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Às vezes pareces-me pronto a explodir. Mesmo quando sorris, mexes sempre os dois polegares como quem neles circula o que pensas estar por cumprir. Olho para ti sempre que almoçamos e penso que é no teu olhar que nunca sou estrangeira, porque na distância de 54 anos há a proximidade que nunca encontrei noutros homens. Homens que na minha escrita chamo de lobos. E lá estás, a fazer circular o mistério da tua ansiedade, que é a minha, entre os dedos, que subitamente são os do teu pai. Há sempre dor no teu sorriso, como há sempre aflição na minha calma.
Aprendi a sabedoria de dizer esta sou eu, sem medo, e queria que soubesses e sentisses que sou tão feliz na nossa ansiedade partilhada como o era após o jantar sentada no teu colo com a tua gravata gravada na minha face. Não há tempos díspares, portanto, entre nós, como um dia escrevi; há antes uma intensa proximidade, calhando apenas que eu falo mais, porque conto com a tua prudência e porque sinto que te faz bem o choque emocional feito em verbo.
Sempre que nos sentamos a almoçar, observo-te reclamando toda a tua vida. Pareces-me pronto a explodir, digo. Mas quero explicar que é esse teu estado limite que te torna um ser com o rosto de que não prescindo à minha secretária.
Escreves sobre o humanismo e a esperança que é sempre uma criança que nasce, mas no concreto da tua pele não foges, porque não podes, ao pessimismo que te assombra a visão do que esteve para ser e o acaso não permitiu ou do que simplesmente surge preto por mais que um poeta clame por claridade. É essa contradição remoída nos teus dedos que amo. Que faz de ti uma pessoa muito antes de seres um intelectual. E sei que a dor que te não permite veres a evidência da luz que foi, é e será sempre a tua vida sangra de uma ferida que se chama exigência. Hoje gostava que soubesses que sofro dessa ferida, dessa exigência violenta que me não deixa descontrair e reconhecer o que faço, jamais, como suficientemente bom, mas apenas, aqui e ali, como o que pude fazer.
Não trocava a minha ansiedade e a dor dela pela calma feliz que tem o preço da não-reflexão.
O mesmo é dizer que gosto de ti sempre pronto a explodir.
Dia do pai:
Também o sou e hoje os meus filhos, Sónia e Hugo, ofereceram-me um livro “Uma longa viagem com José Saramago” de João Céu e Silva. Fiquei contente não só pelo livro mas, pela lembrança. É bom que os nossos filhos se lembrem de nós. Lembro-me do meu pai mas não lhe posso oferecer um livro, no lugar onde se encontra não devem faltar livros, anjos e muitas almas.
Mas aqui quero deixar recordações passadas entre mim e ele:
Quando encontrava o meu pai na tasca a beber um copito de vinho convencia-o a vir embora comigo. No trajecto até casa e sempre que acendia um cigarro, para acertar com o fósforo era um dia de juízo, às vezes só se apercebia quando lhe queimava os dedos.
Brincava com ele nunca se aborrecia, era um parceirão, nesses dias oferecia-me tudo, só era pena ter tão pouco. Cada passo, cada conversa, quando reparava cada vez estávamos mais longe de casa, por cada passo para a frente dava dois para a retaguarda, o que me levou a propor-lhe, que nos virássemos em sentido contrário e assim alcançávamos a casa mais depressa.
A minha mãe vinha abrir a porta, nesse tempo cada porta só tinha uma chave, e dizia, não ganhas juízo Maximino, mas sempre com um carinho extremo, hoje é raro se ver entre casais. Ajudava-o a despir-se e ele lá dormia a noite toda sem incomodar ninguém. Era um casal que se dava bem.
Quando o meu pai faleceu notei que com ele ia metade da vida de minha mãe, que não chegou a dois anos e ela também partia para a vida eterna.
Não me importava que hoje acontecesse o mesmo tal a saudade que tenho dele. Todos os dias me lembro dele mas neste a nostalgia é maior. Onde quer que esteja mas, só entendo que seja no Céu, para inferno bastou a sua passagem pela terra que a maioria da sua vida foi passada com dificuldades, quando vivia com mais conforto foi chamado para a vida eterna. Que S. Pedro e Deus olhe bem por si.
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