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O poder nasce no cano duma espingarda.
– Mao Tse Tung
O dinheiro fala...
– Provérbio anónimo americano
Conhecimento é poder.
– Roger Bacon
Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer. Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres. E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámonos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos
Juan José Millas (escritor espanhol)
michael nyman - the heart asks pleasure first (the piano 1993)
Conhecemos-nos no negócio. O dele, claro.
Wennes tinha 24 anos, a idade precisamente a meio entre as dos meus dois filhos mais velhos. Vendia cigarros, pastilhas e 'balas'. A mim, interessavam-me apenas cigarros, por causa daquela particularidade mórbida das fotografias desencorajadoras do vício, estampadas em grande no maço. Mas não me faltou nem um só dia - nem eu passei um único encontro sem lhe fazer uma compra com cláusula de entrega ao domicílio: comprava-lhe as 'balas' que logo em simultâneo lhe confiava para que ele as levasse ao garoto que me tinha dado a conhecer. É que em casa de Wennes havia um menino especial; tinha, para além de uma menina e um outro rapaz, um filho doente - que conheci pelo relato do infeliz parto de que resultou ter ficado "meio besta", no dizer do pai (carinhoso, emocionadamente carinhoso, ainda assim). E como se chamava o menino? Wennes explicou, com cuidado pormenor.
Gente pobre estava habituada a conformar-se com o que viesse. No hospital público, nem a classificação de parto de risco contrariava essa baixa expectativa: parto difícil era mesmo para esperar tudo - seria o que tivesse de ser. A amedrontada mulher contava com o conforto habitual, a Senhora da Boa Hora ou uma outra qualquer Senhora, já que a pobre parturiente não invocava instintivamente uma protectora predilecta.
O médico, atencioso e a transpirar bonomia, falou-lhe da Senhora de Fátima. Era português, está visto. O tempo de administração do soro foi asado a deleitar a mulher com a devoção dos crentes da Virgem dos pastorinhos. Se nascesse menina, havia de chamar-se Fátima - Maria de Fátima, para seguir à risca o guião do bondoso doutor.
Mas foi um rapagão que nasceu na hora afinal breve e afortunada. Havia de ter o nome do doutor que tanta esperança e tão boa sorte tinha trazido àquele transe que à partida se afigurara problemático.
Ao oitavo dia, quando acabou de arrumar as poucas roupas que a acompanharam ao hospital e fez as gratas despedidas do pessoal da enfermagem, não lhe souberam dizer logo como se chamava o doutor. Pois se ela não explicava direito quem tinha sido o parteiro! Durante aquela semana, o menino ganhara o 'nome' de Português - mas era evidente que semelhante nome não era nome de verdade, ainda para mais para uma criança com tão bem-aventurada personalidade, tal era já a aura daquela criatura de cheias bochechas, cores a vender saúde e sossegadas e longas noites.
Português era, afinal, a chave: o médico que ninguém sabia identificar pelas pistas vagas que ela sugeria (era o doutor "bonito e bom"...) não era nem mais nem menos que o médico português, o único clínico de lusa origem. "O Enes!" - exclamou o internista de serviço, com o espanto de ser tão rotunda falha o tempo que tinham perdido em busca da identidade da misteriosa e importante personagem.
"O Enes!". Abençoado grito que o doutor, o colega, tinha atirado à falta de perspicácia daquele pessoal distraído. "O Enes", inspirador benemérito daquele primeiro grito de viver, insistiu-se em sussurros no ouvido da feliz mãe, na corrida imediata e breve até ao registo civil. Wennes - ficou a chamar-se a criança. O dócil e bom amigo que 24 anos depois eu ganhei na praia.
Não percebi logo porque me contou a origem do seu próprio nome para me dizer como se chamava o filho - o menino a quem eu mandava diariamente os rebuçados. Fez-se-me luz quando, logo de seguida, Wennes me disse os nomes dos seus três meninos: Wemerson, Wanderson e Maria de Fátima.
Porquê pá?
Wennes recuou assim uma geração para me dizer, explicadinhos, os nomes dos filhos. Era homem dado às elucubrações gramaticais, pronto. Compreendi melhor, por isso, a curiosidade que me disparou logo que o fio da conversa lho permitiu:
- Vocês, os portugueses falam tanta vez o 'pá'...!
Dei-lhe a explicação que tenho para mim: 'pá' será porventura a abreviatura de 'rapaz'; nós teremos começado por dizer "anda cá, rapaz" ou "cuidado, rapaz" - e o tempo se terá encarregado de mostrar a facilidade de "anda cá, pá" e "cuidado, pá".
- Ah! Nós aqui no Brasil diz "cuidado cara!".
Nessa tarde despediu-se com um sonoro "até amanhã, pá". Eu tive o cuidado de retribuir adequadamente: "até mais ver, pá"!
No dia seguinte Wennes foi breve de conversa. Explicou que tinha um negócio a tratar com dois 'pás' seus amigos - e partiu quase de seguida, justificando que estava um 'pá' à espera dele.
Ainda hoje, a dez anos de lembranças, não sei qual de nós dois enriqueceu mais o seu conhecimento da língua mátria.
No dia 30 de Agosto de 1585 morreu Andrea Gabrieli, compositor e organista italiano, do período da alta renascença.
Poucos detalhes são conhecidos sobre os primeiros anos da sua vida. Provavelmente, nasceu em Veneza, na paróquia de S. Geremia e passou os primeiros anos da década de 1550, em Verona. Entre 1555 e 1557 foi organista em Cannaregio. Em 1562 foi para a Alemanha, onde visitou Frankfurt am Main e Munique. Durante essa estadia encontrou e tornou-se amigo de Orlando de Lassos, um dos compositores mais famosos da Renascença. Esta relação musical foi benéfica para ambos os compositores. Em 1566, Andrea Gabrieli foi escolhido para o posto de organista da igreja de S. Marcos, um dos mais prestigiados cargos musicais no norte de Itália.
Os seus deveres em S. Marcos também incluíam composição, escrevendo música para cerimónias oficias, algumas das quais com grande interesse histórico. Nos últimos anos de vida foi professor de alguns músicos importantes, entre os quais, o seu sobrinho Giovanni Gabrieli, que veio a ser mais popular do que o próprio Andrea. As circunstâncias e data da morte de Andrea Gabrieli, só foram conhecidas em 1980, quando o registo foi encontrado. Com data de 30 de Agosto de 1585, inclui uma nota onde se lê que “tinha cerca de 52 anos”.
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