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No dia em que "as acusações de abuso sexual contra o político francês Dominique Strauss-Kahn foram (...) retiradas pelo juiz Michael Obus, do Supremo Tribunal de Justiça do Estado de Nova Iorque", e porque pouco mais tenho a acrescentar o que já disse, publico de novo o que aqui disse em 1 de Julho de 2011. Hoje foi só mais um capítulo, que não o epilogo, desta história. É que, parece que ainda há por aí muitas Tristane Banon subitamente tão inconsoláveis e traumatizadas como aquela se apresenta nas imagens que atrás linko. Entretanto, a presidência do FMI já mudou de mãos e, ao que tudo indica, a candidatura às presidenciais francesas já está definitivamente posta de lado. Para tudo, pouco mais de três meses bastaram. Já podem soltar o homem!
Em 17 de Maio de 2011, escrevi isto: "Strauss-Kahn pode ser culpado ou inocente. Pode ou não ter sido alvo de uma conspiração. A verdade é que, lamento o aborrecido lugar-comum, a presunção de inocência está a ser fortemente pontapeada. O processo penal norte-americano, pelo menos no que tange à exposição pública do arguido no período pré-condenação judicial, está a anos-luz da civilização. Não há nenhum motivo para milhões de pessoas terem visto aquele homem ser reduzido a cinzas antes de ser julgado. Culpado ou inocente, aquelas imagens, só possíveis numa sociedade medieval, marcarão para sempre o futuro daquele homem. E do meu também. Só em letras e rabiscos tinha visto um auto-de-fé. Ontem, vi um ao vivo. Já agora, e não posso deixar de o dizer, nada justifica que Strauss-Kahn esteja detido nesta fase processual. As alternativas eram mais que muitas e todas exuberantemente suficientes e adequadas. E assim se condenou o homem, antes mesmo de ser julgado. Melhor, e assim a "justiça" condenou o homem antes mesmo de o julgar. Mais rápida do que a própria sombra. Os media, esses, limitaram-se a estar lá para fotografar a infâmia."
Hoje, 1 de Julho de 2011, após a demissão do cargo, dois dias depois da eleição da sua sucessora, surgem notícias que levantam dúvidas sobre a veracidade do depoimento da mulher que o acusou: "The sexual assault case against Dominique Strauss-Kahn is on the verge of collapse as investigators have uncovered major holes in the credibility of the housekeeper who charged that he attacked her in his Manhattan hotel suite in May, according to two well-placed law enforcement officials. Although forensic tests found unambiguous evidence of a sexual encounter between Mr. Strauss-Kahn, a French politician, and the woman, prosecutors now do not believe much of what the accuser has told them about the circumstances or about herself. Since her initial allegation on May 14, the accuser has repeatedly lied, one of the law enforcement officials said." [ler o resto no NYT]
Dê o caso no que der, o que hoje vem a lume é suficiente para eu aqui reiterar e acreditar cada vez mais no que disse no dia 17 de Maio. A verdade é uma só, se DSK não for culpado nada pode fazer contra a pena acessória que, logo de início, a justiça americana lhe colocou às costas. Falarei mais sobre este caso, mas no entretanto, gostava muito, mesmo muito, de ouvir o que tem a senhora Gomes a dizer. É que, ao contrário do que ela deixou mais do que entrelinhado, primeiro julga-se, depois, se for o caso, condena-se. E não é a ela, nem ao resto da populaça, que cabe tal papel. O papel dela é dos mais fáceis: basta fechar a matraca e baixar o dedito acusador.
Nota: cliquem numa das tags infra para verem o quão rápido passa o tempo, quem disse o que disse, quem apanhou por tabela e algumas imagens extra.
Nota II: Caramba, pá, que isto a ser cabala é mesmo em larga escala.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, está a falar no Parlamento. E depois ainda há a outra notícia, aquela dos posts anteriores. Achei irónica a conjugação temporal dos factos e não queria, nem por sombras, que lhe passasse ao lado a coincidência. Agora me lembro, será que o facto do discurso de Paulo Portas ter começado praticamente ao mesmo tempo da audiência de DSK se resume a uma mera coincidência? Investigue, dr.a, investigue. E conte-nos mais coisas. Não se fique pelas meias-palavras, que me lembra o Octávio Machado. Portas não a vai processar, conte-nos V.Ex.a o que sabe, pois então. E, olhe, é o Sr. Ministro a acabar o discurso e o DSK [aquele da comparação, não sei se lembra] a deixar a prisão domiciliária (parece que o caso tem mais buracos do que um queijo suiço). Ele há coisas.
Acabei de ouvir na France24 uma "jornalista" perguntar a um comentador algo como: "até que ponto as mulheres evitarão queixar-se de violação, tendo em conta a forma como esta mulher está a ser tratada?" Por esta inqualificável afirmação em forma de pergunta, fica claro que os danos causados na imagem de DSK (independentemente de este ser culpado ou inocente, coisa que não me cabe a mim aferir) são nesta altura irreversíveis. E fica também demonstrado que, ainda que DSK saísse hoje em liberdade com um pedido de desculpas do Estado de NY, a viabilidade da sua candidatura à presidência da República francesa seria praticamente nula.
Em 17 de Maio de 2011, escrevi isto: "Strauss-Kahn pode ser culpado ou inocente. Pode ou não ter sido alvo de uma conspiração. A verdade é que, lamento o aborrecido lugar-comum, a presunção de inocência está a ser fortemente pontapeada. O processo penal norte-americano, pelo menos no que tange à exposição pública do arguido no período pré-condenação judicial, está a anos-luz da civilização. Não há nenhum motivo para milhões de pessoas terem visto aquele homem ser reduzido a cinzas antes de ser julgado. Culpado ou inocente, aquelas imagens, só possíveis numa sociedade medieval, marcarão para sempre o futuro daquele homem. E do meu também. Só em letras e rabiscos tinha visto um auto-de-fé. Ontem, vi um ao vivo. Já agora, e não posso deixar de o dizer, nada justifica que Strauss-Kahn esteja detido nesta fase processual. As alternativas eram mais que muitas e todas exuberantemente suficientes e adequadas. E assim se condenou o homem, antes mesmo de ser julgado. Melhor, e assim a "justiça" condenou o homem antes mesmo de o julgar. Mais rápida do que a própria sombra. Os media, esses, limitaram-se a estar lá para fotografar a infâmia."
Hoje, 1 de Julho de 2011, após a demissão do cargo, dois dias depois da eleição da sua sucessora, surgem notícias que levantam dúvidas sobre a veracidade do depoimento da mulher que o acusou: "The sexual assault case against Dominique Strauss-Kahn is on the verge of collapse as investigators have uncovered major holes in the credibility of the housekeeper who charged that he attacked her in his Manhattan hotel suite in May, according to two well-placed law enforcement officials. Although forensic tests found unambiguous evidence of a sexual encounter between Mr. Strauss-Kahn, a French politician, and the woman, prosecutors now do not believe much of what the accuser has told them about the circumstances or about herself. Since her initial allegation on May 14, the accuser has repeatedly lied, one of the law enforcement officials said." [ler o resto no NYT]
Dê o caso no que der, o que hoje vem a lume é suficiente para eu aqui reiterar e acreditar cada vez mais no que disse no dia 17 de Maio. A verdade é uma só, se DSK não for culpado nada pode fazer contra a pena acessória que, logo de início, a justiça americana lhe colocou às costas. Falarei mais sobre este caso, mas no entretanto, gostava muito, mesmo muito, de ouvir o que tem a senhora Gomes a dizer. É que, ao contrário do que ela deixou mais do que entrelinhado, primeiro julga-se, depois, se for o caso, condena-se. E não é a ela, nem ao resto da populaça, que cabe tal papel. O papel dela é dos mais fáceis: basta fechar a matraca e baixar o dedito acusador.
A dr.a Gomes, ao dizer o que disse a propósito de Paulo Portas (declarações que a Assunção Cristas bem qualificou), deu um enorme pontapé na presunção de inocência. E não, nem sequer me refiro à de Portas, que ao que sei não carece que lhe presumam a inocência (continuo sem fazer a menor ideia a que raio se referia a senhora quando disse o que disse, em particular, naquela comparação absurda com o ex-presidente do FMI), mas à de DSK, que, ao que sei, não foi condenado. O título deste post refere-se ao que senti quando ouvi a senhora em causa, mais precisamente na parte em que esboça este sorriso e fala em "exposição a chantagens", após dizer aos jornalistas algo como "vocês sabem do que é que estou a falar, toda a gente sabe".
Strauss-Kahn pode ser culpado ou inocente. Pode ou não ter sido alvo de uma conspiração. A verdade é que, lamento o aborrecido lugar-comum, a presunção de inocência está a ser fortemente pontapeada. O processo penal norte-americano, pelo menos no que tange à exposição pública do arguido no período pré-condenação judicial, está a anos-luz da civilização. Não há nenhum motivo para milhões de pessoas terem visto aquele homem ser reduzido a cinzas antes de ser julgado. Culpado ou inocente, aquelas imagens, só possíveis numa sociedade medieval, marcarão para sempre o futuro daquele homem. E do meu também. Só em letras e rabiscos tinha visto um auto-de-fé. Ontem, vi um ao vivo. Já agora, e não posso deixar de o dizer, nada justifica que Strauss-Kahn esteja detido nesta fase processual. As alternativas eram mais que muitas e todas exuberantemente suficientes e adequadas. E assim se condenou o homem, antes mesmo de ser julgado. Melhor, e assim a "justiça" condenou o homem antes mesmo de o julgar. Mais rápida do que a própria sombra. Os media, esses, limitaram-se a estar lá para fotografar a infâmia.
Quem entra numa suite de hotel de 3.000 dólares por noite sem se certificar que o dito quarto está vazio? O que levou Strauss-Kahn, assumindo para efeitos de raciocínio a sua culpa, a ligar para o hotel a reclamar o seu telemóvel?
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