“A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso.
A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir. Não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria – por ex. no têxtil.
Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria – a Alemanha e os outros países como a Alemanha queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês, basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.
E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável.
Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia.
Portanto, podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos. Agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses.
Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira.
E é isso que estamos a pagar!”
[António Costa, Quadratura do Círculo, 4.Dez.2012]
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O Livro do Génesis diz-nos que Adão foi criado a partir do barro; e depois, Eva foi criada a partir duma costela de Adão. Pense-se o que se pensar a respeito das afirmações anteriores, é perfeitamente claro e pacífico que estamos perante dois casos de criação
ex materia, a partir de matéria pré-existente. Bem, então e o resto?
Quanto ao resto, a fonte citada é omissa. Diz apenas que no princípio — então e antes disso? — deus-nosso-senhor criou a Terra e o Sol, e as estrelas do firmamento. Não nos diz a partir do quê. Não nos diz nada a esse respeito. Ora, dum ponto de vista estritamente lógico, podemos muito bem supor que deus não o disse por não ser da nossa conta, ou então, porque os nossos cérebros limitados não seriam capazes de o abarcar. Acontece que todas as religiões reveladas têm dogmas não explícitos (sempre os mais importantes). Para as religiões do Levante, os mais importantes são o dogma da completude — deus-nosso-senhor disse-nos tudo o que havia para dizer — e o dogma da inteligibilidade: disse-o de forma a que todos os seres humanos fossem capazes de compreender.
Em consequência, todos os teólogos da revelação, acabaram por cair sempre todos para o mesmo lado (muitas vezes ao fim de furiosos debates): o Mundo foi criado
ex nihilo, literalmente, a partir do Nada. Nada a objectar, o que torto nasce, tarde ou nunca se endireita, mas..., então, quem foi que criou o dinheiro?
Um desses teólogos, um francês chamado Roger Vadim, disse-nos o que já sabíamos, ou seja, que deus tinha criado a Brigitte Bardot daqueles tempos. Tudo bem! Então e o tógé?
Curiosamente, vivemos o primeiro período histórico em que os teólogos da situação defendem a criação monetária
ex nihilo,
por privados, de forma explícita. Nunca antes na História houve Gaspares explícitos: muitos cantaram a canção da sereia, mas sem nunca terem a coragem de se assumirem. No fim de contas, esses proto-gaspares também eram representantes do poder soberano. No fim de contas, se a criação
ex nihilo era um atributo da divindade, então tinha que estar reservada, por exemplo, para os Reis-deuses da Mesopotâmia; ou então para os representantes de deus na Terra, ou seja, os detentores do poder soberano.
Hoje em dia tudo mudou. Esta é uma mudança bárbara e cruel e muitos ainda não a entendem. Atravessa tudo, na Europa. E apenas um pouco menos no resto do Mundo, e apenas porque os detentores do tal poder soberano nunca arriaram as calças como o gaspar. Um tudo nada, sim. Até aos calcanhares, nem pensar! Nós portugueses somos vítimas, sobretudo porque não compreendemos o que se passa. Vejamos um exemplo que, aparentemente, não tem nada a ver com criação monetária.
Nunca achei Daniel Oliveira um pensador muito importante. Atento, sim, empenhado, sempre, mas não particularmente interessante.
Com aquela frase inicial, dum artigo já amplamente (des)comentado, parece no entanto, ter tocado em algo de profundo (sem que o próprio se tenha dado conta, quer-me parecer). Mas vejamos aquela coisa desagradável, que dá pelo nome de
factos, e que só preocupa quem se preocupar com a possibilidade de estar errado. É que
aquela referência a "Obama um tipo decente" fez-me despertar qualquer coisa na memória, e, veja-se, a minha não estava completamente errada:
o post com aquele exacto título foi publicado no 'Arrastão' a 1 de Março de 2007; no primeiro dia, do terceiro mês, do sétimo ano do segundo milénio da nossa era. Naquela altura, Barack Hussein Obama tinha já tornado pública a sua decisão de se candidatar, mas as primárias do partido democrático estavam ainda a mais de um ano de distância, e as eleições presidenciais americanas, de 2008, a mais de dezoito meses de distância.
Dezoito meses! Nem um burro demora tanto tempo para nascer; só mesmo um castendo. Naquela altura, não só Barack Obama
não era presidente dos Estados Unidos, como muito poucos seriam aqueles que acreditassem que alguém, com aquele nome, alguma vez o pudesse ser.
Erros, todos os cometemos. Este erro, em particular, tem apenas o interesse de nos remeter para aquele 'algo mais profundo' a que aludi no início. A esta distância, o tal burro, já nem mamão é. Mas o PCP, esse é um assunto incontornável da realidade portuguesa, talvez o único partido político genuinamente português, que existe neste país.
E o PCP move-se. Devagar, devagarinho, que aquilo não é gente para atitudes de sopetão. Nada de piadas alentejanas, acontece apenas que quem quiser 'lêr o PCP' não pode ser dado à ansiedade. Ora, se o assunto fosse, sei lá, o futuro europeu do FCP, eu não estaria a escrever estas linhas. O assunto não me interessaria, nem a proverbial ponta dum chavelho.
Mas como o assunto é o
meu País, e como não acredito, não vejo como alguma vez poderá existir um governo de esquerda que não inclua os comunistas portugueses, este é um assunto meu. Luz ao fundo do túnel, só se dermos uma cabeçada na parede e começarmos a ver luzinhas. Nada!
Já tentei (e não foi uma vez nem duas) lançar o debate sobre as causas reais da crise profunda que a todos nos tolhe. A ausência de resultados só poderia desmotivar alguém menos teimoso do que eu, por isso, vou tentar mais uma vez; com ainda outro ângulo sobre a realidade: será que
a chamada "banca islâmica" (e a sua prática) é relevante para a situação actual, e para a sua resolução?
A minha resposta pessoal — e é apenas um ponto de partida — é
NÃO! A analogia com o PCP é tudo menos meramente situacional; ambas as abordagens revelam uma sabedoria profunda. Acontece apenas que essa sabedoria se perde no ritual, nos epifenómenos duma época que não é a nossa e já não existe. Ambas as abordagens acabam por não fazer mais do que levantar o cú para o ar e afirmar
"Allah u-Akbar!". Uns numa direcção, outros noutra; uns numa língua, outros noutra. Tão rigorosamente inúteis uns como os outros.
E contudo, aquela sabedoria profunda continua a ser essencial. Porque a esquecemos, voltámos, mais uma vez, a condenar-nos a reviver as mesmas situações.
Como de costume, mais uma vez, com um carácter de farsa. Não menos trágica por isso.
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E, também hoje, morreu Oscar Niemeyer. Faria 105 anos daqui a 10 dias. Todo o tempo do mundo e mais viesse para mais fazer. A vida é um bicho esquisito.
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein."
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A Sinfonia nº 38, K. 504, em ré maior, é conhecida como a Sinfonia “Praga”, porque, durante muito tempo, se pensou que Mozart a tinha composto para a sua primeira estadia em Praga, em Janeiro de 1787. Mas a verdade é que a sinfonia data de 6 de Dezembro de 1786, enquanto o convite para Praga, com o fim de dirigir uma representação da ópera “As Bodas de Fígaro”, foi posterior. Em qualquer caso, a primeira execução pública realizou-se no Teatro da Ópera de Praga, no dia 19 de Janeiro de 1787.
A sala estava completamente cheia e a estreia teve a calorosa recepção que Mozart esperava dos habitantes de Praga. Com esta sinfonia, Mozart põe fim à época dos grandes trabalhos de inspiração haydiana e lança os alicerces para as suas últimas composições, determinando o modelo que, mais tarde, Beethoven seguiria, no início das suas composições sinfónicas.
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