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Que morram diz Manuela Ferreira Leite

por Luis Moreira, em 11.01.12

A gente ouve e lê e não acredita! Manuela Ferreira Leite propõe que os hemodialisados com mais de setenta anos paguem os tratamentos. Ora a esmagadora maioria dos idosos com mais de setenta anos não têm dinheiro para pagar um serviço que tem que ser recebido todos os dias e até ao fim da vida.

Vamos com calma porque a proposta é tão insensível, tão absurda que nos deve fazer pensar. Sabe-se que há nos US uma discussão, há muitos anos, sobre aquilo a que se chama " tratamentos para prolongar a morte", no sentido que a maioria dos doentes que jazem nas camas dos hospitais com aquela idade, ou jovens com doenças terminais, nunca vão recuperar. Ora isto é insustentável!

Mas é muito diferente do que disse Ferreira Leite. A maioria dos hemodialisados conseguem ter uma vida minimamente aceitável não estão, de todo, numa situação "de morte prolongada" ou de "vida vegetativa". São doentes e não mais do que isso!

Outra questão, ainda mais detestável é Ferreira Leite aceitar que a diferença se faça pelo dinheiro que cada um tem. Um dos princípios mais nobres do Serviço Nacional de Saúde é "ser tendencialmente gratuito", principio que para mim quer dizer "ninguém fica sem tratamento por falta de dinheiro".

O SNS salva-se cortando no desperdício, utilizando equipamentos, instalações e recursos humanos com racionalidade. Não podemos ter dezenas de hospitais todos a oferecerem todos os serviços, temos que caminhar para a especialização e complementaridade da oferta.

Que morram, não é solução nenhuma, por amor de deus!

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publicado às 18:00


12 comentários

De Luis a 11.01.2012 às 19:41


Não foi bem isso que a Manuela Ferreira Leite disse. O que eu ela disse foi que deixa de ser gratuito para todos pagando quem pode e não pagando quem não pode. O que ela disse é que não pode ser gratuito para todos mas apenas para os mais desfavorecidos. Quem pode pagar, paga.

De j a 11.01.2012 às 20:25

concordo que foi esse o "sentido" do que ela disse, mas apenas depois de ser confrontada pelo antónio vitorino.
e embora ache que o "sentido" foi de facto o que queria dizer desde início, não deixo de achar que a forma como se expressou foi repugnante, mesmo descontando que a senhora é uma analfabeta na forma como fala (e quanto a economia também é das que também só soube cortar quando foi ministra...)..

De Luis a 12.01.2012 às 06:10


Quanto à forma estamos de acordo.
Mas mantenho que das palavras dela para o titulo deste texto vai uma grande distância.

De Luis Moreira a 12.01.2012 às 10:34

O título quer chamar a atenção para as situações distintas de que falo no texto. Quem desliga um ventilador também não mata ninguém. E concordo que ela não soube expressar-se.

De Francisco Clamote a 12.01.2012 às 12:01

Pois eu não acho. As palavras dela vêm na sequência de afirmações de Sobrinho e Barreto no mesmo sentido.

De Luis Moreira a 12.01.2012 às 12:17

O prof Sobrinho e o Barreto têm a ver com aquela questão que eu aponto no texto. Prolonga-se a morte?

De Francisco Clamote a 12.01.2012 às 18:35

A reacção do António Vitorino, ao afirmar-se chocado com as afirmações de MFL, não deixa dúvidas sobre o sentido das palavras da senhora. E tão chocado ficou que até fez o favor de dizer que ela não teria querido dizer o que, de facto, disse. Aliás, o que ela disse, não anda longe do que defenderam o Barreto e o Sobrinho: há que poupar nos custos do SNS para ele ser sustentável e por isso quem queira prolongar a vida depois dos 70 anos, que pague. É isso o que esta gente defende. A Leite só fez o favor de o dizer com maior clareza.
Por favor não branqueiam o que não branqueável.

De Luis Moreira a 12.01.2012 às 18:56

o Prof Sobrinho Simões é um cientista de renome internacional na área do cancro nunca defenderia essa posição, Francisco. A questão tem a ver com o "prolongamento da morte". Sobrinho sabe o que isso é, os outros dois talvez não. Mas a MFL só diz dislates...

De Luis a 12.01.2012 às 20:02


Para mim, LM, esta discussão é estéril porque, na verdade ninguem liga muito ao que a Srª diz.
Para mim o problema virá quando for definido o patamar a partir do qual as pessoas têm "posses" ficando, por consequência, fora do apoio. Esta sim, será a parte importante. Não nos deixemos distrair do essencial.

De Francisco Clamote a 12.01.2012 às 22:00

Peço desculpa, mas o essencial é que, no caso da hemodiálise, ninguém possa ficar sem apoio. Com a vida das pessoas não se brinca. Tenham a idade que se tiverem. Isto é que essencial.

De Luis Moreira a 12.01.2012 às 22:09

Eu, francamente, quero crer que no Estado Social Europeu não se chegue tão baixo o de não tratar as pessoas por falta de dinheiro. No outro dia deu um programa na SICN em que entrevistavam pessoas que estavam numa fila há 3 dias para tratar os dentes. Dizia um tipo que dormia no carro para não perder a vez. Tenho seguros de saúde para as minhas filhas mas não para mim. Não tenho dinheiro suficiente. Adiantou que andava há anos com uma dor de dentes...

De Luis Moreira a 12.01.2012 às 22:18

Nos Estados Unidos, evidentemente...

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