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Nas cerimónias municipais das comemorações do 25 de Abril no Fundão houve um discurso em particular que é perfeitamente revelador do pensamento de alguns dos nossos governantes. O jovem deputado municipal que representou a bancada do PSD, depois de citar alguns sofistas sobre a arte de fazer política, afirmou que acreditava num país sem um estado providência, disse-nos que acreditava num país em que o emprego não é para a vida e no qual, quem pode, paga a saúde e a educação. Suponho, por boa fé, que nesta sua visão o estado se encarregaria de pagar a educação e a saúde dos pobrezinhos.
Para que estes pensamentos não pareçam pura maldade, o argumento principal usado para defender estas ideias é que o país não tem dinheiro para manter um estado providência. É a tal ideia de “nós também gostávamos mas temos de nos cingir ao domínio do possível”
Há vários problemas nestes pensamentos, auto intitulados de reformistas, que estes jovens especialistas que pululam no PSD (e, infelizmente para nós, também no governo) gostam de proclamar, apoiados por um dos seus gurus, o Ministro Gaspar.
Primeiro, Portugal, nunca conseguiu realmente ser um estado providência para todos os portugueses. Aliás o grande problema de Portugal é que o estado tem sido mais providencial para os monopólios das grandes empresas estupidamente privatizadas, como a EDP, a REN, a GALP ou PT, tem sido providencial para alguns bancos e banqueiros, tem sido providencial para alguns grupos financeiros, curiosamente, na sua genética, os mesmos de há um século, mas não tem sido providencial para todos os portugueses.
Apesar das grandes melhorias dos últimos 39 anos, a verdade é que só quem não conhece Portugal pode dizer que todos têm o mesmo acesso à saúde e à educação, ao transporte, à habitação e aos direitos mais elementares dos trabalhadores, mesmo antes desta crise especulativa se ter iniciado.
Assim, na realidade, o que estes jovens reformistas “sociais democratas” (note-se, sociais democratas entre aspas) querem dizer, não é que vão acabar com um estado providência em nome do possível, mas sim acabar com algumas "benesses" que todos partilhávamos e que são bem baratas comparadas com o que custam os verdadeiros beneficiários da nossa providência.
Segundo, Portugal é um país demasiado pequeno e assimétrico para implementar o liberalismo defendido por estes jovens especialistas. Alguém acredita que sem uma redistribuição da riqueza produzida em Portugal, sem solidariedade inter-regional e inter-geracional se pode manter um país socialmente ou até fisicamente coeso? Agora sou eu que vos falo do domínio do possível. Simplesmente não é possível. Como somos um país extremamente desigual na distribuição da riqueza, se o estado se demitir de fazer uma justa redistribuição, então só meia dúzia de privilegiados terão direito a uma educação e a uma saúde de qualidade, o que resta para nós, os outros, são uns serviços mínimos de saúde e educação.
Por último, até há bem pouco tempo achava que a única solução para recuperar a nossa soberania, dignidade e esperança era sair do Euro, hoje já não sei. Toda a Europa já percebeu que esta auto-austeridade nos vai levar a um colapso gigantesco, e não é só nos países do sul não subservientes que está a ser repensado um novo caminho, é também na própria Alemanha que as alternativas estão a ser equacionadas. Por isso o que se pode pedir a estes jovens reformistas é que esperem, peçam mais tempo, e parem com este afã destruidor das conquistas do Portugal de Abril que ainda restam. Pensem duas vezes antes de destruir a nossa rede de transportes, a escola pública e o serviço nacional de saúde.
É um país inexistente que queremos para os nossos filhos?
A única forma de podermos pagar as nossas dívidas é, primeiro, livrá-las de uns juros agiotas, e depois crescer economicamente com o estado a ajudar o renascimento da produção nacional, seja ela agrícola, pesqueira ou industrial.
Evidentemente que cada um tem direito a escolher a ideologia que mais lhe agrada, até tenho o profundo gosto pela discussão, mas, para mim há um limite a partir do qual não tenho qualquer tipo de consideração pelas ideias dos outros. É um limite simples e de bom senso, todas as ideologias que posso respeitar têm como fim último o bem estar dos povos, de todo o povo, e não só o bem estar dos afortunados ou iluminados. Mesmo as ideologias clássicas que não partilho, cuidam dos seus mais desfavorecidos, sejam velhos, doentes, crianças ou incompetentes. Não acredito no pecado dos povos, nem no castigo, nem na expiação. Para mim a arte de fazer política, não é fazer os possíveis e os impossíveis para ser eleita. A arte de fazer política é partilhar ideias e agir, com mais ou menos dúvidas, na direcção de um melhor futuro, é lutar diariamente, e dentro do que cada um é capaz, por um mundo melhor para todos.
Em 1941 fundou o "Collegiate Chorale”, que ficou famoso pela sua integração racial. Em 1945 o grupo executou a Sinfonia Coral, de Beethoven, com a Orquestra Sinfónica da NBC, dirigida por Arturo Toscanini, que, na altura, afirmou: “Em Robert Shaw encontrei, finalmente, o maestro de que tenho andado à procura”. Em 1949 o maestro fundou o “Coro Robert Shaw”, grupo com o qual visitou 30 países, em digressões patrocinadas pelo Departamento de Estado Americano.
Em 1953, Robert Shaw foi nomeado director musical da Orquestra Sinfónica de San Diego, posição que ocupou durante 4 anos. Depois disso, dedicou-se, novamente, aos estudos. Com George Szell estudou direcção de orquestra e foi seu assistente, na Orquestra de Cleveland, durante 11 épocas. Entre 1967 e 1988 foi director musical e maestro da Orquestra Sinfónica de Atlanta.
Robert Shaw morreu em New Haven, Connecticut, no dia 25 de Janeiro de 1999.
No dia 29 de Abril de 1936 nasceu, no seio de uma família aristocrática, em Bombaim, na Índia, o maestro Zubin Mehta. |
O seu pai foi violinista e fundador da Orquestra Sinfónica de Bombaim. Inicialmente, Zubin queria estudar medicina, mas, aos 18 anos, foi estudar na Academia de Música de Viena, recebendo orientação do conhecido Hans Swarowsky. Em 1958, Mehta estreou-se como maestro em Viena, vencendo, no mesmo ano, a Competição Internacional de Direcção de Orquestra em Liverpool, Inglaterra, o que lhe valeu o cargo de maestro assistente da Orquestra Filarmónica Real.
Em 1961, Zubin Mehta ocupou o cargo de director artístico da Orquestra Sinfónica de Montreal, no qual permaneceu até 1967. Dirigiu também a Orquestra Filarmónica de Los Angeles no período de 1962 a 1978, e a Filarmónica de Nova Iorque de 1978 a 1991. Em 1969, a Orquestra Filarmónica de Israel nomeou-o para o cargo de conselheiro musical. Oito anos depois, Mehta assumiu a direcção da filarmónica, cargo que se tornaria vitalício em 1981.
Desde 1998, Zubin Mehta é também o director artístico da Ópera Estatal da Bavária, sediada em Munique. Em 1990, Zubin dirigiu a Orquestra do Maggio Musicale Fiorentino e a Orquestra do Teatro da Ópera de Roma no primeiro concerto dos Três Tenores, na cidade de Roma, apresentando-se com eles novamente em 1994 no Dodger Stadium, em Los Angeles. Em 1984, o maestro fez uma digressão pelo seu país de origem, a Índia, passando pela sua cidade natal, Mumbai (antiga Bombaim), com a Filarmónica de Nova Iorque, e dez anos depois com a Filarmónica de Israel, juntamente com os violinistas Itzhak Perlman e Gil Shaham.
Mais informação: http://bestmeal.info/food/monsanto.shtml#10
Evento Mundial: http://occupy-monsanto.com/march-against-monsanto-may-25-2013
STOP Monsanto Portugal: https://www.facebook.com/stopmonsantoportugal
Um dia hei-de perceber (eu gosto de perceber as cenas) o que se passa na cabeça das pessoas que se julgam no direito de decidir sobre a vida de outras pessoas. Ou mesmo de dar opinião não solicitada e botar faladura. Ou de, não convidadas, se quererem à força enfiar no quarto de outras pessoas para lhes aprovar o sexo.
Um dia hei-de perceber todos estes agires e pensares. É que por causa desses agires e pensares há pessoas (muitas, muitas, muitas; assim de tantas...) que passam a vida enclausuradas, a julgar que há algo de errado com elas, pessoas que vivem escondidas, como se de foragidas à justiça se tratassem, pessoas, a maior parte adolescentes, que se matam por medo. Pessoas que são apedrejadas (literalmente e... literalmente) até à morte, física e/ou mental.
Há pessoas que não vivem por causa de outras pessoas que ousam julgar e decidir sobre o que não lhes diz respeito. Com estas, sim, há algo de muito errado e cruel.
Um dia hei-de perceber.
No dia 28 de Abril de 1941 morreu, em Milão, a soprano italiana Luisa Tetrazzini. Tinha nascido em Florença no dia 29 de Junho de 1871. |
Começou a cantar aos 3 anos de idade, com lições da irmã mais velha, também ela uma cantora bem-sucedida. Estreou-se na ópera aos 19 anos e fez a primeira parte da sua carreira nos teatros de Itália e em digressões pela Rússia, Espanha e América do Sul. Em 1905 cantou pela primeira vez nos Estados Unidos e a entrada no novo mundo não foi fácil: o director do Metropolitan de Nova Iorque faltou à promessa de contrato que lhe tinha feito, alegando dificuldades legais para que ela cantasse no Met como profissional – e ela afirmou publicamente que cantaria em San Francisco, se tivesse que cantar nas ruas, porque em San Francisco as ruas eram livres. O Tribunal autorizou-a a cantar e o seu agente anunciou que ela cantaria nas ruas de San Francisco.
A voz soprano coloratura brilhou em San Francisco e a carreira de Luisa Tetrazzini deu uma reviravolta. Em 1907 fez a estreia em Covent Garden, como Violeta, na “Traviata” de Verdi e, se subiu a esse palco sendo praticamente desconhecida na Inglaterra, logo de seguida tornou-se a mais requisitada e bem paga soprano das mais importantes salas de ópera. Voltou no ano seguinte aos E.U.A. e cantou pela primeira vez em Nova Iorque. Viria a fazer a temporada de 1911-1912 no Metropolitan, mas permaneceu fiel ao Oskar Hammerstein Manhattan Opera House, o primeiro teatro que a acolheu na metrópole americana.
Depois da Guerra de 1914/1918, Luisa Tetrazzini trocou os palcos da ópera pelos palcos de concerto. O final da vida não foi particularmente feliz: depois da ruína de 3 casamentos foi a derrocada económica. Quando se retirou, em 1932, foi feito um documentário filmado e ela, quando o viu, cantou em paralelo com filme e disse: "Eu estou velha, eu estou gorda, mas eu ainda sou Tetrazzini."
No dia 27 de Abril de 1931 nasceu em Odessa, na Ucrânia, o violinista Igor Oistrakh, filho do famoso violinista David Oistrakh e que teve um asteróide nomeado em sua honra. |
Frequentou a Escola Central de Música, em Moscovo, e deu o seu primeiro concerto em 1948. De 1949 a 1955 estudou no Conservatório de Moscovo, ganhando primeiros prémios e concursos internacionais na Europa de Leste.
Em 1958, Igor Oistrakh integrou o corpo docente do Conservatório, tornando-se professor em 1965. A partir de 1996, foi professor do Conservatório Real de Bruxelas. Tem-se apresentado, frequentemente, um pouco por todo o mundo, como solista e em recitais com o pai.
No dia 26 de Abril de 1784 estreou-se na Academia Real de Música da Ópera de Paris, a ópera “Les Danaïdes”, do compositor italiano Antonio Salieri. |
“Les Danaïdes” é uma tragédia lírica, em cinco actos, com libreto de Leblanc du Roullet e Baron Tschudi que, sem permissão do autor, adaptaram a obra do poeta e libretista Ranieri de Calzabigi. Originalmente, o libreto tinha sido escrito por Calzabigi, para o compositor Willibald Gluck, que, tendo sofrido um AVC, não conseguiu acabar a ópera e pediu a Salieri para assumir a tarefa.
O enredo da ópera é baseado na tragédia grega e gira à volta dos feitos das personagens mitológicas Danaus e Hypermnestra. Numa carta ao embaixador em Paris, o Imperador José II escreveu que Salieri tinha escrito a música “quase toda ditada por Gluck”. O embaixador, não sabendo que a ópera tinha cinco actos, disse aos directores da Ópera de Paris que Gluck tinha composto os primeiros dois e Salieri compôs o terceiro. Quando o libretto foi publicado, tanto Gluck como Salieri foram pagos como compositores.
Embora lisonjeado, Gluck não arriscou ser associado com a obra do jovem Salieri e, diplomaticamente, informou a imprensa: “A música de ‘Danaïdes’ é totalmente de Salieri. A minha única contribuição foi ter feito algumas sugestões que ele aceitou de livre vontade.” A última ópera de Gluck tinha sido um fracasso e estava com receio de que esta seguiria o mesmo caminho.
Mas Antonio Salieri deu uma reviravolta positiva àquelas declarações, alegando que foi “dirigido pela sabedoria de Gluck e iluminado pelo seu génio”. A estreia de “Les Danaïdes”, no dia 26 de Abril de 1784, foi um sucesso tão grande que o teatro encomendou mais duas obras a Salieri.
Todos os anos, no dia 25 de Abril, se comemora, um pouco por todo o lado, o Dia da Liberdade. |
O Fundão não é excepção. Normalmente, as comemorações iniciam-se pelas 21 horas do dia 24 e, à meia-noite em ponto do dia 25, realiza-se uma arruada, que passa por algumas artérias do Fundão, durante a qual os participantes cantam o “Grândola, Vila Morena”, acompanhados por uma banda filarmónica da região.
São quase sempre os mesmos que aderem a estas comemorações. Mas há um fenómeno que sempre me desperta a atenção: de quatro em quatro anos, há sempre mais uma dúzia de pessoas a engrossar a manifestação. Uma grande parte dos candidatos às eleições autárquicas só se lembram desta data em ano de eleições! (não sei porque é que pus um ponto de admiração no fim da última frase, acho que é o meu teclado que tem uma mente própria). Depois, nos três anos seguintes, tenham ou não sido eleitos, só se lembram do 25 de Abril, porque (ainda) é feriado. Ou, porque tendo sido eleitos, vão às comemorações que se realizam na Assembleia Municipal, para receberem a respectiva senha de presença. Vale mais a pena do que ir à arruada, onde, pensam eles, não se ganha nada. E, no ano seguinte, lá estão eles novamente, se forem candidatos. A maior parte destes infiltrados nem canta, porque nem a letra sabe. Só lá vão porque pensam que poderão ganhar uns votinhos nas eleições desse ano. Mas enganam-se, porque o pessoal que, desde o segundo 25 de Abril, participa, todos os anos, nesta arruada já os conhece de ginjeira.
Seja como for, são bem-vindos. Pelo menos, fazem número. Mas o meu voto não apanham eles.
Aqui fica o filme deste ano (de eleições).
No dia 25 de Abril de 1913 nasceu em Los Angeles, Califórnia, o barítono americano Kenneth Spencer. |
Teve lições de voz, em privado, enquanto trabalhava como jardineiro, até que chamou a atenção do tenor Ronald Hayes, que o ajudou a conseguir uma bolsa de estudo na Eastman School of Music. Ao acabar o curso, em 1938, tentou fazer da música a sua carreira, mas encontrou muitos obstáculos, devido à discriminação racial que existia nos Estados Unidos.
Nos anos 40, Spencer teve os seus primeiros sucessos como artista de concerto e de rádio, na Califórnia, o que o levou a ser escolhido, em 1943, para interpretar papéis importantes em dois filmes da MGM, um musical e um filme de guerra. Contracenou com Lena Horne e Louis Armstrong. Voltou, depois, à Broadway, onde interpretou o papel de Joe na aclamada produção de 1946 do musical “Show Boat”, de Jerome Kern.
No dia 25 de Fevereiro de 1964 um avião da Eastern Airlines caiu no Lago Pontchartrain, pouco depois de ter saído do Aeroporto Internacional de New Orleans. Morreram todos os passageiros e tripulantes. Nele viajava o barítono Kenneth Spencer.
Não fora o cravo a entupir o cano, estaríamos agora a celebrar mais um ano de liberdade, de igualdade e de justiça social. Se, há 39 anos, estes valores eram um sonho, hoje não passam de um pesadelo. Porque não sabemos quanto mais tempo vão durar. Não sabemos o futuro. Mas o futuro (ainda) está nas nossas mãos. Desde há alguns anos que nos têm vindo a roubar alguns dos sonhos que, naquela madrugada de Abril, o povo tornou realidade. Tudo por causa do cravo que entupiu o cano da espingarda. Tivéssemos usado uma rosa, sem pétalas mas cheia de espinhos, e tudo teria sido diferente. Lembro-me de ter avisado, na altura.
Aqueles por quem tivemos tolerância hibernaram durante algum tempo. Esconderam-se mas não desapareceram. Nos últimos anos regressaram e são intolerantes. Vieram para destruir a democracia e o estado social. E a liberdade. Sim, a liberdade, porque as pessoas já têm medo de falar contra eles, mesmo sabendo que são maus, porque, se falarem, eles têm mil e uma maneiras de retaliar. E as pessoas sabem que, à primeira oportunidade, eles são implacáveis. Não nos prendem, mas roubam-nos o trabalho, roubam-nos os direitos, roubam os ordenados e as pensões a quem (ainda) os tem. Roubam-nos a liberdade. Não são ditadores, são pior que isso. Sabem ao que vêm e nós sabemos ao que eles vêm. Prendem-nos sem nos encarcerarem, para que, nas próximas eleições possamos votar neles. E nós votamos. Sempre neles. Sempre nos mesmos, há quase quarenta anos. Tal como votámos nos ditadores antes deles, durante mais de quarenta anos.
Quisemos ser heróis e fazer uma revolução sem sangue. O Miguel Portas, que faleceu há um ano e que sempre foi um defensor dos ideais de Abril, um dia escreveu ou afirmou que “as grandes lutas se fazem com pessoas normais, não com heróis”. E, como sempre, tinha razão. Pessoas normais teriam disparado primeiro e, só depois, entupiriam, com cravos, o cano da espingarda. Armámo-nos em heróis e saímos derrotados. Armámo-nos em povo de brandos costumes e eles vingaram-se. E continuam a vingar-se do bem que lhes fizemos (ou do mal que não lhes fizemos). Agora, querem fazer pactos de regime para tornar a vingança mais democrática. E nós, espantosamente, deixamos!
Há 39 anos o povo saiu à rua. Éramos milhões. Ouviam-se gritos à liberdade e à democracia. Ouviam-se palavras de ordem contra o regime fascista, que dava o último suspiro. Ouviam-se palavras de ordem contra as potências estrangeiras que, quais abutres, pairavam sobre Portugal, prontos a atacar à primeira oportunidade. “Nem NATO nem Pacto de Varsóvia, independência nacional!” - gritavam milhões de pessoas. Quase quatro décadas depois, é fácil verificar que de independência nacional pouco ou nada nos resta. Os abutres poisaram e estão-nos a devorar. Os nossos governantes são lacaios dos mercados e dos países mais poderosos, que os controlam. Abril está cada vez mais longe.
Mas esta escalada contra as conquistas de Abril (ainda) pode ser interrompida. Assim o povo queira. Assim o povo se decida a lutar, como fez há 39 anos. Eles estão-nos a roubar Abril e, para a semana, é Maio.
E que ninguém se iluda. Os cravos, a serem usados, é na lapela. Para o que falta, usemos rosas sem pétalas e com muitos espinhos.
De aço.
...«Porque foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem...»
Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
Faz hoje um ano que morreu o Miguel. Poderia resumir-me à palavra saudade, que parece que contém todos esses sentires que incluem a falta que alguém nos faz — e ao mundo —, o lamento por não termos esse alguém presente, e lhe ouvirmos as palavras; aquela parte algo egoísta de nós, mas que vai além de nós e procura a mão do outro, um olhar de apoio, um “vai em frente, esse é o caminho”. E poderia ser só assim, mas a verdade é que com o que disse já fui além da saudade. Ou fiquei aquém dela, sei lá.
“Sonhamos? Não sonhamos nada, somos mesmo os únicos realistas deste filme”. Esta frase do Miguel Portas é como que o meu canto de resguardo quando me acusam de sonhar em demasia. Quando me dizem que não vale a pena lutar. Quando me dá (e me dão) vontade de desistir, e ainda quando ciente (nem sempre o estou) de que essa desistência equivaleria a desistir de mim (francamente, tenho mais com quem me preocupar), mas acima de tudo a desistir dos meus; a desistir do meu filho.
Resguardo-me naquela frase e em tantas outras do Miguel, em tantas outras de tantos outros que nos deixaram demasiado cedo entregues ao muito que fizeram em vida. Por vezes, imagino que à nascença nos distribuem a todos uma certa quantidade de energia; os anos ensinaram-me que não é a mesma para todos, que há quem já pareça nascer morto. Depois, cada um usa essa energia como sabe, como lhe ensinam e como pode. O Miguel é daqueles que vinha de pilhas carregadas e suou (escrevi usou, saiu suou, que também fica bem) esse poder — esse dom? Não, essa força! — sem olhar para a carga na bateria, mesmo porque é óbvio que não andamos feitos parvos a olhar para um medidor que não temos. Embora às vezes se intua. Mas, e escrevo sem pensar e nem sei bem o que escrevo, no fim publico e depois leio, — mas, dizia, o Miguel era, é daqueles que tinha carga de judeu errante (um bom judeu errante, digamos, sem mau-olhado deitado no calvário). Poderia viver mais, muito mais, não fosse aquela maleita traidora que começa numa puta duma dor que não sentimos e de repente damos por nós e já não damos por nós.
Nunca conheci o Miguel, melhor, nunca fui beber um copo com ele. Nunca falei para ele, nem nunca ouvi nada dele que fosse dito apenas para mim. Por isso não posso dizer que o conheço. Na realidade, sei dele o que ele achou por bem partilhar publicamente, e mais umas coisas que alguns próximos comuns, ou nem por isso, me vão dizendo dele. Ainda assim, e não estou com “liriquismos” nem vou rever palavras que parece que se desmentem, conheço o Miguel. À minha maneira e da forma como o apreendi e que me faz estar aqui, um ano depois, a falar de quanto é importante para a minha vida poder olhar para tal exemplo. O exemplo de um homem sem preço (com o significado que "sem preço" tinha antes destes malditos tempos que correm), que não se vendia e que não vendia, que não se escondia atrás de um momento para evitar dizer o que lhe ia na alma. Que olha com aqueles olhos de quem não nasceu ensinado e foi ensinando enquanto aprendia. Um Homem, em suma. Houvesse mais alguns como ele e o mundo seria bem diferente. Não procurava o poder e parecia-me até querer fugir dele, não por medo de ser corrompido, mas porque talvez sentisse que o seu trabalho para a res publica estaria quase concluído no momento em que a gestão daquilo que é do Povo estivesse entregue a homens-bons, tal como ele os vê (e digo “quase concluído” que não me parece que fosse homem de parar assim de repente e sentar-se a ver eternamente a banda passar, como se nada fosse).
Passou um ano e de dia para dia as coisas estão piores. Cada vez as chamas vão queimando mais. Muitas vezes me queimam a mim. Custa-me aguentar este mundo de egoístas, de gajos que não olham nos olhos, casta de carneiros mal mortos, machos e fêmeas de palmadinha armada nas costas alheias mas de rasteira engatilhada. Sorrisinhos enganadores, que nunca me enganaram, mas que cada vez menos suporto. Gentes de vénia para os de cima, e de escarro para os de baixo. Detecto-os bem. Padecem de falta de humor e de falta de luz. Não é um espectáculo agradável de assistir.
Se o mundo estaria melhor com o Miguel presente?; com palavras e sorrisos novos a cada dia? Por certo. O mundo estaria um Homem melhor. Nessa quantidade e qualidade toda, sim. E, quem sabe, talvez isso fosse o bastante. Seria por certo o bastante para todos podermos continuar a aprender com ele.
Este é o Miguel que conheci — talvez este nem seja o verdadeiro Miguel, talvez nem lá ande próximo, que lhe traço o retrato à distância. Mas este é o Miguel que sei. Este é o Homem que nunca usarei como desculpa, mas com quem aprendi e continuo a aprender. Os erros que errarei continuarão a ser apenas os meus erros. Se algo fizer de bem, parte disso também será dele. E não!, não me é uma espécie de ídolo, que não os uso, nem gosto de me ajoelhar, é “apenas” um homem donde vem uma luz boa, para onde olho de vem em quando.
Obrigado, Miguel, e até sempre. Vamos falando.
No dia 24 de Abril de 1941 nasceu em Melbourne, na Austrália, o guitarrista John Williams. |
Em 1952, a família mudou-se para a Inglaterra. Williams começou a estudar guitarra com o pai, que era inglês e que, mais tarde, fundou a Escola de Guitarra de Londres. A partir dos 11 anos frequentou cursos de Verão com Andrés Segovia, na Academia Musical Chigiana, em Siena, na Itália. Mais tarde frequentou a Royal College of Music, em Londres, onde estudou piano, porque a escola não tinha um departamento de guitarra. Quando se graduou foi ele próprio que criou esse departamento, que dirigiu durante os primeiros dois anos.
A primeira actuação profissional de John Williams realizou-se no dia 6 de Novembro de 1958, no Wigmore Hall, em Londres. Desde daí, actuou um pouco por todo o mundo e em vários programas de rádio e televisão. Gravou a quase totalidade do repertório para guitarra e álbuns de duetos com os seus colegas guitarristas Julian Bream e Paco Peña. Em 1973, partilhou, com Julian Bream, um Grammy, na categoria de melhor actuação em música de câmara.
Embora seja mais conhecido como guitarrista clássico, John Williams também explorou muitos dos outros géneros musicais. Foi membro do grupo de fusão “Sky”. Também é compositor e arranjador. Em 1979, juntou-se ao guitarrista de rock Pete Townshend, do conjunto inglês “The Who”, num espectáculo de beneficência a favor da Amnistia Internacional e é patrono da Campanha de Solidariedade pela Palestina.
No dia 23 de Abril de 1775, estreou-se, no Palácio do Arcebispo, em Salzburgo, a ópera “Il Re pastore”. O compositor, Wolfgang Amadeus Mozart, tinha apenas 19 anos de idade. |
Para esta “serenata teatral”, em dois actos, Mozart trabalhou com um libreto de Pietro Metastasio, autor de grande prestígio na época. O Rei Pastor conta a história de Aminta, pastor que se recusa a sacrificar o seu amor pela ninfa Elisa e que, no final, é coroado rei. Embora só tivesse 19 anos, Mozart já era experiente no género lírico, com cerca de uma dezena de obras no seu currículo.
Esta ópera, que Mozart levou seis semanas a compor, foi encomendada pelo arquiduque Maximillian Franz, filho mais novo da imperatriz Maria Teresa de Salzburgo. O libretista da ópera escreveu o libreto em 1751, baseando-se numa obra de Torquato Tasso, chamada Aminta.
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