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Fim do celibato dos padres e outras coisas

por Isabel Moreira, em 11.03.10

De acordo com esta notícia, o Cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, afirmou que a Igreja Católica deve examinar o tema do celibato eclesiástico na procura de explicações para os actos de pedofilia cometidos por membros do clero.


Independentemente da associação possível que se queira fazer entre celibato e pedofilia, que abre a porta ao cenário fim do celibato-fim (ou grande diminuição) da pedofilia por parte de membros do clero, a verdade é que a desculpa monstruosa para uma discussão interna na ICAR sobre o tema não deixará de animar quem, não abandonando a sua fé, há muito que luta por regras diferentes relativamente a esta e a outras matérias.


São católicos que se fazem ouvir, porque sabem que não faz sentido, em pleno século XXI, insistir numa Instituição ocidental que segrega mulheres e que solta para o mundo uma mensagem aterradora sobre a sexualidade, por exemplo, o que não é, propriamente, apelativo para "pescadores de homens".


O "Movimento Internacional Nós Somos Igreja", que tem representação em Portugal, é muitas vezes injustamente esquecido, nomeadamente quando se trata desta questão obsoleta do celibato dos membros do clero e da inexplicável (e sem sustentação teológica) proibição da ordenação de mulheres. É ler o texto do Movimento com o belo título "Não ter Medo do Povo de Deus".


São vozes que não se calam, sobre muitas questões, com o mérito de decidirem ficar, tentando reformular a sua Igreja por dentro em vez de partir, porque, no essencial, a sua fé mantém-se, mas não conseguem deixar de reagir quando, por exemplo, após este caso, o silêncio do Vaticano ditou a aprovação deste comunicado.


E são muitos outros os documentos e os comunicados. É ir ler.


Acusam-me, nas poucas vezes que escrevo sobre a ICAR, de confundir o Vaticano com os fiéis (mal, parece-me). Ora aqui está um exemplo de pessoas, de fiéis, que "também são a Igreja". E que perante, por exemplo, um arcebispo que excomunga todos os envolvidos num aborto realizado a uma criança de nove anos, violada pelo padrasto (este último "salvo" da excomunhão) não ficam calados.

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publicado às 12:21


14 comentários

De ja sei que nao vale a pena, mas... a 11.03.2010 às 15:04

cara isabel,


de facto, não há mais sustentação além da tradição para o celibato dos padres embora se possa ler indicações nesse sentido em s. paulo.


e não é preciso ir a movimentos mais radicais para escutar essa opinião sobre o sacerdócio feminino ou de casados. a crítica ao estado das coisas ouvi-a eu pela boca de um frade já velhinho, durante a homilia semanal.

De fernando f a 11.03.2010 às 15:19


De facto é uma aberração, proibir o casamento, tanto mais que tanto quanto sei, nem o conceito de tradição, tão caro à Igreja, pode ser invocado,  pois o casamento foi proibido, o que quer dizer que já existiu. Também creio que assiste alguma razão ao Cardeal.

De Pedro a 11.03.2010 às 15:46


Pois eu discordo totalmente do casamento dos padres.

O sacerdócio implica uma disponibilidade e uma entrega total que é incompatível com as obrigações do casamento.

Clao que se trata de uma regra meramente "administrativa" da Igreja e pode ser mudada. Mas a Igreja faria um grande erro.

Outras confissões religiosas deram esse passo e não acabaram com os problemas que queriam colmatar.

Quanto à ligação entre celibato e pedofilia é tão absurda como a ligação entre homosexualidade e pedofilia.

Ambas abusdas.

Pedro

De jpt a 11.03.2010 às 16:29

há algo que nos esquecemos: uma religião ou uma "igreja" não é uma democracia. Nem tem que ser. A religião católica distingue-se por ser mesmo das mais centralizadoras. Quem manda é o Papa. Podemos alegar que o papa e a hierarquia católica têm que ser sensível à opinião dos fiéis, mas eles não o são. Estão enquistados no tempo.

Os chamados católicos progressistas fazem-me muito lembrar os renovadores comunistas. Têm ambos muito em comum. Primeiro, acho que podem ambos esperar sentados. Segundo, se as respectivas hierarquias seguissem as suas sugestões, as respectivas organizações deixariam de ser aquilo que são, comunistas ou católicas. há só uma solução, embora eles ainda não tenham percebido: deixem de ser comunistas e católicos. Até porque já não o são. Em ambos os casos faz parte das regras do jogo obedecer.

De S a 11.03.2010 às 16:35

Eu acho que o celibato dos padres devia ser referendado. Image

De abc a 11.03.2010 às 16:42

Conversa de cardeal. O que é preciso é «s’associer à la lutte des enfants qui veulent changer leur mode de vie et de tout groupe politique qui vise à l’établissement d’une société radicalement nouvelle où la pédérastie existera librement.  — Développer une culture pédérastique qui s’exprime par un mode de vie nouveau, et l’émergence d’un art nouveau. — Prendre la parole dans des organes d’information qui lui en donnent les moyens et par les voies qui s’imposent. — Manifester sa solidarité avec les pédophiles emprisonnés ou victimes de la psychiatrie officielle.» como noticiava o Libération em  01.03.1979
Tudo o mais é fazer o  jogo da ICAR e da moral paroquial e burguesa e cair no jogo da heteronormatividade.

Ou será que no século XXI já não faz sentido defender  o que se defendia em 1971?

De rosario a 11.03.2010 às 16:44

Estimada Isabel,
Muito obrigada pela sua dica do IMWAC e pela informação sobre o evento no CNC. Também aqui, no modo de aperceber as dinâmicas alternativas dos grupos católicos marginalizados pela igreja, a questão da «invisibilidade» parece completamente nevrálgica...
Saudações, R.

De Niamey a 11.03.2010 às 17:09

 Imageeureka. apresentai sem demora a ideia a isilda

De rosario a 11.03.2010 às 17:54

PS Pedro, compreendo a sua posição, mas uma disposição de direito (canónico, no caso) não é «meramente administrativa» embora nos pareça que, como quem o aprova é quem o aplica, a coisa pode ter uma elevada discricionariedade ou ser vista de forma meramente instrumental (um pouco como os antigos tribunais tributários, muito «plenários» na sua inspiração). Mas sabemos que a natureza do divino leva a que nada no direito canónico seja apenas o que lá está. Se outras confissões não acabaram com o problema com que queriam acabar, tal não impede que entre os católicos, a solução comece, ainda que não termine, no fim do celibato dos padres. Pela parte que me toca, enquanto mulher que nunca terá acesso ao sacerdócio, por mais que achasse ter vocação, não diminuo os meus direitos já demasiado diminutos se defender o celibato. Mas para a hierarquia, introduziria uma igreja «a duas velocidades». Na realidade trata-se também de optar entre ter «padres» ou «pastores» e aqui será preciso começar, creio, por analisar o que serve melhor Deus dentro do quadro real que apenas conta com actores humanos (de humanos para humanos, de gente que erra e que ama para gente que erra e que ama). E que cedências cada opção implica. E ninguém vê, nunca, a igreja sair do pedestal para discutir esta questão doméstica mas crucial.

De ac a 11.03.2010 às 21:24

Ai Pedro não resisto: sabe o que é 'multitasking'? Escolheu ficar refém da sua condição cromossómica, desconfio. Acontece.

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