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Vivi já tantos anos, tantos, li e ouvi tantos sábios, tantos, que há já muito tempo senti aquele amargo-doce de descobrir a dúvida. Tive a sorte de nascer ainda no tempo em que bastavam, depois da formatura, umas duas décadas de trabalho e vida intensos para a gente se enxergar no ridículo de pensarmos que sabíamos muito. Sei que nos últimos 20 ou 30 anos a formação de um homem assenta mais na obsessão por que lhe chamem doutor do que naquela avidez de livros, ciência, experiência vivida e curiosidade imensa que nos levavam a saber, saber, saber, até descobrirmos que nada sabemos quando ouvimos atentamente os outros – quem quer que eles sejam.
Tenho nestes anos encontrado juízes, médicos, engenheiros, economistas (claro) e até professores (professores!) – e muitos de todos estes – que nunca leram Voltaire, Proust, Kant, Rousseau, Cervantes ou Marti, que não conhecem mais do que superficialmente Shakespeare, Schopenhauer, Neruda, Dostoievsky, Borges, Goethe ou mesmo Pessoa, que podem passar pela música de imortais tão característicos e inconfundíveis como Bach, Mozart ou Stravinsky sem fazerem ideia do que estão a ouvir, que não saberiam reconhecer Baryshnikov, Nureyev ou Plisetskaya, que veriam com o mesmo olhar de boi os palácios de Rembrandt, Velasquez, Picasso ou Dali, que nunca tiveram a preocupação de abordar o elementar das elementares ciências de Freud, Keynes ou Max Weber Tropeço nestes senhores doutores de nariz empinado (normalmente empinado na razão inversa da maturidade que têm e na razão directa da estupidez que ostentam) como nas areias de um passeio à beira-mar. E fico entre o estarrecido e o apavorado quando verifico que todos esses atributos se multiplicam exponencialmente quando se trata de rapaziada com sucesso na carreira política.
São como as cerejas, as palavras – e dei por mim neste prolixo circunlóquio a propósito de coisa tão pouca como a dúvida. A dúvida, esse direito que me ufano de ter enfim conquistado após os devidos e indispensáveis anos de procura. A dúvida que, afinal, apenas é a razão deste meu escrito porque me lancei ao teclado para confessar que a perdi. Lamentável e desgraçadamente, acabo de perder a necessidade de duvidar. E perdi-a de modo súbito – em questão de uns meses apenas – e de maneira trágica, porque da mesma assentada em que me convenci que Churchill, viria hoje, se vivo fosse, renegar e proibir solenemente que citassem a sua afirmação de que “a democracia é o mais imperfeito dos regimes, com excepção de todos os outros”. Inteligente e íntegro que indiscutivelmente era, Sir Winston há-de, lá no lugar onde esteja, ter hoje como seguro que naquela regra que enunciou não cabem excepções, não senhor – falaria de imperfeição e ficaria por aí, para que a frase fosse, ela sim, perfeita.
Em suma, vim aqui para anunciar – assumir – publicamente que operou uma profunda mudança na minha vida, ou mais especificamente nas minhas convicções de homem e de cidadão. Mas, porque já vou longo na faladura e porque a ninguém há-de interessar a radical mudança de convicções de um simples e pobre mortal, deixo para outro ensejo o desabafo de como vejo agora, tão claro como a água, que estou fora. Estou, a partir de 2013, fora disso a que chamam a maravilha da democracia. Isso a que hoje se chama, por lei e por conveniência de definição oficial, “democracia” é, para mim, uma ficção, um embuste, uma chachada, uma treta – leiam o substantivo que preferirem.
Só vos adianto que “a gota de água” para fazer este escrito foi ouvir uma criatura, de fácies apalermado e discurso sub-humanóide até fazer dó, dizer esta coisa de espantar as pedras da calçada: “O Serviço Nacional de Saúde não é sustentável”. De truz, de antologia, para os anais é que aquilo é nada mais nada menos que ministro. Da Saúde. Deste chão de tristeza e desencanto a que me habituei a chamar o meu País. Onde o princípio dos princípios, que é preservarmos a Vida para podermos e sabermos depois perceber o que é um Estado, uma sociedade, o Homem – onde essa capital e elementar essência de tudo é vista e tratada como… insustentável!
De outra vez – quem sabe, amanhã? – confessarei a minha renúncia a ser concidadão da manada de inferiores alimárias como aquela.
Valha-as Deus – que a nós já nos abandonou.
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