhe-se e deixa-se ajustar pelo grão moído que o há-de trazer à realidade que lhe exigem. Como quem faz por respirar debaixo de água. A vida entre os vivos sustenta-lhe o vício do silêncio de não se saber erguer. E faz que vive para sonhar e faz que sonha para viver, perdido no turbilhão de quem não é. Gaspar faz registos. De mortes e vidas. E assim vive ainda uma terceira vida, a dos outros. Nasceste-me, juntei-te, apartei-te, morreste-me. Matei-te! Outras vidas inventei, que se hão-de juntar e separar e juntar de novo. E no fim hão-de morrer e exigir-me a mim que o certifique aos homens a quem só vejo a barbela.
Mais um café. Gaspar mede a vida por cafés. São como que um dia que se põe e um dia que se tira. O zero absoluto, reunidos naquele placebo com cara de água castanha e quente. E vai seguindo, como quem se apressa e se desvia. Para deixar passar quem vem atrás. De vela na mão a vida toda, como que numa procissão eterna. Já há muito lhe retirou o resguardo, à vela. A cera quente nas mãos é a única coisa que o segura deste lado – o cilício faz-lhe sangue e ele não gosta da cor vermelha, por isso o guarda na gaveta. E, altivo (podias ter-te agarrado aí, Gaspar), também não morre por não querer entregar o carimbo do extremo direito da sua existência aos estranhos com quem se partilha das nove às cinco.
Já pensou em ter mulher, arranjar filhos, perdoar gentes, desculpar-se. Fazer um reset vital. É um palhaço, o Gaspar, e essa vida que os livros-de-bem-viver recomendam seria o nariz vermelho que lhe falta. Preso por elásticos na ponta da penca. Como se o tivesse comprado na loja dos trezentos. Uma vida arranjada nos chineses, entre lâmpadas que deitam o quadro abaixo.
Gaspar-pistola-de-água vai morrer hoje. Jurou-se. Não chegará a sofrer o café de amanhã. Atropelado pela caleche do Ega e do Carlos, Gaspar vai acordar sereno. Como um desabafo. O registo da morte ninguém o fará, coisa de colegas zangados com as horas extraordinárias não remuneradas a que serão obrigados (Gaspar carimbava muito). Agora, Gaspar, o morto, viverá para sempre. Não porque por actos valorosos do esquecimento se tenha livrado, mas por despeito. Dele por ele; também.
17h42 - O ministro das Finanças diz que o debate crescimento versus austeridade é uma falsa dicotomia [claro que sim, basta ver ver como a economia real vai de vento em popa; nos fins de semana, por exemplo, não são declaradas insolvências], frisando que o crescimento económico exige uma perspetiva de diminuição da dívida pública e equilíbrio orçamental e também de estabilidade financeira.
16h40 - O ministro das Finanças afirma que, de acordo com os cálculos, a dívida pública portuguesa é sustentável [as famílias também acham], estando abaixo dos níveis que se verificam na Itália, por exemplo, e muito perto dos níveis da Irlanda.
16h57 - (...) Relativamente à questão do Orçamento Retificativo, o ministro das Finanças explica que o mesmo só se justifica quando é necessário rever ou aumentar limites orçamentais, frisando que neste momento o tesouro português tem uma posição muito confortável [basta olhar em volta para obter a confirmação], pelo que não há qualquer calendário para um Orçamento Retificativo [lá mais para o fim do mês]. [fonte]
Contexto: #A orelha (arrancada) do Gaspar #gasparates
Estive a dar uma vista de olhos nos ditos do Gaspar durante a audição parlamentar e gosto particularmente de um que mostra bem o ridículo do "economês" da moda, a patetice do sistema estúpido e desfigurado que nos abraça como um urso.
«15h17 - Vítor Gaspar mostra as perspectivas de crescimento para 2013. "Temos um crescimento previsto de -2,3%"».
E um gajo vai-se habituando a isto e até acha natural e tal. Que é assim que a malta que sabe de números fala e se entende.
"Temos um crescimento previsto de -2,3%".
Porra, pá, isso não é crescer, é minguar.
O domínio dos números sobre os homens e sobre as palavras dos homens, bem sei.
Sei, mas não aceito. Não quero. Não compro.
Não sei se percebeste, Gaspar; vou dar-te um exemplo. Se eu te arrancar uma orelha e te disser que a tua orelha cresceu -100% és gajo para achar que estou a gozar contigo, não é? E eu perceberia isso, e, por piedade, até era gajo para te devolver a orelha que não havia crescido -100%, mas sim sido arrancada a pontapé. E dava-te a orelha de volta ou, como tu dirias, terias a tua orelha novamente a crescer os previstos 0%.
Vá, agora vai-te lá embora (tipo, mesmo). Parece que há para aí malta com vontade de te ver crescer -100%.
«O Governo vai rever, de -1 para cerca de -2%, a previsão de evolução do PIB para 2013, anunciou hoje Vítor Gaspar no Parlamento. O ministro das Finanças anunciou hoje no Parlamento que a degradação das condições económicas a nível externo levam o Governo a admitir uma recessão à volta dos 2%, uma projecção que levou Gaspar a admitir avançar com medidas adicionais no valor de cerca de 800 milhões de euros. "Neste momento, o meu julgamento provisório aponta para uma revisão em baixa da previsão das perspectivas económicas no sétimo exame regular, que tem início já na próxima segunda-feira", disse o ministro das Finanças no Parlamento. A projecção actual do Executivo aponta para uma recessão de 1%, que agora deverá passar para perto de 2%, um número próximo do apontado, por exemplo, pelo Banco de Portugal, que acredita numa recessão de 1,9%.» [Económico]
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