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As pessoas cegam de raiva com a merda do futebol mas ficam completamente indiferentes perante a destruição do país. Assobiam para o lado e vão à bola para se distraírem.

Para se distraírem... Ainda mais, catano? E se é só uma distracção qual a razão para tanto ódio?

Falam de campeonatos roubados e ficam indiferentes perante o país roubado e vendido a retalho.

Eu não tenho o que mereço, a minha mulher também não e o meu filho e os amigos dele muito menos.

Os nossos filhos vão pagar o preço do que não compraram, do que não gastaram, do que não roubaram; vão viver pior do que os meus pais e ainda mal ler sabem e já estão endividados até ao pescoço. Eles não mereciam isto.

Conheço centenas de pessoas que também não merecem o que estão a passar. E todas as crianças de Portugal. Elas não mereciam isto.

Mas a maioria deste povo sem ganas, cobarde, acomodado, de cornos no ar à procura de tacho, merece exactamente os eleitos que tem e devia responder na exacta medida do que aqueles um dia responderão.

A cumplicidade do silêncio mata! Prioridades, rapaziada, prioridades.

E lá fora tocam as buzinas, num silêncio ensurdecedor e devastador...

Parabéns a eleitos e eleitores, aos da cruzinha no papel de 4 em 4 anos. Que o resto do tempo não existe. A coisa pública alguém que a resolva. Alguém que a destrua e reconstrua, que o que interessa é o golo em fora de jogo. Fora de jogo está o país, porra.

Gosto particularmente das queixas do "ninguém faz nada?". Fazem pois, dão a cara e o pêlo, arriscam o que têm e o que não têm, roubam tempo aos filhos, enquanto os demais tocam buzinas.

Golo!

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publicado às 21:25


2013 será o que NÓS fizermos dele

por Rogério Costa Pereira, em 31.12.12

Quando há um ano exonerei 2011 (que já foi o que foi), não fazia a menor ideia do ano que se nos iria atravessar na garganta. Imaginava que seria muito mau. Mas não tanto como foi. E nunca um pedaço de caminho ficou tão bem demarcado como este ano que ora termina. No seu início, com a entrada em vigor do OE para 2012 (que foi rectificado para pior 3 ou 4 vezes), e no seu fim, com a promulgação do OE para 2013. Por um pulha que nos enfraquece e ensombra vai para três décadas. Que jurou a Constituição em que agora cospe. 2012 trouxe, e também pelo que atrás disse, a sombra do fascismo. Basta atentar no desdém com que um secretário do estado nos manda não ficar doentes. Não sentisse ele as costas quentes por essa sombra dos infernos e não ousaria.

Mas tudo começou bem antes. Com o medo.

Tudo começou com um país que se perdia. Que se perde. Que se perdeu sempre e que insiste em perder-nos. Onde insistimos em perder-nos. Ainda um dia destes lia o Dacosta, na narrativa Nascido no Estado Novo, dizer algo como, cito de memória: “Em oitocentos anos de história tivemos oitenta anos de liberdade.”

Isso, dizia ele, explica parte do que somos. Ou tudo. Somos o país, e agora já sou eu a falar, do “agarrem-me que eu vou-lhe aos cornos”. E enquanto o dizemos, colocamos os braços para trás para que alguém efectivamente nos agarre. Esperançados nisso mesmo. Eis a estátua que teríamos. Mulheres e homens parados no tempo, parados no lugar, vociferando ameaças que nunca concretizarão. De braços esticados para trás.

Quando é que isto avança? Como canta o Sérgio, “Só neste país É que se diz: Só neste país”. Só neste país, digo eu, é que se vai andando, ao invés de se andar. Uma espécie de país condor. Com dor aqui, com dor ali. Sem darmos conta que a única coisa que nos dói, que temos realmente partido, é o dedo com que os fortes apontam o caminho. O dedo que os fracos usam para apontar as dores imaginárias que garantem sentir, por dentro e por fora. Mas o único problema é estar partido, o indicador. O indica-dor.

Queremos passar por esta vida sem que a vida dê por nós. Não queremos incomodar ninguém, mas também não queremos ser incomodados. Essencialmente, não queremos ser, não queremos estar. Queremos que nos deixem em paz. Queremos a certeza de um talhão reservado no cemitério. Para usar depois de beber uns copos, de mandar umas quecas, de ter uns filhos, de usar umas gravatas e uns vestidos catitas, de tirar uns cursos. De mandar umas arrochadas atrás dos monitores e fazer de conta que ganhámos a imortalidade e depois um gajo morre e tem lá muita gente a dizer que éramos uns tipos porreiros, que não deixávamos nada por fazer, nada por dizer. Doesse a quem doesse. Mas raramente doeu a quem devia ter doído. A quem merecia ser magoado.

O problema é quando saímos para a rua e entramos na tal posição de que falo acima. Ou de bico calado. Porque “já não vale a pena”. Ou nem sequer saímos porque joga o Benfica ou porque nos dói muito num sítio qualquer que se calhar nem sequer temos. Mas dói.

Temos medo de pisar a relva. O rei manda não pisar a relva. E nós não pisamos, passamos ao lado. Vamos pelo caminho mais comprido, aquele que nos afasta do destino com que num assomo de coragem até ousámos sonhar. Mas não vale a pena, porra. Não vale a pena. Afinal, é só o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos. É só isso. O nosso presente. E o nosso abúlico presente é o presente que deixamos para os nossos filhos, que, ensinados pela nossa sombra, deixarão prenda igual aos filhos deles.

E assim por diante, por uma história inteira de um país que nunca teve de coragem de o ser. Não fossem meia-dúzia de heróis e de visionários, nem nome este país teria. Restar-nos-iam umas cabeçadas na bola, com 22 macacos a correr atrás dela. E gritamos todos golo e chamamos nomes ao árbitro e vamos para a rua festejar e gozar com o que usa a outra camisola. Vamos festejar o quê, caralho? O facto de nos projectarmos nuns heróis de cuecas?

Não fossem alguns que ousaram pisar o risco. Achando…; achando letras e terras e pedras. Violando normas. De estilo e da praxe. Não fossem eles e merecíamos que um vento nos varresse para o quinto dos infernos. Por termos feito nada em prol do que podemos ser, do que poderíamos ter sido.

Não é estranho que alguns dos nossos maiores da literatura e das artes se tenham posto a andar antes do tempo, no momento em que eles decidiram. Foi Unamuno que nos chamou um país de suicidas. Penso que foi a Natália Correia que até quis fazer (ou fez mesmo) uma série de conferências ou algo que o valha dedicado a esses ilustres suicidados. Assim de repente, lembro-me do Mário Sá-Carneiro, do Antero, do Camilo. E, palavra puxa palavra, lembro-me desse eterno grupo jantante, como se lhe referia o Eça, os Vencidos da Vida, que para além do Eça, integrava o Ramalho, o Guerra Junqueiro, o Oliveira Martins e mais uns quantos (sem menosprezo para os ditos quantos; não os nomeio porque não estou para ir ver deles à net e fazer de conta que me lembro ou que sei o que não sei).

O nome, Vencidos da Vida, dizia mais ou menos ao que vinham. E vinham mesmo. Desiludidos, anunciando que renunciavam aos sonhos que os tinham feito mover. Porém, ironia, acabaram por entre todos e de uns para outros, ganhar ali alguma ilusão, para logo depois se voltarem a desiludir.

Mas essa desilusão, que só sente quem se ilude, sente-se doutra forma neste Portugal pós fim-de-mundo. Mas não é a mesma desilusão daqueles que atrás nomeei. Essa era uma ilusão de quem dizia Vamos! Mas olhava para trás e para os lados e via ninguém. A ilusão dos de hoje, passe a cruel generalização assente no meu olhar, é a ilusão dos que querem que tudo corra bem, nada fazendo por isso.   

Mas rezam, rezam muito. Somos um país de rezadores. Vamos a Fátima ao pé-coxinho e de joelhos para obter em troca um favor. E choramos muitos, muito… E quando vem o papa choramos ainda mais. E lá acabamos por fazer qualquer coisa pelo nosso desejo, mas depois os loiros vão para a senhora da oliveira ou para o ovni ou lá para que porra foi aquela que não aconteceu.

Lembro-me agora de uma história que conto ao meu filho; de um menino que tinha más notas e a quem apareceram génios, três, e cada um a seu tempo lhe concedeu um desejo, e o desejo desejado era sempre o mesmo. Ter boas notas. Que sim, menino. Mas que em contrapartida era necessário que fosse para casa e estudasse. E não é que as notas começaram a subir? E o menino convencido que era dos génios, não percebendo que era dele mesmo.

Não me apetece escrever mais. Este ano lutei e sinto que perdi todas as lutas, sem uma única excepção, falhei os objectivos imediatos que me moveram. Mas sabem que mais? Não me sinto derrotado. Sinto que ganhei algo. E não tenho vergonha de olhar nos olhos grandes do meu filho. Vou continuar a lutar, a dar a cara pelos que se sentam no sofá, incomodados e acomodados. Porque, dizem eles, “o que é que um tipo pode fazer?” E pelos que querendo, não podem. Que outras lutas já os mataram. Lutarei acima de tudo pelos filhos que pusemos no mundo e que não merecem a herança que nos querem obrigar a deixar-lhes. Sei que terei companhia, sei de quem tem peito para dar às balas que aí vêm. Não atrás de mim, mas ao meu lado. Que as lutas fazem-se de braço dado.

Ora termino. Este 2013 vem com letras atrás, OE, e com a pandilha que as pariu. Os meus votos são que as tiremos de lá. E os tiremos de lá. Creio que o Martim Silva, editor de Política do Expresso, tem razão no que dizia ainda há pouco num canal de informação (não sei em qual). E confesso que não tinha pensado nisso. O TC, ao contrário do que fez o ano passado, não vai mandar para 2014 o reajuste da ilegalidade. A parte inconstitucional do OE cairá este ano. Em Março ou Abril. A inevitável derrapagem na execução orçamental do primeiro trimestre, juntamente com o dinheiro que esta vilanagem vai ter de devolver ao povo roubado, vão obrigar a medidas de austeridade acrescidas. A coligação rebenta. Em Março ou Abril o governo cai. Haverá novas eleições. Se o PS ganhar o povo tem o que merece. Mais memorando. Outra música, a mesma letra.

Quer-se uma esquerda unida em 2013. Pelo futuro dos nossos filhos, pensem, PORRA! Por uma vez na puta da vida! PENSEM! Não tenham medo de ser felizes. Eu só tenho medo de uma coisa. De ter medo.

The laughing heart (Tom Waits reads a Charles Bukowski poem)

Bom ano! Façam por isso e acreditem que sim; que NÓS podemos!

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publicado às 16:22


Nina

por Rogério Costa Pereira, em 09.12.12

Tenho escrito nada sobre ti, diz o vento que foi. Desatenta vai a aragem, que tudo o que escrevo é por ti, está em ti, vem de ti. Sem ti, palavra nenhuma sairia de mim. Estás em todas as cores que formam as letras que alinho; danças em cada vírgula, apontas-me cada ponto final. Conjugas-me em cada verbo. És o meu Verbo!, a minha palavra. Não será longo este paradoxo de letras que aqui alinho enquanto a natureza dorme. O que me és... A incapacidade de descrever, de escrever; de te descrever e de sobre ti escrever. És o ar que respiro, o passo que dou, a decisão que tomo. O filho que temos. E o oposto também. O teu branco dá-me a imaginar o negro do caminho contrário. A impossibilidade de respirar, de andar, de ir por aqui ou por ali. O não existir do Francisco. O nosso filho. Sobre isso não posso - não sei! - escrever. Ninguém pode. Há quem finja escrever sobre o amor. Eu, como sabes, não sou um fingidor. És as minhas asas. Há treze anos no relógio dos homens. Desde sempre, no perpétuo. No eterno do que é. Do que me és. O nosso sempre.

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publicado às 02:24

a partir de um texto de Francisco Jaime Quesado

...passados 20 anos Portugal é um país de de auto-estradas com menos coesão territorial e crescentes desigualdades sociais numa Europa em grande indefinição de identidade. Em tempo de crise financeira impõe-se mais do que nunca um choque operacional que conduza a mudanças claras e necessárias: desactivação das actividades económicas sem valor, aposta maciça na formação/educação que produza quadros reconhecidos pelos mercados, fixação de investimentos e talentos nas regiões mais desfavorecidas, criação de um contexto competitivo moderno voltado para a criatividade das pessoas e a qualidade de vida das pessoas.

O QREN ajuda a alavancar esta mudança que queremos para o nosso país, mas passados três anos são ainda muito tímidos os sinais de concretização dessa mudança. É por isso que a aposta para o futuro tem que ser a marca desta nova fase. Um sinal na aposta nas políticas do conhecimento, centradas em territórios  inteligentes e aposta em trabalhadores criativos.

Em tempo de grande crise é preciso desenvolver modelos de rápida absorção das verbas disponíveis mas não a qualquer preço!

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publicado às 17:30


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