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O vazio

por Rogério Costa Pereira, em 20.11.12

O vazio que faz doer a alma. Aquela sensação de que algo não está certo e a quase certeza de que sabemos a razão embora não a possamos admitir. Nem perante nós, menos ainda perante os nossos. Porque isso seria perder a esperança. Perder a vontade de acordar para um novo dia. E como se pode alguém dar a esse lixo? E é a esse “quase”, sublinhado lá em cima, que nos vamos agarrando, esse estar que nos separa de uma certeza que não pode ser. Porque não pode mesmo ser. Porque aquele vislumbre de pano branco de rendição — que parece familiar porque o vimos algures lá por casa — há-de ser, isso sim, a adivinhação de uma toalha deitada ao chão. Toalha de outro enxoval, tirado da arca onde nos prendem as asas. E há-de ser daí que o reconheço. Ao pano que é toalha. À toalha que não é minha. Nem nossa. É deles. E saio lentamente da arca, como quem tecla estas letras, depressa e devagar. Sempre sem saber quem se segue na esquina que se segue, de que lado está aquele. E corro. E páro. E corro de novo. Sempre a olhar em frente. Que para lá é que é o caminho. Dizem. Mais ou menos como escrevo estas letras, feitas palavras, feitas frases, feitas moral. Escrevo assim rápido. E depois páro. Inspiro sem hiperventilar, mas quase, quase. Até àquele ponto onde o coração acelera e os pulmões reclamam do oxigénio a mais. E depois escrevo outra vez. Sempre sem fazer ideia do que me será dito a seguir. Como se um grito mudo que só eu oiço, como agora, agora, agora, agora neste momento em que digo isto. Isto em que nunca pensei e que acabei de escrever e que terei de reler para ver se percebo o que quero dizer. O que me querem dizer. O que querem que diga. Se não páro por aqui, e agora já penso de novo no que escrevo, dou comigo a dizer que foi o outro ou isso que mo ditou ao ouvido. E depois vendo livros e faço sessões espíritas. A verdade é que não é nem parecido. É só ir andando, teclando. Como que para preencher aquele vazio inicial. A primeira palavra deste aglomerado. A única opção consciente. Vazio. O resto foi-se revelando. E falava da esperança de que aquele não fosse o nosso pano e lembrei-me de Pandora e da caixa aberta porque a curiosidade matou um gato mas ela não era um gato. E de como todos os males de mundo se espelharam — não me enganei, é espelharam, mesmo — no rosto de cada mulher e de cada homem. Menos a esperança que ficou lá guardada, na caixa. E imagino a história virada do avesso. Ou não. A história é minha, faço do mito que quiser. Uma esperança encarcerada, que nunca ninguém viu mas em que se acredita. Mas isso seria a esperança na esperança. E acho que isso nem sequer existe. Será antes a esperança da mulher que está de esperanças. Mas até isso nos levam. Cada vez são menos os que estão de esperanças. Cada vezes menos esperanças são dadas ao mundo. Caixas e corpos que se mantêm encerrados. E a pirâmide que se inverte. Como se a chave ou a palavra-mágica se tivesse perdido. Tivesse sido roubada. E passamos a parir velhos. A parir-nos a nós próprios. Até é o povo que diz que não caminhamos para novos. Este era para ser um texto sobre o vazio, lutei para lhe dar a volta a meio e falei da esperança. Do pano que não era nosso. Da toalha deitada ao chão pelos homens maus que nos atentam as esperanças, que nos impedem de estar delas. Não me parece que tenha sido feliz na luta. Era para ser sobre o vazio e foi sobre o vazio. Há que rodar. Amanhã tento de novo. Sobre a esperança.

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publicado às 17:00


Ultraje

por Licínio Nunes, em 20.11.12
Eu ainda digo "israelitas". Ainda não me consigo convencer a mim mesmo a dizer "judeus". Seria bom no entanto que, uns e outros, caso não sejam as mesmas pessoas, compreendessem que o ultraje tem limites; que a vergonha que eles próprios não têm, faz pessoas de bem, em todo o Mundo, corar de vergonha perante a obscenidade absoluta de cenas como as que esta foto documenta. Seria bom que compreendessem como esse ultraje é profundo e que o ponto em que todos dirão apenas "judeus", esse, está cada dia mais próximo.


Até hoje, diria que as cenas da "menina de vermelho", na Lista de Schindler, de Steven Spielberg — única nota de cor num filme a preto e branco — encarnavam a personificação do mal absoluto. Hoje, a menina de vermelho tem companhia. E aqueles soldados de merda podem enrolar-se na estrela de David, que a única coisa que lhes assenta bem é a suástica e o símbolo da caveira; a única diferença real, é que, até este momento, os filhos da puta naqueles carros de combate, ainda não se sentam no banco dos réus duma Nuremberga cada vez mais indispensável. A seu tempo conhecerão a profundidade do ultraje dos seres humanos que eles não são.

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publicado às 00:31

No dia 20 de Novembro de 1894 morreu, em Peterhof, na Rússia, depois de ter sofrido de uma doença do coração durante algum tempo, o pianista, compositor e maestro Anton Rubinstein. Tinha nascido em Vikhvatinets a 28 de Novembro de 1829.

No piano, foi visto como um rival de Liszt, graças ao seu extraordinário virtuosismo. O seu enorme talento não agradava a todos, como quase sempre sucede. Mas têm reconhecimento unânime a sua obra musical e o trabalho que desenvolveu em prol da música.
Nascido numa família judaica, aprendeu a tocar piano muito cedo. Em Berlim, estudou composição e teoria musical com Siegfried Dehn. Depois, foi para Viena, onde ensinou por pouco tempo, antes de voltar à Rússia, em 1848, onde trabalhou como músico da cunhada do Czar.
Rubinstein estabeleceu-se em São Petersburgo e iniciou uma tournée como pianista, em meados de 1850. Crítico do movimento nacionalista russo, cujo rosto mais visível foi o grupo dos Cinco, fundou a Sociedade Musical Russa, em 1859, e o Conservatório de S. Petersburgo (a primeira escola de música na Rússia), em 1862, para "combater o amadorismo desse movimento nacionalista"… Até 1867, foi director e professor do Conservatório, período durante o qual teve Tchaikovsky como aluno.
Durante quase toda a vida, Rubinstein sentiu-se um pouco deslocado. Nascido na República da Moldávia, de pais judeus, Anton Rubinstein cresceu numa família em que se falava judaico, russo e alemão e em que muitos dos membros judeus se converteram ao cristianismo russo. Por isso, quando os músicos da escola nacionalista criticaram asperamente a sua música, escreveu um dia este desabafo: “Os Russos chamam-me alemão, os alemães chamam-me russo, os judeus chamam-me cristão e os cristãos, judeu. Os pianistas chamam-me compositor e os compositores chamam-me pianista. Os clássicos vêem-me como futurista e os futuristas chamam-me reaccionário. Concluo que não sou carne nem peixe – um desgraçado indivíduo.”


Melodia em fá maior, de Anton Rubinstein
Piano: Shura Cherkassky

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publicado às 00:01


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