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O neo-colonialismo de Vasco Graça Moura

por Isabel Moreira, em 18.03.10

Vem Vasco Graça Moura explicar, em tom de triunfo, na sua guerra contra o acordo ortográfico, que "Angola já não é nossa!!.


Relata que segundo um dos membros da delegação angolana à conferência da CPLP, o deputado Luís Reis Cuanga, Angola que, tal como Moçambique, ainda não ratificou o acordo, solicitou três anos "para que se possa implementar na totalidade este instrumento", pois entende "que deve haver reciprocidade na sua aplicação, defendendo que haja integração do vocabulário angolano no comum". Mais afirma, com enorme solidariedade para com quem, imagina, entende que o acordo deveria ter ido para o lixo, que "quem manda em Angola são os angolanos". É outra aberração neo-colonialista pretender-se que bastaria o segundo protocolo modificativo ser assinado por três países da CPLP para se tornar obrigatório para os restantes".


O que deveria, com calma, dizer Vasco Graça Moura é que a língua é de todos nós, portugueses, angolanos, brasileiros, etc. O que deveria, com calma, dizer Vasco Graça Moura é que quem "manda" nos tratados - esse é o ponto - são os Estados.


Sem fazer um juízo de valor sobre o acordo ortográfico, talvez fosse útil recordar a Vasco Graça Moura que o chamado segundo protocolo modificativo, que veio prescrever, para além da abertura à adesão da República Democrática de Timor-Leste, que o acordo ortográfico "entrará em vigor com o terceiro depósito de instrumento de ratificação junto da República Portuguesa "(depositário) foi assinado pelo Brasil, por Cabo-Verde, pela Guiné Bissau, por Moçambique, por Portugal, por São Tomé e Príncipe por Timor-Leste e, pasme-se, por Angola.


Sim, Angola quis esta "aberração". Angola e todos os outros. Depois, tal como Portugal, no momento da sua ratificação, isto é, no momento em que tem de cumprir as formalidades internas para dar sequência à conclusão internacional de uma convenção, depara-se com dúvidas que, concordo, deveriam ter sido equacionadas antes.


Mas se Portugal optou por esta solução dos seis anos, após a discussão que toda a temática gerou, Angola que faça o que entender. Agora, tomar as dúvidas póstumas a uma assinatura livre de uma convenção internacional por apelos ao grito "quem manda em Angola são os angolanos" não é, exactamente, duvidar da liberdade da assinatura referida e, assim, gritar exactamente o contrário?

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publicado às 12:20


12 comentários

De Anton Karnac a 18.03.2010 às 13:13

"exactamente o contrário". Não é? "ExaCtamente". 

De Popmart a 18.03.2010 às 14:25

Aberração é, sim, este "Acordo" Ortográfico, independentemente dos benefícios político-económicos que venha a trazer a logo prazo. Não deixa de ser uma mutilação, uma intervenção cirúrgica a um membro saudável.

De macaco do 1º D a 18.03.2010 às 14:38

Um (mailto:beijo.boca@Um) assunto interessante ;)

Visite http://osmacacosdosotao.blogspot.com/ (http://osmacacosdosotao.blogspot.com/)

De manuelcav a 18.03.2010 às 14:46


Isabel,

Fiquei sem perceber qual a raiz da sua indignação. Está em desacordo com o VGM porque:

a) Não o suporta;
b) O acordo ortográfico não é, para si, uma aberração;
c) Não concorda que Angola decida a ratificação, ou não, do acordo;
d) Parece-lhe que Angola tem, obrigatóriamente, que ratificar o acordo;
e) A língua é um expositor da soberania e, no caso concreto, Portugal é a fonte;
f) Os timorenses nem deviam ser envolvidos porque 60% fala bahasa indonésio, 30% fala tetum e 10% fala português;
g) Todas as opções estão correctas;
h) nenhuma das anteriores está correcta.

Diga lá o que é que a perturba

De Marcelo do Souto Alves a 18.03.2010 às 14:55

A República Popular de Angola, quem o diria, agora virou modelo de virtudes - democráticas, económicas e até geo-políticas - para a nossa desorientada Direita pensante. Apreciei particularmente a rebuscada invenção retórica do Graça Moura: PATARATAS TRÔPEGOS. Aplica-se a ele que nem uma luva! Como a muitos outros intelectuais portugueses do Século passado ainda vivos...

De Isabel Moreira a 18.03.2010 às 15:42

manuelcalv, é giro ler o seu magnífico processo de intenções e verificar que não sabe ler um post que corrige afirmações. ora vamos lá:
h) correcto
não bastaria ler o post?

De manuelcav a 18.03.2010 às 16:02

Isabel,

Um de nós reprovou e vai a exame...

B&A

De likeabridge a 18.03.2010 às 17:21

 


A solução adoptada não deixa de ser criativa (a era Sócrates parece ter inovado bastante em estratégias legislativas em que pouco falta para um simples Despacho Rectificativo mudar a essência de uma Lei de Bases ou a própria CRP…). Na realidade, a CPLP tratou-se de concretizar o que era, até aí, mera prática comum, orgânica de facto mas não de direito, num clausulado, para que não restassem dúvidas que o acordo era para cumprir. Esta alteração do clausulado é, quanto a mim, uma correcção ao espírito da coisa efectuada a posteriori e, portanto, uma falsificação da história neste ramo bastante sensível da tratadística.


A história da língua é história dos povos e ao mesmo tempo, arqueologia da História e de outras ciências humanas.


Além do mais, este novo clausulado consiste numa apóstrofe, (onde se lê, passa a ler-se, mas daqui a seis anos; no entanto, estamos a reportar-nos e a alterar o nosso glorioso passado de há quatro anos, pelo que o saldo são dois anos para que a coisa vá entrando nas cabeças do povo de LOP; viu-se…). Ou seja, altera-se a agenda presente da língua, alterando no presente o passado com um diferimento. Serei só eu que não acha esta manipulação temporal muito normal??? Os efeitos estão à vista: a língua dirá e registará o exacto efeito deste torpedo jurídico e, sobretudo… neo-colonial. De quem a quem?

De roteia a 18.03.2010 às 20:22

A mim o que me incomoda é o desprezo  que há em Portugal e, por consequência, nas suas antigas colónias, pela preservação da língua mãe. Uma matriz é uma matriz e não deve ser transformada por decisões de estratégia política alheias à história da língua.
Entre as antigas colónias, o Brasil é um caso bicudo. Todos percebemos que muitos brasileiros gostariam que o seu território tivesse sido colonizado for franceses ou ingleses. Mas a culpa deste desprezo pelas raízes é sobretudo nossa, porque ninguém imagina cedências ortográficas por parte de franceses, ingleses ou espanhóis. Aliás, será que o próprio Brasil aceitaria "ceder" perante a pressão dos diferentes modos de falar português de cada um dos seus estados?

De JSilva a 19.03.2010 às 10:56

Estah preocupada com VGM? Ja se percebe qe estamos na presença de uma apoiante deste governo. Deixe o VGM. Tente antes perceber a qualidade (ou falta dela) desta gente que nos governa qe nem seqer eh capaz de fazer com que o Diario da Republica... ou um simples 'site' ministerial seja escrito segundo as regras do AO.

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