N.B. — Esta parte é, em boa medida, baseada em Teoria Relativista do Dinheiro. O autor publicou-o, de forma inédita, com base na licença GPL (Gnu Public License Agreement). De acordo com esses termos, qualquer um o pode modificar, traduzir, fazer o que muito bem entende, desde que dê o crédito devido ao original. Apetece-me ironizar, dizendo que Stéphane Laborde sentiu que precisava de auxílio para tornar o assunto compreensível pelo comum dos mortais.
Se dermos 100 euros ao proverbial Bill Gates e outros 100 euros a um proverbial sem-abrigo, criámos uma situação de simetria. Dum ponto de vista social — o mais importante — existe uma assimetria abismal entre aquelas duas condições. Contudo, dum ponto de vista monetário, ambos os montantes representam exactamente a mesma quantidade de bens e serviços, disponíveis numa qualquer sociedade. O dinheiro em si, não tem qualquer valor. É apenas uma promissória válida para os tangíveis e intangíveis que as sociedades produzem. E o dinheiro, todo o sistema monetário no seu conjunto, é suposto ser neutro e é suposto ser simétrico. Não é.
Mesmo para o proverbial Bill Gates, aqueles 100 euros representam 100 menos a taxa de juro associada à dívida que os criaram; para o banqueiro que os criou, representam 100 mais a taxa de juro que ele impôs. O actual sistema monetário foi criado pela Conferência da Jamaica, de 1973, convocada para responder ao "Grande Estrangulamento" imposto no início dessa década por Richard Nixon. Foi o fim do Sistema de Bretton Woods, que, para o bem e para o mal, orientou a notável recuperação do Mundo pós-guerra.
Muito raramente terá a expressão "O canto das sereias" sido tão adequada. Arquitectado por banqueiros, o "Sistema da Jamaica" pretende evitar os incómodos da Democracia, não se pode confiar nos eleitos para conduzirem o processo de criação monetária. Mais do que isso, tal poder tem que lhes ser retirado. Vamos a factos: a França foi um dos primeiros países a transporem o novo estado de coisas para a sua ordem jurídica interna, pela lei Pompidou, de 1973. Estamos a falar dum país muito razoavelmente bem administrado; o total de juros pagos pela República Francesa, desde então até ao presente, é de cerca de 1.5 TeraEuros (triliões, pela "notação latina clássica); o total da dívida pública francesa é de cerca de 1.6 TeraEuros. Será que neste ponto, alguém em seu perfeito juízo ainda tem dificuldades em responder à pergunta "Qual é a origem da dívida pública?". Não creio. E, no entanto, há algo de essencial que não é óbvio.
A economia real é substitutiva. O seu valor total pode aumentar, espera-se que aumente, mas um qualquer bem (ou serviço!) criado, não vai ser adicionado ao total existente. Olhem à vossa volta! Uma nova tonelada de aço produzido, não vai ser adicionada ao total existente. Pelo contrário, terá, em boa medida, sido fabricada a partir de aço previamente existente. E o mesmo pode ser dito dos serviços. O sistema monetário é aditivo. Há quem pense que a incompreensão do mecanismo subjacente seja uma das piores fraquezas do espírito humano. Uma velha história, muito provavelmente apócrifa, ilustra o problema.
Em tempos idos, havia um Imperador da Pérsia que se aborrecia mortalmente. Tudo tinha, e como tudo tinha, já nada desejava. O Grão-Vizir, preocupado com o estado de espírito do soberano, presenteou-o com um novo jogo: um tabuleiro, com 32 casas brancas e 32 casas negras, e 32 peças, metade de cada cor. Tinha sido inventado o xadrez.
O Imperador ficou maravilhado com o novo jogo e disse ao Grão-Vizir "Pede o que quiseres, tudo te será dado". O Grão-Vizir respondeu: "Majestade, eu quero apenas um grão de trigo pelo primeiro quadrado do tabuleiro, depois o dobro pelo segundo quadrado, e assim sucessivamente, até o último". O Imperador riu-se como os seus botões "Pobre tolo! Poderia ter pedido todas as riquezas da Pérsia e todas lhe teriam sido dadas, e contenta-se com uns quantos grãos de trigo". Foi com grande risco pessoal que outros funcionários da corte tiveram que informar o Imperador que o pedido do Grão-Vizir não podia ser atendido. Não havia grãos de trigo que chegassem. Na realidade, não há partículas elementares no Universo suficientes para atingir aquele total.
O Grão-Vizir pagou com a vida por ter colocado o Imperador na posição de ter feito uma promessa que não podia ser cumprida. É sempre um risco enorme tentar ensinar Soberanos incapazes de aprender.
O sistema monetário é aditivo e produz um crescimento exponencial insustentável. Como toda a criação monetária é o produto duma dívida qualquer, o proverbial "poder do dinheiro" deixou de designar a posse da terra, das fábricas, dos meios de produção, em suma, para passar a designar o poder de criar massa monetária e impor as dívidas daí resultantes. O monopólio da violência, pretendido como atributo do Estado-Soberano, deixou de ter como função primordial a protecção da propriedade privada, para passar a impor a sacralidade da dívida e a repressão dos que se lhe opõem.
Somos continuamente bombardeados com a narrativa da inevitabilidade, com a imperiosa necessidade de "respeitar os compromissos", para que ninguém se atreva sequer a murmurar "Islândia". Para que não se saiba que os mesmos que nos ameaçam, batem hoje respeitosamente à porta daqueles orgulhos Vikings, boné na mão, para que eles se dignem a ponderar usar os seus serviços. Não é só o sistema monetário que tem uma natureza aditiva, a mentira também. A revolução deixou de ser uma bandeira, tornou-se inevitável.
No dia 27 de Setembro de 1930 nasceu, em Berlim, o cravista Igor Kipnis. Era filho do baixo russo Alexander Kipnis. Em 1938 foi para os Estados Unidos com a família. Aprendeu a tocar piano com o avô, frequentou a Escola de Música de Westport e obteve a licenciatura na Universidade de Harvard. Estudou cravo com Fernando Valenti e, em 1959, deu o seu primeiro concerto, em Nova Iorque. Em 1993, recebeu o título de doutor honoris causa, da Universidade Wesleyan de Illinois. Kipnis vivia em Redding, Connecticut. Durante cinco anos, foi Presidente e Director Artístico dos Amigos da Música do Condado de Fairfield e serviu, num período de treze anos, como co-director artístico do Connecticut Early Music Festival. Foi maestro e exerceu intensa actividade de professor de música – mas notabilizou-se principalmente como cravista. Embora trabalhasse intensamente também ao piano, deu um importante contributo para reavivar e divulgar a utilização do cravo. O seu último concerto foi um recital de piano, em Outubro de 2001, em S. Francisco. Igor Kipnis morreu de cancro renal, na sua casa, em Redding, no dia 23 de Janeiro de 2002.
Aqueles que tornam a revolta pacífica impossível, tornam a revolução violenta inevitável — John Fitzgerald Kennedy
Bem-vindos ao Admirável Mundo Novo! Durante décadas, os cidadãos deste Continente acordaram pela manhã com a confortável constatação de que o Relógio ainda não tinha parado. Animados por esse conforto, entregavam-se à sua higiene matinal e iam trabalhar, animados pelo pressuposto de estarem a construir um futuro melhor para si próprios e para os seus filhos. No fim de contas, "...Os Russos também amavam os seus próprios filhos".
E então, o Mundo tal como o conhecíamos acabou. Era uma manhã fria e límpida de fim de Outono na Europa Central. Atónitos, vimos o Muro cair. Vimos aqueles carrinhos de opereta, fumarentos, atravessarem as ruínas da vergonha e perderem-se nas vastas avenidas de Berlim Ocidental. Eles tinham avisado: algum tempo antes, os manifestantes de Leipzig tinham deixado de gritar "Nós somos o Povo!", para dizerem apenas "Nos somos UM Povo!". Que se dane a semântica, era a Primavera no Inverno anunciado; o Povo.
O relógio foi atrasado e o Povo regozijou. Distraiu-se. Outro monstro, mais antigo, regurgitava já o seu veneno; mais lento, não menos letal, apenas mais dissimulado. Hoje, muitos europeus acordam com a raiva a queimar-lhes as entranhas. Muitos ainda não percebem porquê, e é irrelevante. Se os Passos, os Gaspares, os Rajoys, as Merkel, fossem capazes de parar, nunca teriam começado. Algures, aquele limiar de que fala a citação inicial foi/está a ser/será ultrapassado.
É próprio do espírito humano procurar refúgio contra a agressão em categorias escatológicas. Basta rever os marcadores deste blog, crise das dívidas soberanas, austeridade, rendas financeiras, neo-liberalismo. Crise. A agressão, essa é mais diária e mais invisível, excepto para os agredidos: as crianças que comem a sua única refeição diária na cantina escolar, os idosos que vêem o Inverno que se aproxima como uma condenação, os desempregados para quem desespero é uma condição diária. Todos estes, mais os que eu me esqueci de mencionar, sabem que a revolta não é como escolher entre cinquenta canais de merda, na televisão por cabo. Todos eles sabem que "...ou eles ou nós..." é uma escolha de sobrevivência que lhes está a ser imposta.
Eles não são capazes de parar e nós não podemos parar. Eles defendem os seus interesses, nós defendemos a nossa própria sobrevivência e a dos nossos. Algures, no futuro que houver, os historiadores irão identificar os momentos-chave em que a violência poderia ter sido evitada. A nós, nenhuma outra alternativa nos resta senão vencer.
Actualmente, um aluno que tenha três "faltas de atraso" - que já são uma invenção totalmente absurda, à quarta falta (leia-se "chegue atrasado à primeira aula da manhã"), não pode entrar na aula e tem a respectiva "falta de presença".
Se alguém me conseguir apontar uma lógica, vantagem, benefício ou incentivo nesta regra (lei?), eu sinceramente agradeço, porque eu só consigo ver total irracionalidade em estar um aluno na escola e não poder ir a uma aula, perder matéria, fazer nada, pelo facto de no decorrer dum ano escolar ter chegado - ainda que ligeiramente - atrasado pela quarta (e/ou oitava, etc.) vez.
Quem é que manda esses malandros quererem ir à escola e estudar e ainda ter a lata de não chegar a horas, num país onde os transportes públicos são um exemplo de eficácia e o trânsito nas cidades nem tem congestionamentos nem há engarrafamentos nos acessos? Motivos para se chegar atrasado uns minutos? Nenhuns. E é coisa grave, gravíssima! Vão mas é trabalhar, malandros.
Hoje é suposto falar-se e escrever-se sobre democracia e a porrada em Madrid, não é? Pois é, mas acontece que houve um acidente na ponte (25 de Abril, não deixa de ser simbólico) e eu tenho um filho que por andar no 7º ano entra às 8h15 (a filha, que anda no 6º entra às 8h25, claro, há uma lógica nisto também, mas escapa-me), não tenho transportes públicos onde moro, tenho como única alternativa ao automóvel deixar o carro na estação de comboios de Coina, apanhar comboio, autocarro e eléctrico, o que faz com que tudo somado saia muito mais caro do que ir de carro e implicasse acordar às 4 da manhã, e que hoje - ele, filho - muito provavelmente vai estar na escola sem poder ir à aula de inglês porque talvez seja a quarta vez que chega às 8h16... e isto chateia-me tanto como ver a bófia a dar porrada nas pessoas que ontem se manifestavam em Madrid, porque era no Nuno Crato que devia estar a arrear umas valentes bastonadas.
No dia 26 de Setembro de 1941 nasceu, em Turim, o violinista e maestro italiano Salvatore Accardo. Ainda com três anos já repetia, em violinos de brinquedo, as canções napolitanas que o pai, violinista amador, executava. Aos quatro anos, recebeu o seu primeiro instrumento e, dois anos depois, começou a estudar com Luigi D'Ambrosio. Violinista célebre, D'Ambrosio, de início, hesitou perante a pouca idade do menino, mas rendeu-se, ao constatar o seu talento. Salvatore revelou-se uma criança prodígio, embora ele mesmo não concorde com isso, alegando que sempre estudou muito. De D'Ambrosio, que seria seu professor desde os seis até aos 23 anos, quando morreu, ouviu uma advertência que nunca esqueceu: "Se deixar o violino por um dia, ele deixar-te-á por uma semana; se o deixar uma semana, ele deixar-te-á por um mês". Além das aulas com D'Ambrosio, Salvatore Accardo também estudou na Academia Chigiana de Siena. Venceu concursos internacionais em Vercelli, em 1955 e em Génova, em 1956. Em 1958, ganhou o Prémio Primavera, da Rádio Italiana e o Concurso Internacional Paganini de Violino, também em Génova. A carreira de Accardo como músico profissional iniciou-se muito cedo, aos treze anos, quando deu o primeiro concerto. Depois disso sucederam-se digressões pela Europa e pelas Américas, que o transformaram num dos violinistas mais conhecidos e admirados da sua geração. Faz anualmente uma média de cem apresentações e vive em Roma, onde, nas horas vagas, joga futebol, outra das suas paixões. Mas, lembrando-se da advertência do seu antigo professor, toca violino durante quatro a seis horas por dia. Intérprete instintivo, com uma técnica ágil e brilhante, Accardo é um músico completo, cujo repertório se estende de Vivaldi e Bach, aos compositores contemporâneos. Interessado em música de câmara, Accardo participa na organização da Semana Musical que anualmente se realiza em Nápoles e também se apresenta como maestro da Orquestra de Câmara Italiana. Além disso, é professor na Academia Chigiana.
Rondo “La Campanella”, do Concerto nº 2, para violino, de Paganini Violino: Salvatore Accardo
"Sabíamos desde o princípio: era tudo ou nada. As probabilidades estavam contra, mas havia uma certa atracção naquela convicção vítrea de Gaspar. Mas a passarola não voou. Não é justo, mas não voou. As contas públicas descontrolaram-se. O Governo age desvairado. E a troika esconde-se atrás da sua própria desilusão.
Vítor Gaspar é o elo de credibilidade do Governo com a troika. Já não o é com o eleitorado. Não pode queixar-se: mesmo protestando, o país foi suportando a austeridade. Houve um acto de fé generalizado, cheio de dúvidas e reservas, mas com o endosso da confiança. Até que a medida da TSU rompeu o lacre; até que a execução orçamental veio provar a desdita. Mesmo aqui, neste espaço, deu-se largamente o benefício da dúvida. Em Fevereiro, aqui escrevemos sobre essa credulidade ingénua, em "As verdades que nunca nos dirão". Hoje enunciamo-las: o crescimento, o número de anos e a sustentabilidade da dívida.
A credibilidade da política da austeridade deixou de ser uma divergência ideológica, é hoje um problema matemático. Não está a resultar. Como se confia em quem estimava um crescimento de receitas do IVA de 11,6% quando ele afinal cai 2,2%? Que credibilidade técnica tem quem em Março anunciava um aumento dos encargos com subsídio do desemprego de 3,8% quando eles em Agosto crescem quase 23%? Como se confiará nas previsões para 2013 depois do fracasso em 2012?
A troika devia olhar olhos nos olhos dos portugueses e responder a três perguntas: acredita mesmo que, com mais austeridade generalizada, a economia vai começar a crescer no segundo trimestre do próximo ano? Acredita mesmo que Portugal vai conseguir a redução brutal do défice em cada um dos próximos dois anos depois de ter falhado o deste ano? Acredita mesmo que Portugal conseguirá pagar a sua dívida pública já superior aos fatídicos 120% do PIB?
São perguntas simples, mas entristecidas. As contas não quadram. Não batem. Assim não vamos lá.
Comecemos pelo défice: este ano, os portugueses fizeram um esforço brutal, suportaram austeridade como nunca imaginaram e ajustaram-se mais do que o Governo desejou, consumindo menos e exportando mais, o que ajudou as contas externas. Mesmo assim, depois de tudo, o défice orçamental (sem receitas extraordinárias) só se reduzirá em dois pontos percentuais em vez dos 3,5 pontos percentuais previstos. E isso se o último quadrimestre não piorar o cenário, coisa que a desastrosa comunicação do Governo com a TSU pode ter estragado, antecipando comportamentos recessivos. Pois mesmo assim chegaremos a um défice de pelo menos 6,1 a 6,2%, o que com receitas extraordinárias (sempre, sempre elas) baixará para 5%. Reduzir de 6,2% para 4,5% em 2013 e 2,5% em 2014? Como? Ou as reformas estruturais estavam todas certas, as empresas desatam a exportar e a economia cresce, ou teremos de manter todas as medidas de austeridade e encontrar mais dois pontos percentuais por ano de novas medidas. Alguém acredita?
Vamos à dívida. 120% é o nível de alerta vermelho, além do qual o BCE considera a dívida insustentável, isto é, que não pode ser paga. Ora, a previsão para Portugal saltou para os 124% do PIB, valor que ainda não inclui todas as empresas públicas e PPP falidas que venham a ser devolvidas ao Estado (há cinco nessa iminência). Será mesmo possível pagar essa dívida?
Estas perguntas são para a troika. Ao Governo o que se pede é que tome um banho gelado e volte a encaixar a cabeça. Porque o que está a demonstrar já não é falta de capacidade política, é pânico. O recuo na TSU foi uma vitória da sociedade civil sobre um Governo que se julgava ungido por ela, mas mostrou capacidade de recuo. Agora é preciso andar para a frente, não em círculos. O anúncio, ontem, de mais impostos foi vago e ambíguo. O IRS subirá através dos escalões (pelo menos quatro pontos percentuais a cada português) ou haverá um imposto extraordinário? De quanto? E os funcionários públicos, o que lhes acontece? E os pensionistas? E a despesa, senhores, a despesa do Estado? Semear incerteza revela mais que amadorismo, revela insegurança, revela falta de estratégia, revela incapacidade para liderar um povo que se desfaz em contas.
(...)
Não parece ser crível que 2012 seja o pior ano da crise. O pior está para vir. O Governo andou a dizer-nos que estava tudo bem, mas está tudo mal. (...)"
(Pedro Santos Guerreiro; "As verdades que agora nos dirão". Na íntegra: aqui.)
E ainda que mal pergunte, pergunto eu: será avisado permitir que a governação do país continue entregue nas mãos de um "Governo desvairado"?
Sempre tive problemas com a memória. Nunca consegui decorar nada sem um esforço sobre-humano. Por outro lado, nunca esqueci nada que tenha compreendido. Uma vez percebido o mecanismo, nunca mais o esqueço. Este pequeno texto serve para desmontar a mais porca mentira, dita pelos mais porcos deste miserável País. A mentira é esta:
--- É saudável que muitas empresas vão à falência, porque isso retira de cena os menos competitivos e deixa espaço aos mais capazes.
Recordo-me de ouvir e ver estas palavras saírem a par de inúmeros gafanhotos da boca de um porco, que na altura era uma sumidade ministerial.
Depois de lançada a alarvidade para justificar a miséria causada pela perda de competitividade oriunda das privatizações energéticas e de outros crimes lesa-pátria, muitos foram os que a repetiram.
E aumentaram impostos, e as empresas faliram E era bom! E liberalizaram os combustíveis e as empresas faliram ainda mais. Era bom! E aumentaram ainda mais os impostos… Faliram? Que bom que é!!! E veio a tanga do Durão! E elas faliram!!! Espectáculo! E depois o rigor e os PECs do Sócrates! Faliram mais? Óptimo! E agora a austeridade troikiana do Passos. E vai falir o resto! Maravilha!!!
É MENTIRA!
Quem faliu primeiro foram os honestos. Os que não esfolavam os clientes. Os que pagavam os impostos todos. Os que não tinham contratos de renda garantida. Os que não lavavam as mãos dos políticos com tachos e panelas. Foram ficando os que fugiam, os que não pagavam impostos, os que estavam em monopólio, etc. E agora que faliram entre 40 e 60 mil empresas por ano durante 15 anos, quem vai pagar impostos???
Não é preciso impostos. É preciso expropriar o fanhoso mentiroso que inventou a mentira. É preciso ir buscar o saque. É preciso responsabilizar quem fez isto. Quantificar o saque e ir buscar à propriedade privada dos ladrões. Porque o dinheiro e os bens estão cá!!! Porque Portugal é um paraíso para lavar dinheiro! Para ter mansões, palácios e para passear os Bentleys.
Gostava que tudo isto fosse uma tabuada para esquecer. Mas não é. É demasiado fácil de perceber e impossível de esquecer.
No dia 25 de Setembro de 1932 nasceu, em Toronto, o pianista Glenn Gould. Nasceu com o nome de Glenn Herbert Gold, mas este último apelido de família foi mudado logo após o nascimento: a família, que era protestante, receou que o apelido suscitasse a confusão de que ele fosse judeu – e o Canadá vivia então uma intolerante onda de anti-semitismo. Gold passou a ser Gould. À parte isso, as referências de família eram, musicalmente falando, as melhores: a mãe era sobrinha-neta de Edvard Grieg – e, por questão genética ou não, uma razoável pianista. Foi ela que ensinou as primeiras notas ao filho e o levou até ao Conservatório quando ele tinha apenas 10 anos. Soube-se que desde a infância Glenn Gould padecia de uma forma ténue de autismo – o que explica algumas das excentricidades que se lhe conheceram como músico, muito mais do que aquela pequena cadeira em que se sentou ao piano a vida inteira e o trautear da voz que sempre acompanhava as notas tocadas no piano… Talvez essa tenha sido a razão de tão pouca gente ter tido o privilégio de ver Glenn Gould em concerto. A partir de 1964 dedicou-se a gravar em estúdio e em televisão, praticamente em exclusividade (só uma por outra vez, em ocasiões especiais, deu concertos em público). Mesmo assim, teve actividade intensa em estúdio, na televisão, na escrita, em documentários e na composição (embora a sua obra de compositor seja limitada). Morreu no dia 4 de Outubro de 1982, em Toronto, com apenas 50 anos. Ficou como uma lenda da música do séc.XX, especialmente pelas suas gravações de Johann Sebastian Bach.
*Texto de António Leal Salvado
2º e 3º andamentos do Concerto nº 5, para piano e orquestra, de Johann Sebastian Bach Piano: Glenn Gould Orquestra de Vancouver Maestro: Nicholas Goldschmidt
Tapem o buraco da toca, com o coelho e demais roedores lá dentro. Depois, face à manifesta evidência de que não é diminuindo salários e aumentando impostos que se aumenta a receita fiscal, façam o contrário. Aumentem os salários (ou reponham-nos) e baixem os impostos. Ponham dinheiro no bolso do povo. O consumo aumenta e a receita fiscal vai atrás. Isto é demasiado óbvio para ser dito, mais ainda para ser explicado. Só num país refém de uma "matilha" de roedores a soldo de quem quer destruir a economia se entende a dolosa estupidez da actual política. Aumentando a austeridade, a receita fiscal diminui. Porque "não há dinheiro", sim. Mas no bolso de quem consome e por essa via (se o tivesse) poderia estimular a economia (com o consequente aumento da receita fiscal). E, pasmem, até o emprego aumentaria. Naturalmente. Doutra forma, não há pão para ninguém, nem para o povo nem para o fisco. Só mesmo para os psicopatas que fazem que nos governam e para quem os manipula. Como não acredito que esta matilha de roedores não saiba isto, só posso concluir uma coisa. O crime (é de um crime que se trata) de destruição da economia nacional é premeditado. Não há aqui negligência. Tudo isto foi pensado e orquestrado para no fim alguém assumir e dar nota do óbvio. "Acabou-se Portugal, Deutschland über alles". Elementar!, com Goldman boys qb à mistura (que fazem de conta que não gostam dos boches e vice-versa) e com muitos especuladores a encherem o bandulho, eis o IV Reich a passar Vilar Formoso. Teoria da conspiração? Olhem à volta, vejam o país moribundo e continuem a falar em teorias. Mas preparem-se para no final, no dia D ao contrário, ouvir algo como: "bem, agora que não resta nada, vamos ter de ser nós a pegar nisto".
Tudo isto é evitável, desde que não comecemos já a ensaiar o Heil e usemos o bem mais fecundo bardamerda. E, claro, tapemos a porra da toca e façamos o óbvio. Ainda vamos a tempo!
As declarações dos parceiros sociais à saída da reunião com o governo em sede de Concertação Social, não deixam dúvidas de que, depois do clamoroso falhanço, apesar dos pesados sacrifícios impostos à população, em alcançar as metas do défice e a consolidação das contas públicas nos termos acordados, a pouca confiança que já depositavam em Passos Coelho se esvaiu por completo após o anúncio desastrado das novas medidas que o seu governo pretendia levar a cabo para remediar o descalabro, medidas que, para além de serem portadoras de mais iniquidade, revelaram nem sequer terem sido objecto de um estudo que avaliasse as suas consequências.
Os parceiros sociais passaram a ver em Passos Coelho e no seu ministro Gaspar dois irresponsáveis amadores que, quais loucos, se atrevem a tomar medidas em cima do joelho. Não será, pois, fácil, fazerem passar as medidas alternativas que o governo venha a querer impor. Uma vez perdida a confiança, ela não volta assim tão depressa. E ainda menos depressa regressará, se é que há hipótese de regressar, a confiança, a compreensão e o respeito por parte da generalidade da população.
Coelho e o seu governo, minado até no seu interior pela fragilidade da coligação que o sustenta, julga que ainda mexe, mas está morto.
Cavaco, cúmplice e co-responsável pela formação deste governo, recusa-se, por ora, a passar a certidão de óbito, mas com o agravamento (inevitável) da situação e face à contestação popular que, uma vez perdida a confiança e o respeito, não vai abrandar, mais tarde ou mais cedo, ver-se-á forçado a confirmar o óbito.
O diabo que entenda o que o homem disse (se nem este sabe). Ainda assim parece que... Devolução de parte dos subsídios aos trabalhadores do sector público que, dá daqui tira d'acolá, vão pagar o mesmo pela via do enorme "privilégio" que vai ser dado ao IRS. Privilégio na óptica do ladrão, entenda-se. Quanto aos privados: muda-se o nome mas vão pagar o mesmo ou mais por outraS viaS (IRS e "corte fiscal" de subsídios). Em suma, na toca tudo na mesma. Mais austeridade, desincentivos ao consumo e ao emprego. Terra queimada, portanto.
Jovens licenciados não encontram emprego em Portugal e ponderam emigrar, a taxa de desemprego em Portugal fixou-se nos 16%, com tendência para aumentar, 45% dos jovens em Portugal estão desempregados.
É caso para perguntar ao senhor ministro Miguel Macedo, se são estas as cigarras a que se refere. Infelizmente esta gente mostra que não percebeu nada do que passou no passado dia 15 de Setembro, não aprende nem a martelo, está a precisar de levar com um enxame de formigas brancas a ver se desampara a loja.
No dia 24 de Setembro de 1909 esreou-se, no Teatro Solodovnikov, em Moscovo, a ópera "O Galo de Ouro", do compositor russo Rimsky-Korsakov. É uma ópera em 3 actos, com libreto de Vladimir Belsky, baseado num poema de 1834, de Alexander Pushkin. A ópera foi completada em 1907, mas só foi estreada, em 1909, já depois da morte do compositor. Fora da Rússia é muitas vezes interpretada em francês, com o título "Le coq d’or". A ária "Hino ao Sol", aqui interpretada por Beverly Sills, é, talvez, a mais conhecida.
Ária “Hino ao sol”, da ópera “O Galo de Ouro”, de Rimsky-Korsakov
Muito mau sinal quando as exportações crescem por tal motivo, ou seja, porque também se vão embora os anéis. O pior, porém, é que, com os anéis, também se exporta a esperança, não havendo, em relação a esta, nem retorno, nem contrapartida.