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A Crise. E se a vendêssemos? [Luis Moreira]

por Rogério Costa Pereira, em 07.01.09

Como se esperava, o BdP veio confirmar as piores previsões. Só confirmar, porque há muito que os empresários que mantêm contacto com as empresas lá fora recebiam essas informações e, bem pior, viam as suas carteiras de encomendas encolherem. Cá dentro, a ordem era gerir expectativas, deixando para o mais tarde possível o anúncio das más notícias. Mas a realidade, mais tarde ou mais cedo impõe-se, e o futuro próximo é negro. O emprego, ou a falta dele, é a prioridade das prioridades. Sabemos que as PMEs representam 70% do emprego. Porque é que esta realidade não se impõe em medidas concretas? Até agora vimos o governo "segurar" bancos e grandes empresas. O investimento que se promete é dirigido às grandes empresas. Decisões vão no mesmo sentido, como é exemplo a bem recente de entregar por ajuste directo as obras públicas até cinco milhões de Euros. É hoje pacífico, para a maioria dos observadores, que as grandes empresas que constituem a coluna dorsal da economia portuguesa há muito que não respondem às necessidades de uma economia competitiva, moderna, aberta ao exterior. São as PMEs que asseguram a produção dos bens e serviços transaccionáveis, que inovam, que competem em mercados abertos, onde a inovação e a competitividade são argumentos decisivos. As grandes empresas nacionais ou operam em quase monopólio ou em quase cartel. Esta "docilidade" leva-nos sempre aos mesmos resultados. Um país pobre e a afastar-se e a divergir da média europeia. As empresas recentemente orgulhosas dos seus imensos lucros e "performances" empresariais estão hoje a pedir a "bênção" do Estado. Como é isto possível, em escassos meses? Porque grande parte dos seus resultados resultavam, não do seu "core business", mas de actividades financeiras! Esta relação Estado/grandes Grupos económicos levar-nos-á, periodicamente" a crises, ao empobrecimento permanente, porque não conseguimos uma economia sustentável, competitiva a nível global. Mas é possível, como mostram sinais aqui e ali, ainda incipientes, mas também já casos de sucesso a nível global. Empresas que trabalham com a NASA! Se alguém dissesse isto há dez anos seria crismado de demente! Investigação científica reconhecida ao mais alto nível científico! Empresas a lançar medicamentos inovadores disputados a preço de ouro nos mercados mais competitivos. E tudo isto foi conseguido com uma política coerente e sustentada nos últimos anos, com apoios específicos por parte deste governo. Ainda só investimos cerca de 1,1% do PIB mas os resultados começam a aparecer. A Espanha investe cerca de 1.2% a Itália cerca de 1.4% para não falar dos países mais fortes. São estes bens e serviços que podemos vender lá fora (e, já agora, que não precisaríamos de comprar lá fora) que pode dar um pontapé na crise permanente em que o país vive há séculos. Entre investir nas empresas de sempre e manter a crise em "incubadoras" douradas, que tal exportá-la?


 


PS: Claro que os "atentos" de serviço me vão dizer que os mercados que recebem as nossas exportações também estão em crise e não há quem compre. Mas também é claro que se não começarmos a trabalhar já os outros vão chegar primeiro! Aí está uma oportunidade de ouro que a crise nos dá! Mudar a malha da economia, eis o verdadeiro sentido que nos deverá nortear!



Luis Moreira

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publicado às 18:22


17 comentários

De jorge c. a 07.01.2009 às 19:07

Mas ninguém pergunta ao ministro da economia por que motivo se andou a marimbar para as PME's durante 3 anos e só desde as eleições do PSD é que se fala nisto?
Ninguém se apercebeu antes que financiar os grandes ignorando os pequenos criava um fosso avesso ao consumo?

De GL a 07.01.2009 às 19:24

"as grandes empresas que constituem a coluna dorsal da economia portuguesa há muito que não respondem às necessidades de uma economia competitiva, moderna, aberta ao exterior. "

Porquê? São mais caras? Há que descobrir porque são mais caras. É aí que mora o problema.

De Luis Moreira a 07.01.2009 às 20:38

GL, porque são mais caras,logo não são competitivas( a EDP impede a expansão da produção de electricidade e compra-a todos os dias -uma parte- a Espanha ) não são inovadoras e não exportam! E isto aplica-se aos bancos,às construtoras,à galp.à EDP,à Brisa,à Lusoponte....tudo o que é importante (ou é considerado importante) não o é de todo.Dificil é inovar,competir,exportar,vender "massa cinzenta". Ganhar milhões cá dentro sem concorrência,sem reguladores,à sombra do Estado,com o mercado garantido, dá neste país cada vez mais pobre.

De GL a 07.01.2009 às 21:03

"GL, porque são mais caras,logo não são competitivas"

Pois, isso sei eu. Por isso disse que este é o problema a resolver.

"Ganhar milhões cá dentro sem concorrência,sem reguladores,à sombra do Estado,com o mercado garantido, dá neste país cada vez mais pobre."

Pois, pq não abrir para os Espanhóis?

Cheguei à conclusão já há muito tempo que o preço mais alto que pagamos por tudo – IVA, electricidade, combustível, etc, etc, etc, é a taxa que a História nos cobra pela petulância de não nos termos rendido a Castela.

Ser Português é mais caro. Já agora, devíamos dar mais valor a isto.

De Luis Moreira a 07.01.2009 às 21:47

Eu refiro-me à abertura de mercados.Nós pagamos a electricidade mais cara,os combustíveis mais caros,as comunicações mais caras e por aí adiante.Esse é um problema.O que eu sublinho no texto é que há centenas de empresas nacionais que conseguem ser competitivas a nível global e essas é que precisam de ser reconhecidas e ajudadas.Olhe ,como exemplo,facilitar o crédito às encomendas firmes da exportação.É uma prioridade absoluta sempre, mas agora ainda mais.Nenhum de nós ouviu uma palavra sobre estas empresas!

De jorge c. a 07.01.2009 às 22:21

O Luís desculpe, eu não percebi se este comentário era para mim. Mesmo assim respondo na mesma. De facto, eu esqueci-me de frisar que estava apenas a comentar a questão das PME's, mas depois refiz o comentário e acabei por me esquecer de o dizer.
É que fico bastante irritado com a conversa do "vamos apoiar as PME's" quando a política de há 3 anos para cá não tem sido essa, desde o IAPMEI à ASAE.

De GL a 07.01.2009 às 22:44

Como a ASAE poderia apoiar as PMEs? Fechando os olhos à lei?

De Luis Moreira a 07.01.2009 às 23:05

Caro Jorge, tem toda a razão.Nunca é. Veja a desproporcionalidade de tratamento fiscal.Por exemplo, os bancos pagam de IRC cerca de 15%.Se l lhe juntar os lucros que são escondidos nas off-shores os bancos pagam um IRC miserável .As outras empresas pagam 25% de IRC.Não seria de bom senso, como insentivo fiscal, que os lucros das empresas exportadoras fossem favorecidos com um IRC mais baixo? Mas estas políticas, e este é o meu ponto, só serão consideradas quando e se o país tiver consciência que importantes para a nossa economia são as empresas que produzem produtos e serviços transaccionáveis e conseguem ser competitivas a nível global.E não sendo assim é mais do mesmo.Betão em vez de massa cinzenta.

De jorge c. a 07.01.2009 às 23:07

Ó homem, eu disse isso? Você vem armado em defensor do governo e depois lê coisas que não estão lá. É o costume, não é verdade?
Repare, o Estado, depois da entrada na CEE, falou e disse: cambada de acéfalos, aqui está o futuro do amanhã, toca a criar empresas que vamos ser todos ricos. A massa, sedenta de dinheiro, correu sôfrega a pensar que íamos todos passar de campónios a grandes empresários de sucesso.
Depois disso vieram os subsídios e tudo a que tínhamos direito.
A criação da ASAE veio, de algum modo, dizer aos acéfalos que não se modernizaram que tinham de fechar as portas.
A ASAE faz parte do Estado, não é uma entidade divina que está acima do Estado. Devia-se ter percebido que o erro estava a montante e que não era justo vir agora exigir condições no espaço de um mês que não se exigiu durante anos, principalmente quando a economia estava a decrescer e ninguém tinha guita para tais alterações.
O Estado deve assumir as responsabilidades do passado. Tipo a questão da solidariedade dos gerentes, está a ver?
Mas isso é apenas um lado da coisa. De qualquer forma eu só vim especular porque não percebo nada de economia.

De jorge c. a 07.01.2009 às 23:26

E não só. O país ainda não tomou consciência que é na classe média que está o balanço do consumo, o ponto de equilíbrio. Estando bem a classe média é sinal que as expectativas dos mais desfavorecidos também podem ser maiores (certamente que não será assim tão linear, claro).
É que até por uma questão de criação e manutenção de postos de trabalho era importante o incentivo fiscal. Só que não é agora, nestas alturas mais complicadas. Mas aqui lá se pensa a longo prazo. Uma democracia eleitoralista sem noção de responsabilidades.

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