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...não consigo perceber, por mais que puxe pela cabeça, como é possível afirmar-se que tem valido tudo para se mentir acerca do projecto de revisão constitucional do PSD, assim, afirmando que as pessoas não o analisam como deve ser, ou passam os olhos por cima da coisa de forma ligeira, sei lá.
Ó Pedro, francamente, quem anda a brincar com a malta desde Abril, dizendo aos microfones que vai aumentar os poderes do PR - quando na verdade os diminuía -, para, depois, no dia 21 de Julho, numa só noite, mudar tudo e um par de botas, aumentando os poderes do PR, em qualquer dos casos dando cabo do sistema político, sem qualquer sentido da história constitucional e dos efeitos sistémicos das alterações propostas, é o PSD. Nada, já agora, no projecto do PSD - nas suas várias versões, que surgem ao som de amuos e demissões - cumpre o sonho de Sá Carneiro.
De resto, a dado passo, sendo a coisa realmente tão má, os juristas, os constitucionalistas que estavam na comissão nomeada por Pedro Passos Coelho (Rui Medeiros, Assunção Esteves, etc.) demarcaram-se do projecto, então não foi?
E sim, a alteração ao artigo 103º (sistema fiscal) é absurda, porque esquece que o sistema fiscal, para ser materialmente justo, repousa no princípio da capacidade contributiva e no princípio da equivalência. Que raio de ideia é a do PSD de estar doentinho com a capacidade contributiva? Acaso isso resolve alguma coisa nos impostos sobre o património? E nas taxas? E nos que resultam de intervenções urbanísticas que implicam uma avaliação de custo/benefício? Como é que o PSD se atreve a dizer que não está a destruir a filosofia do sistema fiscal? É o sistema fiscal que está em causa e não o IRS. Acaso o IRS é o Sistema Fiscal?
E sim, o PSD quer acabar com os despedimentos com justa causa, esses que implicam um comportamento culposo do trabalhador e quer voltar à velha senhora, à "razão atendível".
E sim, nas letrinhas do PSD desaparece a ideia de gratuitidade progressiva de todos os graus de ensino, desaparece o sistema público de ensino pré-escolar.
E sim, se antes o PSD defendia a liberdade de opção entre o sistema público e o sistema privado na área da saúde e da educação, sem, vá lá, pôr em causa o sistema público, agora o PSD entende por bem que o Estado passe apenas a ter de suportar os custos das prestações de educação e de saúde das pessoas sem meios, as incapazes de pagar as suas necessidades. Implicitamente todas as outras passariam a ter de assumir individualmente o pagamento das suas prestações de saúde e de educação, no primeiro caso, claro, através de seguros. Isto seria o fim da escola pública e do SNS como serviços públicos de vocação universal, reduzidos a serviços mínimos para quem não tivesse acesso ao privado.
E nem vou falar do horror, do pesadelo técnico que é o projecto de revisão do PSD, cada ideia que nos vai chegando às mãos. Não se distingue uma regra de um princípio. Queixam-se de que a CRP é prolixa e ainda a complicam mais, concretizando o que já toda a gente sabe que está implícito em princípios trabalhados há décadas pelo TC.
Para quem se estiver nas tintas para o que deve ser uma lei fundamental e quiser ganhar dinheiro, como constitucionalista, a escrever sobre aquele mundo de disparates, que até duas moções de censura tem, é lutar por ele, sim. Força.
Acontece, Pedro, que o PSD já percebeu que o seu projecto de sociedade foi má ideia e que lhe custou alguns pontos nas sondagens. Virou a agulha. Agora estamos a falar, em tom ameaçador, do orçamento, não é?
Isabel Moreira,
Mas será que a senhora não percebeu que estamos a desconversar.
Eu quando digo que não precisa de ‘levantar a voz’ é porque você, de facto, não precisa de ‘sublinhar’ ao responder-me com letras maiúsculas.
Claro que a questão não se trata de simpatia pessoal pelo senhor. Nem da sua parte nem da minha. A questão é que você ‘gosta’ dele e eu não gosto nem deixo de gostar. Apenas acho que as suas análises são meras vulgaridades que qualquer comentador de bancada como eu as podia fazer.
E a nossa comunicação social está cheia de ‘comentadeiros’. Como eu também disse, já você, quando escreve e comenta na televisão e escreve aqui (não a conheço de outras bandas) é manifesto de que se trata de uma pessoa com ideias estruturadas e inteligente. Mas sobretudo corajosa. Já o dito senhor é um ‘tretas’. Com o devido respeito porque o significado da palavra não pretende ser insultuoso.
Percebeu? Ou preciso de ‘sublinhar’?
Ou pensa que não fosse assim eu andava aqui a ler o que escreve ‘pelos seus lindos olhos’? Era o que faltava! Quanto comecei a ler em blogs tinha uma imensa lista. Hoje são apenas uma escassa meia dúzia. O resto é ‘lixo’. Na lógica do meu argumento sobre comentadores e ‘comentadeiros’.
E não seja ‘parva’ com expressões como ‘passou-se’ porque pode levar uma resposta estúpida.
Por fim, e não vá o senhor Pedro andar por aqui, quero enfatizar que não pretendo ter qualquer falta de respeito para com ele.
Tenha um bom dia que agora vou almoçar, ainda não sei bem onde.
'bolas'...
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