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Às tantas [por Pedro Marques Lopes, DN]

por Rogério Costa Pereira, em 15.07.12

[Poucos analistas políticos fazem ... análise política; Pedro Marques Lopes é excepção e ousa olhar a direito em terra de cegos e de vesgos, por isso lhe roubo a crónica por inteiro. E tomem atenção, que a nuvem negra a que ele alude está a ganhar forma em passos/seguros. Num país perto de si. Parabéns e obrigado, Pedro]

«No discurso sobre o estado da nação, o primeiro-ministro propôs ao PS que ajudasse o Governo a elaborar o Orçamento do Estado para 2013 e que os socialistas participassem nas reuniões, em que se fará a quinta revisão do memorando de entendimento, com a troika. Houve quem visse nestes convites uma proposta pública de entendimento com vista à formação de uma coligação.
À primeira vista poderia parecer que quem assim o entendeu estaria a cometer um exagero interpretativo. Para que diabo um Governo com maioria absoluta, que passa a vida a dizer que será inflexível no rumo escolhido, que tem tido no Partido Socialista uma espécie de silencioso parceiro de coligação, havia de convidar os socialistas para elaborar o mais importante instrumento político, a peça onde se reflectem as opções políticas, ideológicas e o caminho que se defende para o País? São, de facto, perguntas sem uma resposta evidente. O que leva a que a interpretação de que houve mesmo um convite não seja assim tão exagerada.
Há vários elementos que ajudam a dar razão a quem pensa que, às tantas, Passos Coelho está mesmo interessado em fazer uma coligação com os socialistas.
Em busca da legitimação perdida, seria o mote dessa coligação. É que não restem dúvidas: cumprir a meta de 4,5% de défice é absolutamente vital para o Governo.
Não será fácil explicar aos portugueses que todos os sacrifícios foram em vão. Que tiveram de suportar uma brutal subida de impostos, que muitos ficaram sem emprego, que milhares de empresas faliram, que, em resumo, o País ficou pior para rigorosamente nada. O discurso político do Governo resume-se ao controlo do défice, se não o consegue controlar não lhe resta discurso nenhum, terá de criar outro, e, nesse caso, qualquer coisa teria de mudar ou ser acrescentada. Não, uma remodelação governamental não chegará para mudar a mais que certa sensação de engano que os portugueses sentirão.
Não é preciso ter uma bola de cristal para saber que o orçamento para 2013 não será propriamente fácil de apresentar, e muito menos de executar. Se, este ano, com toda a austeridade, tudo indica que o défice chegue perto dos 6% (logo vemos, logo vemos), o que terá de ser feito para atingir, como consta do memorando de entendimento, 3%... não augura nada de agradável - o aumento brutal da carga fiscal é inevitável, com as consequências já conhecidas, e a degradação da saúde e educação públicas é mais que certa. Mesmo que a troika envie mais dinheiro, mesmo que aceite um valor de défice mais alto, nada aponta para que, na essência, a receita seja mudada e que os níveis de austeridade diminuam, bem pelo contrário. Agora, imagine-se o tipo de reacção dos portugueses quando lhes for dito que apesar de não termos atingido os objectivos, da receita se ter revelado errada, ainda se vão pedir mais sacrifícios e se vai reforçar a dose de austeridade.
Pois é, Passos Coelho é capaz de estar mesmo a pensar numa coligação. E, verdade seja dita, António José Seguro tem dado sinais de não ser completamente avesso à ideia. Para já, não a descartou imediatamente no debate. Vale a pena lembrar que Seguro não se opôs às principais medidas governamentais, mesmo as que não constam no acordo com a troika; a alternativa que tem apresentado é conhecida: mais um ano - até deputados do PSD já sugeriram dois. No fundo, o que parece distinguir Passos de Seguro é a dose, não a receita. Nada mais fácil de acomodar.
Não será preciso, também, lembrar o agrado com que o Presidente da República encararia uma solução destas, particularmente se lhe fosse permitido sugerir meia dúzia de pessoas. Cavaco Silva seria o primeiro a apelar à responsabilidade de Seguro para que num momento particularmente difícil esquecesse as suas ambições em prol do País. Todos sabemos a sensibilidade do secretário-geral para o tema responsabilidade.
Vamos chegar a Outubro, altura da apresentação do orçamento mais exigente da história da democracia portuguesa, com um primeiro-ministro fragilizado por não ter cumprido as metas a que se propôs, um líder de oposição fragilizado por não ter conseguido construir uma alternativa e um Presidente fragilizado pelos disparates conhecidos e com a mais baixa taxa de popularidade desde o 25 de Abril. Tanta fragilidade faz temer o pior.
Não consigo imaginar uma solução politicamente pior para o País que uma coligação PSD/PS, mas que é mais provável do que parece, ninguém tenha dúvidas.»

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publicado às 15:07


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