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Na escola privada ou na escola em associação é fácil saber o custo real de um aluno. É a mensalidade paga, num caso pelos pais no outro caso pela transferência do estado para a escola. Na escola estatal é que nunca se conseguiu saber vá lá saber-se porque . Desde logo porque há profundas desigualdades : Os alunos que estudam no ensino público português não custam todos o mesmo aos cofres do Estado, existindo “profundas desigualdades” no país, revelou nesta quinta-feira Guilherme D'Oliveira Martins, baseando-se num relatório do Tribunal de Contas.
De acordo com Oliveira Martins, o estudo mostra que, “em Portugal, a educação não é uma realidade homogénea, mas assimétrica”. “Há profundas desigualdades e o Estado não pode ser indiferente a isso. Tem de introduzir factores para um maior reforço da aprendizagem, para que sejam reforçados com equidade. Ninguém pode ser prejudicado nem privilegiado”, defendeu o ex-ministro da Educação.
De acordo com o especialista, existem grandes diferenças entre os alunos do litoral e do interior, assim como entre os dos grandes centros urbanos e das localidades mais pequenas. “Há zonas onde as escolas são mais limitadas”, afirmou.
A decisão de realizar um estudo foi tomada pela comissão parlamentar de Educação, que defendeu ser essencial conhecer quanto custa aos cofres do Estado cada aluno, para se poder avaliar as políticas públicas na área da Educação.
A autonomia da escola também permite que se adapte ao perfil dos seus alunos .
“É preciso que as escolas tenham mais autonomia e possam organizar currículos para os seus alunos”, sustentou.
Albino Almeida aponta como exemplo de boas práticas contra o abandono e o insucesso programas como o FENIX, o Mais Sucesso e o desenvolvido pelos Empresários pela a Inclusão Social (EPIS).
“A EPIS tirou muitos alunos do abandono”, acrescentou referindo a importância de apresentar contas todos os anos.
Da mesma forma, sublinhou que as escolas que têm melhores resultados trabalham de forma diferente.
“Há várias formas de trabalhar, há alunos que aprenderiam independentemente de estarem na escola ou não, mas há outros que têm mais dificuldades”, referiu.
“Acumular dificuldades leva a que 30% dos alunos chegue ao 9.º ano com pelo menos uma retenção”, frisou, defendendo que chumbar um aluno deve ser “o último dos caminhos, depois de todos os outros estarem esgotados”.
O segredo, disse, é o trabalho por grupos de professores: “Não é ser piegas pedir a diferenciação de percursos para os alunos. Nem todos aprendem da mesma maneira”.
Albino Almeida considera que o país tem de “mudar a visão estratégica da Educação” e defende a frequência obrigatória de Estudo Acompanhado, no âmbito da revisão curricular que está em curso.
A OCDE constata que em Portugal o aluno está menos no centro do sistema e que isso se reflecte na maior percentagem de reprovações.
Para a OCDE é "óbvio" que o aluno não está no centro da aprendizagem porque existem elevados níveis de repetência, acima da média da OCDE. Portugal tem o quarto nível mais alto de repetências, entre os 34 países, de acordo com dados do PISA de 2009, já conhecidos, sobre os resultados dos alunos de 15 anos a língua materna, a matemática e a ciências. Em média, dez em cada 100 alunos repetem um ano, apontam os directores das escolas portuguesas.
Enquanto o sistema for centralizado, a autonomia da escola for deficiente e não houver uma verdadeira avaliação dos professores e escolas não sairemos da cauda da classificação.
Em Portugal, "os níveis de reprovação são mais altos do que na maior parte dos países" e, na Europa, os que mais reprovam são Portugal, Espanha, Luxemburgo e França.
A "excessiva" utilização do "chumbo" reflete o facto de "o quadro de avaliação não estar definitivamente centrado no aluno", reduzindo as expetativas dos professores sobre os alunos, e o professor acaba por não investir tanto tempo no progresso do estudante, disse o especialista.
Eu tive uma professora primária que nos passava trabalhos para casa que eram um pavor. No dia seguinte esses trabalhos (não feitos ou mal feitos) correspondiam a um "arraial de reguadas". Em Castelo Branco, não chegávamos a entrar na escola, à chuva e muitas vezes à neve, em fila indiana, a professora à porta a ver os trabalhos um a um. Essa professora foi uma das três pessoas mais importantes da minha vida mas isso não evitou que eu, criança, na quarta classe, andasse fugido da escola por dois dias. Com medo!
Claro que hoje a questão não se coloca assim mas dá para ver como é difícil deixar velhos hábitos. Só uma luta muito grande de professores, pais, clínicos e alunos permitiu que hoje se discuta se os Trabalhos Para Casa (TPC) podem ou não ser prejudiciais. Pelo que vejo nos meus sobrinhos são exercícios leves mas se somarmos os exercícios leves de cada uma das disciplinas as crianças não falam com os pais e não têm tempo para brincar. E isto é numa casa onde a geração anterior (os pais ) são licenciados e a mãe é mesma directora numa faculdade pelo que podem, muito, ajudar os filhos e facilitar-lhes as dúvidas.
O que será aqui em baixo na casa da vizinha porteira onde pais e avós não passaram do obrigatório?
Se calhar a virtude estará a meio termo, os trabalhos de casa serem passados em dias muito específicos em matérias de mais difícil compreensão e ou importância.
Se me perguntarem eu sou pela brincadeira em casa com os pais e os irmãos.
...O método seguiu cinco passos: "Primeiro, a Florida começou a classificar as escolas de A a F, segundo a capacidade e progresso dos alunos em testes anuais de leitura, escrita, matemática e ciência. O estado dá dinheiro adicional às escolas que têm A ou melhoram a sua classificação, e os alunos das escolas que tenham dois Fs em quatro anos podem transferir-se para escolas melhores. Segundo, a Florida deixou de permitir que os alunos do terceiro ano que mal consigam ler passem para o quarto (prática comum em toda a América, chamada "promoção social"). Terceiro, criou um sistema de pagamento de mérito, no qual os professores cujos alunos passem certos exames recebem bónus. Quarto, dá aos pais muito mais escolha, com cheques estaduais, entre escolas públicas, convencionadas, privadas e até online. Quinto, a Florida criou novos métodos de certificação para atrair pessoas mais talentosas para a profissão, mesmo que essas pessoas não tenham um grau académico específico em educação" (The Economist, 25/Fev, p. 41; ver o site da fundação do ex- -governador, www.excelined.org).
Este é um caso entre vários, não muito original, mas mostra o essencial. Tem coisas parecidas com o que por cá tenta o senhor Ministro da Educação, mas uma diferença essencial: confiança nas pessoas. Na Florida acha-se que alunos, pais e professores sabem o que é melhor, e o Estado apenas os ajuda nesse esforço. Note-se que esta não é uma solução liberal. Continua a haver escolas públicas e o Estado tem enorme intervenção, classificando, subsidiando, bonificando. Mas a atitude de fundo é subsidiária, dando primazia à sociedade como agente e finalidade, não à genialidade do especialista que julga saber. Por exemplo, em Portugal avaliam-se professores, na Florida avalia-se o seu trabalho. Cá criamos exames para promoção na carreira, lá usam-se os testes dos alunos para premiar os docentes....
PS a partir de um texto de João César das Neves no DN
BEM-VINDO: O EMPRÉSTIMO ONLINE ENTRE PESSOAS GRAVE...
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