«O entendimento popular da blasfémia resulta provavelmente do mandamento bíblico «não tomarás o nome do senhor teu Deus em vão», muito embora nos últimos anos tal conceito se tenha estendido na consciência do público de forma a incluir imagens retratando o profeta islâmico Maomé.
Há seis anos atrás, no dia 30 de Setembro de 2005, o jornal dinamarquês “Jyllands-Posten” publicou uma série de cartoons retratando Maomé. O que se seguiu foi uma batalha de culturas entre o valor ocidental da liberdade de expressão e as rigorosas leis do Islão contra a blasfémia. A religião exerce uma incomensurável pressão sobre a liberdade de expressão, graças à sua universal condenação da blasfémia.
A palavra "blasfémia" deriva de duas palavras gregas, significando βλάπτω "euu mal", e φήμη que significa "reputação", e tem vindo a ser tomada como «falar contra Deus», ou como a difamação da religião e de doutrinas religiosas. Entre as mais fervorosas e mais fundamentalistas seitas religiosas a blasfémia pode variar entre beber uma cerveja até à própria negação da existência de Deus (coisas que eu já fiz no dia de hoje).
Eis o que Bíblia tem a dizer sobre blasfemos: No Levítico 24:16: "Aquele que blasfemar contra o nome do Senhor será condenado à morte; toda a congregação deverá apedrejar o blasfemo. Tanto os estrangeiros como os cidadãos, quando blasfemarem o Nome, deverão ser condenados à morte”. É manifesto que as três grandes religiões ocidentais têm uma opinião extremamente negativa da blasfémia, uma vez que a consideram uma ofensa capital.
As leis contra a blasfémia só servem para promover o medo entre a população e a obediência às autoridades religiosas. Na Europa renascentista a cosmologia oficial da Igreja Católica defendia a visão aristotélica de um cosmos totalmente controlado por Deus, e que sustentava que todos os objectos celestes giravam ao redor da Terra. Quando Galileu virou o seu telescópio para os céus e desenhou as quatro luas em órbita de Júpiter, ele estava a blasfemar contra a Igreja. E esta limitada cosmologia defendia também que não poderia haver tal coisa como o vácuo. Por isso, quando cientistas como Torricelli e Pascal começaram a bulir com a criação de vácuos, também eles estavam a blasfemar contra a Igreja.
George Bernard Shaw disse uma vez que «todas as grandes verdades começam como blasfémias», o que só por si poderia resumir de forma muito sucinta a busca ocidental pela Ciência.
Para as religiões que promovem a ideia de que um Deus criou o universo somente para os seres huma-nos, a ciência será sempre uma blasfémia, porque a ciência abre brechas na já frágil cosmologia filosófica que as religiões ensinam como verdadeira.
O «Dia da Blasfémia» é um dia de reconhecimento da importância da blasfémia numa sociedade que valoriza o direito à liberdade de expressão. Sem liberdade para blasfemar, para falar contra as ridículas doutrinas religiosas que mantêm a sociedade na escuridão e na ignorância, não temos realmente liberdade de expressão.
Blasfemar é defender a ideia de que não há nada tão sagrado que não possa ser criticado, ridicularizado, ou até mesmo falado em voz alta. Como ateu, cada dia é para mim o «Dia da Blasfémia» porque me recuso a colaborar com os dogmas que a religião vende».
Dizem os suspeitos do costume que as eleições de 25 de Maio de 2014 foram uma tragédia. Que 2/3 dos portugueses se abstiveram e que, por toda a Europa, a extrema-direita está em marcha. Como de costume, os suspeitos do costume são tolos. Regressarei à situação local, mas a primeira coisa que deve ser dita é que É FALSO. Com mais de dois milhões de portugueses abaixo dos 18 anos, os "9,683,885 eleitores inscritos" são uma manifesta aldrabice. E quem quer que conheça os serviços consulares da república portuguesa por esse mundo fora, sabe bem que a Diáspora recente e jovem representa mais uns 5%-6% de "abstenção técnica". 52%-53% de abstenção real é muito, mas não é o cenário que as louva-a-deus carpideiras querem fazer crer.
Por toda a Europa, os factos confirmam aquilo que está no título e que todos deviam saber. Em França, a presidência do sr. Hollande é tão má que começa seriamente a pôr em causa o modelo constitucional da V República; mas não é mais do que isso. E os resultados dos broncos do boteco, na Grã-Bretanha, mais uma vez confirmam o lema: o problema dos britânicos é a mediocridade manifesta dos seus políticos actuais, não é um problema de Europa-assim, nem de Europa-assado. E já agora, porque todas as referências, nestes assuntos, são a despropósito, onde estão os prognosticadores do "...ui, aquela terrível extrema-direita ucraniana..."? Será que repararam que os movimentos ultra-nacionalistas ucranianos somaram mais ou menos o mesmo resultado que os pnr-pnd-monárquicos-e-outros-bisnaus cá do burgo? Será que vão reconhecer as figuras muito feias que têm andado a fazer? Não me parece, mas continuemos, porque existem, de facto, boas noticias. Locais, como todas.
Mais interessantes que todos os outros, são os nossos, muito próximos e verdadeiros hermanos: será que Podemos? É #CLAROQUEPODEMOS, basta querer e fazer por isso. Em absoluto, a acompanhar. Então e nós por cá, pá?
Nós por cá nem carne nem peixe, a política é local, toda a política é local. E sui generis, num país em que os trotskistas ofereceram um picador de gelo aos estalinistas e apetece dizer à Marisa Matias: "Rica, ofereça-lhes antes uma Walther P-38, eles preferem ...". Mas fica também a maior derrota eleitoral de sempre do PSD. Para o "partido mais português de Portugal", está muito próxima duma hecatombe e no que respeita ao compagnon de route, já nem um táxi será preciso, basta um capacete e depois ... quem é que conduz, se é o Mota Soares, se o Portas ... e quem vai atrás ... para o que der e vier, já lá diz o povo "... não metas a colher ...". E também a mais pifía das não-vitórias, mas até isso pode estar a mudar.
A 3 de Maio de 1791, os exércitos coligados da Grã-Bretanha, da Espanha e do Sacro-Império invadiram a França. Como resultado do caos instalado após a Revolução, a resistência foi ténue e sobretudo, desorganizada. Foi sem grande dificuldade que os Três Poderes impuseram a sua vontade e a divisão do território segundo as suas próprias conveniências. Os Britânicos anexaram a faixa norte, quase ao longo duma linha recta, de La Rochelle a Reims; O Sacro-Império absorveu o triângulo da Alsácia e ao longo da fronteira Suiça, com o seu vértice em Poitiers. A Espanha anexou o resto. Mais tarde, quando a Rainha Vitória foi aclamada Imperatriz da Índia, Amadeu I, o novo rei de Espanha, procurou a paridade de estatuto e intitulou-se Imperador das Caraíbas. O principal resultado, foi que a pequena povoação de Saint-Benoît tornou-se uma curiosidade em toda a Europa: O Triângulo dos Três Imperadores, onde muitos curiosos se deslocavam com o propósito de obterem um postal ilustrado com três carimbos diferentes, um por cada Imperador. Atente-se na orientação das sombras.
Foi nesta altura que acordei. É óbvio que "um século sem França" nunca poderia ter sido outra coisa do que um sonho mau ... Ou será que poderia? Ou será que foi algo muito exactamente assim que aconteceu e mil anos de história da Europa, mais uma nação de dimensão semelhante à francesa e com uma importância similar, na cultura europeia, estiveram mais de um século quase rigorosamente invisíveis? Foi exactamente isso que aconteceu e, em boa medida, O défice de Europa na actualidade é o resultado do imenso buraco negro que existe na mente duma boa parte dos geograficamente europeus. Esqueçam a Marine Le Pen. Quando uma maioria significativa dos habitantes deste continente forem capazes, sem auxílio, de responder acertadamente à pergunta "Qual foi o quarto maior exército aliado durante a 2ª Guerra?", ela e outras anomalias semelhantes serão relegadas para o rodapé da História, senão directamente para o seu caixote do lixo.
No próximo domingo, irão decorrer eleições neste continente. A vasta maioria terá a ver com um projecto de civilização brilhante, mas actualmente em péssimo estado. A "Democracia contra os mercados" é muito provavelmente a única esperança duma saída pacífica para a crise actual, mas que ninguém se esqueça que vai haver uma outra eleição, mais a leste. Se. Nunca seria curto explicar a relação profunda dos acontecimentos na Ucrânia com aquela invisibilidade da Polónia durante quase 130 anos, mas seria sempre tão inútil como tentar descrever o arco-íris a cegos convencidos de que têm uma visão perfeita. Slavoj Žižek, ele próprio originário da tal "Europa de leste" viu-o na perfeição. Sem qualquer surpresa, Freitas do Amaral não o vê. Cem anos passados desde o início da 1ª Guerra mundial, o digno professor ainda não absorveu o princípio da autodeterminação dos Povos, ou mais provavelmente, acha que todos os princípios terminam à beira da pata do urso russo.
Se o quadro que virá a resultar das eleições do próximo domingo é pouco claro em toda a Europa, é particularmente cinzento nas margens do Mar Negro. O Kremlin anunciou, pela 3ª vez, que as suas tropas colocadas junto à fronteira ucraniana iriam regressar aos quartéis. Como comentou um correspondente da BBC "Seria caso para pensar que existe um problema no sistema de comando militar russo...", se não fosse absolutamente óbvio que o verdadeiro problema do czar actual é o mesmo do gangster georgiano que o antecedeu em meados do século vinte, como o era o duma zoofílica alemã, duzentos anos antes: quando dizem uma verdade cai-lhes um braço, e nunca nenhum foi nem está disposto a ser manco. Existe sempre uma certa majestade quando os co-soberanos colectivos fazem ouvir a sua voz. Seria magnífico que os europeus mostrassem que são dignos da liberdade de que gozam. Seria uma ironia magnífica que fossem os metalúrgicos do Donbass a frustrarem as manobras do patifório de Moscovo.