De Também sou anónimo a 22.03.2012 às 13:31
Mas cuidado, que tem erros técnicos. A bitola do TGV é diferente da ibérica, o material circulante é forçosamente diferente, e há mais implicações do que o raio das curvas e a integridade estrutural das pontes (logo a começar pela construção dos taludes em toda a extensão da linha).
E os pendulares não pertencem à classe do TGV, nem de perto, nem de longe. TGV há só um (produzido pela Alstrom), tudo o resto é abaixo disso. Incluindo o sistema pendular, que até é mais recente, mas mais lento.
De Luis Moreira a 22.03.2012 às 14:07
Se nãoo se importar vou publicar...
De Sou o autor do comentário a 22.03.2012 às 15:58
Caro "Também sou anónimo"
Sou engenheiro civil.
Tenho formação específica e alguma experiência em projectos de vias de comunicação e de pontes.
Eu não refiro a bitola por um motivo: é irrelevante. Até podiamos meter uma rede de alta velocidade em bitola do sistema Decauville e não seria por isso que os comboios não seriam de alta velocidade. O único impacto da diferença de bitolas reside apenas na incompatibilidade entre elas, que não só não é um problema como também deixará de o ser, com a reforma do resto da rede ferroviária.
A acusação da "integridade estrutural das pontes" é absurdo e revela um profundo desconhecimento do tema. O único detalhe onde aquilo que se refere a "construção dos taludes", que presumo que pretende referir-se às operações de movimentação de terras, está relacionado com aquilo que eu já referi: inclinações da via mais ténues.
Sobre os pendulares, novamente é manifestada alguma ignorância. O projecto dos alfa pendulares tem uma ĺonga história e teve a participação de vários países, incluindo o reino unido e itália. A construção desse modelo esteve a cargo da FIAT, antes da Alstrom ter comprado o projecto. Aconselho umas procuras sobre, salvo erro, o projecto ETR400 e, claro, o Pendolino italiano. E se um comboio desenhado para circular a 220km/h não é um comboio de alta velocidade então estamos mal, pois pela definição da União Europeia um comboio de alta velocidade é aquele capaz de circular acima dos 200km/h e a definição dos americanos já é relaxada para cerca de 180km/h.
E por fim, TGV é uma marca e nada mais que uma marca. É a etiqueta de propaganda usada pelo serviço de comboio de alta velocidade francês, que corresponde à sigla "train à grande vitesse". É apenas um comboio de alta velocidade. Da mesma forma temos o Eurostar, o Shinkansen, o AVE, o ICE, e por aí a fora. Ou será que esses não existem?
De Sou autor do outro comentário a 22.03.2012 às 17:00
Caro "autor do comentário":
Também sou engenheiro civil E trabalhei numa das sub-contratadas pelo consórcio ELOS, especificamente no projecto Poceirão-Caia.
A bitola é de especial importância porque a) têm de ser projectados nós especiais quando a linha de TGV e a nossa (ibérica) se encontram e b) a bitola específica do TGV é, bem, específica. Não esquecer que toda esta brincadeira não era sobre uns comboios rápidos até Madrid, era, especificamente, sobre o TGV (o tal vendido pela Alstrom). Não era o comboio-bala, não eram pendulares.
O TGV em concreto (volto a lembrar que o projecto era sobre "O" TGV, e não sobre outro qualquer) tem requisitos específicos, nomeadamente ao nível dos taludes (sim, ta-lu-des: onde é que tirou a licenciatura? na Independente, não?) da linha, que têm de ser especialmente reforçados para o material circulante específico (sim, específico) do TGV. A mesma coisa para eventuais PS (e o Poceirão-Caia tinha uma porrada delas).
Comparar o alfa-pendular com o TGV é prepóstero: o nosso alfa-pendular (que é o Fiat Pendolino redesenhado para a nossa bitola) pode atingir os 250km/h, enquanto os TGV atingem, numa base regular, os 320km/h. Recentemente, um TGV em testes atingiu os 570km/h.
É certo que o TGV é só uma marca, e ninguém disse o contrário. O que aparentemente desconhece é que o contratado era que a linha suportasse essa marca específica; toda a rede europeia de alta velocidade tem de suportar essa marca específica (vá-se lá saber porquê, construtor francês, grandes quantidades de material alemão, como Siemens).
De Ainda sou autor do outro comentário a 22.03.2012 às 17:24
Luís Moreira, por favor não continue a publicar estes comentários, porque não mudam o essencial: isto tinha de ser cancelado, desse por onde desse. A economia não precisa duma linha de turismo, precisa duma linha de mercadorias (em bitola ibérica).
De Luis Moreira a 22.03.2012 às 17:38
É isso. Mas foi uma boa lição para a maioria. Obrigado.
De Sou o engenheiro civil a 23.03.2012 às 13:46
Aqui é manifestada mais ignorância, e da grosseira. É absurdo afirmar que a nova ligação ferroviária Lisboa-Madrid era "uma linha de turismo". É um comentário desligado da realidade. A nova ligação Lisboa-Madrid é a execução do plano da rede trans-europeia de transportes. É sobretudo uma ligação que permite ligar o terminal logístico de Sines com o resto da europa, e assim viabilizá-lo como um dos principais terminais logístico da europa, senão mesmo o principal. A única coisa que faz deste projecto uma ligação ferroviária de Lisboa é ora a defunta terceira travessia do tejo, que ligaria Lisboa ao nó do Poceirão, ou a travessia da ponte 25 de Abril via Pinhal Novo. Mais, a terceira travessia do tejo iria ligar Chelas ao Barreiro, uma ligação que já é exigida há umas décadas.
E para sublinhar o quão grosseira é essa ignorãncia, enquanto se põem a manifestar que "isto tinha de ser cancelado", o governo de Passos Coelho e representantes da união europeia já vieram a público declarar que afinal a ligação Lisboa-Madrid sempre será realizada, só que não terá um traçado que permitirá as mesmas velocidades previstas anteriormente nem terá a terceira travessia do tejo. Mais precisamente, enquanto que no projecto dos tempos de Durão Barroso e Sócrates a nova ligação ferroviária permitia uma velocidade, salvo erro, de 250km/h em todo o trajecto, a nova ligação pedida por Passos Coelho terá uns troços onde a velocidade máxima do trajecto é descida para 200km/h, e em vez da ligação Chelas-Barreiro será prevista a ligação Alcantara-Almada via 25 de Abril, que depois liga ao Poceirão via Pinhal Novo.
E assim se enganam tolos.
De Engenheiro civil a 23.03.2012 às 14:30
Permita-me perguntar: se realmente trabalhou para o consórcio, trabalhou em projecto ou limitou-se a estar a estar nas operações de construção no terreno juntamente com os operários? Pelo comentário parece-me mais o segundo, pois os pontos que foram apontados são errados e perfeitamente irrelevantes para o assunto em discussão. Ora vejamos:
A bitola é claramente irrelevante para se ter material circulante que justifique a etiqueta de alta velocidade. Não percebo como é que alguém tenta pôr em causa os conhecimentos de outros quando se é autor de um disparate deste calibre. E explico porquê.
Falar no fabricante dos comboios é, além de irrelevante, um disparate. Nenhum comboio tem a sua velocidade de circulação limitada pela bitola em que é projectado para circular, e de certeza que qualquer fabricante estaria mais disposto a produzir comboios de alta velocidade para circular em bitola ibérica se lhes abanassem com o dinheiro à frente. Se houver dúvidas então que se olhem para os alfa pendulares, que os portugueses circulam em bitola ibérica e os italianos em bitola padrão. Mais, se realmente tiver alguma ideia do que é um comboio então com certeza terá conhecimento que a bitola ibérica é mais larga que a bitola padrão, e assim contribuiria para uma maior estabilidade da circulação em alta velocidade em curvas. Não tivemos formação em mecânica?
Sobre esse disparate dos taludes, volto a chamar a atenção que o termo técnico correcto neste contexto é movimentação de terras. E é movimento de terras pois para o traçado de vias de comunicação, tanto rodoviárias como ferroviárias, implica tanto obras de escavação como de aterro, conforme a orografia e exigências de inclinação dos trainéis. Só se fala em taludes no âmbito das operações de aterro, por incluir a sua estabilização, que é apenas uma das componentes da operação de movimentação de terras. Tirando isso, temos o balastro da via, e duvido muito que qualquer hipotética formação mal-conseguida o leve a confundir o balastro da via com taludes. Ou será que leva? Por isso pergunto: já participámos em algum projecto?
Depois vem o disparate de se referir o "reforço do material circulante". Será que esse curso magnifico de engenharia também ensinou que os automoveis teriam de ser reforçados para, ao circularem numa auto-estrada, a auto-estrada poder ser chamada por esse nome? Não brinquemos com coisas sérias. Não tarda nada essa vontade de se pôr em bicos de pés ainda o leva a falar na sinalização da via.
E sobre a referência mesquinha à velocidade dos alfa pendular, ninguém afirmou que eram os comboios recordistas de velocidade. O único facto que foi apontado, e que parece que não foi ensinado nesse curso esquisito de engenharia, é que a definição de comboio de alta velocidade assenta somente num critério: ser capaz de circular acima dos 200km/h. Se um comboio for capaz de circular a 201km/h então é um comboio de alta velocidade. O mesmo se aplica se for 205km/h, 210km/h, 220km/h, 250km/ e por aí a fora. Um comboio não deixa de ser um comboio de alta velocidade se houver outro mais rápido. Esse disparate é ensinado aonde?
Depois, por fim, vem a cereja no topo desse bolo de ignorância. A europa não é coberta por uma rede de TGVs. A europa é coberta por uma rede ferroviária de alta velocidade. Isso de TGV é coisa da frança. São TGVs pois são chamados Trains à Grande Vitesse, que significa literalmente comboios de alta velocidade. Em espanha há os AVE, que é Alta Velocidad Española, e não deixam de ser AVE mesmo estando ligados à rede TGV pelo tunel Pelthus nem se circularem para além da fronteira. Ou será que estamos a confundir a marca dos veículos com a categoria de alta velocidade? É que uma auto-estrada não passa a ser uma estrada porsche, ferrari ou ford só porque circulam nela automoveis dessa marca.
Enfim, não vou perder mais tempo com estas tentativas de provocação mesquinhas fundadas em ignorância.
De O outro engenheiro a 23.03.2012 às 17:55
Não sei o que é pior, a ignorância, a teimosia ou a arrogância. De qualquer das formas, tenho como regra não discutir com pessoas que juntam estas três características.
(psst: os comboios do serviço AVE são, para todo e qualquer efeito, comboios TGV, tendo sido derivados dos mesmos planos e, inclusivamente, alguns foram feitos pela mesma marca. E não, repito, não circulam na mesma bitola dos restantes serviços espanhóis, cuja bitola é igual à nossa)
De O engenheiro a 23.03.2012 às 22:22
É claro que não sabe o que é pior, e é por isso que manifesta as três indiscriminadamente. Quem é que começou com a patetice dos ataques pessoais com o comentários reles do curso da independente? Quem é que se pôs a debitar ignorância sobre tricas insignificantes que nada tem a ver com alta velocidade? E quem é que insiste em afincar o pé na sua ignorãncia? Pois claro.
Agora diz que tem por regra não discutir com quem amua, mas nós sabemos a verdadeira razão: não tem argumentos, reconhece que não tem nada a apontar e como isso de se pôr em bicos de pés não funciona... retirada estratégica.
E para terminar, de que vale tentar gabar-se de escolas que supostamente frequentou se não se aprendeu nada nelas?