Uma constatação angustiante
António Filipe, meu companheiro de geração, de cidadanias e de angústias, no Facebook:
“Quando eu, há dois anos, aqui no Facebook, criticava o governo de Sócrates pelos ataques que fazia aos mais desfavorecidos havia pessoas que punham "Gosto" nos meus comentários e até comentavam elas próprias.
É interessante e preocupante notar que, actualmente, quando faço as mesmas críticas ao governo de Passos Coelho, algumas dessas pessoas nem põem "Gosto" e muito menos comentam.”
Comentei, observando ao António Filipe que faltava no seu post uma categoria de pessoas:
Aquelas que, como eu, tinham simpatia pela visão que Sócrates tinha do País e, no tempo em que ele governava, o criticavam pelas falhas, cedências e desvirtuamentos - mas também advertiam que a seguir viria muito pior: era o neo-fascismo que estava em marcha com a moção de censura que o PSD e o CDS apresentaram para (segundo eles próprios) "irem ao pote" - e graças ao apoio que essa moção de Relvas e Passos teve por parte do PCP e do BE, que votaram a favor do derrube de Sócrates para a entronização de Passos e Relvas, que Cavaco tinha preparada.
Sócrates, meu amigo pessoal, confessou-me que não conseguia ir mais longe do que os políticos que tinha a seu lado sabiam e o poder do capital permitia. Dos que vieram a seguir, faça cada um a sua apreciação.
O Progresso e o nihilismo radical
Tenho os meus 'sonhos' do que deveria ser a organização social e política - e nunca desisti de lutar por eles. Mas, por isso mesmo, tento em cada momento histórico perceber o ESTÁDIO que se vive e o que é possível fazer para se passar ao seguinte, tendo em atenção as circunstâncias REAIS. Por isso fui tão crítico (contundente e indignado, muitas vezes) para com o Governo socialista, mas no momento em que todos víamos que vinha aí o neo-fascismo do farsola comissário do Goldman Sachs eu soube 'tolerar' o mal menor do que era possível na conjuntura europeia - e avisei que era muito bonito pensarmos numa Democracia Popular, mas horrível distrairmo-nos nesse DEVANEIO e, com essa distracção, permitirmos que voltasse a ditadura enquanto atacávamos as imperfeições da Democracia.
Como ensinavam Lenine e Mao, o esquerdismo é a doença infantil do comunismo e abre as portas ao indesejável avanço do 'inimigo principal'.
O Povo não se alimenta de sonhos, nem de discussões puristas à volta de o que é esquerda e direita, o que é mais esquerda e mais de direita, quem é de esquerda e quem devia ser mas não é. A Nação vive de cada momento concreto - e a marcha da História depende do modo como cada passo seja sólido para preparar o progresso e/ou para não deixar avançar o monstro inimigo do progresso.
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