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O fascismo não se abate com cravos

por Rogério Costa Pereira, em 20.12.12

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"O Estado Novo desmoronou-se depressa mas dissolveu-se devagar, tão devagar que transbordou as dobras do século que o gerou". 
A frase é do Fernando Dacosta, na narrativa Nascido no Estado Novo (2001). O carácter certeiro do dito revela-se na unha encravada do pé deste País de hoje, sentado no sofá, a gemer de dores que tem e que não tem, de manta no colo e a tremer de medo; ai os horrores de pintar às cores a eterna parede cinzenta.
Abril light deu nisto: um mortal encravado num sofá. O fascismo não se abate com cravos. Haja memória.

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publicado às 23:50

Este é mais um post a que eu dei o mesmo título-base — Crónica antecipada duma revolução inevitável — de outros anteriores. O motivo é simples: isto não vai acabar bem! Nunca acabou, porque seria agora que as coisas seriam diferentes? Até os chineses Han se conseguiram libertar do jugo mongol e, vejamos, nem o Relvas nem o Passos são exactamente um Genghis ou um Kublai. Como vai acontecer, não faço a menor ideia. Quando vai acontecer, também não sei, mas a este respeito é fácil estabelecer um limite superior: antes de 2050! Não, não é tranquilizador, mas é uma afirmação segura.

É que o Planeta está a aquecer, e a velocidade do aquecimento está a aumentar, porque cada vez emitimos mais dióxido de carbono para a atmosfera. O carvão será a principal fonte de energia em breve. Noticias péssimas mas inevitáveis: as potências emergentes não vão hipotecar a sua chance de desenvolvimento, para tirarem as castanhas do lume, num braseiro que não foram eles que acenderam. Estão já a fazer muito mais do que o "terço norte industrializado", a Europa, os Estados Unidos e o Japão, fizeram durante duzentos anos de Revolução Industrial. Inevitavelmente insuficiente, mas a questão política aqui, é que os gaspares e as merkels estão a destruir a coesão social, que a abordagem dos assuntos globais exige: quando a crise bate à porta, os ursos polares..., que se podam, como diria o Pernando. No planeta passos, as pirâmides de Gizé, obra de homens e mulheres livres e remunerados acima da média, nunca teriam sido construidas.

A temperatura média da atmosfera irá aumentar, algures entre os optimistas 2º C do protocolo de Kyoto e os virtualmente catastróficos 4ºC, cada vez mais inevitáveis. Isto significa energia. Mais energia na atmosfera. Quanta? É relativamente simples. O calor específico do ar, cp, é muito aproximadamente igual a 1 KJoule por quilograma e por grau Kelvin; a massa total da atmosfera é aproximadamente 5 × 1018 quilogramas. Por isso, depois de multiplicarmos os ingénuos 2º C de Kyoto, por 5 (e dividirmos pelo coeficiente adiabático, cp/cv, igual a 1,4), o resultado é aproximadamente 7,1 × 1018 KiloJoule. Ainda não dá para perceber, pelo que o mais aconselhável é adicionar seis zeros ao KiloJoule e dividir pela "latência" da atmosfera, e o resultado torna-se mais perceptível: cerca de 25 milhões de GigaWatt, ou seja, aproximadamente 25 milhões de reactores nucleares. Ora, como a Terra suportaria, no limite, cerca de 8000 coisas destas, aqueles números implicariam esventrar, escavacar, mineirar até ao tutano, mais ou menos 3000 Sistemas Solares como o nosso. Convenhamos que é muito mais simples queimar carvão e hidrocarbonetos fósseis, e libertar o dióxido de carbono produzido na atmosfera...

As consequências seriam as mesmas. Mas como escolhemos a forma mais simples de loucura, isso deixa-nos num imbróglio. É que não basta esperar que até lá, alguém invente alternativas: os pontos de não-retorno já foram ultrapassados e estamos a aumentar o problema, de forma abismal, a cada dia que passa. Aquilo que não fizermos hoje, enquanto a pressão ainda não é demasiada, irão os nossos filhos e os nossos netos ter que fazer pela necessidade da sobrevivência física imediata. Vão fazê-lo, mas apenas depois, ou enquanto, chamam meretrizes às respectivas avós e bisavós.

Como esta perspectiva não me agrada, não me agrada mesmo nada, considero preferível estimar quanto é que nos custaria, hoje, abordar o problema de frente. As respostas são duas e a mais importante é estritamente qualitativa: aproximadamente metade do que irá custar aos nossos filhos e netos, lá pela metade do século; a segunda é quantitativa e o trabalho pesado já foi feito por uma agência do governo americano: cerca de 3,5 cêntimos a mais no custo base do kilowatt.hora de electricidade com origem no carvão, cerca de 8,3 cêntimos a mais no custo base de 1 quilograma de gás natural e cerca de 10 e 11 cêntimos a mais nos custos base de, respectivamente, 1 quilograma de gasóleo e de 1 quilograma de gasolina -- e quem preferir continuar a enganar-se a si próprio, fazendo contas em litros de gasolina e metros cúbicos de gás, pois que multiplique os últimos números por 0,8.

Estes números derivam de ainda um outro estudo — notável — patrocinado pelo governo americano, e dizendo respeito aos custos actuais da captura e sequestro do excesso de dióxido de carbono atmosférico, gerado pela actividade industrial humana. Não parecem muito ameaçadores, entre $15 e $25 dólares actuais, por tonelada de dióxido de carbono capturado. A verdadeira ameaça é política.

Aquele trabalho notável que eu referi, tenta subtilmente induzir o governo americano a abordar o assunto como uma prioridade de segurança nacional, logo como um custo social, a ser equitativamente suportado por todos os cidadãos, pois todos estão em risco. Feito à moda do planeta-gaspar, os números acima representam um terço do aumento dos preços hoje, e um sexto do aumento dos preços, daqui a 40 anos. Não deixe que os seus filhos e netos chamem aquelas coisas feias à sua mãezinha.



Porque é nessas alturas que a lucidez dos visionários se torna quase insuportável.


Give me back my broken night
my mirrored room, my secret life
it's lonely here,
there's no one left to torture
Give me absolute control
over every living soul
And lie beside me, baby,
that's an order!
Give me crack and anal sex
Take the only tree that's left
and stuff it up the hole
in your culture
Give me back the Berlin wall
give me Stalin and St Paul
I've seen the future, brother:
it is murder.

Things are going to slide, slide in all directions
Won't be nothing
Nothing you can measure anymore
The blizzard, the blizzard of the world
has crossed the threshold
and it has overturned
the order of the soul
When they said REPENT REPENT
I wonder what they meant
When they said REPENT REPENT
I wonder what they meant
When they said REPENT REPENT
I wonder what they meant

You don't know me from the wind
you never will, you never did
I'm the little jew
who wrote the Bible
I've seen the nations rise and fall
I've heard their stories, heard them all
but love's the only engine of survival
Your servant here, he has been told
to say it clear, to say it cold:
It's over, it ain't going
any further
And now the wheels of heaven stop
you feel the devil's riding crop
Get ready for the future:
it is murder

There'll be the breaking of the ancient
western code
Your private life will suddenly explode
There'll be phantoms
There'll be fires on the road
and the white man dancing
You'll see a woman
hanging upside down
her features covered by her fallen gown
and all the lousy little poets
coming round
tryin' to sound like Charlie Manson
and the white man dancin'

Give me back the Berlin wall
Give me Stalin and St Paul
Give me Christ
or give me Hiroshima
Destroy another fetus now
We don't like children anyhow
I've seen the future, baby:
it is murder

— Leonard Cohen

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publicado às 23:41

1. O Presidente eleito toma posse perante a Assembleia da República.

2. A posse efectua-se no último dia do mandato do Presidente cessante ou, no caso de eleição por vagatura, no oitavo dia subsequente ao dia da publicação dos resultados eleitorais.

3. No acto de posse o Presidente da República eleito prestará a seguinte declaração de compromisso:

Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.

"A secretaria do Tribunal Constitucional encerrou sem que o Presidente da República tenha ali entregue hoje, último dia do prazo, um pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade do OE 2013. Agora Cavaco Silva tem até dia 31 para promulgar o diploma. Segundo foi noticiado sábado pelo Expresso - sem que Belém tenha desmentido ou confirmado -, o PR deverá accionar a intervenção do TC depois de promulgar o decreto, usando a chamada fiscalização sucessiva de constitucionalidade." [DN]

 

Artigo 130.º da Constituição da República Portuguesa (Responsabilidade criminal)

1. Por crimes praticados no exercício das suas funções, o Presidente da República responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.

2. A iniciativa do processo cabe à Assembleia da República, mediante proposta de um quinto e deliberação aprovada por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.

3. A condenação implica a destituição do cargo e a impossibilidade de reeleição.

 

Artigo 131.º da Constituição da República Portuguesa (Renúncia ao mandato)

1. O Presidente da República pode renunciar ao mandato em mensagem dirigida à Assembleia da República.

2. A renúncia torna-se efectiva com o conhecimento da mensagem pela Assembleia da República, sem prejuízo da sua ulterior publicação no Diário da República.

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publicado às 12:43

"(...) Quem me dera ao menos uma vez

Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

 

Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer.

 

Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente.

 

Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste. (...)"

 

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publicado às 12:16


André Jolivet – Compositor francês

por António Filipe, em 20.12.12
No dia 20 de Dezembro de 1974 morreu, em Paris, o compositor francês André Jolivet, conhecido pela sua devoção à cultura francesa e ao pensamento musical. Tinha mascido no dia 8 de Agosto de 1905.

A música de André Jolivet baseia-se no seu interesse pela acústica e atonalidade e também pelas influências antigas e modernas, especialmente em instrumentos usados nos tempos antigos. Compôs numa grande variedade de formas, para muitos tipos de agrupamentos.
Foi encorajado pelos pais (um pintor e uma pianista) a tornar-se professor. Estudou numa universidade para professores e chegou a ensinar numa escola primária, em Paris, com um intervalo de três anos, para servir no exército. Eventualmente, optou por seguir as suas próprias ambições artísticas e começou a aprender, primeiro violoncelo e, depois, composição.
O primeiro professor de Jolivet foi Paul Le Flem, que lhe proporcionou uma base sólida em harmonia e contraponto. Depois de ouvir um concerto de Arnold Schoenberg, começou a interessar-se por música atonal e, seguindo a recomendação do seu professor, tornou-se no único aluno europeu de Edgard Varèse, que lhe transmitiu os seus conhecimentos de acústica, música atonal e orquestração.
Em 1936, Jolivet fundou o grupo “La Jeune France”, com os compositores Olivier Messiaen, Daniel-Lesur e Yves Baudrie. Este grupo tentava restabelecer uma forma de composição mais humana e menos abstracta. Quando era adolescente, o seu sonho era escrever música para o teatro, o que o inspirou nas suas primeiras composições, incluindo a música para um ballet.
Jolivet foi o director musical da Comédie Française, de 1945 a 1959. Enquanto ocupou esse cargo compôs música para peças de Molière, Racine, Sófocles, Shakespeare e Claudel. Também continuou a compor para as salas de concerto, muitas vezes inspirado pelas suas frequentes viagens, adaptando, para o estilo francês, textos e música do Egipto, Médio Oriente, África e Ásia.
Durante as décadas de 50 e 60, do séc. XX, Jolivet escreveu concertos para uma grande variedade de instrumentos, que exigem do solista uma técnica fora do normal. Foi um dos poucos compositores a escrever para o Ondes Martenot, compondo um concerto para aquele instrumento electrónico em 1974, 19 anos depois de o instrumento ter sido inventado.
Em 1959, André Jolivet fundou o Centro Francês de Humanismo Musical, em Aix-en-Provence e, a partir de 1961, foi professor de composição no Conservatório de Paris. Morreu na capital francesa, no dia 20 de Dezembro de 1974, deixando inacabada a sua ópera “O Soldado Desconhecido”.


Concerto para percussão, de André Jolivet
Percussão: Masako Iguchi
Orquestra do Conservatório de Música de San Francisco
Maestro: Alasdair Neale

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publicado às 00:01


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