Passos Coelho fez-se entrevistar na RTP, muito a propósito do que se sabe de Alberto João, muito a propósito de tanto se falar de Alberto João. E, aplaudido pelo frenesi de Maria João Avillez ou encoberto pela deturpação de Moita Flores, disse coisas, não disse outras, nem disse nem deixou de dizer muitas outras, não confirmou nem desmentiu. Disse o que podia para ver se esta má onda atlântica passa ao largo, não disse o que devia para responder às perplexidades e esclarecer as ignomínias. Entre o que disse, o que quase disse e o que quase não disse, ficaram e ficam factos.
Apenas factos:
1. A. J. Jardim fez e tem em vigor uma lei (excepcional no país e inconstitucional) que permite aos membros do seu Governo Regional e a ele próprio acumularem os lugares no Executivo com a administração de empresas privadas e ao Governo Regional fazer negócios com essas empresas (e contrair dívidas do Governo para negócios com essas empresas e esconder essas dívidas com a cumplicidade dessas empresas);
2. A. J. Jardim fez e tem em vigor uma lei (excepcional no país e inconstitucional) que confere imunidade por prática de crimes e responsabilidade civil aos membros do seu Governo Regional e a si próprio;
3. A lei sobre responsabilidade dos titulares de cargos políticos prevê responsabilidade criminal (punível com prisão) para a prática dos actos cometidos por A. J. Jardim; e o Código Penal tipifica como crime punível com prisão a gestão danosa;
4. Passos Coelho não irá à Madeira fazer campanha por A. J. Jardim – como nunca dirigente algum do PSD nacional lá foi;
5. Passos Coelho não imiscuirá o PSD nacional na avaliação de oportunidade ética e política da recandidatura de A. J. Jardim – tal como é conveniente para que ele possa ser reeleito pelos seus, tal como é conveniente para que os ‘laranjas’ do continente possam formal e publicamente “lavar as mãos” da sujeira que lhes dá jeito;
6. Cavaco nada diz institucionalmente quanto à Madeira, tal como nada disse quanto aos Açores noutro ensejo – mantendo assim a coerência do vazio, neste caso de ‘indiferença’ que objetivamente encobre um protegido, como no outro de espalhafato que em interrupção das férias tocou as antenas a rebate para prejudicar um adversário;
7. Cavaco não incomoda A. J. Jardim – também nisso sendo coerente com o respeitinho que lhe guardou quando foi ‘proibido’ de receber os líderes políticos da Oposição madeirense e se ajustou a falar com eles num hotel;
8. Quem pagará os desvarios do dinheiro-de-mão do A. J. Jardim correligionário de Cavaco serão os mesmos dez milhões de bolsos que pagarão os desvarios do dinheiro-de-mão do Dias Loureiro sócio de Cavaco.
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