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Uma boa notícia logo ao acordar. A ideia surgiu-me num sonho que tive esta noite e duma série de pesadelos que nos têm acompanhado vai para x anos. Vou regressar ao mercado na próxima Segunda-feira. Aqui ao do Fundão, mesmo. E vou levar uma impressora a cores. E nada disso de emitir dívida. Isso lá é coisa que se emita? Dívida? Só porque é moda? Pois eu não vou imitar, emitindo.
Vou mas é fazer como das outras vezes em que o FMI cá esteve. Vou emitir papel-moeda. Escudos. Paus. Pilim. Contos. A taxa deverá sair perto dos 25%; um quarto do tinteiro, portanto. A ideia é patética? Nonsense? Fora da realidade? Concedo. Dou de barato.
Nada que se pareça com isto, bem mais real e assisado: «O Governo mandatou quatro bancos de investimento para montarem a operação que incidirá sobre uma linha de obrigações que atinge a maturidade em Outubro de 2017 e pretende colocar dois mil milhões de euros. A operação deverá ficar concluída hoje e o prazo irá cair no ano em que Portugal terá menores necessidades de refinanciamento (...). O regresso de Portugal aos mercados ocorre após uma combinação de factores positivos tanto a nível interno como externo. As taxas de juro da dívida portuguesa têm vindo a registar quedas acentuadas desde meados de 2012, graças às medidas tomadas pelo BCE. A nível interno, os dados da execução orçamental que serão hoje divulgados deverão mostrar que Portugal conseguiu cumprir a meta do défice em 2012, o que foi utilizado como trunfo por Vítor Gaspar na reunião do Eurogrupo e para regressar aos mercados.» [Económico]
Metam mas é os mercados e o défice no cu, porra. O sistema faliu, o povo extingue-se. Vocês querem mesmo matar-nos! Em troca dos vossos sacrossantos números que enchem o bandulho aos boches e aos especuladores globais da praça ou dos mercados ou do raio que vos parta. Cumpriram o quê? Para quem? A meta do défice? E as metas das pessoas, que morrem por dentro e por fora?, ainda que algumas continuem para aí, mais mortas que vivas, padecentes de frio, de fome, de dor, de mágoa. Feitas zombies, a tentar sacar um pouco de côdea ao suor e às lágrimas, a ver se ao menos enganam a fome aos putos. A trabalhar e a dar o couro e o cabelo pelas vossas metas assassinas.
O neo-liberalismo é uma emboscada, um abraço de urso, que matará muito mais do que o fascismo. Matará mais do que qualquer guerra. Do que todas as guerras. Vive da morte. Da terra queimada. Do fim dos países, do fim das gentes. Do fim das civilizações. Basta que sobrem uns milhares de milhões de indivíduos, já sem alma nem terra, para lhe comprar a banha da cobra.
Como o petróleo que acaba já amanhã mas que não acaba enquanto der, assim é o homem para o neo-liberalismo. Um combustível. Eis, pois, o destino traçado e que vem sendo trilhado, sem desvios, há décadas. Pelo neo-liberalismo e seus devotos, que nele mamam.
Não lhe ponha o Homem trela e açaime e assim será. Não faça o Homem por o abater e eis o futuro. A ausência, o não-Ser. A questão coloca-se ao nível da sobrevivência. Ou ele ou Nós!
Ou ele(s) ou o Homem!
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