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Castelos na areia

por Francisco Clamote, em 30.11.12

Confesso que não assisti ao discurso de Jerónimo de Sousa na abertura  do XIX Congresso do PCP, tendo apenas lido os relatos publicados nos órgãos de informação, on line. Não ouso, por isso, dizer que Jerónimo de Sousa se limitou a repetir a "cassete", até porque, segundo creio, a "cassete" já caiu em desuso. Certo, no entanto, é que, tendo em conta os citados relatos, não se descortina, no discurso do secretário-geral do PCP, o mínimo resquício de novidade.

Se não me engano na leitura, diria que o discurso de Jerónimo de Sousa se caracteriza, antes de mais, por um evidente irrealismo das soluções propostas e pela completa ausência de auto-crítica.
Não existe no discurso, a menor referência ao facto de o PCP ter contribuído para a ascensão do governo de direita ao poder. O escamotear das responsabilidades do PCP em tal matéria tem como efeito contribuir para retirar credibilidade às soluções que propõe para o momento que o país vive, credibilidade que o irrealismo das soluções, em boa verdade, só por si, já não consente.
Defende o PCP, pela voz de Jerónimo de Sousa, a demissão do governo, a realização de novas eleições e a formação de um novo governo (de esquerda, presumo), mas sem a participação do PS. Construir castelos no areia é fácil e a proclamação de tal intenção até pode servir para entusiasmar fiéis, mas, como é evidente, tais edifícios levam mais tempo a construir do que a desfazer-se.
Hostilizando, uma vez mais, o PS, desvalorizando a contribuição do Bloco de Esquerda e desconfiando dos movimentos sociais, como de novo ficou claro, com que votos contará o PCP para construir um Governo de esquerda? Só com os votos dos fiéis? Manifestamente, são muito poucos para tamanha ambição.
Não, por este caminho, nem o PCP, nem a esquerda chegam lá. É pena, porque, desta forma, vamos ter que assistir, impávidos, ainda que não serenos, à destruição do país às mãos duma direita que já revelou até onde pode levar a insânia e o fundamentalismo de que se sustenta. Repito: é pena.
(imagem daqui)

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publicado às 22:52


1 comentário

De Mário Reis a 01.12.2012 às 20:21

Clamote, como eu gostaria que a cassete do PCP não tivesse razão de ser. Só que a actual situação de falência a que as politicas dos ultimos anos conduziram o país e o povo português, foram identificadas e caracterizadas politica e ideologicamente como imposição de uma tal CEE. Ouço todos os dias gente que alinhou e permanece hesitante quanto aos caminhos a seguir, a admitir pelo menos, que relativamente às causas, infelizmente o PCP estava certo. Ao menos para esses a cassete tem o mérito de fazer alguma justiça às posições que há muito foram diabolizadas e permitiram o desenvolvimento de um anticomunismo terrorista e acéfalo.
Caro Clamote, atribuir ao PCP culpas pela ascensão dos actuais fdp (facilitadores do poder) é um argumento de chico-esperto que me espanta ainda possa ser usado (ou então a realidade e as suas causas nada nos ensinou) porque hipócrita e cínico. As bases constitucionais foram ostensivamente subvertidas pelos governos socialistas.Todas as políticas de facilitação das agendas de captura das áreas sociais pelo capital foram executadas pelo PS. E há um momento histórico vergonhoso e de absoluta traição dos ideais de solidariedade, da justiça social e da soberania de Portugal, que foi o tal "porreiro pá!" As sucessivas direcções do PS optaram por trilhar o lado errado. É difícil compreender isso? Aceito que sim quando o universo de debate se restringe ao que os holofotes iluminam. Mas, tudo somado à ampla porta giratória da promiscuidade do entra e sai e do sai e entra com as corporações financeiras que sugaram e vão rapinar o povo, devia chegar para pôr de pé atrás muito boa gente.
Quanto ao PCP e ao seu passado não vejo que o seu post acerte. Se falarmos de autocritica... clame, antes de mais, a autocritica aos partidários e executantes das politicas ruinosas e irresponsáveis aos dirigentes do PS. O governo PSD/CDS rouba-nos violentamente. Os governos do PS, roubaram-nos devagarinho…, blindaram e negociaram contratos que garantiram rendas multimilionárias aos grupos económicos e financeiros. Se os PEC’s , fossem vivos, que PEC teríamos hoje??? Exija-lhes a autocritica e a clareza quanto ao que pretendem fazer no futuro. O posicionamento político do PS é vazio. Claramente, aposta no desgaste deste governo para aparecer como redentor para logo de seguida se desculpar com a situação do pais deixada pelo anterior governo. O Tó Zé, personagem que conheço bem desde os tempos do CNJ, não terá a coragem para fazer diferente do que fizeram anteriores direcções do PS, dominadas como estão por interesses que não são os do povo e do país. Ou seja, não deixa antever que tenha mudado a forma oportunista de fazer oposição. O momento exige coragem, lucidez e determinação em vez do discurso mole da "responsabilidade" à medida que se assiste à rapina e destruição das politicas publicas com a marca dos tempos de Abril. Esse é o ajuste de contas que está a ser feito, agora às claras, até aqui, encapotadamente. A acusação injustamente efectuada ao PCP do quanto pior melhor, parece adequar-se como uma luva à actual direcção do PS.
Eu sei bem, que o preconceito, estupidez e cegueira clubista, está ainda longe de derrubar as balizas psicológicas e emocionais que nos impedem a implicação genuina na busca de uma alternativa. O medo e o oportunismo fazem o resto. A realidade está a invadir-nos e a paralisar-nos. Vamos continuar a esperar que o PS governe à esquerda? A violência radical da ganância financeira alimentada pela irresponsável bondade de quem nos governou exige outro enfrentamento e consciência do processo social e ideológico em curso. O PS não o compreende? Acho mais que o PS não o quer enfrentar, devido à sua natureza conciliadora, serviço e cedência histórica em favor dos poderosos, que repito são os aliados objectivos. Quanto ao PCP, há muita coisa que também gostaria de ver alterada. Gostava que o PCP formulasse de modo mais claro algumas propostas, que o seu colectivo fosse capaz de melhor compreender as dinâmicas sociais. Em boa verdade, o problema não é só do PCP é de todo o povo português que tem de ser alertado para a fase destrutiva de que nos aproximamos e olhar para o futuro. E isso deve ser evitado a todo o custo, pois o contrário, conduzir-nos-á a uma situação gravíssima e de indignidade humana.

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