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O Pinguim e o Leviatã

por Rolf Dahmer, em 19.10.11

A riqueza contida na Wikipedia, nos softwares livres, nas plataformas de compartilhamento musical ou no YouTube não se deve apenas aos extraordinários meios técnicos oferecidos pela conexão em rede de computadores e “smart phones” cada vez mais poderosos e baratos. O mais importante, e o que faz desses exemplos parte do processo de construção de uma nova economia, são seus fundamentos sociais, que não podem ser dissociados das normas éticas que lhes dão sustentação. Longe de um paroquialismo tradicionalista ou de um movimento alternativo confinado a seitas e grupos eternamente minoritários, a cooperação está na origem das formas mais interessantes e promissoras de criação de prosperidade no mundo contemporâneo. E na raiz dessa cooperação (presente com força crescente no mundo privado, nos negócios públicos e na própria relação entre Estado e cidadãos) estão vínculos humanos reais, abrangentes, significativos, dotados do poder de comunicar e criar confiança entre as pessoas. É daí que vem o título do mais recente livro de Yochai Benkler, professor de direito em Harvard, ganhador do prêmio da Associação Americana de Ciência Política por seu livro de 2006, The Wealth of Networks, e certamente um dos pensadores mais originais da atualidade.

Por um lado, o Leviatã exprime organizações hierárquicas (públicas ou privadas) apoiadas em duas premissas centrais: a primeira é a clara distinção entre quem manda e quem obedece, quem concebe e quem executa, quem cria e quem consome, quem oferece e quem assiste. A segunda premissa está na assimilação entre racionalidade e egoísmo: o mundo econômico, sob a ótica do Leviatã, funcionaria tanto melhor quanto mais os indivíduos seguissem sua inclinação, supostamente natural, para defender exclusivamente o que lhes convém, só levando em conta os interesses alheios dentro dos limites exigidos pela lei e por uma reciprocidade abstrata, em que não há laços imediatos de colaboração entre as pessoas.

Em contraposição à centralização totalitária do Leviatã não está o mercado e sim o Pinguim, ícone da criação pioneira do engenheiro e hacker finlandês Linus Torvalds, autor do Linux kernel, o mais importante sistema operacional de acesso livre e que revolucionou o mundo digital desde o início dos anos 1990. O Pinguim simboliza a cooperação humana direta, voluntária e gratuita, cuja principal recompensa está no sentimento de que as relações entre as pessoas são justas, estimulam sua inteligência, valorizam sua participação, ampliam seu conhecimento, apoiam-se na comunicação e abrem espaço para a resolução conjunta de problemas. 

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publicado às 20:00

O jovem entre a ingenuidade e a desfaçatez diz uma série de verdades que estão à frente dos nossos olhos mas ninguém quer ver.

Adora deitar-se e sonhar com recessões económicas porque quem souber fazer o que deve, ganha milhões. "É preciso que as pessoas aprendam a ganhar dinheiro com um mercado em perda"

O bom do Alessio Rastania, pois é assim que se chama o jovem, afirma que os mercados financeiros e o modo como são regulados se encarregarão de aprofundar a recessão. "A actual crise económica é como um cancro. Se estiverem à espera que ele se afaste bem podem esperar sentados, pois ele vai crescer e depois é tarde de mais."

"Os governos não mandam no mundo quem manda é a Goldman Sachs". Bem, não é só mas também.

Do que não há dúvida e esta é a principal lição é que os mercados são agentes racionais (procuram maximizar o lucro) mas que da soma das suas acções não resulta nenhuma racionalidade. E a acções individuais defensivas não correspondem comportamentos movidos pela ética!

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publicado às 10:00


O aval quadrado e as ausências do presidente

por António Leal Salvado, em 29.09.11

Não terá sido só para se livrar do anátema de “Senhor Silva”, nem principalmente por isso. Cavaco quis a atenção dos portugueses e preparou uma ‘entrevista’ no momento que achou crucial para dar uma aula sobre o programa do Governo – mais ou menos a sedução dos mercados explicada às criancinhas. Dois dias antes, o até aqui apagado Ministro da Economia brilhara no maior fórum da comunicação social portuguesa (um ‘Prós e Contras’ feito só com ‘prós’) e era preciso consolidar a eficácia dessa primeira ação de sensibilização dos portugueses para o fardo que lhes está reservado.

Mensagem linear de Cavaco, quadrada como os quatro cantos em que se balizou:
1. Motivação (do auditório). Começamos por ‘aquecer’ com a exaltação do que todos já sabem mas gostam sempre de ouvir. Internacionalização da Economia, liberalização da concorrência, captação do investimento externo. Tudo como o Ministro da Economia já tinha anunciado com a revelação de que nos últimos 5 anos do consulado de José Sócrates as empresas portuguesas cresceram na performance exportadora, criativa, qualitária;
2. O essencial (mais que sub-liminar): Apoiar e sustentar as dificuldades da banca, que precisa de pagar ‘aos mercados’ as gorduras (as verdadeiras e maiores gorduras da economia portuguesa) que estoirou em Wall Street. E, atenção, o lema de todos unidos em torno do sucesso da recuperação dos capitais apostados na parte fantasmática do imobiliário e perdidos com o aval dos estados soberanos. Todos unidos – que o povo unido jamais será vencido.
3. O capital (mais que essencial): Continuar os sacrifícios. Prosseguir com a austeridade, com mais e maior austeridade. “Os mercados” ainda não recuperaram todas as gorduras – e onde hão-de ir buscá-las? Ao nosso emagrecimento, o do Povo e sobretudo da classe média, claro! Nem se vê como havia de ser de outra maneira. Sempre assim foi, tem sido e, ficámos bem cientes, será cada vez mais.
4. O despiciendo (no discurso e no tom de união): As famílias, os desempregados, a classe trabalhadora, as pequenas e micro-empresas portuguesas – que são a esmagadora maioria. Ficaram no silêncio e talvez se compreenda: na parte explícita da ‘entrevista’ já ficou bem claro o papel que a estes cabe, nada menos que o fundamental papel do emagrecimento, dos sacrifícios, do esforço de todos unidos à volta do Governo e ao serviço “dos mercados”.
Ficou mais avalizado o Governo. Cavaco avalizou Cavaco. Todo o Cavaco, incluindo o Senhor Silva.
Ficaram mais descansados “os mercados” – que são aqueles que têm financiado os albertos joões deste retângulo à beira-mar plantado e os seus apêndices e os demais parasitas. As ‘gorduras’ que sobram no Estado-Nação transitarão do que resta do Estado Social para a sustentação do difícil momento que atravessam as gorduras que no sector privado geraram as dívidas da nossa crise. As empresas que dão réditos ao Estado irão rapidamente e em força para a propriedade “dos mercados” que rebentaram de colestrol em Wall Street.
E o mais importante: Que estejamos todos unidos em torno do Governo de Cavaco. Unidos no nosso sacrifício, pelo sucesso da governação que tem a espinhosa tarefa de proteger os interesses “dos mercados”.
Ficam, enfim, mais esperançados os que lutam por que a Constituição deixe de ser essa coisa arcaica e idílica que são os direitos, liberdades e garantias do cidadão e se reforme na lei fundamental dos direitos, liberdades e garantias dos mercados.
Falou o Presidente do Conselho de Administração. E ficámos com a nostálgica clarividência de quanto este país precisava, neste momento de profunda crise, de ter um Presidente da República.

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publicado às 12:42


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