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Yes, we pin!

por António Leal Salvado, em 25.06.12

Com aquele sentido de estado que remete o patriotismo para a lapela do casaco, digo blaser, os consultores de propaganda redescobriram o pin. Quem não usa pin não acredita no sucesso do país, boicota o progresso de uma sociedade sem subsídio de férias, é um detractor do avanço que o para-além-da-troika trouxe à redução da despesa pública de 100 para 120%, um pessimista com o triunfo das medidas de generalização do desemprego, um piegas que tem medo de trabalhar a 2.500 km de casa, um calão que desperdiça o sem número de oportunidades que lhe oferecem quando o despedem do trabalho, um ímpio que não vai a Fátima acompanhar as preces da Ministra da Agricultura para que chova. Quem não pina a bandeira nacional na lapela, em suma, não sabe governar, nem orar no Parlamento, nem representar no estrangeiro, nem abrilhantar os convívios no Clube Recreativo de Massamá.
Em suma, aqueles a quem não pinaram na jaqueta não têm linhagem. Nem lugar público possível. Para isso, acima de tudo, serve o pinanço. Tal como o nacional-socialismo marcava uma estrela de David no braço dos proscritos, o nacional-kitchismo decidiu que os eleitos pinam-se.

Não sabemos quem teve a ideia do pinanço. Mas Passos Coelho desatou a pinar mal chegou a S. Bento. Já todos vimos que pinaram Assunção Cristas. Já todos sabemos que Paulo Portas foi pinado. E não é difícil imaginar que nos corredores de S. Bento a conversa mais corrente entre jotinhas e/ou jotinhos passa pelo “o menino já pina?”. E que sim, que se te pinaram a ti eu também quero que me pinem, que ainda tu não sabias qual era a capital da Geografia já eu pinava, e je pense donc je pine, jawohl ich pinn. Pin is...
E o pinanço vai generalizar-se, portanto. Com a atracção que têm pelas (pe)pineiras, a seguir às empresas públicas, aos institutos, às fundações e às IPSS, os autarcas não hão-de resistir, agora que está em lançamento a rampa de lançamento edição 2013. Ele há-de ser presidentes de câmara – e logo após os vice e vereadores e assessores e secretários e consultores e assistentes – e presidentes de junta e demais membros da mesma. Pífaros com bombos na lapela - e tudo pina, minha gente. Pinanço, já!.
E eu, confesso, sempre que me lembro de que estou no mandato para que me elegeram quando ainda havia oposição, já me vejo a reforçar as defesas à entrada para a próxima sessão: Não me pinem!

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publicado às 21:45


5 comentários

De Pedro Salvado a 25.06.2012 às 22:45

Cinco estrelas.

De António Filipe a 26.06.2012 às 00:19

É urgente dar uma pin(ocada) a todos, incluindo aqueles que, mesmo não usando pin, constantemente se abstêm violentamente. É que o povo já não aguenta tanta violência.

De Luis Moreira a 26.06.2012 às 01:32

eheh do melhor!

De Joaquim Monteiro a 26.06.2012 às 13:05

Caro sr. António Salvado,


Permita-me desde já que lhe agradeça a cortesia de me colocar um sorriso para o início da hora de almoço - uma indulgência que (por enquanto) tende a resistir à sede castradora dos senhores membros do governo (a minúscula é intencional).


Do sarcasmo implícito, retiro a imagem de alguém que recorre a esta figura como forma de se conseguir distanciar de uma realidade que, porque não ignora, procura que não o revolte para lá do razoável. Se a minha acerção estiver correcta, sofro do mesmo.


Mas da sua prosa, destaco um aspecto que me parece bastante importante e, quiçá, revelador de um alargar de horizontes no sentido da desmistificação de um certo conceito e prática de "solidariedade social" que se encontra enraízada e que - ao contrário do cavalo - tem engordado, enquanto ninguém a vê: as IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social.


Estas instituições são hoje um sorvedouro de recursos do Estado e, à sua escala e especificidade, um poiso para muitos Boys e Girls da área académica do Social ou com currículos a martelo que parecem indiciar que sabem algo do assunto... e quando brincamos ao faz-de-conta que nos preocupamos com os pobrezinhos e coitadinhos, é uma grande chatice... mas apenas para quem paga o pato.


Quem sabe se mais alguém reparou nesta mosca que está na parede e que um dia se perceberá finalmente que se trata de um elefante, que todos procuramos ignorar?...


No fundo, também na solidariedadezinha intersseira existem muitos pinantes...




Cordialmente,




Joaquim Monteiro 


(cidadão contribuinte com opinião própria)

De António Leal Salvado a 26.06.2012 às 16:53

Caro Senhor Joaquim Monteiro:
Parece-me bem verdade que padecemos do mesmo 'mal'. Pela minha parte, é um mal menor, este de tentar ver alo de real na ironia de vida que nos servem. Digamos que é uma questão de sobrevivência: aprendi com as crianças que quando não podemos limpar o lodo que nos cerca por todos os lados, resta-nos bater os pés e divertirmo-nos com a figura dos que nadam nele...
É verdade que esta 'brincadeira' tem os seus quês: o lodo não desaparece, os mergulhadores do imenso pântano especializam-se cada vez mais a viver e pescar nele, o nosso bater de pés precisa de forças que nem sempre perduram, o nosso sorriso é muitas vezes (demasiadas vezes) contrastado com a porcaria que atinge outros, que não sabem ou não querem nadar no lodo mas levam com ele em cima - e até com a tentação de muitos em aprenderem a mover-se no lodo para não serem afogados por ele.
O caso das IPSS é, no meio disto, um caso muito sério. Onde há do melhor e do pior. Onde se luta pela oportunidade e onde se lucra com o oportunismo. Onde é tão injusto contribuirmos para o esmorecimento de quem luta por oportunidades para outrém como consentirmos quem lucra com o oportunismo próprio. Mais que moscas e elefantes, vejo nessa "parede" umas quantas formigas laboriosas e uma multidão de varejeiras parasitas.
O grande problema tem sido encontrar um desinfectante que extermine as varejeiras sem envenenar as formigas. Entretanto, é bem certo que a proliferação da trampa vai engordando as varejeiras e sufocando as formigas... 


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