Sempre tive problemas com a memória. Nunca consegui decorar nada sem um esforço sobre-humano. Por outro lado, nunca esqueci nada que tenha compreendido. Uma vez percebido o mecanismo, nunca mais o esqueço. Este pequeno texto serve para desmontar a mais porca mentira, dita pelos mais porcos deste miserável País. A mentira é esta:
--- É saudável que muitas empresas vão à falência, porque isso retira de cena os menos competitivos e deixa espaço aos mais capazes.
Recordo-me de ouvir e ver estas palavras saírem a par de inúmeros gafanhotos da boca de um porco, que na altura era uma sumidade ministerial.
Depois de lançada a alarvidade para justificar a miséria causada pela perda de competitividade oriunda das privatizações energéticas e de outros crimes lesa-pátria, muitos foram os que a repetiram.
E aumentaram impostos, e as empresas faliram E era bom! E liberalizaram os combustíveis e as empresas faliram ainda mais. Era bom! E aumentaram ainda mais os impostos… Faliram? Que bom que é!!! E veio a tanga do Durão! E elas faliram!!! Espectáculo! E depois o rigor e os PECs do Sócrates! Faliram mais? Óptimo! E agora a austeridade troikiana do Passos. E vai falir o resto! Maravilha!!!
É MENTIRA!
Quem faliu primeiro foram os honestos. Os que não esfolavam os clientes. Os que pagavam os impostos todos. Os que não tinham contratos de renda garantida. Os que não lavavam as mãos dos políticos com tachos e panelas. Foram ficando os que fugiam, os que não pagavam impostos, os que estavam em monopólio, etc. E agora que faliram entre 40 e 60 mil empresas por ano durante 15 anos, quem vai pagar impostos???
Não é preciso impostos. É preciso expropriar o fanhoso mentiroso que inventou a mentira. É preciso ir buscar o saque. É preciso responsabilizar quem fez isto. Quantificar o saque e ir buscar à propriedade privada dos ladrões. Porque o dinheiro e os bens estão cá!!! Porque Portugal é um paraíso para lavar dinheiro! Para ter mansões, palácios e para passear os Bentleys.
Gostava que tudo isto fosse uma tabuada para esquecer. Mas não é. É demasiado fácil de perceber e impossível de esquecer.
Extraordinário texto! O supremo deleite de quem lê está na descoberta da simbiose de pensamento claro, realismo rigoroso, indignação científica e sensibilidade poética. E eis o que está aqui, caramba! Cultura e Exemplo, clamo eu há 38 anos. Cultura para os administrados, Exemplo para os que administram. Pois um texto como este sugere-me que no dia em que uma mensagem destas seja de apropriação fácil e natural de TODOS os cidadãos - terá chegado o dia em que nasceu a Democracia. A Democracia real e autêntica. A Democracia que ficou escondida e foi desvirtuada quando na Grécia transfiguraram para uma sua meia-irmã (bastarda) a sua genuína irmã gémea - a mais autenticamente chamada Sofiocracia. Obrigado por esta clareira luminosa.