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África

„A vossa crise é a nossa oportunidade“ Dambisa Moyo*: “Eu nunca disse que a assistência a países subdesenvolvidos devia acabar já amanhã. Todavia, precisamos é de um programa de saída temporalmente esboçado. A solicitude de qualquer modo diminuirá: de facto, quem ainda poderá exigir aos gregos altamente endividados ou aos italianos que prestem assistência? A vossa crise financeira é a nossa oportunidade: ela poderá obrigar a África a assumir finalmente responsabilidades.”

Entrevista a Dambisa Moyo em DER SPIEGEL 37/2011

 

Já escrevi sobre este tema em princípios de 2010. Agora, com o lançamento do livro “Dead Aid” em alemão, o magazine DER SPIEGEL voltou a entrevistar a Dra. Dambisa Moyo.

Torna-se bem evidente a grande semelhança (parcial) do postulado do meu esboço estratégico “New Deal” – que data de 2007 – e o postulado de Dambisa Moyo: cortar a assistência aos países subdesenvolvidos dentro de um determinado prazo estipulado, para obrigar a África a assumir responsabilidades próprias. Claro, Dambisa Moyo diz “A” mas falta – que eu saiba – o “B”. O “B” – substituição dos subsídios arrasadores por um esquema de cooperação de custos mínimos mas de benefícios máximos para todos – consta do meu esboço estratégico “New Deal”.

Agora, com a nossa crise – ela não veio por acaso e entre outras coisas não apenas quer obrigar a África a assumir responsabilidades mas também a nós, no nosso próprio interesse –, vislumbra-se cada vez mais a exactidão e aplicabilidade do meu esboço estratégico de 2007, no contexto de uma nova ordem superior mundial. Considerando que desde 2007, tal como por mim vaticinado desde meados dos anos 90, a situação da próspera e orgulhosa União Europeia sofreu um declínio sem exemplo, pode ser que exista esperança. De facto, hoje nem o Dr. Durão Barroso nem a Dra. Merkel poderão alegar que “tudo está encaminhado no sentido do meu esboço”, ou – a Sra. Merkel fez isso – passar a minha proposta para o Ministério da Cooperação alemão – o qual para defender os seus próprios interesses porventura o fechou na gaveta.

Agora muitos dirão: mas o que é que Portugal, que se encontra em grandes apuros e com as mãos atadas pela troika, poderá fazer para ajudar África e o terceiro mundo em geral? Bom, Portugal, isto é, o seu governo, se não quer ver-se “grego” também, poderá e deverá quanto antes propor em Bruxelas a concepção de uma mudança de estratégia no sentido da minha abordagem de “altruismo egoista”. Com efeito, se queremos vingar temos que contribuir para que os outros se possam salvar. É assim que asseguramos o nosso bem-estar. De qualquer modo o avanço exponencial e imparável dos mecanismos de correcção cibernéticos vai vencendo os entraves interesseiros ainda colocados pelos lobbies da “indústria” dos benfeitores crónicos. Só é uma questão de tempo. Infelizmente entretanto o nosso sofrimento e de muitos outros no mundo vai aumentando em flecha. Se agirmos já, este sofrimento poderá ser encurtado substancialmente dando lugar a um novo crescimento orgânico.

* Dambisa Moyo, 41, economista da Zambia, doutorada em Oxford e ex-conselheira do Banco Mundial. Escreveu o livro “Dead Aid” (Ajuda de Morte).

http://www.acp-eucourier.info/Breaking-the-myth-of.870.0.html?&L=3&tx_skpagecomments_pi1%5Boffset%5D=1

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publicado às 18:00


CRISE DE DÍVIDAS – No fim da Europa

por Rolf Dahmer, em 29.07.11

"CRISE DE DÍVIDAS – No fim da Europa: Portugal viveu durante décadas acima das suas posses, agora encontra-se desamparado e empobrecido. O governo reage com brutais medidas de austeridade. Todavia, isto só não ajudará: o que falta ao país são indústrias competitivas”.

Alexander Jung, DER SPIEGEL 30/2011 (Versão impressa) e SPIEGEL Online em inglês

Como muitos que me conhecem sabem, já em Janeiro de 1986, isto é, algums meses antes da entrada de Portugal na então CEE, suspeitava que para Portugal essa parceria poderia resultar num pau de dois bicos. É que já então tive a noção de que a CEE devido ao seu comportamento linear se encontrava em vias de descambar, virando de outrora extrovertida e sóciocêntrica para introvertida e egocêntrica.

E de facto, Portugal, juntamente com o resto dos seus parceiros, abraçou exactamente essa tendência. No meio da grande alegria – o SPIEGEL escreveu sobre isso –, fizeram-se imensas obras, infelizmente tudo um número grande demais. Isto não podia dar certo – e não deu. Na verdade, a partir de 1986 chamei abertamente a atenção sobre os perigos daí decorrentes, apresentando mais tarde – p.ex. no meu artigo “Porque vale a pena apostar em África” – estratégias de prevenção. Mas claro, no meio da farra do consumo subvencionado ninguém quis saber dessas coisas. Portugal tinha encontrado um “filão de ouro” aparentemente inesgotável e não havia mais argumentos.

Como DER SPIEGEL alega muito bem, o país foi “induzido nesse comportamento” pela CEE. Isto é correcto. Todavia, tal como já em 1997 escrevi naquele artigo acima referido, na altura uma estratégia correcta teria permitido que o país escapasse àqueles perigos, dando por cima um exemplo para uma nova orientação estratégica de Bruxelas (ver abaixo).

Sobremaneira interessante neste contexto é a citação do Presidente do Grupo Amorim, António Rios de Amorim, cujo tio Américo – conheci-o pessoalmente em 1964 – iniciou a formidável ascensão sócio-económica daquele fabricante de rolhas de cortiça para líder de mercado mundial de produtos de cortiça e soluções derivados da mesma. À afirmação do SPIEGEL – „Não admira que a Portugal lhe faltem indústrias robustas e capazes de exportar, mas quais poderiam ser estas?” – António Rios de Amorim deu uma resposta muito significativa: „Este país deve construir com base naquilo que melhor sabe fazer”. É exactamente isso que desde há décadas digo aos meus amigos portugueses! E o Grupo Amorim e outras empresas portuguesas demonstram-no com grande sucesso – a nível empresarial.

Concluindo: tal como fizeram o Grupo Amorim e outras empresas portuguesas, que graças ao seu perfíl único e inconfundível  ganharam excelência nos seus respectivos mercados, também o suprasistema Portugal precisa de um perfil superior que reflicta perante o mundo o seu desígnio, o seu objectivo  e os seus pontos fortes como melhor solucionador de problemas de um determinado grupo-alvo predilecto. Com efeito, Portugal, como velho país de 800 anos, terá que enveredar pelo caminho da especialização social concentrada nas necessidades de um grupo-alvo concreto que correspondea à sua vocação histórica de descobridor e de quem dá “novos mundos ao mundo”:  os Palop e não só. Assim, a médio e longo prazo será muito bem sucedido – sempre que agir de acordo com o meu esboço estratégico New Deal. Apenas querer exportar um pouco mais, não chega. Continuar a dispersar as suas forças em tentativas mee to de fabricante high-tech, apenas trará mais insucesso. Mas diga-se de passagem: se Portugal enveredar por essa estratégia diversa de especialização em necessidades concretas de um determinado grupo-alvo e não primariamente em produtos e/ou processos, acabará por ter essas “indústrias competitivas” que precisa – precisamente como consequência (quase) automática daquela estratégia diversa. Sim, acabará por ter o high-tech, mas com a grande diferença e incalculável vantagen desse então ser genuíno e já não um fruto volátil do mee to.

Só que desta vez chegar lá sozinho, deixou de ser possível para Portugal. Tudo terá que decorrer no âmbito de uma acção concentrada a nível da UE, que envolve todos os seus parceiros, ainda que em matérias de especialização e regiões diferentes. O futuro da própria UE dependerá disto – e não dos disparates de engenharias financeiras de gente que perdeu o norte.

Extracto do meu artigo “Porque vale a pena apostar em África” de 04.07.1997

 “...pois demonstrará que os hoje considerados “necessitados crónicos de subsidios” –  actualmente até a própria Alemanha corre este perigo – são bem capazes de aportar superiores valores, de profundos efeitos sinergéticos, ao sistema: o proporcionar de um incremento de atracção que através do consequente aumento de poder se transforma  em exemplo e prova que isto funciona assim mesmo e, last not least, em bens materiais para todos. Um projecto porventura importante para Portugal mas  demasiado insignificante para despertar a atenção dos seus parceiros da UE, ficando-se depois isolado ? Errado. Mostra a experiência, que, em sistemas de índole introvertida, sempre quando algum subsistema ousa saír do paradigma, dando um exemplo positivo de sucesso seguido de visíveis lucros materiais, o sistema no seu todo aceita os estímulos da atracção criada, por mais débeis que sejam. Isto funciona a nível de todos os sistemas sociais, sempre interligados em rede, tanto empresas como países. A história está cheia de exemplos e acontece todos os dias de novo”.

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