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(imagem gentilmente cedida pela “Fundação Inês Meneses”)


Acordou sem razão aparente. O coração palpitava, como se lhe fosse saltar pela boca. Tentou respirar fundo, mas não conseguiu. Levantou-se. Vou molhar a cara, a ver se me acalmo. Caiu da cama. Sentia-se cego, pelo que teve de recorrer a outros sentidos para se percepcionar. Algo estranho se passava. Não tinha bracinhos, não tinha perninhas, disso tinha a certeza. Sobejava-lhe boca, porém. E apetecia-lhe escrever. Mas coisas de merceeiro de drogaria. 2 pacotes de açúcar, 3 quilos de farinha, 4 pilhas, das alcalinas, que duram mais. 150$50. E escreveu, rapidamente, como se com dez fura-bolos. Naquele papel pardo que alguém ali tinha colocado. Sentiu-se aliviado. Mas nova ansiedade se seguiu. Uma espécie de medo. Vou mas é lavar a cara. Chegou ao lavatório e sentiu que não tinha caminhado, antes se arrastado pelo chão, que ficou todo riscado - como se por minas de lápis. Olhou como pôde para o espelho que o encimava - os olhos continuavam a não responder. Não tinha cara. Staedtler. Staedtler. Staedtler. Amarelo e preto. Staedtler amarelo e preto. “Viu-se” como um lápis. Centenas deles, em rigor. Teve medo. Muito medo. Não por ter adormecido homem e acordado espécie ignota de agregado de lápis baratos. Era pelo seu aspecto de lampreia, que agora vislumbrava pelo olho pineal que aprendia a usar. E temeu a Inês. A receitinha minhota do arroz de Lampreia da Inês. Não aguentou, aquilo era demais.


Afiou-se todo. Staedtler por Staedtler. A vergonha que a Inês sentiria diante dos seus convidados fê-lo sorrir.


Arroz de lampreia, amiga? Fica-te mas é com as aparas.


Afiei-me até ao tutano, mas afiei-me feliz.

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publicado às 18:47


(imagem gentilmente cedida pela "Fundação Inês Meneses")


Acordou sem razão aparente. O coração palpitava, como se lhe fosse saltar pela boca. Tentou respirar fundo, mas não conseguiu. Levantou-se. Vou molhar a cara, a ver se me acalmo. Caiu da cama. Sentia-se cego, pelo que teve de recorrer a outros sentidos para se percepcionar. Algo estranho se passava. Não tinha bracinhos, não tinha perninhas, disso tinha a certeza. Sobejava-lhe boca, porém. E apetecia-lhe escrever. Mas coisas de merceeiro de drogaria. 2 pacotes de açúcar, 3 quilos de farinha, 4 pilhas, das alcalinas, que duram mais. 150$50. E escreveu, rapidamente, como se com dez fura-bolos. Naquele papel pardo que alguém ali tinha colocado. Sentiu-se aliviado. Mas nova ansiedade se seguiu. Uma espécie de medo. Vou mas é lavar a cara. Chegou ao lavatório e sentiu que não tinha caminhado, antes se arrastado pelo chão, que ficou todo riscado - como se por minas de lápis. Olhou como pôde para o espelho que o encimava - os olhos continuavam a não responder. Não tinha cara. Staedtler. Staedtler. Staedtler. Amarelo e preto. Staedtler amarelo e preto. "Viu-se" como um lápis. Centenas deles, em rigor. Teve medo. Muito medo. Não por ter adormecido homem e acordado espécie ignota de agregado de lápis baratos. Era pelo seu aspecto de lampreia, que agora vislumbrava pelo olho pineal que aprendia a usar. E temeu a Inês. A receitinha minhota do arroz de Lampreia da Inês. Não aguentou, aquilo era demais.

Afiou-se todo. Staedtler por Staedtler. A vergonha que a Inês sentiria diante dos seus convidados fê-lo sorrir.

Arroz de lampreia, amiga? Fica-te mas é com as aparas.

Afiei-me até ao tutano, mas afiei-me feliz.

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publicado às 00:43


Onda estacionária

por Rogério Costa Pereira, em 14.08.08

À semelhança da Fernanda e do Filipe, que ora se vêm especializado em posts unitemáticos, respectivamente, sobre danos colaterais e João Miranda* (ninguém os pode acusar de reducionismo ambicioso), vou encetar uma série sobre a lampreia. São doze, os posts, dos quais, à laia de teaser, adianto os respectivos títulos:


- Lampreia: peixe ou felino?;

- A língua raspadora da Lampreia e o artigo 6º do Código Civil;

- Lampreia, quo vadis?;

- Petromyzontida ou Cephalaspidomorphi?;

- A minha Lampreia é maior que a tua;

- A importância da Lampreia no cinema polaco;

- Minha Lampreia, meu tesouro (versão alternativa de Benjamim Spock);

- De olho pineal em ti;

- A câmara branquial das Lampreias: feitio ou defeito?;

- A Lampreia e o domínio do mundo: do auge do Carbonífero ao declínio do Devoniano;

- Há boa Lampreia onde o Douro abocanha o Sousa;

- A utilização da Lampreia, como arma branca, em assaltos a agências do BES.

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publicado às 18:42


Onda estacionária

por Rogério Costa Pereira, em 14.08.08
À semelhança da Fernanda e do Filipe, que ora se vêm especializado em posts unitemáticos, respectivamente, sobre danos colaterais e João Miranda* (ninguém os pode acusar de reducionismo ambicioso), vou encetar uma série sobre a lampreia. São doze, os posts, dos quais, à laia de teaser, adianto os respectivos títulos:

- Lampreia: peixe ou felino?;
- A língua raspadora da Lampreia e o artigo 6º do Código Civil;
- Lampreia, quo vadis?;
- Petromyzontida ou Cephalaspidomorphi?;
- A minha Lampreia é maior que a tua;
- A importância da Lampreia no cinema polaco;
- Minha Lampreia, meu tesouro (versão alternativa de Benjamim Spock);
- De olho pineal em ti;
- A câmara branquial das Lampreias: feitio ou defeito?;
- A Lampreia e o domínio do mundo: do auge do Carbonífero ao declínio do Devoniano;
- Há boa Lampreia onde o Douro abocanha o Sousa;
- A utilização da Lampreia, como arma branca, em assaltos a agências do BES.

* E do Luis, ora especialista em prequelas (vide supra).

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publicado às 00:09


Danos colaterais - a prequela

por Rogério Costa Pereira, em 13.08.08
1 Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?
2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,
3 Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.
4 Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
6 E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
7 Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

8 E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.
9 E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
10 E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.
11 E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?
12 Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.
13 E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
14 Então o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.
15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.
19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.
20 E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes.
21 E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.
22 Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,
23 O SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.
24 E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.

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publicado às 23:21


Danos colaterais - a prequela

por Rogério Costa Pereira, em 13.08.08

1 Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?

2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,

3 Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.

4 Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.

5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

6 E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.

7 Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

8 E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.

9 E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?

10 E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.

11 E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?

12 Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.

13 E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.

14 Então o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.

15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.

17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.

18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.

19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.

20 E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes.

21 E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.

22 Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,

23 O SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.

24 E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.

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publicado às 18:40

Este blogue, tal como o arrastão, tem os comentários moderados, o que quer dizer que só são publicados os que os respectivos moderadores deixam - passe uma falha ou outra, imputáveis à pressa, à carga pejorativa que a acção censória ainda tem e, no caso do 5 Dias, também, ao facto sermos mais que as mães.


Sucede que, um dos moderadores desse imenso blogue colectivo que é o arrastão, fez questão de deixar publicar (ou, no mínimo, de não censurar) estes dois comentários, dum(a) senhor(a) que assinou “Zazie” (e são daqueles que não passam por engano, não se encaixam em nenhum dos 3 desleixos supra citados - vide, a título ilustrativo, a alarvidade que intitula este post).


O(A) dito(a) Zazie, que anda nisto há um par de anos (muitos pares, em rigor), e até me conhece o ofício, já tem idade para ter juízo, e, azar dos azares, o mesmo par de anos, para sua infelicidade, fá-lo(a) conhecido (a)em juízo (no meu, pelo menos).


Ontem, houve por aqui muita gente a ferver em pouca água, mas os comentários do(a) Zazie, no Arrastão, extravasaram o aceitável.

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publicado às 18:36

Este blogue, tal como o arrastão, tem os comentários moderados, o que quer dizer que só são publicados os que os respectivos moderadores deixam - passe uma falha ou outra, imputáveis à pressa, à carga pejorativa que a acção censória ainda tem e, no caso do 5 Dias, também, ao facto sermos mais que as mães.

Sucede que, um dos moderadores desse imenso blogue colectivo que é o arrastão, fez questão de deixar publicar (ou, no mínimo, de não censurar) estes dois comentários, dum(a) senhor(a) que assinou "Zazie" (e são daqueles que não passam por engano, não se encaixam em nenhum dos 3 desleixos supra citados - vide, a título ilustrativo, a alarvidade que intitula este post).

O(A) dito(a) Zazie, que anda nisto há um par de anos (muitos pares, em rigor), e até me conhece o ofício, já tem idade para ter juízo, e, azar dos azares, o mesmo par de anos, para sua infelicidade, fá-lo(a) conhecido (a)em juízo (no meu, pelo menos).

Ontem, houve por aqui muita gente a ferver em pouca água, mas os comentários do(a) Zazie, no Arrastão, extravasaram o aceitável.

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publicado às 01:59


Hoje vou adormecer assim

por Rogério Costa Pereira, em 11.08.08


 


A expressão Danos Colaterais, utilizada como foi, parece fazer comichão a muita gente. A verdade é que, a partir do momento em que a situação foi levada, pelos sequestradores, ao ponto a que pudemos observar, reafirmo, “ali só havia dois que careciam de ser salvos - aqueles que não se tinham lembrado de tomar reféns e de lhes apontar armas à cabeça. O resto nem danos colaterais são.”


Mas isto já estava dito no post do Detritus. Leiam-no sem ser de esguelha.


PS - Hoje é um dia incaracterístico, em que se assiste à promessa de fusão entre o Blasfémias e o Arrastão. A paz esteja convosco.

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publicado às 18:31


Hoje vou adormecer assim

por Rogério Costa Pereira, em 11.08.08


A expressão Danos Colaterais, utilizada como foi, parece fazer comichão a muita gente. A verdade é que, a partir do momento em que a situação foi levada, pelos sequestradores, ao ponto a que pudemos observar, reafirmo, “ali só havia dois que careciam de ser salvos - aqueles que não se tinham lembrado de tomar reféns e de lhes apontar armas à cabeça. O resto nem danos colaterais são.”

Mas isto já estava dito no post do Detritus. Leiam-no sem ser de esguelha.

PS - Hoje é um dia incaracterístico, em que se assiste à promessa de fusão entre o Blasfémias e o Arrastão. A paz esteja convosco.

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publicado às 00:53


Isto não é o Barnabé

por Rogério Costa Pereira, em 10.08.08

O Sr. Oliveira, o da cabecita à direita na foto, resolveu dedicar-me um post, ao melhor estilo do populismo moderno das extremas donde provém (semelhante, de resto, ao dos da outra extrema - falo do PP, não se abespinhem), onde, no seu habitual estilo circense, para além de me chamar "cowboy de sofá", volta a mostrar-se preocupado com a minha presença no 5 Dias (deve pensar que isto é o Barnabé e que ele ainda o integra). Sobre o assunto BES, e tendo em conta o que realmente aconteceu e não o que podia ter acontecido, já disse o que pensava e reitero cada palavra. Das que proferi e de acordo com o entendimento que lhes dei, que o do Sr. Oliveira fica para ele. E dou aqui por encerrado o assunto. Aqui terminam os 15 minutos que, um dia ou outro, acabo por dedicar a todos os Srs. Oliveira deste mundo. Agora, meu caro, regresse lá ao seu cantinho, onde o pensamento exteriorizado se quer uníssono.

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publicado às 20:13


A vida no BES

por Rogério Costa Pereira, em 10.08.08

Mesmo que tenham sido os negociadores, ainda que imbuídos de uma, por aí insinuada, má fé negocial, a conduzir os sequestradores ao local onde um pôde ser facilmente abatido (a verdade é que só aqueles puderam avaliar, no local e ao segundo, a eventual necessidade de recorrer a esse alegado estratagema), continuo a achar que o resultado da operação de resgate não podia ter sido mais positivo. Neste caso, em bom rigor, considero perfeitamente despiciendo o resultado, vida-ou-morte, no que tange aos ditos sequestradores. O que realmente interessava era salvar os reféns. E isso foi conseguido. Tudo o resto são sentenças ditadas do alto de torres de marfim por treinadores de bancada. Mais valia ter salvo os quatro, parecem dizer alguns. Sejamos francos: ali só havia dois que careciam de ser salvos - aqueles que não se tinham lembrado de tomar reféns e de lhes apontar armas à cabeça. O resto nem danos colaterais são. Aproveito o ensejo para concordar na íntegra com a afirmação do coordenador da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da PJ, Luís Neves, transcrita no blogue Arrastão, «que terá dito que o facto de um dos assaltantes ter ficado gravemente ferido e outro ter sido abatido pela polícia “pode, no mundo do crime violento, ter um efeito dissuasor”.» Claro que a parte onde o Daniel Oliveira, comentador bem identificado, diz que «esta afirmação, vinda de uma pessoa com responsabilidades, pode ser lida como um encorajamento à justiça feita por polícias. Ou seja: como um incitamento ao crime», não passa de pura demagogia, ao melhor estilo das origens políticas do dito comentador.

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publicado às 01:53


Liga dos últimos

por Rogério Costa Pereira, em 09.08.08

Neste campeonato, mais do que assistir à luta entre Sporting e Porto, vai ser curioso ver até que ponto o Benfica consegue superar-se a si próprio, alcançando, desta vez, o 3º lugar. Naturalmente, não será fácil. Este tipo de agremiações, quando têm de lutar em várias frentes (taça UEFA e luta por um lugar na Taça UEFA), acabam por dar de si. Mas resta sempre a secretaria, claro.

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publicado às 20:23


Questões que me atormentam #1

por Rogério Costa Pereira, em 08.08.08
A SIC tem um presidente da Câmara Municipal de Santarém. Terá a Câmara Municipal de Santarém um comentador da SIC?

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publicado às 22:02


9 to 5

por Rogério Costa Pereira, em 08.08.08

Era assim o trabalho de campo. Das 9 às 5. Comenta daqui, refere dali, aponta d’acolá. Até metiam dó, os meninos. Quanto lhes pagarão, muito me questionava (rios de dinheiro, por certo, qu’aquilo é coisa de “pró” bem remunerado). Olha o acontecimento. Morreu uma andorinha. Raisparta. Vê se sabes algo da caixa negra. Manda lá o mai’novo, quero saber se alguém lhe deu milho envenenado, a causa das coisas, que todas as coisas têm causa (já dizia o que agora tomou o lugar da bomba, lá para as laudas doze da revista do Semanário Oficial). Entretanto descansa os leitores, diz-lhes que não morreu a Primavera, que é só uma andorinha e que estamos em cima do acontecimento. Coisa esquisita, chefe, não morreu a Primavera? Custa-me enquadrar a notícia, uma vez que estamos em pleno Inverno e o raio do bicho nem tinha nada que cheirar por aqui. Provavelmente caiu-lhe foi geada no toutiço e vai daí esticou o pernil (pernil d’andorinha, não me hei-de esquecer desta). Esse é trabalho para o místico, chama o místico, ele há-de explicar porque raio morreu uma andorinha no Inverno e que se faz do Inverno quando se lhe morre uma andorinha. Fica o relógio das estações avariado, é o que é. Se calha a ter morrido o Inverno, vem agora a Primavera e ainda só estamos em Janeiro. Chefe, chefe, chefe! Seria caso para dizer: por morrer uma andorinha começou a Primavera. Discute isso com os da banda de lá. Lança-lhes o isco. Consulta a comunidade gay, vê que dividendos tiram eles disto. Os ateus, os agnósticos, os comunas, os fascistas, os liberais, os do contra e os do a favor. Entretanto? Manda-lhes música. Põe o Amsterdam a tocar bem alto, q’eles até ficam surdos e olvidam a andorinha. Ao abrir de página? Ao abrir de página. E o outro, já telefonou? Diz que sim, que está zangado com a não tomada de posição e que toma isso como uma tomada de posição contra ele. Que vai sair, que assim não pode ser. Que por ele se matava mais uma andorinha e se passava já para o Verão. Chefe? São 5! Nem penses, alguém tem de dizer algo sobre a andorinha. Chefe? Foi falso alarme, era coma induzido, o bicho está vivo e já ouve quem publicasse declarações dele. Que é um tal de piu-piu-piu, piu-piu-piu, todo o mundo vai dançá (olha que não é assim). Vai, vai para casa. Mas antes escreve qualquer coisa. Já passou um dia e só lá temos o Amsterdam.

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publicado às 19:49


Questões que me atormentam #1

por Rogério Costa Pereira, em 08.08.08

A SIC tem um presidente da Câmara Municipal de Santarém. Terá a Câmara Municipal de Santarém um comentador da SIC?

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publicado às 01:37


"A NASA quer chichi"

por Rogério Costa Pereira, em 07.08.08

Em "A NASA quer chichi", a Sábado esclarece:


«É apenas para testar as novas casas de banho do Programa Orion que a NASA irá enviar astronautas de volta à lua em 2020. A ideia é verificar como reagem os filtros do WC espacial com diferentes tipos de urina - e aceitam-se ofertas de amostras de voluntários.»

É por causa deste tipo de notícia, em que são revelados os verdadeiros desígnios das missões espaciais, e de erratas como esta, que eu compro a Sábado. Para além, claro, das crónicas compostas pelo inefável sociólogo Gonçalves.

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publicado às 19:39


“A NASA quer chichi”

por Rogério Costa Pereira, em 07.08.08

Em “A NASA quer chichi”, a Sábado esclarece:

«É apenas para testar as novas casas de banho do Programa Orion que a NASA irá enviar astronautas de volta à lua em 2020. A ideia é verificar como reagem os filtros do WC espacial com diferentes tipos de urina - e aceitam-se ofertas de amostras de voluntários.»

É por causa deste tipo de notícia, em que são revelados os verdadeiros desígnios das missões espaciais, e de erratas como esta, que eu compro a Sábado. Para além, claro, das crónicas compostas pelo inefável sociólogo Gonçalves.

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publicado às 01:32


O Truão que viu um sapo

por Rogério Costa Pereira, em 07.08.08

Eis a história do Truão.

Sem pudores – e quando um homem se despe de pudores é mesmo assim, criam-se histórias com nexo.

O Truão, como é bom de ver, é um homem. Pelo menos, ao sentido da visão assim se afigura. E, como todos os homens, estultos, tem um ideal de vida - não ter nenhuma ideia para a vida é, por si, um ideal de vida.

É um panteísta puro, daqueles que empurra para a terra as folhas caídas no passeio de cimento - não se lhes vá perder o desígnio. O Truão acredita que a morte é um princípio e, no caso de algumas pessoas, um bom princípio. Vá-se lá entender o Truão.

O Truão ia então pela rua, chamemos-lhe da Saudade, em Alicante, quando tropeçou num sapo, e vivo, que se lhe dirigiu nos seguintes termos - se não se incomodam, nesta história, a sapos e quejandos foi dado o dom da fala - dizia eu, nos seguintes termos falaram:

O Sapo: Caminhais? Qual a razão?

O Truão: Bardamerda?

O Sapo: Se andais sem motivo, sabeis ao menos porque não tendes motivo?

O Truão: Ó espécie de criatura verde-ranho, por que me incomodas? E não me venhas com a conversa de que és um príncipe. Pernas de rã são boas, que tal serão as de sapo?

O Sapo: Ameaças. É próprio de ti, Truão.

O Truão: Conheces-me, reles batráquio?

O Sapo: Se vos conheço? Eu fui um de vós!

O Truão: Já cá faltava o lirismo! Conta-me lá então a tua história! Mas vamos para minha casa, porque de doido já vou tendo fama e não aguentaria as consequências de me verem a falar com um sapo.

O Sapo: Truão, não era preciso vir tão longe para que te contasse a minha história. É curta e simples! Não nasci girino. Outrora, fui um homem, e, como tu, apaixonado por uma mulher. Apostei com uma bruxa, por cujos encantos me perdi, que jamais amaria uma mulher que não fosse a minha. Que pela bruxa, e pelas outras mulheres, não nutriria mais do que desejos de ocasião.

O Truão: E então?

O Sapo: A bruxa apostou comigo que em sapo me transformaria (não que me transformaria em sapo, sublinhe-se) se por ela viesse a sofrer de amores.

O Truão: E?

O Sapo: E aqui estou eu, sapo, sapinho, batráquio anuro, sem nunca ter sido girino!

O Truão: E que porra tenho eu a ver com isso?

O Sapo: Pensei que como caminhavas tão desatento pela Rua da Saudade, tivesses feito alguma aposta do género. Daí querer saber a razão de caminhares!

O Truão: Deixa-me que te conte a minha história, ó ranhoso. Nasci girino, um dia perdi-me de encantos por uma sapa que era bruxa, apostei que jamais a amaria e ela replicou que, assim não sendo, em homem me transformaria. Eis porque, batráquio nascido, hoje sou homem.

O Sapo: Isso é mesmo verdade?

O Truão: Não, sapo filho da puta! `tou só a gozar contigo!

O Sapo: Porquê?

O Truão: Não acredito em sapos!


Era assim o Truão, um egoísta sem magia. E olhem que nem todos merecemos que um sapo nos dirija a palavra. É coisa de predestinados. Não acontece todos os dias.

Tudo, só para dizer que o Truão morreu de velho, com um cancro de fumador passivo, num hospício, sem mulher, sem filhos, sem família (nem pintelho de girininho). Panteísta como era, o seu destino se cumpriu, foi deitado aos peixes do mar alto, que dele se alimentaram. Sem apelo nem agravo, memórias não deixou e de actos valorosos, o único de que restou lembrança - sem chegar para o libertar da morte, foi ter caído de um 4º andar, com os chavelhos no cimento do passeio, e não ter morrido.


Pelo menos no mesmo dia.


Do último relatório médico, antes de morrer, consta, além das algaraviadas do costume, o que passo a citar:

“O paciente julga que foi sapo. Diz que um dia um sapo lhe falou de outros sapos, bruxas, mulheres, amores e paixões (…) Conselho (não tivesse ele esticado pernil - bom como os de rã, by the way): juntá-lo a uma paciente que julgue ser a Branca de Neve.”

Isto tudo para vos dizer o seguinte. A história do Truão que foi Truão, que foi batráquio, baseia-se em factos reais, os nomes foram alterados para não ferir susceptibilidades. A moral é inexistente. E este é o meu receio. Acabar sem moral, sem ninguém que ouça as minhas loucuras de velho. Por mais loucas que elas sejam.

É também para isso que serve o amor, para confiarmos um ao outro as nossas loucuras. Aqueles segredos loucos, imprudentes, alienados. Daqueles que apertam no peito se não se contam a uma mulher. Pós-afazeres de alcova…

Afinal, é também para isso que as mulheres (produto melhorado da fotocópia de fim de tonner que é o homem) foram feitas.

Caso contrário, acabaremos como o Truão: triste, a pensar que viu um sapo.

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publicado às 01:30

Eis a história do Truão (Fernanda, vai buscar!). Sem pudores – e quando um homem se despe de pudores é mesmo assim, criam-se histórias com nexo. O Truão, como é bom de ver, é um homem. Pelo menos, ao sentido da visão assim se afigura. E, como todos os homens, estultos, tem um ideal de vida - não ter nenhuma ideia para a vida é, por si, um ideal de vida. É um panteísta puro, daqueles que empurra para a terra as folhas caídas no passeio de cimento - não se lhes vá perder o desígnio. O Truão acredita que a morte é um princípio e, no caso de algumas pessoas, um bom princípio. Vá-se lá entender o Truão. O Truão ia então pela rua, chamemos-lhe da Saudade, em Alicante, quando tropeçou num sapo, e vivo, que se lhe dirigiu nos seguintes termos - se não se incomodam, nesta história, a sapos e quejandos foi dado o dom da fala - dizia eu, nos seguintes termos falaram: O Sapo: Caminhais? Qual a razão? O Truão: Bardamerda?



O Sapo: Se andais sem motivo, sabeis ao menos porque não tendes motivo? O Truão: Ó espécie de criatura verde-ranho, por que me incomodas? E não me venhas com a conversa de que és um príncipe. Pernas de rã são boas, que tal serão as de sapo? O Sapo: Ameaças. É próprio de ti, Truão. O Truão: Conheces-me, reles batráquio? O Sapo: Se vos conheço? Eu fui um de vós! O Truão: Já cá faltava o lirismo! Conta-me lá então a tua história! Mas vamos para minha casa, porque de doido já vou tendo fama e não aguentaria as consequências de me verem a falar com um sapo. O Sapo: Truão, não era preciso vir tão longe para que te contasse a minha história. É curta e simples! Não nasci girino. Outrora, fui um homem, e, como tu, apaixonado por uma mulher. Apostei com uma bruxa, por cujos encantos me perdi, que jamais amaria uma mulher que não fosse a minha. Que pela bruxa, e pelas outras mulheres, não nutriria mais do que desejos de ocasião. O Truão: E então? O Sapo: A bruxa apostou comigo que em sapo me transformaria (não que me transformaria em sapo, sublinhe-se) se por ela viesse a sofrer de amores. O Truão: E? O Sapo: E aqui estou eu, sapo, sapinho, batráquio anuro, sem nunca ter sido girino! O Truão: E que porra tenho eu a ver com isso? O Sapo: Pensei que como caminhavas tão desatento pela Rua da Saudade, tivesses feito alguma aposta do género. Daí querer saber a razão de caminhares! O Truão: Deixa-me que te conte a minha história, ó ranhoso. Nasci girino, um dia perdi-me de encantos por uma sapa que era bruxa, apostei que jamais a amaria e ela replicou que, assim não sendo, em homem me transformaria. Eis porque, batráquio nascido, hoje sou homem. O Sapo: Isso é mesmo verdade? O Truão: Não, sapo filho da puta! `tou só a gozar contigo! O Sapo: Porquê? O Truão: Não acredito em sapos! Era assim o Truão, um egoísta sem magia. E olhem que nem todos merecemos que um sapo nos dirija a palavra. É coisa de predestinados. Não acontece todos os dias. Tudo, só para dizer que o Truão morreu de velho, com um cancro de fumador passivo, num hospício, sem mulher, sem filhos, sem família (nem pintelho de girininho). Panteísta como era, o seu destino se cumpriu, foi deitado aos peixes do mar alto, que dele se alimentaram. Sem apelo nem agravo, memórias não deixou e de actos valorosos, o único de que restou lembrança - sem chegar para o libertar da morte, foi ter caído de um 4º andar, com os chavelhos no cimento do passeio, e não ter morrido. Pelo menos no mesmo dia. Do último relatório médico, antes de morrer, consta, além das algaraviadas do costume, o que passo a citar: “O paciente julga que foi sapo. Diz que um dia um sapo lhe falou de outros sapos, bruxas, mulheres, amores e paixões (...) Conselho (não tivesse ele esticado pernil - bom como os de rã, by the way): juntá-lo a uma paciente que julgue ser a Branca de Neve.” Isto tudo para vos dizer o seguinte. A história do Truão que foi Truão, que foi batráquio, baseia-se em factos reais, os nomes foram alterados para não ferir susceptibilidades. A moral é inexistente. E este é o meu receio. Acabar sem moral, sem ninguém que ouça as minhas loucuras de velho. Por mais loucas que elas sejam. É também para isso que serve o amor, para confiarmos um ao outro as nossas loucuras. Aqueles segredos loucos, imprudentes, alienados. Daqueles que apertam no peito se não se contam a uma mulher. Pós-afazeres de alcova... Afinal, é também para isso que as mulheres (produto melhorado da fotocópia de fim de tonner que é o homem) foram feitas. Caso contrário, acabaremos como o Truão: triste, a pensar que viu um sapo.

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