Ora eis que o mundo encontrou um tema de discussão mais excitante do que o pontapé-na-bola, ou seja, a Ucrânia e mais exactamente a invasão (!) da Crimeia. A qualidade lógica dos argumentos é muito semelhante, sendo que a sua forma geral tem a seguinte forma:
"Se Iraque então Crimeia; Iraque, logo, Crimeia". Não vou discutir a falácia, ainda corria o risco de estragar a emoção que a (dis)puta manifestamente produz. Nem uma palavra a respeito do
"et tu quoque". Vou apenas fazer notar que, em termos bíblicos, poderíamos dizer de forma logicamente equivalente
"Se Adão então Caim; Adão, logo, Caim", et voilà, todos os pecados e crimes da história explicados e justificados no milagre duma falácia elementar.
Mas isso iria estragar a emoção dos golos mais recentes, das peripécias da arbitragem — ou neste caso da sua ausência — e, sobretudo, da incerteza a respeito do resultado final, aquele que vai contar para os livros de história, ou da FIFA, vai dar ao mesmo. Vou apenas referir um dos aspectos mais referidos pelos..., analistas, digamos. Estou-me a referir à fraqueza geo-estratégica dos Estados Unidos, incluindo mas não limitado a, fraqueza da sua liderança, isto é, a tese
"...O Obama é um banana. O Putin é um líder forte...". Quem é que os tais anal(istas) preferem no domínio estrito do pontapé-na-bola? Na actualidade, o Cristiano Ronaldo baralha tudo e elimina toda e qualquer informação pertinente que a comparação pudesse conter. Adiante.
A única super-potência restante à superfície do planeta está efectivamente num situação de grande impotência, do ponto de vista militar. E ainda bem, acrescento eu. Mas isso não se deve a nenhuma crise de vontade, nenhuma falta de liderança. Deve-se a algo mais simples — e acho que o falcão McCain, ele próprio ex-piloto da Marinha, também não viu — deve-se à geografia. Qualquer escalada militar da confrontação, por parte dos USA, implicaria sempre o envio duma esquadra para o Mar Negro. Os porta-aviões da
classe Nimitz são 33 metros mais compridos do que
o comprimento máximo possível/permitido nos estreitos dos Dardanelos e do Bósforo.
Ou seja, a crise actual ainda não descambou em confrontação quase aberta, graças àquelas curvas apertadas, na imagem acima. Mas vamos aos factos, porque no que respeita às análises, essas oscilam apenas entre os
silogismos do Tadeu e
a californicação do Tavares.
E os factos são que o Vladimir pestanejou. É rigorosamente como se o Adolfo tivesse pestanejado em Munique. Nenhum de nós tem como saber o que seria o mundo se isso tivesse acontecido, mas quem quer que tenha um mínimo de conhecimentos da história do nosso tempo, sabe que muita coisa teria sido diferente, não digo sequer que seria diferente para melhor. Diferente, de certeza. Por isso, Vladimir, vai brincar como os teus foguetes, vai. Já muitos perceberam o que eu disse, tanto que
os teus sabujos já andam por aí a preparar a justificação da retirada. Quanto aos istas cá do burgo: consolem-se, a selecção joga hoje, o fcp vai ter um novo treinador, isto é, o vosso mundo vai voltar à chatice do costume.
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