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Segundo o delegado, Ronaldo contratou o travesti pensando que era garota de programa e levou para um motel na Barra da Tijuca.
A Publicis Rio criou para Varilux um anúncio de oportunidade que remete ao recente caso do jogador Ronaldo envolvido com travestis na noite do Rio de Janeiro. A peça que diz "Para não levar André por Andréia, use Varilux" faz referência a Andréia Albertini, um dos três travestis envolvidos.
Depois das maternidades, das urgências, das escolas, eis que chegou a vez de os Tribunais serem postos bem longe das populações, pelo menos das populações que têm o azar de viver nas berças.
De resto, tão mal anda a Justiça que pode ser que, assim, as coisas se endireitem, afinal, coração que não vê, coração que não sente - e não vendo (sentindo) as agruras de andar com a cruz de um processo às costas, pode ser que nos nasçam asas. Daquelas bem branquinhas, que dá vontade de depenar. E que deixemos de necessitar de Tribunais.
Com efeito, não restem dúvidas de que, mais cedo ou mais tarde, as máfias alternativas à Justiça tomarão conta dos locais não eleitos (no caso, futuro este, de nascente, selvagem).
Porque, cheira-me, as populações não estão para pagar os inconvenientes de ver a sua Casa Grande transformada num armazém de papéis, à qual os juízes virão esporadicamente realizar julgamentos.
Eu, para já, vou ter que tentar convencer os meus clientes que mais vale pagarem-me os honorários e os quilómetros da deslocação ao tribunal mais próximo, e assim poderem usufruir dos meus excelsos serviços, do que mudarem para um advogado que tenha a fortuna de estar domiciliado ao pé de um qualquer super-tribunal.
O cheiro é, definitivamente, algo menosprezado. Há mil maneiras de aprisionar imagens, para utilizar essencialmente em caso de desnecessidade, até ao limite da vulgarização. Com o cheiro não é assim. Talvez por os haver, também, tão desagradáveis. No que ao cheiro respeita, contamos apenas com as nossas memórias olfactivas. Cheiros há que me recordam momentos inacreditavelmente longínquos e efémeros. E, no entanto, são momentos, talvez pelo desprevenido que me apanham (aparecem sem avisar), indiscritivelmente agradáveis. Tudo para dizer que nunca, como agora, senti tanto a falta de uma máquina de guardar cheiros. Para captar o perfume do meu menino de sete meses. O cheiro a bebé é algo de demasiado belo para ser chamado de belo, palavra que se aplica a coisas demasiado pouco belas. O cheiro do meu filho quando bebé. Numa garrafinha - para eu poder usar enquanto o vejo crescer. Eis o meu desejo. Não que me desagrade o medrar (não o das borbulhas na cara, mas aquilo que diz o povo elas significam - “medrou”), pelo contrário, orgulho-me dele. Mas o cheiro do meu filho bebé é algo de único, que eu gostaria de poder guardar. Para mais tarde recordar e lhe poder dizer “vês"* filho, eras assim”. * leia-se: “cheiras”, enfim, mais uma prova do que atrás disse - ao cheiro não se dá o devido valor.
Recebeu-o das minhas mãos e acariciou-lhe, por duas vezes, o “Ne varietur” da capa, como que para o fazer seu (pois naquele nunca tinha tocado) e para se certificar do que tinha mudado desde que o havia passado para as folhas do Bombarda. Depois de, à segunda, ter percebido o nome de quem o interpelava, passou-o para o papel, precedendo-o de um “Para” e preenchendo os espaços vazios, e assinou. Sem acento no “o” de António. E, de novo, passou por duas vezes o polegar da mão esquerda no “Ne varietur” da capa. Descansado, entregou-mo - “o Barrigana continua lá”, disse-me (em azul e sem abrir a boca). Apontando com os olhos para o “Para” dela, Maria Eugénia, a senhora da caixa, ao reparar que também eu levava um “Para”, atirou-me: “É um malandreco, aquele! Não fazia ideia!”. Depois, sem mos pedir, disse-me que eram vinte e cinco euros. Aceitando o eufemismo (é uma Bertrand, caramba), entreguei-lhe as duas notas que tinha.
O título e a imagem praticamente esgotam o assunto.
Pouco mais há a acrescentar - depois do estranho happening da semana passada, Vasco Correia Guedes apareceu.
Arejou meia-dúzia de vulgaridades ["O acordo ortográfico tem duas virtudes: primeiro é inútil e depois é estúpido"; "Nós não queremos aqui um homem destes (...) é bom que ele perceba que aqui em Portugal ele não conta" (em referência ao Alberto João); "Um catálogo de todos os erros políticos que se podem cometer" (em referência à cigarrada do Sócrates)] e, à hora à que escrevo, já deve estar de regresso ao Gambrinus.
De realçar o facto de não ter tecido qualquer comentário à inenarrável fatiota da apresentadora deste autêntico espectáculo de variedades a que se reduz o jornal das sextas da TVI.
Sócrates e Pinho violaram proibição de fumar a bordo do voo de Lisboa para Caracas.
Constitucionalistas dizem que José Sócrates violou Lei do Tabaco.
PSD e BE querem que José Sócrates seja multado por fumar em avião.
Teço meia dúzia de considerações - embora ache que esta ordenação de notícias constitui, por si só, um post, e bem esclarecedor, sobre o estado da nação. Após a manifestação dos constitucionalistas, fico agora a aguardar que o Público inquira os fiscalistas e os civilistas, assim como os sapateiros, as varinas e o senhor do Portugal Profundo (Filipe: repara em como não ponho o link do tipo, ó pra mim, vês?, não pus!). Tudo gente especializada na área em apreço. Quanto à multa: Não acho que o devam multar, penso que deviam obrigá-lo a ser raptado pelas FARC. Trocá-lo pela outra senhora, ou isso. Quanto às desculpas do ilustre fumador e à promessa de não voltar a fumar: para se redimir, das desculpas que apresentou e da promessa que fez, deviam obrigá-lo a correr a próxima meia-maratona de Lisboa de cigarro sempre aceso.
E é só!
Próximo assunto!
«PSL - Trabalhei muito com o doutor Sá Carneiro. (…) O doutor Sá Carneiro, lembro-me, na altura dispensou a segurança e zangou-se com a polícia. E eu andei a fazer de guarda-costas dele; ele não aguentava, por causa da coluna, levar pancadas nas costas quando estava no meio das pessoas e eu, como era mais alto, lá andava sempre com os braços à volta, e adorava fazer o que ele me pedisse. Lembro-me que à noite - nunca escrevi isto; um dia hei-de escrever, tenho já muita história para contar, com quase 34 anos -, à noite ia ver o colchão dele, se ele tinha a tábua para as costas, e ia pôr-lhe um bocadinho de whisky que ele gostava e nunca me caíram os parentes na lama, pelo contrário. (…) o Marcelo, como sabe, é um caso de amizade muito especial. Com toda a gente, não é só comigo. Eu acho que ele sabe ser amigo das pessoas, mas não é um amigo de todos os dias. K - O que é que quer? Quer ser Primeiro Ministro? Acha que vai ser Primeiro Ministro? PSL - Ah, não sei, não faço ideia.» Pedro Santana Lopes, entrevista à K (n.º 1), Outubro de 1990
«PSL - Trabalhei muito com o doutor Sá Carneiro. (…) O doutor Sá Carneiro, lembro-me, na altura dispensou a segurança e zangou-se com a polícia. E eu andei a fazer de guarda-costas dele; ele não aguentava, por causa da coluna, levar pancadas nas costas quando estava no meio das pessoas e eu, como era mais alto, lá andava sempre com os braços à volta, e adorava fazer o que ele me pedisse. Lembro-me que à noite - nunca escrevi isto; um dia hei-de escrever, tenho já muita história para contar, com quase 34 anos -, à noite ia ver o colchão dele, se ele tinha a tábua para as costas, e ia pôr-lhe um bocadinho de whisky que ele gostava e nunca me caíram os parentes na lama, pelo contrário.
(…) o Marcelo, como sabe, é um caso de amizade muito especial. Com toda a gente, não é só comigo. Eu acho que ele sabe ser amigo das pessoas, mas não é um amigo de todos os dias.
K - O que é que quer? Quer ser Primeiro Ministro? Acha que vai ser Primeiro Ministro?
PSL - Ah, não sei, não faço ideia.»
Pedro Santana Lopes, entrevista à K (n.º 1), Outubro de 1990
Como sabem, a Manuela Moura Guedes voltou à apresentação de telejornais na TVI, ao que percebi, à sexta-feira, apenas. Não me contive e, já passava das 9, dei por lá um salto - cada vez mais bonita, a nossa Manela. Mas não é do óbvio que vos venho falar. E é que aqui que me começam a faltar as palavras e a sobejar as aflições. A ver se me explico. A páginas tantas, a Manela apresenta uma nova rubrica. Chamou-lhe Glórias da Semana. Após explicar que cuidava, a novidade, dos comentários de Vasco Pulido Valente aos acontecimentos marcantes da semana, sucedeu-se um pequeno excerto de imagens de um qualquer acontecimento da semana - até me esqueci qual foi, tal o choque que se seguiu. Finda a passagem das imagens, com a caricatura não forçada de VPV sobre o ombro esquerdo, a Manela lia, lia de ler, os comentários do Vasco. E a coisa repetiu-se, uma e outra vez. Imagens de políticos, Manela lê Vasco, novas imagens, Manela lê Vasco outra vez. Não consegui ouvir uma palavra do que a mulher disse, tal a dificuldade em apreender o que raio se estava a passar. Ou seja, o Vasco não aparece na rubrica do Vasco. Escreve os comentários e manda-os para a Manela. Antes de cada comentário passa o tal sketch alusivo, e eis-nos, então, perante a imagem da Manela a declamar Vasco. Coloca a voz, entoa a ironia, se calha, e eis-nos o Vasco lido pela Manela. Nunca vi nada assim. Adenda: Hoje, depois de longas negociações, realiza-se, finalmente, o jantar do 5 dias. Infelizmente, não posso estar presente. Mas há males que vêm por bem. Enquanto alguns dos meus colegas se deleitam em burguês jantar, eu, ó Glória da Semana, posso dizer: Been there, done that, bought the t-shirt. Azarinho, meus amigos. Vasco rules.
Como sabem, a Manuela Moura Guedes voltou à apresentação de telejornais na TVI, ao que percebi, à sexta-feira, apenas. Não me contive e, já passava das 9, dei por lá um salto - cada vez mais bonita, a nossa Manela.
Mas não é do óbvio que vos venho falar. E é que aqui que me começam a faltar as palavras e a sobejar as aflições.
A ver se me explico.
A páginas tantas, a Manela apresenta uma nova rubrica. Chamou-lhe Glórias da Semana. Após explicar que cuidava, a novidade, dos comentários de Vasco Pulido Valente aos acontecimentos marcantes da semana, sucedeu-se um pequeno excerto de imagens de um qualquer acontecimento da semana - até me esqueci qual foi, tal o choque que se seguiu.
Finda a passagem das imagens, com a caricatura não forçada de VPV sobre o ombro esquerdo, a Manela lia, lia de ler, os comentários do Vasco. E a coisa repetiu-se, uma e outra vez. Imagens de políticos, Manela lê Vasco, novas imagens, Manela lê Vasco outra vez. Não consegui ouvir uma palavra do que a mulher disse, tal a dificuldade em apreender o que raio se estava a passar.
Ou seja, o Vasco não aparece na rubrica do Vasco. Escreve os comentários e manda-os para a Manela. Antes de cada comentário passa o tal sketch alusivo, e eis-nos, então, perante a imagem da Manela a declamar Vasco. Coloca a voz, entoa a ironia, se calha, e eis-nos o Vasco lido pela Manela.
Nunca vi nada assim.
A medo, abomino desilusões, lá mudei para a RTP1, por volta da hora a que o Professor Marcelo costuma acabar de ditar aquilo que será a semana do país (adoro o Professor, mas dá-me muito mais gozo ouvi-lo, no dia seguinte, na abertura de todos os espaços informativos da Antena 1 - hoje era que o Pedro Passos Coelho e o Pedro Lopes andam entretidos com o jogo da cadeira. Parece que só há espaço para um - sentença ditada. Conformem-se, pois). Mudei para a RTP1, dizia, e voltei ao meu filme - Bee Movie. O Professor ainda ditava Bóhs! Dei mais 5 minutos e eis-me, finalmente, frente a frente com o Bruno Nogueira a explicar as regras da casa. Animado com o "interrail da Maddie" e com a "Simone vs gajo de 26 anos em horário nobre", fui ficando, ficando e acabei por ficar até ao fim. E gostei. Não é fácil, nos dias que correm tentar romper o exclusivo dos Gato Fedorento. Até o Herman tentou e veja-se o que lhe aconteceu: acabou na Antena 1 a fazer uma croniqueta diária chamada "O tal país", a qual, ó sina, a do homem, mais uma vez, não tem piadinha nenhuma. Os contemporâneos arriscaram, cientes onde se estavam a meter, e, até ver, parece que ganharam a aposta. Está lá, com as excepções abaixo enunciadas, um bocadinho de tudo o que é bom, em fresquinho e desanuviado - este final é o mais perto do The Office que até agora vi feito na TV à portuguesa, e, salvo erro, há-de ter saído das unhas deste senhor. E tudo num belo formato. Achei o sketch da avaliação dos professores demasiado longo e pobre para ser o través de todo o programa, mas percebi a ideia e concordo. Há a necessidade de um sketch ao melhor estilo “continua-daqui-a-uns-minutos”. Porém, tem, s.m.o., que ser uma coisa mais ligeira, menos maçadora, que não dê motivo, e tempo, ao espectador para mudar de canal. De resto, basta um desses sketches, e o do elevador, brilhante, tem todos os ingredientes. A onda será mais essa, menos avaliação de professores, mais elevadores a apitar.
O sketch do Papa foi, também ele, muito pobrezinho. Ousou demasiado e, ao invés de roçar o costas largas do nonsense, andou ali de mãos dadas com os malucos do riso. Em suma, assim eles consigam limar algumas arestas, temos homens. Temo, porém, que não mantenham os fantásticos resultados de ontem (quase um milhão de espectadores). Falta-lhe ali qualquer coisa que segure o espectador que se ri com os malucos do riso, o lorpa português, tão bem ilustrado na Liga dos Últimos (fantástico programa), sem afugentar os adeptos do, alguém assim o chamou, humor inteligente. Um exemplo, melhor, “o” exemplo: Ministry of Silly Walks. Esta porra faz rir qualquer um, sejam lá quais forem os motivos que despertem a vontade. Saibam inventar algo parecido, como o RAP não se cansa de fazer, programa sim, programa não, e manterão o milhão. Caso contrário, continuarei a vê-los na RTP2. Uma última palavra para os actores: o Bruno Nogueira não tem que sair do registo dele, é certo, mas não encaixa em todos os papéis. O Nuno Lopes esteve absolutamente soberbo. E a Maria? Tão desaproveitadinha.
A medo, abomino desilusões, lá mudei para a RTP1, por volta da hora a que o Professor Marcelo costuma acabar de ditar aquilo que será a semana do país (adoro o Professor, mas dá-me muito mais gozo ouvi-lo, no dia seguinte, na abertura de todos os espaços informativos da Antena 1 - hoje era que o Pedro Passos Coelho e o Pedro Lopes andam entretidos com o jogo da cadeira. Parece que só há espaço para um - sentença ditada. Conformem-se, pois).
Mudei para a RTP1, dizia, e voltei ao meu filme - Bee Movie. O Professor ainda ditava Bóhs!
Dei mais 5 minutos e eis-me, finalmente, frente a frente com o Bruno Nogueira a explicar as regras da casa. Animado com o “interrail da Maddie” e com a “Simone vs gajo de 26 anos em horário nobre”, fui ficando, ficando e acabei por ficar até ao fim.
E gostei.
Não é fácil, nos dias que correm tentar romper o exclusivo dos Gato Fedorento. Até o Herman tentou e veja-se o que lhe aconteceu: acabou na Antena 1 a fazer uma croniqueta diária chamada “O tal país”, a qual, ó sina, a do homem, mais uma vez, não tem piadinha nenhuma.
Os contemporâneos arriscaram, cientes onde se estavam a meter, e, até ver, parece que ganharam a aposta.
Está lá, com as excepções abaixo enunciadas, um bocadinho de tudo o que é bom, em fresquinho e desanuviado - este final é o mais perto do The Office que até agora vi feito na TV à portuguesa, e, salvo erro, há-de ter saído das unhas deste senhor. E tudo num belo formato.
Achei o sketch da avaliação dos professores demasiado longo e pobre para ser o través de todo o programa, mas percebi a ideia e concordo. Há a necessidade de um sketch ao melhor estilo “continua-daqui-a-uns-minutos”. Porém, tem, s.m.o., que ser uma coisa mais ligeira, menos maçadora, que não dê motivo, e tempo, ao espectador para mudar de canal. De resto, basta um desses sketches, e o do elevador, brilhante, tem todos os ingredientes. A onda será mais essa, menos avaliação de professores, mais elevadores a apitar.
O sketch do Papa foi, também ele, muito pobrezinho. Ousou demasiado e, ao invés de roçar o costas largas do nonsense, andou ali de mãos dadas com os malucos do riso.
Em suma, assim eles consigam limar algumas arestas, temos homens. Temo, porém, que não mantenham os fantásticos resultados de ontem (quase um milhão de espectadores). Falta-lhe ali qualquer coisa que segure o espectador que se ri com os malucos do riso, o lorpa português, tão bem ilustrado na Liga dos Últimos (fantástico programa), sem afugentar os adeptos do, alguém assim o chamou, humor inteligente.
Um exemplo, melhor, “o” exemplo: Ministry of Silly Walks.
Esta porra faz rir qualquer um, sejam lá quais forem os motivos que despertem a vontade. Saibam inventar algo parecido, como o RAP não se cansa de fazer, programa sim, programa não, e manterão o milhão. Caso contrário, continuarei a vê-los na RTP2.
Uma última palavra para os actores: o Bruno Nogueira não tem que sair do registo dele, é certo, mas não encaixa em todos os papéis. O Nuno Lopes esteve absolutamente soberbo. E a Maria? Tão desaproveitadinha.
Girls on jetty, Munch
Este relata de como passei, e passo, parte da vida agarrado a um passado que vivi e a um futuro que sonho ter, apercebendo-me, apenas quando racionalizo, que o meu presente foi o tal futuro idealizado aqui há atrasado. Felizmente, e embora ande constantemente, não à beira de um ataque de nervos, mas em pleno ataque de nervos, posso considerar-me um homem, não de projectos realizados, mas de presentes feitos de futuros sonhados. Este futuro há já uns anos que está comigo, a meu lado, todos os dias. Digamos que o meu presente e o meu futuro vivem numa perfeita e razoável harmonia - apenas razoável porque ainda não consegui realizar o projecto de viver seis meses em Porto de Galinhas e o resto do tempo aqui pelas berças. O busílis é mesmo o passado com o qual eu não me consigo conciliar. Não consigo conformar-me com a travessia do tempo, com aquilo que ele vai apagando para nunca mais deixar voltar. O problema, significava, o verdadeiro problema, tem a ver com os "sentires", com o imenso espaço aberto que era a vida, espaço que, quer se queira quer não, e por mais que se reme contra essa maré, se vai estreitando, afunilando. Tudo de acordo com as nossas próprias escolhas, os caminhos que esse nosso ser passado decidiu trilhar e nos levou, e condicionou, a ser aquilo que somos hoje. Uma das grandes diferenças é essa, como um caminho que se vai trilhando, em que as estradas se vão fechando à medida que as vamos caminhando. "No hay camino, el camino se hace al andar", sem dúvida, mas esqueceu-se António Machado, melhor, nem vinha a propósito, de dizer que o caminho andado se vai fechando. A diferença, dizia, reside precisamente no número de estradas que já trilhámos e que se fecharam a futuros alternativos. E isso condiciona, por certo, a forma de sentir o tal passado.
Quando entramos na idade adulta, já aprendemos, de uma forma ou de outra, com maiores ou menores penas, a lidar com a morte. Ainda há tempos olhava os meus avôs maternos e avó paterna, ainda vivos, e dava graças por os ter comigo. Porém, a verdade é muito mais dura que isso, as pessoas que eles foram, que ajudaram, para o bem e para o mal, a construir aquele que sou hoje, já não estão comigo. Nem eu estou com eles. Ambos envelhecemos. Essa é a realidade. O que eu dava, o que eu pagava, para voltar a passar uma tarde de férias grandes, do verão de 74 ou 75, com a minha avó materna. Para isso teríamos de entrar naqueles caminhos que já se fecharam, a minha avó e eu, ambos tínhamos de recuar, pelo menos, 30 anos. Hoje, quando olho para eles, para ela, muito particularmente para ela, a minha avó, para além do olhar, do sorriso, que continua a ser o mais bonito que eu alguma vez vi, sem contar com o do meu filhote, vejo uma memória dolorosa de tempos passados. Dolorosa porque, e era aqui que eu queria chegar, por causa dos tais caminhos que se fecham, das pessoas que se renovam em si mesmo, morrendo continuamente, saudade é dor. Fado. Uma dor não lancinante, uma dor demarcada do seu próprio conceito, mas sempre uma dor. Gostava de conseguir viver em paz com o meu passado. Infelizmente, e sem que isso seja agrura tremenda e insuportável, parece-me demanda impossível.
Contar o número de citações que Carlos Magno faz em cada edição do "Contraditório", na Antena 1.
Aqui fica o exemplo de um post atento, circunstanciado, totalmente assente em factos, nada especulativo, invasivo ou despropositado, enfim, tudo o que de bom a bloga portuguesa tem para nos dar. Como desconheço o que faz o respectivo autor, estando assim impossibilitado de o comparar, em termos profissionais, a quem quer que seja, o que poderia dar azo a análises do nível das que ele acolhe na caixa de comentários do post a que acima aludo, limito-me a sublinhar a inquestionável elevação do post em causa, esperando, no entretanto, que o Fernando não ganhe a vida com isto dos blogues, pois, dessa forma, pouco o incomodará o que possam dizer, na caixa de comentários que se segue, da sua distinta forma de blogar.
Este relata de como passei, e passo, parte da vida agarrado a um passado que vivi e a um futuro que sonho ter, apercebendo-me, apenas quando racionalizo, que o meu presente foi o tal futuro idealizado aqui há atrasado. Felizmente, e embora ande constantemente, não à beira de um ataque de nervos, mas em pleno ataque de nervos, posso considerar-me um homem, não de projectos realizados, mas de presentes feitos de futuros sonhados. Este futuro há já uns anos que está comigo, a meu lado, todos os dias. Digamos que o meu presente e o meu futuro vivem numa perfeita e razoável harmonia - apenas razoável porque ainda não consegui realizar o projecto de viver seis meses em Porto de Galinhas e o resto do tempo aqui pelas berças.
O busílis é mesmo o passado com o qual eu não me consigo conciliar. Não consigo conformar-me com a travessia do tempo, com aquilo que ele vai apagando para nunca mais deixar voltar.
O problema, significava, o verdadeiro problema, tem a ver com os “sentires”, com o imenso espaço aberto que era a vida, espaço que, quer se queira quer não, e por mais que se reme contra essa maré, se vai estreitando, afunilando. Tudo de acordo com as nossas próprias escolhas, os caminhos que esse nosso ser passado decidiu trilhar e nos levou, e condicionou, a ser aquilo que somos hoje.
Uma das grandes diferenças é essa, como um caminho que se vai trilhando, em que as estradas se vão fechando à medida que as vamos caminhando. “No hay camino, el camino se hace al andar”, sem dúvida, mas esqueceu-se António Machado, melhor, nem vinha a propósito, de dizer que o caminho andado se vai fechando. A diferença, dizia, reside precisamente no número de estradas que já trilhámos e que se fecharam a futuros alternativos. E isso condiciona, por certo, a forma de sentir o tal passado.
Quando entramos na idade adulta, já aprendemos, de uma forma ou de outra, com maiores ou menores penas, a lidar com a morte. Ainda há tempos olhava os meus avôs maternos e avó paterna, ainda vivos, e dava graças por os ter comigo. Porém, a verdade é muito mais dura que isso, as pessoas que eles foram, que ajudaram, para o bem e para o mal, a construir aquele que sou hoje, já não estão comigo. Nem eu estou com eles. Ambos envelhecemos. Essa é a realidade. O que eu dava, o que eu pagava, para voltar a passar uma tarde de férias grandes, do verão de 74 ou 75, com a minha avó materna.
Para isso teríamos de entrar naqueles caminhos que já se fecharam, a minha avó e eu, ambos tínhamos de recuar, pelo menos, 30 anos. Hoje, quando olho para eles, para ela, muito particularmente para ela, a minha avó, para além do olhar, do sorriso, que continua a ser o mais bonito que eu alguma vez vi, sem contar com o do meu filhote, vejo uma memória dolorosa de tempos passados. Dolorosa porque, e era aqui que eu queria chegar, por causa dos tais caminhos que se fecham, das pessoas que se renovam em si mesmo, morrendo continuamente, saudade é dor. Fado. Uma dor não lancinante, uma dor demarcada do seu próprio conceito, mas sempre uma dor.
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