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Estas pessoas, de mãos dadas com a igreja, quando, como bem refere a Fernanda, só após as eleições, vêm propor o referendo ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, não são democratas. São como as crianças com mau-perder.


Vamos ver os argumentos dos amuados um a um:


1) Ribeiro e Castro defende a tese de que "os socialistas não podem legislar como se tivessem ganho as eleições com maioria absoluta".


A contrario, imagina-se, havendo maioria absoluta, não é necessário o banal instituto do referendo. Acontece que para além de a tese se basear numa afirmação demagógica sem objecto, que vale para qualquer matéria, quem legisla, nesta matéria,  não é o Governo, é o Parlamento. O casamento entre pessoas do mesmo sexo constava de vários programas eleitorais e tem o apoio da maioria parlamentar. Pedimos desculpa, Ribeiro e Castro, mas a democracia representativa, que é aquela em que vive, funciona assim.


2) "A família é anterior ao Estado e creio que o Estado não tem legitimidade para se atravessar no domínio da família, alterando definições que são matriciais".


blá, blá, blá, blá....já se discutiu isto em uma dezena de debates televisivos, em jornais e nas rádios. Quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo constava de programas eleitorais que vieram a ser sufragados pelo povo por que é que o CDS pela voz de Ribeiro e Castro não disse isto? Pode ser um disparate, desde logo jurídico, mas por que é que não disse que ignorava que o que é anterior ao Estado é a união de facto e não o casamento civil que tem século e meio, que só existe casamento precisamente através do Estado, que o Estado não tem feito outra coisa, graças a deus - concedo-lhe a expressão -, senão atravessar-se neste domínio, acabando com a impossibilidade do divórcio entre católicos, revogando a figura do chefe de família, pondo fim à posição de inferioridade da mulher no casamento, facilitando o divórcio, por que é que não disse nada disto em período de campanha?


Nada foi dito porque estas pessoas nesta matéria têm revelado um sentido tão medíocre de democracia que aflige. Perdem e lançam mão do referendo, não por quererem que o povo seja chamado a pronunciar-se, o que já foi feito, mas como último recurso a ver se impedem esta aberração.


O argumento de Francisco Assis é tosco. O facto de o referendo ser pouco participado é irrelevante. O que interessa sublinhar é que nós vivemos em democracia representativa. É essa a regra. Votamos, e votámos, tendo em conta nomeadamente as propostas de lei, como esta. Cabe aos nossos representantes fazer isso: representarem-nos.


O referendo é um instituto absolutamente excepcional que  devolve a decisão política, num momento concreto, aos cidadãos. Não serve, certamente, para decidir acerca de direitos fundamentais de minorias. Isso é totalitário. As minorias, como os negros e as mulheres, conquistaram os seus direitos nos Tribunais e e através da Lei, que dá sinais de avanço civilizacional à sociedade.


Há quem me tenha perguntado: então por que é que houve um referendo à despenalização da IVG? Nesse caso, houve um acordo político prévio nesse sentido, por um lado. Por outro lado, em termos constitucionais, há um conflito entre a necessidade de protecção de um bem - a vida humana - e outro bem - a liberdade da mulher, para simplificar. Não há um direito fundamental ao aborto. Havia esse conflito. Claro que o parlamento tinha legitimidade para aprovar a lei, mas a questão do referendo tinha subjacente um conflito de bens que aqui não existe. Temos, de um lado, o acesso ao casamento civil por parte de pessoas do mesmo sexo e, do outro lado, em conflito, que bem constitucional?


Absolutamente nenhum.

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publicado às 11:59


42 comentários

De Nuno Albuquerque a 05.11.2009 às 12:22

E como fundamenta, juridicamente, o impedimento dos futuros casais homossexuais de adoptarem crianças? 

De PPB a 05.11.2009 às 12:33


Isabel

Não concordo consigo.

"O Referendo é um espaço privilegiado de expressão cívica que estimula o debate e a difusão de informação sobre questões relevantes, e cuja necessidade é reforçada no caso de não haver, face às questões a referendar, homogeneidade na base social de apoio de cada partido."

Já se percebeu que existem no interior de quase todos os partidos diferentes posições.

PPB 

De Eleven a 05.11.2009 às 12:58

A unica coisa que nao percebo no meio disto tudo, é como é que em 2009 (e provavelmente boa parte de 2010) ainda estamos sequer a discutir uma coisa que devia ser tão banal e tão senso comum.

De Luís Lavoura a 05.11.2009 às 13:05

"As minorias, como os negros e as mulheres"

As mulheres são uma maioria!

De Nuno a 05.11.2009 às 13:20

Se o casamento for aprovado sem que os casais possam adotar será uma vergonha e uma discriminação intolerável.
Será possível a constituição prever casais de primeira que podem adotar e casais de segunda que não podem adotar?
Será tal realidade constitucional? 
Obrigado
Nuno

 

De Luís Lavoura a 05.11.2009 às 14:22

Já hoje, legalmente, certas pessoas podem adotar, outras não. Pessoas com mais do que 60 anos (salvo erro) de idade estão proibidas de adotar.

Adotar não é um direito e nada há de anticonstitucional em interditar a adoção a algumas pessoas ou grupos de pessoas.

De thestudio a 05.11.2009 às 14:39

Dado que a Isabel parece ter problemas em entender o conceito de Democracia Representativa, vamos lá tentar esclarecer o assunto.

Comecemos pela Democracia. A Democracia é um regime no qual o poder pertence ao povo, isto é, a todos, e não a apenas a algumas classes priveligiadas. Quando se tenta implementar a Democracia as coisas complicam-se, pois não podemos ter um parlamento com 10 milhões de cadeiras. Assim surge a Democracia Representativa em que os cidadãos são representados por deputados. Em vez de 10 milhões de cadeiras, poderemos ter apenas 100 cadeiras com cada deputado representando 100 mil pessoas. Se durante as votações, cada um dos 100 deputados votar de acordo com a posição maioritária dos 100 mil cidadãos que representa, a Democracia Representativa constitui uma APROXIMAÇÃO da Democracia real. É no entanto uma boa aproximação. Aproximações idênticas existem por exemplo na Física onde não sendo possível considerar todas as partículas de um gás, consideram-se elementos finitos de gás cujas características são as características médias das partículas que os constituem.

Como disse, teoricamente a Democracia Representativa é uma boa aproximação da Democracia real mas não é a Democracia real. A Democracia real é a Democracia Directa, isto é através de referendos.

Se a Democracia Representativa é de facto uma boa aproximação da verdadeira Democracia, os resultados deveriam ser os mesmos. Isto é, havendo um referendo ou votando os 100 deputados na Assembleia da República, dever-se-ia chegar ao mesmo resultado e por isso seria indiferente o processo. Ora, e é aqui que a porca torce o rabo. É que os deputados da Assembleia da República não estão de facto a representar os cidadãos que os elegeram. Em particular, os deputados do PS estão a representar o Eng. Sócrates. Ou seja, a "Democracia Representativa" que temos não sequer uma Democracia. É por isso, que como cidadão exijo um referendo nesta matéria, porque antes de mais sou um democrata.

De Rainforest a 05.11.2009 às 14:44

A Isabel sim nao passa de uma vergonha, unida aos inimigos do seu pai, traidora, mete nojo.

De António Parente a 05.11.2009 às 14:59

Cara Isabel

Não me parece correcto comparar o pretenso direito dos homossexuais ao casamento com o direito dos escravos à liberdade. A luta pela libertação de uma situação de privação de direitos totais não é comparável com a luta pela aprovação de um privilégio num campo particular da vida privada das pessoais. Nem a questão do voto das mulheres é comparável porque não é a mesma coisa alguém ganhar o legítimo direito de participar em decisões que nos afectam a todos ou alguém ter um direito e querer alargá-lo.

A actual lei do casamento civil tem uma série de restrições. Sem ser jurista penso que essas restrições não são aplicadas em função do sexo da pessoa mas sim tendo em atenção o que pode ser considerado o interesse geral da sociedade. Não é permitido o casamento entre parentes próximos, entre pessoas do mesmo sexo, entre conjuntos de pessoas e com menores de uma certa idade. As restrições são iguais para todos, independentemente do sexo e da orientação sexual.

O que uma minoria quer fazer é abolir uma das restrições do actual casamento civil. Essa minoria ganha um privilégio, não um direito. É um privilégio porque essa minoria pode casar nas mesmas condições dos outros. No futuro, continua a poder fazê-lo e usufrui de uma possibilidade adicional. Não pretende uma liberalização total do casamento civil mas apenas o levantamento de uma restrição que a beneficia. Dir-me-à que os outros também poderão usufruir desse privilégio mas a alteração da lei não é a eles dirigida, não reivindicam nada.

Poderá questionar-se por que motivo tem a actual lei do casamento civil este formato e não outro? A minha opinião pessoal é que o actual formato é dirigido para a formação de unidades básicas compostas por pais e filhos que possibilitem a continuação e desenvolvimento da sociedade no seu conjunto. Dir-me-à que nem todos os casais casam nem isso está escrito em lado nenhum. É verdade. Mas se assim é, não vejo razão para que a minoria que quer alteração no casamento civil também queira adoptar crianças e ter acesso a procricação artificial assistida. Talvez inconscientemente reconheçam que casamento sem descendência não os vai tornar iguais aos outros conforme pretendam. Acabam, no fundo, por justificar aquilo que negam: que uma das finalidades do casamento é a procriação.

Já escrevi estes argumentos aqui e geralmente recebo um coro de protestos com algumas acusações de homofobia pelo meio. Não é coisa que me incomoda porque sei que essas coisas costumam ser escritas para intimidar e eu não tenho medo disso. Como já vi que a Isabel é uma pessoa educada sei que se me decidir responder não utilizará esse tipo de argumentação comigo.

Pergunta no fim qual é o bem constitucional que é afectado pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo? Parece-me que é aquele bem fundamental de ninguém ser privilegiado em função da sua condição sexual o que, na minha opinião, se passa aqui.

P.S. - Dado que este assunto costuma despoletar demoções fortes se me responder não vou replicar. Quero só conhecer a sua opinião sobre os meus argumentos. Nem vou entrar em diálogo com outros comentadores.

De VMB a 05.11.2009 às 15:10

Devemos concluir que os insultos anónimos do rainforest enchem o seu pai de orgulho, pela coragem e civismo?

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