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À atenção do Daniel Oliveira

por Isabel Moreira, em 13.12.10

Já tinha lido a expressão de outros pensamentos impulsivos de Daniel Oliveira a propósito do tal do telegrama onde se dizem umas coisas curtas acerca da repatriação de presos de Guantamo. Às vezes, sofro desse mal, mas a reincidência, quer na atitude, quer no assunto, começa a ser indesculpável.

Este país, com problemas gravíssimos, sofre da consequência inevitável da democracia: toda a gente diz quase tudo o que quiser e alguns Partidos, mesmo cientes de que há uma base que contesta os seus ditos, aproveitam até umas frases escritas pela Embaixada dos EUA para ler nelas tudo menos aquilo de que acusavam o Governo: a acusação era a de que o Estado português, neste Governo e nos Governos de Barroso e Portas, tinha violado a lei, por acção ou por omissão, ajudando os EUA a transportarem detidos para o centro de detenções de Guantanamo.

Como a Comissão Temporária do parlamento Europeu, as Comissões que ouviram Luís Amado na AR e a PGR concluiram pela inocência de Portugal, nada mais suculento do que fingir que estamos a discutir o mesmo assunto.

Já sabemos que certo dia agora tão invocado, o PM, na AR, disse isto: "nunca nenhum membro deste Governo, nunca este Governo foi informado ou recebeu qualquer espécie de pedido de autorização para sobrevoo do nosso espaço aéreo, ou para aterragem na Base das Lajes, de aviões que se destinassem ao transporte ou à transferência de prisioneiros". É sabido que estava a responder a Francisco Louçã, o qual perguntava, claro, sobre autorizações de voos ilegais para Guantanamo. Nem podia, de resto, estar a responder a outra coisa. Quem se lembre deste caso, sabe perfeitamente que as questões, na AR ou nas outras instâncias acima referidas, eram e só poderiam ser sobre isso. Então não estava uma CT do PE a trabalhar tendo essa matéria por objecto? Então não eram o PM e o MNE interrogados na AR sobre isso? Então não veio mais tarde a haver um inquérito na PGR sobre isso?

O Estado português ilibado e eis que pessoas que pensam, como Daniel Oliveira, vêm afirmar coisas como estas: 

"E ficámos a saber que o primeiro-ministro terá "permitido aos Estados Unidos utilizar a Base das Lajes nos Açores para repatriar presos de Guantánamo". Quatro meses depois Sócrates garantiu que o Governo "nunca" tinha recebido qualquer pedido dos EUA"

Quanto a esta afirmação, tenho pena, só pena, que Daniel Oliveira não saiba do escrito mais acima. O homem preocupado em tantos dos seus textos com essa coisa chamada contexto, dá em atira-à-parede e chama o PM de mentiroso. Parece que dá jeito, às vezes, esquecer o contexto do discurso oral produzido em resposta a uma questão do BE.

O texto já está bastante difícil de ler, quando o Daniel afirma qualquer coisa como quem não está com a verdade está com o Diabo.

O Daniel sabe tanto deste assunto, que sabe, consequentemente, que gente como eu merece esta condenação: são dignos daqueles que se reservam a um criado leal - e por gente sem qualquer respeito pela verdade.

Gostava de explicar ao Daniel que ele deu um tiro nos pés.

Já foi mais do que explicado - tenho pena que não tenha havido som no outro dia na Comissão Parlamentar - que Luís Amado, que apelou aos outros Estados membros que ajudassem, num esforço conjunto, a pôr termo à prisão de Guantanamo, consequentemente teve, de facto, negociações informais com representantes dos EUA no sentido de se averiguar da possibilidade de repatriar/libertar presos de Guantanamo usando o nosso espaço aéreo. Como o telegrama esquecido faz alusão, Portugal explicou quais eram as garantias jurídicas que tinham de estar asseguradas (eis o ponto que levou a alguns a perceber o óbvio: desta informação (mal) disponibilizada ressaltam boas notícias sobre a actuação dos nossos governantes nesta matéria)

A história acabou com a não realização de qualquer voo para repatriar prisioneiros e com as boas notícias sobre a recepção, em Portugal, de prisoneiros de Guantanamo.

Gostava ainda de explicar ao Daniel duas coisas: se amanhã um telegrama disser que ele é um assassino, isso não faz dele um assassino, isto para lhe dar umas dicas sobre interpretação; em segundo lugar, eu, que elogio, nesta matéria que segui por dever de ofício, Luís Amado, eu que o elogio muito, eu que tenho a certeza de que Luís Amado nunca mentiu, eu que tenho a certeza do que são garantias jurídicas, tenho muita pena que não tenham sido reunidas as condições para que qualquer voo de repatriamento se desse. É que seria sinal de que havia gente a ser libertada com respeito pelas garantias jurídicas faladas, se é que me entendo.

É tão mau ver o aproveitamento político da confusão gerada entre voos ilegais para Guantanamo e negociações sobre a possibliddae de voos legais de Guantanamo para outros países, que uma pessoa só não sente alívio porque é quase tudo mau.

No outro dia vi o Daniel Oliveira no prós e contras a defender o primado da democracia e dos Partidos para se encontrar soluções para os problemas. Estava tudo muito certinho. Pena que a mesma pessoa dignifique até ao esplendor a veracidade de tudo o que diplomatas americanos dizem  - há momentos em que, de facto, o amor pelos EUA nutrido por gente que tanto os critica pede estabilizadores de humor.

Já percebi, na minha qualidade de criada leal, que tudo o que venha a sair é utilizável por Daniel Oliveira e outros.

Vai uma aposta como muita gente que clama por verdade não se vai da conta da analogia que deve ser feita com razoabiliddae entre licitude de meios de prova e licitude da utilização que se queira dar a informação secreta?

Acorda, Daniel, acorda: o teu torpor é grande, muito grande. Reservo expressões como criado leal e total falta de respeito pela verdade para ti. Sempre dão força literário ao teu texto.

 

 

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publicado às 15:30


3 comentários

De Isabel Moreira a 14.12.2010 às 08:52

é, como deve saber, se retirar a ironia ao seu comentário.

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