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Manifesto contra o estado de tristeza geral

por Luiz Antunes, em 23.11.10

A plataforma dos intermitentes apresentou hoje este Manifesto....

 

A Ler:

 

Imagine-se um dia sem arte nem cultura. Imagine-se que durante um dia inteiro o país fica sem teatro, sem dança, sem cinema, sem livros, sem música, sem rádio, sem concertos, sem exposições, sem televisão. Imagine-se um dia um país emudecido para não gastar palavras, parado para não gastar energia, embrutecido para não gastar ideias e emoções. Que género de vida defendem os que acham que a cultura é “desnecessária”?
Hoje, dia 24 de Novembro de 2010, dezenas de companhias e estruturas das artes do espectáculo param de trabalhar. Trabalhadores independentes que não fazem parte de estruturas, juntam-se também neste dia para participar em acções de protesto contra as medidas violentas impostas pelo orçamento de estado para 2011.

 

Estamos a assistir à degradação do estado social onde direitos consagrados estão a ser reduzidos e retirados à maioria dos cidadãos. Ouvimos frequentemente que se trata de uma crise geral e de que é o modelo social europeu que está a ser posto em causa, como explicação de um colapso de um sistema de valores, de um vazio ideológico. Mas este vazio ideológico apenas serve para desresponsabilizar este ataque ao estado social.

 

Apertam-nos o pescoço. Tiram-nos o ar. Falam-nos de austeridade, de contenção, apelam ao nosso sentido de sacrifício, ao culto da Tristeza Geral. Insistem na ideia de que “é preciso sofrer para atingir uma recompensa futura” , mesmo que não se saiba que recompensa é essa e para quando.
Sabemos que o Orçamento de Estado para 2011 tenta fazer passar uma imagem de um plano consistente de salvação nacional. Que perante uma situação de “emergência” que devia meter medo a todos, o Estado consegue manter a calma e dividir o esforço por todos os sectores, como um pai severo que corta no mealheiro dos seus filhos, ou melhor, de quase todos os seus filhos.
O sector da cultura não escapa a este programa de austeridade, mas a situação é ainda mais gritante: a supressão de 1/4 do orçamento do Ministério da Cultura afecto a todas as áreas de criação e produção artísticas. Os artistas e os demais profissionais das artes do espectáculo e do audiovisual, já por si fragilizados pela ausência de um sistema que os proteja, são igualmente chamados a resignar-se à imposição deste estado de Tristeza Geral. Como se enquanto trabalhadores (e cidadãos) não fizessem parte de uma mesma luta que hoje se manifesta na adesão sem precedentes à Greve Geral.
A criação e fruição artísticas estão no centro da reflexão, da crítica e do gesto de cidadania. Temos consciência do gesto que exercemos aqui hoje, contra o estado da Tristeza Geral.

A Plataforma dos Intermitentes

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publicado às 16:56


6 comentários

De Anónimo a 23.11.2010 às 17:46

luiz antunes, diga-me: que tipo de subsídios recebiam do estado aqueles que fizeram as pinturas de altamira?

De Luiz Antunes a 23.11.2010 às 18:21

Caríssimo (a),


Penso que a sua pergunta é de retórica. 
Mas será que eles também tinham direito à saúde? Será que à época existia estado social? Será que se falava de Cultura?! Por aí chegamos talvez a uma não conversa... 
Obrigado pelo comentário


Atente que o Manifesto é escrito por uma estrutura... tornei-o visível pois achei-o importante para a percepção actual das Artes e estado da Cultura no nosso País. Se ler outros textos meus irá perceber que não sou apologista dos subsidio dependentes.... mas sim de um estrutura social e de mecenato mais forte... Mais próximo do nosso tempo... podemos ter como exemplo o da Vinci, um Balzac, um Picasso, os Ballets Russes... e tantos outros que contribuíram para a evolução dos pensamentos e da Cultura Mundial.
 

De fernando f a 23.11.2010 às 20:45

De fato a redução de subsídio ao MC, assemelha-se ao corte no abono de família, ás famílias de menores recursos, é que já se está a cortar no osso. 

De Luiz Antunes a 23.11.2010 às 21:29

Numa altura de crise todos os sectores são afectados. É um facto!Agora os cortes não devem ser feitos naturalmente sempre nas mesmas áreas. Numa altura de "menos crise" todos os sectores foram privilegiados, como sabe, com apoios "não estruturais", pois agora que efectivamente não existem verbas eles tornam a cair! E a Cultura?! O curioso é que ao contrário do que se possa imaginar a "Cultura" em Portugal dá emprego a muita gente e é rentável em alguns níveis... É de lembrar que o Ministério da Cultura tem a seu cargo não só os "Artistas dos subsídios", mas também Museus, Média (alguns campos da televisão), Serviços educacionais, Edições, Cinema, Festivais de Música... que num relatório público fez-se saber que trazem um retorno de algumas centenas de euros ao estado. O que é certo é que a Cultura nunca teve sequer mais de 0,6% de apoio... e o quando o teve foi tempo de vacas menos magras... 
Tal qual como um progenitor o Estado deve ter as suas responsabilidades e deveres sociais, mas acima de tudo fornecer ferramentas, criar mecanismos  para a independência dos demais.
Como artista que nunca recebeu qualquer tipo de subsidio ou apoio por parte do estado penso que devo alertar para algumas injustiças ...




De fernando f a 23.11.2010 às 23:02


Luís Antunes,
sintonizado com a sua perspetiva. Aproveito para retificar: onde se lê ''redução do subsídio ao MC', deve ler-se  'redução da dotação ao MC'.

De Isabel Moreira a 24.11.2010 às 00:26


CATAPUM!!!!!!!!!!!!!

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