Vamos fazer de conta que isto é a página 256 do livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo. Ora, sendo isto a página 256 do livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo, quem está a escrever deveria ser o biógrafo oficial do Cristiano Ronaldo para as questões culinárias – secção tailandesa.
Mas não.
Vamos então fazer de conta, para dar senso à coisa (coisa muito importante aqui, o senso), que eu sou o biógrafo oficial do Cristiano Ronaldo para as questões culinárias – secção tailandesa.
Recapitulando:
Isto é a página 256 do livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo, escrita pelo biógrafo oficial do Cristiano Ronaldo para as questões culinárias – secção tailandesa.
Agora que estamos todos em sintonia, podemos dar de barato que vocês têm na mão o livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo.
O problema é que a página 256 do livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo não tem nada de útil, pois corresponde exactamente ao fim da secção de sopas, podendo ler-se: “aqui chegados é só polvilhar com sal a gosto e eis a sua sopa de espiráculo de golfinho pronta a servir”, e ao início da secção de sobremesas, onde, após um longo intróito sobre a importância das sobremesas na cozinha tailandesa, se começa a discorrer sobre a primeira das sobremesas, a “Duas bolas de gelado de melancia na taça de metal” – “Para fazer esta sobremesa é necessário dispor de duas bolas de gelado de melancia e uma taça de metal. Reunidos os ingredientes (…)”.
E pronto, tal e qual como dizia, um fim de sopa e um início de sobremesa. Só por si, convenhamos, não dá para nada. É pois óbvio que, para alcançar a lógica da coisa, necessitamos de descobrir as páginas 255 e 257 do livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo.
O problema é que tais páginas não existem – pois se isto é um faz-de-conta criado apenas para arranjar uma desculpa para escrever algo longo sobre a ponta de um corno, sem dar abébias. Não existindo as páginas, ficamos apenas com a sensação de que passámos ao lado de uma grande carreira, com as promessas de uma suculenta sopa e uma agradável sobremesa. Como se fazem? Nunca saberemos.
Com isto tudo acabei por levantar duas questões de suma importância, que é como quem diz, procedi ao levantamento das mesmas, certo que as ditas estavam caídas no chão, mesmo ao lado do dinheiro do Multibanco. São elas: a ponta de um corno e as abébias que não se dão.
Comecemos pela ponta de um corno.
A ponta de um corno é mais ou menos o equivalente ao vazio, ao nada, a coisa nenhuma. Assim como em “Ó pacheco, não vales a ponta dum corno”. Mas que fizeram os cornudos, “aqueles providos de cornos”, como em “a gaja merece é que lhe ponhas um par de cornos” para que lhes desmereçam assim tanto as extremidades dos chavelhos?
Terá algo a ver com as abébias?
A ver vamos. Portugal é, claramente, um país onde não se dão abébias. Toda a gente as tem e toda a gente as guarda, não as disponibilizando a ninguém. E pouco mais posso adiantar - é tema pouco trabalhado. Ainda há poucochinho um amigo me dizia que o Sá Pinto é que é, nunca dá abébias. Daqui, eu concluo que abébias não são socos, palmadas, murros nas trombas ou algo de semelhante cariz. Cheira-me, e isto do “cheira-me” é outra coisa que dava pano para mangas, mas isso fica para outra altura, perdão, outra página 256 dum livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo, cheira-me, dizia, que a abébia é exactamente o contrário da ponta dum corno. As abébias não se dão, pelo que devem valer muito. Já as pontas de cornos, e porque ninguém as quer, não devem valer nada. As duas expressões funcionam como perfeitos antónimos, pelo que as podemos, e devemos, passar a usar de forma mais variada.
Podemos, por exemplo, elogiar alguém, atirando-lhe: “És mais valioso que uma abébia”. Já de alguém que é um forreta ou que não dá hipóteses a ninguém, podemos, com propriedade, afirmar: “Aquele só dá pontas de cornos”, que é como quem diz que não dá nada a ninguém - as tais das abébias. É tal e qual como dizer, neste segundo caso, vox populi dixit, “Aquele gajo é um perfeito coninhas”.
Ora, ora, este a talhe de foice vai a eito. Um perfeito coninhas, em bom português, é um fulano cujos contornos se assemelham a uma pequena e perfeita vagina - tipo: não falta ali nenhum lábio; ou a uma vagina assim a modos que pró apertadita. Portanto, é uma expressão sem qualquer carácter objectivo. Quer dizer, o significado depende do sujeito que a profere. Experimentemos o segundo significado. Se for um admirador de vaginas assim a modos que pró apertaditas estamos perante um verdadeiro elogio, já se for alguém que se inclina para vaginas mais largas, tipo “vê lá não caias pelo ralo”, neste caso, então, devemos entender a coisa como uma ofensa.
Em suma, ponto d’ordem, ponto d’ordem, ponto d’ordem - ponto d’ordem! -, se alguém nos chamar perfeito coninhas, devemos, antes de mais, perguntar-lhe que tipo de vaginas prefere. Assim tipo “diz-me de que vagina gostas, dir-te-ei se te vou às trompas ou às trombas” – é conforme o género (tipo) de indivíduo.
Esta página 256 do livro de cozinha tailandesa do Cristiano Ronaldo já vai longa, pelo que se impõe um fim. Ei-lo: Fim!
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