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Apenas os pequenos segredos precisam de ser ocultados. Os grandes, esses, ficam mais protegidos à vista de todos, tornados invisíveis pela incredulidade geral.

– Marshall McLuhan


A vasta maioria dos leitores recordará, vagamente, a primeira das duas Bertas. A versão oficial, diz-nos que aqueles grandes canhões alemães, da 1ª Guerra Mundial, receberam esse nome em honra da matriarca da família Krupp, Bertha Krupp von Böhlen und Albach. No fim de contas, eram o epítome da industria pesada alemã, e a empresa Krupp era o epítome dessa indústria.

Não devemos nunca, contudo, eliminar o génio humano em qualquer equação que envolva a espécie. Em O Meu Século, Günther Grass conta-nos uma história diferente e em pouco menos de duas páginas de puro génio, conta-nos a História de setenta e cinco anos da Alemanha, até aqueles anos fatídicos de 1914-1918. A Dicke Bertha de Grass era, afinal, a Berta Gorda, mulher dum operário da Fundição Krupp. Não era por mal, todos gostavam da Berta, amiga dos seus amigos, sempre pronta a ajudar. ...Que não se vivia nada mal, lá no bairro operário...". Por vezes, a fuligem da chaminé estragava a roupa, estendida a secar, mas era também nessas ocasiões que a Berta Gorda melhor revelava o seu carácter amistoso.

Então um dia, a Fundição recebeu a encomenda do tubo de aço vazado mais avantajado que já havia sido produzido, e maquinado com um grau de precisão que não deixava dúvidas quanto ao seu propósito. Perante as suas proporções, os operários da Fundição lembraram-se da Berta, assim, anafada; estava criada a alcunha e não era por mal, era por amizade. Era trabalho e assegurava o comer nas mesas, lá no bairro operário.

Depois..., bem, depois, o Ludendorff foi buscar o homem da Berta Gorda, mas quem quiser saber o resto que leia o livro. Günther Grass conta-nos magistralmente, como a coesão social, engendrada pelo Estado Social de Bismarck, produziu as massas disciplinadas que se precipitaram sobre as trincheiras de Verdun.

Ora, vem isto a propósito do mais recente episódio da nossa tragi-comédia colectiva: A Refundação. A vasta maioria dos comentadores interroga-se a respeito da semântica implícita. Foi nestas páginas que a verdade foi desvendada: Passos Coelho sofre de palato bífido; é assim a modos como um anti-texano: é virtualmente incapaz de produzir sons nasalados. O que ele quer mesmo é refoder.

Este é o momento em que as máscaras caiem. A nossa troika caseira atingiu aquele ponto de liberdade extrema em que já não há nada a perder. Exactamente como diria o(a) Bobby McGee. Esquecem-se que os portugueses estão a atingir rapidamente o mesmo ponto de liberdade: as nossas próprias "Bertas Gordas" estão a ficar mais esquálidas, de dia para dia. Algumas ainda acham que andaram a viver acima das suas posses, durante anos. São cada vez menos. Estão cada vez menos coesas.

Existe no entanto um aspecto, em que as nossas Bertas-cada-vez-mais-magras continuam manobráveis e esse tem a ver com aquele efeito de que McLuhan nos falou: como pessoas intrinsecamente sérias que são, continuam a acreditar na sacralidade das dívidas; como pessoas intrinsecamente de bom-senso, continuam a acreditar que a dívida foi criada porque os credores nos emprestaram uma parte do que tinham em caixa, em vez de ter sido criada, literalmente, ex nihilo, literalmente a partir do nada. Como pessoas ingénuas que são, continuam muito preocupadas com os 60 cêntimos que saem dos seus impostos, para pagar a actividade parlamentar que temos — incompleta, limitada, de intensidade mínima, democrática — e ainda não conseguem preocupar-se com os milhares de milhões do serviço da dívida.

Será que alguma vez serão capazes de ver para além daquele muro invisível que colocaram ante os seus olhos? Acho que a História é ambígua a este respeito. Talvez sejam capazes de reagir como Islandeses; o mais provável é que um qualquer "...comam brioches..." mais destrambelhado, leve as nossas Bertas à violência extrema. Esse será o dia em que já não vale a pena perguntar o que há de especial na proverbial palha que quebra as costas do camelo. Não hã nada de especial, é apenas uma em demasia.


Freedom's just another word for nothing left to lose,
Nothing don't mean nothing honey if it ain't free.
And feeling good was easy, Lord, when Bobby sang the blues,
You know feeling good was good enough for me,
Good enough for me and my Bobby McGee

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publicado às 20:17

"Mais uma golpada: Com medo da democracia e das pessoas, com medo dos protestos, PSD e CDS, com a abstenção do PS, impõem a alteração da ordem de trabalhos da Assembleia, antecipando a votação do Orçamento do Estado. Assim, em vez de ocorrer por volta das 16.00h/17.00h, a votação ocorrerá antes das 15.00h."
[via Raquel Freire]
ADENDA: afinal parece que anteciparam a votação para as 14.30. Às tantas até já votaram ontem. Quem tem cu, e sabe que anda às maçãs dos outros, tem medo.

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publicado às 13:52


Até um dia

por n, em 31.10.12

Este é o momento de parar. Até um dia!

 

P.S. - Este "Até um dia" é naturalmente uma opção pessoal, a qual em nada víncula os restantes autores deste espaço de opinião e debate! (adenda inserida às 16h11)

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publicado às 11:58


Insanidade

por Luís Grave Rodrigues, em 31.10.12

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publicado às 00:38


Howard Ferguson – Pianista e compositor irlandês

por António Filipe, em 31.10.12
No dia 31 de Outubro de 1999 morreu, em Cambridge, na Inglaterra, o pianista e compositor irlandês Howard Ferguson. Tinha nascido em Belfast, Irlanda, a 21 de Outubro de 1908. O seu talento musical manifestou-se cedo.

O pianista Harold Samuel ouviu-o, quando tinha 13 anos, e encorajou os pais a deixá-lo viajar até Londres, para ser seu aluno. Estudou na Escola de Westminster e ingressou no Royal College of Music, em 1924, para estudar composição com Ralph Vaughan Williams. Também estudou composição com Malcolm Sargent.
O primeiro sucesso de Ferguson como compositor foi a 1ª sonata para violino. Mas, chegou à conclusão que nunca conseguiria ganhar a vida só como compositor. Dedicou-se, então, à música de câmara, formando um trio de piano, violino e violoncelo, em que ele era o pianista. Este trio seria, mais tarde, ampliado para formar o Ensemble Players. Em 1933 compôs, para este agrupamento, a obra que o tornou famoso: o octeto para 2 violinos, viola, violoncelo, baixo, clarinete, fagote e trompa.
Durante a 2ª guerra mundial, Ferguson ajudou Myra Hess a organizar os populares concertos diários na National Gallery, em Londres, para levantar o moral dos ingleses. Entre 1948 e 1963 foi professor de composição na Royal Academy of Music.
Depois de compor "The Dream of the Rood", em 1958-59, Ferguson abandonou a composição, para se dedicar à musicologia. Afirmou que, nas poucas obras que compôs, tinha dito tudo o que queria dizer. A sua obra publicada inclui unicamente 20 composições.


Sonata nº 2, op. 10, para violino e piano, de Howard Ferguson
Violino: Isaac Stern
Piano: Myra Hess

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publicado às 00:01


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