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Leio aqui a entrevista ao Jardel e reconheço nela muitas dores, homens, mulheres, à altura do chão, por terem largado a vida ao vício, por uns anos pessoas estrangeiras nas suas pátrias, pátrias de afectos, pátrias de compromissos. Há pessoas a quem a vontade, a sorte, a vida, os amigos, o dinheiro até, permitem um dia encontrar por um tempo demorado um espelho e nele o sentimento próximo da morte que é a vergonha e a doença que predomina todas as doenças, a solidão.


Jardel é entrevistado e o título abusivo da peça é "luto todos os dias para não me entregar ao diabo". Lê-se cada uma das suas respostas e sente-se a resistência do jogador, que mereceu uma canção do Rui Veloso, a falar sobre a sua queda, mas o jornalista insiste como termos que são facadas para quem já viu alguém passar por uma depressão ou já a sentiu na pele e está perante uma pessoa a querer levantar-se e seguir em frente. Pergunta-se: "que aconteceu para se perder?" Jardel pede para não falar nisso. Diz que não quer falar nos problemas pessoais. Mas o jornalista prossegue: "mas esses problemas já acabaram? Já está tudo curado? Curado de todos os males?" A última pergunta é particularmente culpabilizante. O jogador defende-se em frases curtas, diz que tem de tocar a bola para a frente, mas é-lhe atirado à cara que "passou por uma fase péssima, de depressão profunda". Nesta altura Jardel ou a memória da dor de Jardel rende-se - como já vi muitas memórias rendidas - e desabafa que sim, e procura a empatia de um lugar paralelo, diz que Enke também sofreu, mas que nunca chegou àquele ponto de...


Neste momento sei da dor de Jardel e sei da solidão demasiado ruidosa que a sua cabeça atravessou, para se dizer vou seguir em frente como sei. É neste momento que ao ler o jornalista a metralhar Jardel perguntando: qual ponto? Suicídio? Passou-lhe alguma vez pela cabeça.., procurando um título para entrevista que respeitasse ao lado negro do jogador que sempre vende mais do que o lado da sua esperança, que sinto um soco final no estômago e ponho fim à leitura.


Espero que Jardel não tenha ficado muito tempo a pensar nos seus demónios à conta da entrevista que consentiu. Espero que Jardel marque golos. Assim como quem saiba do que ele sente e dê pela sua vontade.

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publicado às 12:01


17 comentários

De Maria a 16.11.2009 às 14:13

Infelizmente, há jornalistas que são mais mortais que a própria morte!
Porque não escolheu outro título? Por exemplo "Jardel quer jogar até aos 39 anos", ou então "Jardel quer continuar a marcar golos e desafia clubes portugueses ".???

Porque raio os jornalistas e os seus empresários só vêm o lado materialista da sua "quinta" e não têm capacidade suficiente para discernir para além disso. Realmente, há uma falta de Valores de dignidade, solidariedade, etc. que nos dá, como v. diz, "um grande murro no estômago".
 
Desejo francamente que Jardel, consiga ter uma vida estával, sem "demónios" para felicidade dele e sobretudo que sirva de exemplo para os filhos. No seu curriculo tem uma bonita carreira que foi interrompida "por motivos alheios à sua vontade", mas que VOLTARÀ DENTRO DE MOMENTOS. Felicidades Jardel. 

De António P. a 16.11.2009 às 14:31

Belo post.
Gostei.
Cumprimentos

De Luís Lavoura a 16.11.2009 às 15:18

"o jogador que mereceu uma canção do Rui Veloso a falar sobre a sua queda"

Que eu saiba, a canção do Rui Veloso não falava propriamente sobre Jardel, muito menos sobre a sua queda. A canção falava sobre outro tema e apenas continha um verso "voar como o Jardel sobre os centrais".

Já agora, nas canções do Rui Veloso a letra é de Carlos Tê. Ele é que deve ser responsabilizado por esse belo verso.

De aorta a 16.11.2009 às 15:20

este post é para provar o quê mesmo?

é que das duas umas: ou a isabel propõe legislação para proibir os jornalistas de fazer perguntas intimas, ou o seu post não passa de um péssimo exercício de moralismo, uma espécie de "tomar as dores" pela sua amiga f.

De António Marquês a 16.11.2009 às 15:32

Gostei muito do seu POST. É triste verificar como ainda há pessoa que se comprazem com o mal dos outros, como se esta viajem pela vida fosse obrigatoriamente um cadafalso. Claro que todos os "Jardeis" do Mundo merecem o amparo e uma mão que os ajude a saltar o cadafalso. O que o jornalista se negou a fazer...

De Bruno Amaral a 16.11.2009 às 15:32

É assustadora a forma como se manipulam as fragilidades alheias por uma boa manchete. A que custo?...

De aorta a 16.11.2009 às 16:04

um pouco mais de um euro. é quanto custa um jornal, mais ou menos...

De Isabel Moreira a 16.11.2009 às 16:47


Sim, é um verso, está assim para simplificar. tem razão. e faltavam duas vírgulas. já lá estão. claro que o verso não era sobre a queda do jardel.

De Isabel Moreira a 16.11.2009 às 16:54


acha, aorta? acha mesmo que eu fiz uma manobra com a história de queda e recuperação de um ser humano para maliciosamente "tomar as dores" de alguém? acha mesmo? acha que quis provar alguma coisa? sabe ler? tem sentimentos? acha que tudo o que escrevo tem de ter a consequência de uma proposta de lei? a lei já existe, aorta...acho que vivemos em mundos incomunicáveis. eu não uso as pessoas, sabe?

De aorta a 16.11.2009 às 17:32

eu fiz uma pergunta primeiro. se a isabel quiser responder, teria todo o gosto em a ouvir/ler.

depois disso, poderei responder a cada uma das suas perguntas.

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