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2013 vai ser diferente. Tem de ser diferente.
Nesta ocasião de, mais que fazer os habituais votos (haverá coragem?) mudar de atitude, eu cumpro.
Neste 2012 que por graça de Deus se está finando, a ironia e o escárnio foram a única reacção adequada ao absurdo, ao inimaginável, ao patético. Mas a realidade chegou, nesta maldita era que hoje era bom que terminasse, a mais longe que o patético - chegou ao trágico. Por isso, há que levar a sério aquilo que ainda quisemos crer que fosse uma brincadeira de estúpido mau gosto.
Há que dizer adeus à ironia. E dedicar a nossa maior consideração aos nossos amigos, aos amigos dos nossos amigos, aos que dizem ser nossos amigos e aos que dizem ser amigos dos nossos amigos.
Adeus, ironia. Às ordens, tristeza oficial!
Que 2013 seja o que Deus quiser. Porque Deus são os cidadãos, as pessoas, a gente.
* Também publicado em http://quadratim.blogspot.pt
Quando há um ano exonerei 2011 (que já foi o que foi), não fazia a menor ideia do ano que se nos iria atravessar na garganta. Imaginava que seria muito mau. Mas não tanto como foi. E nunca um pedaço de caminho ficou tão bem demarcado como este ano que ora termina. No seu início, com a entrada em vigor do OE para 2012 (que foi rectificado para pior 3 ou 4 vezes), e no seu fim, com a promulgação do OE para 2013. Por um pulha que nos enfraquece e ensombra vai para três décadas. Que jurou a Constituição em que agora cospe. 2012 trouxe, e também pelo que atrás disse, a sombra do fascismo. Basta atentar no desdém com que um secretário do estado nos manda não ficar doentes. Não sentisse ele as costas quentes por essa sombra dos infernos e não ousaria.
Mas tudo começou bem antes. Com o medo.
Tudo começou com um país que se perdia. Que se perde. Que se perdeu sempre e que insiste em perder-nos. Onde insistimos em perder-nos. Ainda um dia destes lia o Dacosta, na narrativa Nascido no Estado Novo, dizer algo como, cito de memória: “Em oitocentos anos de história tivemos oitenta anos de liberdade.”
Isso, dizia ele, explica parte do que somos. Ou tudo. Somos o país, e agora já sou eu a falar, do “agarrem-me que eu vou-lhe aos cornos”. E enquanto o dizemos, colocamos os braços para trás para que alguém efectivamente nos agarre. Esperançados nisso mesmo. Eis a estátua que teríamos. Mulheres e homens parados no tempo, parados no lugar, vociferando ameaças que nunca concretizarão. De braços esticados para trás.
Quando é que isto avança? Como canta o Sérgio, “Só neste país É que se diz: Só neste país”. Só neste país, digo eu, é que se vai andando, ao invés de se andar. Uma espécie de país condor. Com dor aqui, com dor ali. Sem darmos conta que a única coisa que nos dói, que temos realmente partido, é o dedo com que os fortes apontam o caminho. O dedo que os fracos usam para apontar as dores imaginárias que garantem sentir, por dentro e por fora. Mas o único problema é estar partido, o indicador. O indica-dor.
Queremos passar por esta vida sem que a vida dê por nós. Não queremos incomodar ninguém, mas também não queremos ser incomodados. Essencialmente, não queremos ser, não queremos estar. Queremos que nos deixem em paz. Queremos a certeza de um talhão reservado no cemitério. Para usar depois de beber uns copos, de mandar umas quecas, de ter uns filhos, de usar umas gravatas e uns vestidos catitas, de tirar uns cursos. De mandar umas arrochadas atrás dos monitores e fazer de conta que ganhámos a imortalidade e depois um gajo morre e tem lá muita gente a dizer que éramos uns tipos porreiros, que não deixávamos nada por fazer, nada por dizer. Doesse a quem doesse. Mas raramente doeu a quem devia ter doído. A quem merecia ser magoado.
O problema é quando saímos para a rua e entramos na tal posição de que falo acima. Ou de bico calado. Porque “já não vale a pena”. Ou nem sequer saímos porque joga o Benfica ou porque nos dói muito num sítio qualquer que se calhar nem sequer temos. Mas dói.
Temos medo de pisar a relva. O rei manda não pisar a relva. E nós não pisamos, passamos ao lado. Vamos pelo caminho mais comprido, aquele que nos afasta do destino com que num assomo de coragem até ousámos sonhar. Mas não vale a pena, porra. Não vale a pena. Afinal, é só o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos. É só isso. O nosso presente. E o nosso abúlico presente é o presente que deixamos para os nossos filhos, que, ensinados pela nossa sombra, deixarão prenda igual aos filhos deles.
E assim por diante, por uma história inteira de um país que nunca teve de coragem de o ser. Não fossem meia-dúzia de heróis e de visionários, nem nome este país teria. Restar-nos-iam umas cabeçadas na bola, com 22 macacos a correr atrás dela. E gritamos todos golo e chamamos nomes ao árbitro e vamos para a rua festejar e gozar com o que usa a outra camisola. Vamos festejar o quê, caralho? O facto de nos projectarmos nuns heróis de cuecas?
Não fossem alguns que ousaram pisar o risco. Achando…; achando letras e terras e pedras. Violando normas. De estilo e da praxe. Não fossem eles e merecíamos que um vento nos varresse para o quinto dos infernos. Por termos feito nada em prol do que podemos ser, do que poderíamos ter sido.
Não é estranho que alguns dos nossos maiores da literatura e das artes se tenham posto a andar antes do tempo, no momento em que eles decidiram. Foi Unamuno que nos chamou um país de suicidas. Penso que foi a Natália Correia que até quis fazer (ou fez mesmo) uma série de conferências ou algo que o valha dedicado a esses ilustres suicidados. Assim de repente, lembro-me do Mário Sá-Carneiro, do Antero, do Camilo. E, palavra puxa palavra, lembro-me desse eterno grupo jantante, como se lhe referia o Eça, os Vencidos da Vida, que para além do Eça, integrava o Ramalho, o Guerra Junqueiro, o Oliveira Martins e mais uns quantos (sem menosprezo para os ditos quantos; não os nomeio porque não estou para ir ver deles à net e fazer de conta que me lembro ou que sei o que não sei).
O nome, Vencidos da Vida, dizia mais ou menos ao que vinham. E vinham mesmo. Desiludidos, anunciando que renunciavam aos sonhos que os tinham feito mover. Porém, ironia, acabaram por entre todos e de uns para outros, ganhar ali alguma ilusão, para logo depois se voltarem a desiludir.
Mas essa desilusão, que só sente quem se ilude, sente-se doutra forma neste Portugal pós fim-de-mundo. Mas não é a mesma desilusão daqueles que atrás nomeei. Essa era uma ilusão de quem dizia Vamos! Mas olhava para trás e para os lados e via ninguém. A ilusão dos de hoje, passe a cruel generalização assente no meu olhar, é a ilusão dos que querem que tudo corra bem, nada fazendo por isso.
Mas rezam, rezam muito. Somos um país de rezadores. Vamos a Fátima ao pé-coxinho e de joelhos para obter em troca um favor. E choramos muitos, muito… E quando vem o papa choramos ainda mais. E lá acabamos por fazer qualquer coisa pelo nosso desejo, mas depois os loiros vão para a senhora da oliveira ou para o ovni ou lá para que porra foi aquela que não aconteceu.
Lembro-me agora de uma história que conto ao meu filho; de um menino que tinha más notas e a quem apareceram génios, três, e cada um a seu tempo lhe concedeu um desejo, e o desejo desejado era sempre o mesmo. Ter boas notas. Que sim, menino. Mas que em contrapartida era necessário que fosse para casa e estudasse. E não é que as notas começaram a subir? E o menino convencido que era dos génios, não percebendo que era dele mesmo.
Não me apetece escrever mais. Este ano lutei e sinto que perdi todas as lutas, sem uma única excepção, falhei os objectivos imediatos que me moveram. Mas sabem que mais? Não me sinto derrotado. Sinto que ganhei algo. E não tenho vergonha de olhar nos olhos grandes do meu filho. Vou continuar a lutar, a dar a cara pelos que se sentam no sofá, incomodados e acomodados. Porque, dizem eles, “o que é que um tipo pode fazer?” E pelos que querendo, não podem. Que outras lutas já os mataram. Lutarei acima de tudo pelos filhos que pusemos no mundo e que não merecem a herança que nos querem obrigar a deixar-lhes. Sei que terei companhia, sei de quem tem peito para dar às balas que aí vêm. Não atrás de mim, mas ao meu lado. Que as lutas fazem-se de braço dado.
Ora termino. Este 2013 vem com letras atrás, OE, e com a pandilha que as pariu. Os meus votos são que as tiremos de lá. E os tiremos de lá. Creio que o Martim Silva, editor de Política do Expresso, tem razão no que dizia ainda há pouco num canal de informação (não sei em qual). E confesso que não tinha pensado nisso. O TC, ao contrário do que fez o ano passado, não vai mandar para 2014 o reajuste da ilegalidade. A parte inconstitucional do OE cairá este ano. Em Março ou Abril. A inevitável derrapagem na execução orçamental do primeiro trimestre, juntamente com o dinheiro que esta vilanagem vai ter de devolver ao povo roubado, vão obrigar a medidas de austeridade acrescidas. A coligação rebenta. Em Março ou Abril o governo cai. Haverá novas eleições. Se o PS ganhar o povo tem o que merece. Mais memorando. Outra música, a mesma letra.
Quer-se uma esquerda unida em 2013. Pelo futuro dos nossos filhos, pensem, PORRA! Por uma vez na puta da vida! PENSEM! Não tenham medo de ser felizes. Eu só tenho medo de uma coisa. De ter medo.
The laughing heart (Tom Waits reads a Charles Bukowski poem)
Bom ano! Façam por isso e acreditem que sim; que NÓS podemos!
...não desejo uma coisa que é impossível, um melhor ano, a ti, que permitiste a eleição e manutenção deste governo, e por termos sido despedidos de empresas que trabalhavam para o TGV e outras infraestruturas pagas pela UE, por não termos com que pagar as obrigações que adquirimos, com a estabilidade sempre prometida, de um povo que lutou por isso...
entretiveste-te com as 7 maravilhas, as palermices das bandeiras e dos futebóis, para eles há dinheiro e meios, para tratarmos da saúde de nossos idosos e doentes crónicos, não há! pedem-nos contenção nos gastos com a saúde, e nas escolas crianças são despejadas de casas e vão para as aulas, sem nada no estômago, talvez na escola lhe dêem qualquer coisa...
quando o ano termina, com tudo vendido ao desbarato a impérios capitalistas e mais do mesmo, que em qualquer altura, não se importam de matar pela fome e pelo nojo que têm pelas classes desfavorecidas...
ainda me dizes: um bom ano?
não pode ser, tu assim o permites...! e os outros olham para ti, quando preferiste ir para a praia e ir atrás de estórias, bem contadas e orquestradas, e continuas ad aeternum a acreditar nisso, que até gastas mais do que deves, quando tu não tens bancos e é para eles que vai o dinheiro, que os usurários, muito asquerosamente e cheirando a sangue, nos passam para as nãos daqueles que traíram a economia de um país por interesses pessoais e agora lavam as mãos, como se nada de passasse e ainda mais lucros obtiveram com isto, e os devedores de bancos falidos, dão-se ao luxo de não pagarem muitos milhões, porque sim, tudo têm e podem, porque seja que grau de Justiça for, está do lado desses ladrões bem-vestidos e aparentados...
não quero o teu jogo, de aponta-dedos e de poucas armas em punho... que ano querias?
comerás o que semeaste...
... e eu também, os meus também, por culpa TUA!
«Um carabineiro com um martelo de madeira dá-me um forte golpe nos dedos mindinhos de ambas as mãos.
«A seguir, com um alicate, começa a arrancar-me as unhas.
«Nesse momento entra o sargento, que lhe tira o alicate para o utilizar a arrancar-me o bigode. Em dada altura, como resultado da grande dor e do desespero, consigo morder-lhe a mão, o que faz com que um carabineiro me dê uma coronhada na cara.
«Perco a consciência e, ao despertar, dou-me conta que sangro muito da cabeça, do nariz, da boca, e que me faltam oito dentes. Tinham-mos arrancado com o alicate ou com golpes. Não sei».
*
«Estava grávida de cinco meses.
«Obrigaram-me a ficar nua e a ter relações sexuais com a promessa de uma pronta libertação.
«Apalparam-me os seios, deram-me choques eléctricos nas costas, na vagina, no ânus.«Arrancaram-me as unhas dos pés e das mãos. Agrediram-me com bastões de plástico e com a coronha de espingardas. Drogaram-me. Simularam fuzilar-me.
«Deitada no chão, com as pernas abertas, introduziram-me ratos e aranhas na vagina e no ânus. Sentia que era mordida e acordava banhada no meu próprio sangue.
«Conduzida a lugares onde era violada vezes sem conta, chegaram a obrigar-me a engolir o sémen dos violadores.
«Enquanto me agrediam na cabeça, no pescoço, na cintura, obrigavam-me a comer excrementos».
*
Entre 35.686 testemunhas, estes são apenas dois depoimentos de vítimas de tortura da Junta Militar do Chile durante o regime de Pinochet que voluntariamente se dirigiram à “Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura”.
Esta comissão foi criada no Chile em 2003 para dar a conhecer em toda a sua extensão, aos chilenos e ao mundo, os horrores praticados pela ditadura militar e pela adopção da tortura e do horror como uma política de Estado no período compreendido entre 1973 e 1990.
*
Um terror absolutamente indescritível foi o rasto deixado ao longo da História pelos Tribunais da Inquisição.
Nem sequer é fácil imaginar as masmorras imundas onde em nome de Deus reinaram durante séculos o ódio e a insensibilidade perante o sofrimento alheio e que mais pareciam «fábricas» com os mais tenebrosos instrumentos que a imaginação humana é capaz de inventar: cadeiras com pregos afiados, ferros incandescentes, pinças, roldanas, pesados blocos de pedra, correntes, garfos enormes, chicotes com pontas de ferro, cordas, machados afiadíssimos, guilhotinas, troncos, máscaras de ferro, forquilhas, garrotes, serrotes, esmagadores de joelhos, de cabeça, de polegares e de seios; cavaletes, e outros utensílios de “trabalho”.
Com a «Roda de Despedaçar» colocava-se o herege de costas sobre uma roda de ferro, sob a qual se colocavam brasas. De seguida, a roda era girada lentamente. A vítima morria depois de longas horas de dor indescritível, com queimaduras do mais alto grau. Não havia pressa para a morte do supliciado. Pelo contrário, havia o cuidado de prolongar ao máximo a sua agonia.
A «Mesa de Evisceração» destinava-se a extrair aos poucos, mecanicamente, as vísceras dos condenados. Após a abertura da região abdominal, as vísceras eram puxadas, uma por uma, por pequenos ganchos presos a uma roldana, girada por um carrasco.
Tentemos por um momento imaginar os rostos pálidos dos torturados.
Muitos imploram para morrer; muitos dizem "peçam-me qualquer coisa e eu farei".
Outros, que passaram para a galeria dos «heróis da fé», enfrentam a dor com resignação. Não passam de cadáveres ambulantes.
Muitos estão na terceira, quarta ou quinta sessão de tortura. Se não resistem, os seus corpos são queimados e as cinzas lançadas algures.
E as suas memórias esquecidas.
Os Inquisidores conhecem bem o limite humano à dor. Quando algum desgraçado, acusado de heresia ou simplesmente de professar a religião errada, chega ao limite do sofrimento, é entregue aos cuidados do médico cirurgião que cuidará de suas feridas e dos ossos quebrados ou deslocados. A alegação é que a tortura não foi concluída, mas suspensa.
Após algumas semanas, são trazidos para novos interrogatórios.
Os que forem condenados à morte na fogueira terão as suas línguas arrancadas para que ninguém ouça as suas últimas "blasfémias", e por elas não fiquem contaminados.
*
Como pode isto acontecer?
Como podem tantos seres humanos, seja em nome de um Deus seja em nome de um líder qualquer, praticar actos desta indescritível barbárie?
*
Stanley Milgram, professor de psicologia social na Universidade de Yale, levou a cabo em 1974 uma experiência com o objectivo de estudar a «Obediência à Autoridade»:
Entre pessoas comuns (operários, estudantes, secretárias, empresários, lojistas, etc.) foram recrutados voluntários a quem foi atribuído o papel de "professores".
Esses “professores” foram instruídos a aplicar choques eléctricos de intensidade crescente (de 15 a 450 Volts) num outro indivíduo (que estava amarrado a uma cadeira com eléctrodos numa sala adjacente), e que era designado "estudante".
Os choques seriam administrados todas as vezes que o "estudante" errava uma resposta a um questionário previamente determinado.
Milgram tinha explicado aos "professores" recrutados que o objecto daquele estudo residia precisamente nos efeitos da punição sobre a memória e sobre aprendizagem.
Como é óbvio, o "professor" não sabia que o "estudante" da pesquisa era afinal um actor, que convincentemente interpretava e manifestava desconforto e dor a cada aumento da potência dos “choques eléctricos” que lhe eram pretensamente infligidos.
O resultado da experiência foi absolutamente perturbador e mais “chocante” que qualquer voltagem aplicada:
- Nada menos do que 65% das pessoas envolvidas – os "professores" – chegaram mesmo, e sem qualquer hesitação, a administrar ao "estudante", sob ordens do cientista (que na experiência representava a “autoridade”) os choques mais potentes, dolorosos (de 450 volts) e claramente identificados como perigosos e... potencialmente mortais!
E todos os "professores" - mas todos eles - administraram pelo menos 300 Volts!
Em muitos casos houve "professores" que a determinada altura da aplicação dos choques eléctricos se preocuparam com o bem-estar do "estudante" e até perguntaram ao cientista quem se responsabilizaria caso algum dano viesse a ocorrer.
Mas quando o cientista os descansou, afiançando-lhes que assumiria toda e qualquer responsabilidade do que acontecesse e os encorajou a continuar, todos os "professores" persistiram na aplicação dos choques com as voltagens mais elevadas, mesmo enquanto ouviam gritos de dor e súplicas dos “estudantes” para que os parassem.
*
Entretanto, foi feita uma experiência laboratorial semelhante, desta vez com macacos-rhesus.
Nessa experiência (sem dúvida absolutamente tenebrosa, diga-se de passagem), os macacos eram colocados em jaulas próprias onde só recebiam alimento se puxassem uma determinada corrente.
Contudo, sempre que puxavam essa corrente era-lhes proporcionada comida, mas simultaneamente era infligido um violento choque eléctrico a outro macaco-rhesus, cujo sofrimento poderiam então observar através de um vidro espelhado.
Passado muito pouco tempo todos os macacos se aperceberam de como tudo funcionava e de que era precisamente o seu gesto de puxar a corrente que, enquanto lhes garantia a comida que pretendiam, era também ao mesmo tempo a causa do sofrimento do outro macaco.
Acontece que logo que faziam essa associação praticamente todos os macacos deixaram de puxar a corrente e preferiam passar fome a fazer sofrer um outro macaco, com quem nem sequer estavam familiarizados e que pertencia até a uma tribo diferente.
Numa ocasião e mesmo ao fim de um longo tempo de fome, os cientistas observaram que, no máximo, somente 13% dos macacos acabavam por puxar a corrente.
Alguns chegaram ao ponto de quase morrer de fome; mas nunca mais puxaram a corrente!
*
É, de facto, perturbadora a comparação entre as duas experiências.
Porque, para já, ela demonstra que as mais básicas noções de ética são conaturais aos indivíduos, mesmo aos animais, ainda que sejam nossos «primos».
Demonstra ainda que essa ética é racional, porquanto decorre de princípios de civilização e de necessidades práticas de convívio social e também de interacção individual.
Demonstra, finalmente, que essa ética, que é racional, prática e civilizacional só cede perante princípios de irracionalidade, sejam de ordem religiosa ou de ordem política e que, quantas vezes mascarados de princípios de ordem “moral”, acabam por ser acatados e aceites por tantas pessoas, que acriticamente lhes passam a obedecer cegamente, pugnando até pela sua imposição aos demais cidadãos.
É esta “obediência”, firmada em primeiro lugar na ausência de uma consciência individual, e que é irracional e cega a qualquer noção de ética e até à mais básica dignidade humana, que leva às barbaridades praticadas pelos Homens.
Seja nas ditaduras latino americanas, na União Soviética, na Alemanha de Hitler, ou noutro país qualquer, até mesmo em Portugal.
Seja em nome de uma ideologia, de uma política ou de uma religião;
Seja em nome de abstrusas concepções de autêntico «relativismo moral» ou da cretinice de considera-ções como a que afirma que não se deve ser «demasiado racionalista».
E que, todas, acabam por conduzir ao Holocausto ou aos Gulags e ao extermínio de milhões de pessoas.
Que conduzem a uma Inquisição tenebrosa ou a um terrorismo frio e sem rosto que torturam e matam em nome de Deus.
As ditaduras podem ser instituídas por uma “Junta Militar”, por uma religião, ou por um qualquer punhado de indivíduos que assumiram num país uma tal concentração de poderes que lhes permite a prática impune de tudo o que lhes vem à ideia.
Mas isso só é possível – sejamos claros – com a inexplicável complacência e com a injustificável tolerância para com os mais imbecis critérios de irracionalidade, que mais não significam do que uma autêntica cumplicidade de toda a estrutura da sociedade.
De todos nós!
De facto, Stanley Milgram repetiu a sua famosa experiência em mais de uma dezena de outros países, de todos os continentes, sempre com resultados absolutamente idênticos.
Do Chile de Pinochet ao Cambodja de Pol Pot, passando pelo Portugal da Pide e dos Tribunais Plenários, será talvez a “obediência”, a "falta de sentido crítico" e a irracionalidade com que acatam determinações políticas ou religiosas, que explicam por que motivo pessoas comuns, colocadas em determinadas circunstâncias e sob a influência de uma autoridade – política, ideológica ou religiosa – que nem sequer se lembram de questionar (e que antes procuram até impor aos outros), sejam capazes de cometer os crimes mais hediondos.
No entanto, ouve-se dizer de alguém que se quer elogiar que é «uma pessoa de muita fé» ou que ao longo da sua vida sempre foi «coerente com os seus princípios», embora nem sequer cuidemos de saber quais foram tais... «princípios».
Mas a partir de que altura da História da Humanidade é que o prestígio e até o bom senso de uma pessoa passou a ser sinónimo ou a ser proporcional à irracionalidade que lhe é atribuída?
É até irónico que virtudes humanas como a lealdade, a solidariedade, o sacrifício próprio, a disciplina ou o amor ao próximo, e que tanto valorizamos, sejam as mesmas propriedades que também criam pessoas homofóbicas, misóginas, racistas ou xenófobas ou que as transformam em autênticas máquinas destrutivas de ódio, de guerra, de corrupção e morte, e ligam homens e mulheres a princípios, ideologias ou religiões repulsivos e perversos.
Ideologias e princípios, quer políticos quer também religiosos que são, ainda hoje, cega, acrítica e incondicionalmente apoiados e irracionalmente seguidos por tantas e tantas pessoas que da forma mais indigna e abjecta nem a si próprias se respeitam.
É pois a este planeta, habitado pelos humanos, que desejo:
- Um bom ano de 2013!
Na véspera de Ano Novo de 1903, Richard Strauss terminou a composição do poema sinfónico em fá maior, a que chamou "Sinfonia Doméstica". | ![]() |
Richard Strauss começou a trabalhar nesta obra em 1902, quando passava férias com a mulher e o filho na ilha de Wight. De regresso a Berlim, começou a sua orquestração, terminando-a no dia 31 de Dezembro de 1903.
A "Sinfonia Doméstica" descreve a vida familiar de Richard Strauss, que, em 1894, tinha casado com Pauline de Ahna, soprano de temperamento ardente, com quem teve um único filho, Franz, nascido em 1897. Durante uma tournée pela América, dirigiu-a pela primeira vez em Março de 1904, no Carnegie Hall, de Nova Iorque. É possível que esta sinfonia mostre um lado mais alegre do que a maioria das composições orquestrais de Richard Strauss, mas grandes secções da obra também retratam brigas e outras tensões domésticas, concluindo com uma fuga elaborada que restaura a coerência na casa.
No dia 30 de Dezembro de 1919 nasceu, em Newquay, no condado de Cornualha, o maestro, organista e compositor britânico David Willcocks. | ![]() |
Em 1929, começou os estudos musicais, como corista, na Abadia de Westminster. De 1934 a 1938, estudou música na Universidade de Clifton, em Bristol, antes de ser nomeado organista no King´s College, em Cambridge. Quando rebentou a 2ª guerra mundial, interrompeu a formação, para servir no exército inglês, regressando a Cambridge, em 1945, para terminar os estudos.
Em 1947, David Willcocks foi nomeado maestro da Sociedade Filarmónica de Cambridge. No mesmo ano começou a desempenhar o cargo de organista da Catedral de Salisbury e de maestro da Sociedade Musical da mesma cidade. Entre 1950 e 1974, desempenhou funções como maestro de coro e organista, em várias cidades inglesas. Foram-lhe atribuídos graus “honoris causa”, em várias universidades da Inglaterra e dos Estados Unidos. É, actualmente, presidente do Coro Bach, da cidade de Bath e do Coro do Festival de Exeter.
De acordo com a Astrologia Chinesa, 2013 será regido pela Serpente. Começa em 10 de Fevereiro e termina a dia 30 de Janeiro de 2014... Tempo não falta. Mas não abusemos. Março é um mês bonito. Quanto à imagem... pardon my french... A Natureza tem destas coisas. A lei do mais forte, e O MAIS FORTE é obviamente o POVO. Sempre foi. A Natureza não sabe o que é uma excepção e não vai aprender agora. Não seria... natural.
No dia 29 de Dezembro de 1918 nasceu em Yzeures-sur-Creuse a soprano francesa Mado Robin. | ![]() |
Tinha uma escala vocal excepcionalmente grande, o que lhe proporcionou um amplo repertório. Foi estrela de televisão e de rádio, nos anos 50, e era muito conhecida na França. Em 1954, foi a San Francisco para cantar Lucia e Gilda, e teve uma tournée na União Soviética com dezasseis concertos, em poucas semanas. Casou com Alan Smith, um inglês, que morreu logo a seguir à segunda guerra mundial, num acidente de carro.
Os seus colegas e parentes recordam-na como a mais doce e que menos se comportava como diva entre as cantoras. Em 1994, a Sociedade de Bel Canto lançou uma videocassete das suas actuações, intitulada "Mado Robin ao vivo”, que incluía as suas apresentações como Lakmé, Mireille, Rigoletto, Hamlet, O Barbeiro de Sevilha e Lucia di Lammermoor. Faleceu em Paris, no dia 10 de Dezembro de 1960, de cancro no fígado, poucos dias antes da interpretação nº 1500 de Lakmé no Opéra-Comique, evento que tinha sido organizado para comemorar o seu aniversário.
[citação parcial]
Imagem: 'Great Clock of Gormenghast' by Beth Moon, 1999
"A violência desgraçada dos desgraçados é, com frequência, antecedida da violência branca e fria, e legal dos intocáveis." [Fernando Dacosta, Nascido no Estado Novo]
No dia 28 de Dezembro de 1908 nasceu, em Varsóvia, na Polónia, a pianista Felicja Blumental. | ![]() |
Nasceu no seio de uma família musical. O seu pai era violinista. Começou a receber lições de piano aos cinco anos e fez a sua estreia aos dez. Estudou piano e composição no Conservatório Nacional de Varsóvia. Mais tarde teve lições de piano na Suiça com Józef Turczyński, um notável intérprete de Chopin. Em 1938 Felicja Blumental e o seu marido foram para Nice e, depois, para o Brasil, para escapar ao anti-semitismo crescente na Europa. Tornou-se cidadã brasileira e, até ao fim da vida, dedicou especial importância à música e aos compositores do seu país de adopção.
Em 1962 Felicja Blumental foi para Milão e, em 1973, para Londres. O seu repertório era vasto e aventureiro, abrangendo obras desde o barroco português às obras contemporâneas sul americanas. Heitor Villa-Lobos compôs, para ela, o 5º concerto para piano e Krzysztof Penderecki dedicou-lhe a Partita para cravo e orquestra. Pela gravação desta obra ganhou o Grande Prémio do Disco da Academia Francesa Charles Cros, em 1975. Felicja Blumental morreu em Israel, durante uma das suas muitas tournées por aquele país, no dia 31 de Dezembro de 1991.
No dia 27 de Dezembro de 1906 nasceu em Pittsburgh, o pianista, compositor e actor norte-americano Oscar Levant. | ![]() |
Oscar Levant ficou mais conhecido pelos seus programas de televisão e pelo cinema do que pela música, mas o seu talento estendeu-se igualmente a todas essas áreas. Oriundo de família russa de judeus ortodoxos, nasceu em Pittsburgh, Pensilvânia, mas quando tinha 16 anos mudou-se para Nova Iorque com a mãe, após a morte do pai, em 1922.
Em 1928 viajou até Hollywood e a sua carreira deu uma reviravolta.
Em Hollywood conheceu e fez amizade com George Gershwin e durante vinte anos compôs música para mais de duas dezenas de filmes. Entretanto, estudou composição com Arnold Schonberg, que o convidou ser seu assistente, o que Levant recusou por não se achar qualificado. Também Aaron Copland viria a solicitar os seus serviços musicais e a lançá-lo para maior notoriedade na área da música mais séria.
Entre 1958 e 1960 viveu o auge da popularidade. O “Oscar Levant Show”, um programa televisivo de grande audiência, proporcionou-lhe grandes entrevistas (entre as quais a Fred Astaire) e a demonstração do seu talento multifacetado, tocando piano pelo meio de interessantes prelecções. O programa veio a ser proibido, mas Levant levou a grandes audiências o espectáculo do mesmo talento que foi reconhecido às suas interpretações de Tchaikowsky, Anton Rubinstein e Gershwin.
(cliquem na imagem)
"O pessimismo que marcou a nossa história recente" provém de ti e da tua canalha. Quando o nosso realismo se impuser, esse estado de espírito e de corpo que nos tenta corromper será extirpado. O pessimismo que nos injectas não superará as lágrimas dos filhos de Portugal.
No dia 26 de Dezembro de 1831 estreou-se, no Teatro alla Scala, de Milão, a ópera “Norma”, de Vincenzo Bellini. É uma ópera em dois actos, com libreto de Felice Romani, e é considerada o ponto alto da tradição do “bel canto”. | ![]() |
O libreto é baseado na tragédia “Norma, ou o Infanticídio”, do poeta francês Alexandre Soumet. Contém um grande espectro de emoções: conflitos na vida pessoal e pública, romantismo, amor maternal, amizade, ciúme, intenções criminosas e resignação. O papel principal da ópera é, geralmente, considerado como um dos mais difíceis do repertório de soprano. Foi criado para a cantora italiana Giuditta Pasta, que foi também a primeira s interpretar o papel de Amina na ópera “La sonnambula”, do mesmo compositor.
Durante o século XX, somente um pequeno número de cantoras foi capaz de desempenhar o papel de Norma com sucesso: Rosa Ponselle, no início da década dos anos 1920, depois Joan Sutherland e Montserrat Caballé. Maria Callas foi a mais famosa Norma no período pós-guerra. Representou esse papel inúmeras vezes e gravou-o em duas ocasiões.
A acção desenvolve-se na antiga Gália, onde a sacerdotisa Norma é pressionada pelo povo a liderar uma revolução contra os Romanos. Mas Norma tinha-se apaixonado pelo procônsul romano Pollione, do qual teve dois filhos. Por sua vez, Pollione tinha-se apaixonado por Adalgisa, outra sacerdotisa. Quando Norma descobre a sua traição, ameaça matar as crianças. Só a inesperada amizade de Adalgisa faz com que a ameaça não se concretize. O núcleo emocional desta ópera é, exactamente, a relação entre Norma e Adalgisa.
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