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Lapsus linguae ou nem por isso?

por Rogério Costa Pereira, em 30.04.08

"A polícia afegã levou hoje a cabo um atentado na capital no país, Cabul, no qual morreram sete pessoas, duas das quais taliban que tentaram matar no domingo o presidente Hamid Karzai, quando este inspeccionava as tropas durante um desfile militar contra a ocupação soviética. Além destes dois islamitas, uma mulher, uma criança e três membros dos serviços de segurança não resistiram ao atentado, informou o porta-voz dos serviços de informação, Amrullah Saleh, em conferência de imprensa depois do raide, que durou quase dez horas." Público

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publicado às 15:22


as angústias de um liberal à portuguesa:

por Rogério Costa Pereira, em 30.04.08

deverá o liberal comemorar o 25 de Abril? deverá o liberal distrair-se do coito para intervir na gestão da estimulação do clítoris da companheira, contrariando a livre iniciativa desta? deverá o liberal segurar o orgasmo demasiado longamente sabendo que com isso contraria as livres forças de mercado que lhe abalam o escroto? Na posição arqueada de barriga para cima, de mercado à vista e bumbum na ponta da cama, em que a parceira coloca os pés no tórax do liberal e este fica à vontade para introduzir o blue-chip, deve recorrer-se a um travesseiro de apoio, ou entalar-lhe debaixo dos lombares três edições de Hayek em paperback? Ou será o hardback mais kinky? Do meu querido amigo, jacinto libório

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publicado às 11:12


Lapsus linguae ou nem por isso?

por Rogério Costa Pereira, em 30.04.08

“A polícia afegã levou hoje a cabo um atentado na capital no país, Cabul, no qual morreram sete pessoas, duas das quais taliban que tentaram matar no domingo o presidente Hamid Karzai, quando este inspeccionava as tropas durante um desfile militar contra a ocupação soviética.


Além destes dois islamitas, uma mulher, uma criança e três membros dos serviços de segurança não resistiram ao atentado, informou o porta-voz dos serviços de informação, Amrullah Saleh, em conferência de imprensa depois do raide, que durou quase dez horas.”


Público

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publicado às 00:45


as angústias de um liberal à portuguesa:

por Rogério Costa Pereira, em 30.04.08

deverá o liberal comemorar o 25 de Abril?

deverá o liberal distrair-se do coito para intervir na gestão da estimulação do clítoris da companheira, contrariando a livre iniciativa desta?

deverá o liberal segurar o orgasmo demasiado longamente sabendo que com isso contraria as livres forças de mercado que lhe abalam o escroto?

Na posição arqueada de barriga para cima, de mercado à vista e bumbum na ponta da cama, em que a parceira coloca os pés no tórax do liberal e este fica à vontade para introduzir o blue-chip, deve recorrer-se a um travesseiro de apoio, ou entalar-lhe debaixo dos lombares três edições de Hayek em paperback? Ou será o hardback mais kinky?


Do meu querido amigo, jacinto libório

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publicado às 00:43


Pérolas do Atlântico

por Rogério Costa Pereira, em 29.04.08

«Para que se saiba, eis o que eu disse no Conselho Nacional do Partido Social Democrata: Não posso, responsavelmente, deixar de expressar a minha preocupação com a situação nacional do Partido que tem o mandato democrático de governar a Região Autónoma da Madeira, bem como todos os seus Municípios. (...) Hoje, o Luís Filipe Menezes pode crer que ganhou uma amizade minha, para o futuro, para a vida, mais intensa e solidária do que há meses atrás. O que Lhe fizeram, não se faz! E até compreendo o desgaste legítimo a que chegou. (...) O futuro dos Portugueses passa necessariamente por alterações governativas nacionais em 2009, pelo que é importante que o Partido Social Democrata encontre o rumo certo. Das onze maneiras seguintes: (...) É tempo de quem preferir o “bloco central”, ou na sua indigência cultural se sentir de uma “esquerda” hipócrita, situacionista e nababa, nos deixar em paz definitivamente. Ou, então, sermos nós a abandonar o Partido, com lágrimas de saudade pelo projecto que, aqui, quisemos construir para os Portugueses. (...) Se a Senhor Dr.ª Manuela Ferreira Leite, ou outros de certo modo exóticos, persistem em ir para a frente, representarão, todos, sem excepção meras facções do partido.» Alberto João Jardim, in Jornal da Madeira


Como vêem, ó de certo modo exóticos, com o Alberto João, os posts escrevem-se praticamente sozinhos. Das, não dez, não doze, mas onze maneiras seguintes (noutro post as enumerarei). Entretanto, e porque tenho mais que fazer, aqui termino, com lágrimas de saudade.

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publicado às 15:30


E que dirão da pessoa não humana?

por Rogério Costa Pereira, em 29.04.08

O PSD considera a pessoa humana, a sua vida, dignidade e consciência, como um valor anterior à sociedade e ao Estado, dos quais constitui o fundamento. in Movimento de apoio de Militantes do PSD a nível nacional - Alberto João Jardim a presidente do PSD

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publicado às 12:38


Pérolas do Atlântico

por Rogério Costa Pereira, em 29.04.08

«Para que se saiba, eis o que eu disse no Conselho Nacional do Partido Social Democrata:

Não posso, responsavelmente, deixar de expressar a minha preocupação com a situação nacional do Partido que tem o mandato democrático de governar a Região Autónoma da Madeira, bem como todos os seus Municípios.

(…)

Hoje, o Luís Filipe Menezes pode crer que ganhou uma amizade minha, para o futuro, para a vida, mais intensa e solidária do que há meses atrás. O que Lhe fizeram, não se faz! E até compreendo o desgaste legítimo a que chegou.

(…)

O futuro dos Portugueses passa necessariamente por alterações governativas nacionais em 2009, pelo que é importante que o Partido Social Democrata encontre o rumo certo. Das onze maneiras seguintes:

(…)

É tempo de quem preferir o “bloco central”, ou na sua indigência cultural se sentir de uma “esquerda” hipócrita, situacionista e nababa, nos deixar em paz definitivamente. Ou, então, sermos nós a abandonar o Partido, com lágrimas de saudade pelo projecto que, aqui, quisemos construir para os Portugueses.

(…)

Se a Senhor Dr.ª Manuela Ferreira Leite, ou outros de certo modo exóticos, persistem em ir para a frente, representarão, todos, sem excepção meras facções do partido.»


Alberto João Jardim, in Jornal da Madeira


Como vêem, ó de certo modo exóticos, com o Alberto João, os posts escrevem-se praticamente sozinhos. Das, não dez, não doze, mas onze maneiras seguintes (noutro post as enumerarei). Entretanto, e porque tenho mais que fazer, aqui termino, com lágrimas de saudade.

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publicado às 00:42


E que dirão da pessoa não humana?

por Rogério Costa Pereira, em 29.04.08

O PSD considera a pessoa humana, a sua vida, dignidade e consciência, como um valor anterior à sociedade e ao Estado, dos quais constitui o fundamento.


 


in Movimento de apoio de Militantes do PSD a nível nacional - Alberto João Jardim a presidente do PSD

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publicado às 00:22


Punhetas a grilos

por Rogério Costa Pereira, em 27.04.08

Era uma promessa que lhe tinha feito. Havia de escrever um livro. Chegou a pôr um alarme no telemóvel: 2ª feira, 15 horas, avisar 10 minutos antes (era um nokia): “Escrever”. Assim mesmo. “Escrever”. Como se estas coisas de escrever pudessem ser programadas. Levanta-se pela manhã, toma um duche, engole os cereais e vai à bolina no seu carro que “pelo menos é seguro” e que “já não é a primeira pessoa que me diz, e até já li num livro: tem mais 28 cavalos do que diz o livro – sabes como é que é! Questões fiscais”. E vai asinha porque não pode chegar atrasado ao seu novo emprego de escritor. O patrão é severo. Tem prazos a cumprir. Agora é um romance. Uma história de tragédia. Dois irmãos que se apaixonam um pelo outro e são obrigados a terminar a relação quando descobrem que, afinal, não são irmãos. Depois chega a hora de almoço e à tarde tem de se embrenhar numa comédia. Há que arranjar um herói. Pode ser o terceiro irmão dos atrás avindos – e que hão-de deixar de o ser. Que nome lhe havemos de dar? Passa este escriba pelas mesmas agruras dos pais que lhe escolheram o nome, assim como “uma espécie de pai sem o ser”. Martim. Pronto. Pelo menos aqui não tenho quem discorde. Martim será e pouco me importa que lhe chamem Martins. Afinal as crianças são cruéis e os adultos são medíocres. Quase todos. Não podem ser todos. O próprio conceito e o simples facto de existir, como tal o impõe. Se o oposto da mediocridade, qualquer que ele seja, como de resto tudo o que é ou não é, não existisse, ou não fosse reconhecido, a própria mediocridade não existiria. Mas já chega de conversa fiada. Vamos às coisas sérias.



Falava-vos do nosso herói! Lindo! Bela tirada: “o nosso herói”. Livro que o queira ser, deste escritor de empreitada (que não sou eu, atenção, não se esqueçam da promessa), tem de ter um princípio, um meio e um fim e, mais que tudo, tem de ter um narrador – aqui posso ser eu – que possa dizer coisas como: “o nosso herói”. Martim. Irmão do Fulano e da Beltrana – assumi o “Beltrana”. Irmã borralheira da Fulana, a preferida, e da Sicrana, irmã do meio a quem pouco falta. Não é a sério, não se esqueçam, porque irmãos são mesmo só três - recapitulando, Martim, Fulano e Beltrana. Nesta história, sempre que não se quiser nomear alguém, Beltrana será. E assim no feminino, que fica giro. E o raio do corrector ortográfico automático quer à força mudar-lhe o género. Pois que aguente. Não é Beltrano. Nesta estória não há paneleirices, se o outro é fulano, esta tem de ser Beltrana. Bem bonda o incesto que afinal não era. O Martim, como não pode deixar de ser, é aprendiz de feiticeiro. Genericamente: bruxo – como se intitula. Num mundo de medíocres ninguém quer ser aprendiz de nada. Vamos todos fazer de conta. Fazer de conta que somos felizes. Fazer de conta que somos experimentados. Fazer de conta que temos dinheiro. Fazer de conta que não são os nossos papás que nos sustentam. Fazer de conta que nos esfalfamos a trabalhar. Sábados, Domingos e feriados. E dizer mal do vizinho que é um calão e não trabalha nos dias de descanso - deve-lhe vir da droga. Mesmo que estejamos conscientes, e alguns não fogem a esse estado, o que só lhes deve aumentar a agrura, mesmo que estejamos conscientes que não fazemos a ponta de um corno, que é só para inglês ver e, pior que tudo, que somos, na maior parte das vezes, o nosso próprio inglês. O que interessa é que o nosso vulto apareça na fotografia, que os movimentos mecânicos do trabalho se possam vislumbrar. Mesmo que o produto de toda essa presença no local da ilusória faina não passe dum enorme flato, dado bem alto e ao vento para que ninguém possa ouvir nem cheirar. Mesmo assim. Como num enorme auto de fé de bruxas vaidosas. E um bruxo não dorme, um bruxo não come, um bruxo não bebe, um bruxo não fode. Pois bem, este aprendiz de feiticeiro faz isso tudo e mais uma botas que sejam precisas para algum pobre ucraniano que por ai ande de pata ao léu. E lá vai então o Martim para o escritório. Chegou. As estórias misturam-se, a do criador e da criatura. Está quase a tocar o alarme das 10 para as 10. Ele espera, pacientemente. Escrever. Tá bem, tá. Escreve tu que tens bom vagar. Eu tenho muito com que me entreter - afinal, sou o vosso herói, o protagonista desta história. Embora não me desagrade de todo a ideia de tão tonta corrente literária, não gabo a sorte de quem a quiser aproveitar. Demasiado trabalhoso e, tecnicamente, não passa de uma bela dor de cabeça. Ah, e não vende. Tocou o alarme, toca a escrever. "Era uma vez um cabrito montês"

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publicado às 20:32


Marvão, 26 de Abril de 2008

por Rogério Costa Pereira, em 27.04.08

Diz o the studio, em comentário a este post da Fernanda: «Oliveira Salazar foi um dos mais conceituados catedraticos Portugueses em Economia, nao foi alguem que fez uma licenciatura por fax. Durante o periodo em que esteve ‘a frente do governo, Portugal teve o maior crescimento economico de desde que ha’ registo. Portanto, com os dados disponiveis, so’ poderemos concluir que caso Salazar continuasse no governo ate’ hoje, viveriamos melhor que vivemos. (...) E sim, o Mario Machado esta’ preso pelas suas opinioes politicas. O primeiro dia de julgamento foi exclusivamente dedicado “ao que ele pensa” e nao “ao que ele fez”» Sei que este tipo de opiniões praticamente se auto-contestam e que, portanto, não carecem de qualquer tipo de réplica. Encaro, pois, este meu comentário ao comentário em causa como um desafio: tentar perceber quem é o the studio e, aproveitando o ensejo, expor algum do meu pensamento, para que não tomem a nuvem por Juno, a árvore pela floresta. A identidade deste blogue é resultado da soma dos agires e pensares de quem nele escreve em cada momento. O 5 dias, permitam-me, e não é à toa que o digo cerca de um mês depois do meu primeiro post, agora que já tomei o pulso à maioria dos meus colegas, perdão, camaradas, não fala em uníssono, não reúne em comité central antes de cada um escrever o que quer que seja. O 5 dias é um endereço onde se podem ler fulano, sicrano e beltrano. Existe a floresta, e nessa não deixa de haver alguma identidade, claro, diverso seria insustentável, mas nela há arvores de todo o tipo. Atentem nelas. O nome que encima o artigo não está lá por acaso. Voltando à vaca fria, que neste caso assina the studio, não será despiciendo referir que, pela forma como acentua, facilmente se depreende que está além fronteiras, e que, pela forma como não acentua, e como a trabalha, facilmente se conclui que a língua portuguesa se apresenta, aos olhos do ser, com aura de mistério insondável. Mas isso, embora revelador, é mero formalismo que pouco é para aqui chamado. Interessa-me, isso sim, o discurso circular e básico, a lógica do razoamento, se assim lhes posso chamar - à lógica e ao razoamento. Comecemos pelo fim. Diz o moço que Mário Machado está preso pelas suas opiniões políticas. E como se alcança tal conclusão? Por uma perfeita aberração analítica: «O primeiro dia de julgamento foi exclusivamente dedicado “ao que ele pensa” e nao “ao que ele fez”». Como é óbvio, para qualquer ser pensante, os pensamentos levam às acções, embora neste caso se revele um fenómeno algo paradoxal: dificilmente se pode chamar "pensamento" ao que subjaz às acções do indivíduo em questão. Tratar-se-á de um fenómeno qualquer, absolutamente diverso de pensar, mas que por comodidade de raciocínio concederei em chamar de pensamento. O the studio não sabe, e talvez nem lhe seja exigível, mas a verdade é que a maior parte dos seres racionais pensam antes de agir, daí o, para ele, inusitado, interesse em tentar conhecer o pensamento do individuo, antes de, daí, tentar encontrar uma causalidade adequada entre o dito pensamento e as alegadas acções, estas, verdadeiramente, a única coisa que realmente está em apreciação. Se o tal de Machado tivesse passado a vida a apregoar alhos e viesse agora acusado de bugalhos, isso, para além de estranho, servir-lhe-ia para lançar a dúvida na mente do julgador. Porém, se as coisas se identificam, escusado será dizer da respectiva relevância.



Daqui poderia avançar para o conceito de Estado de Direito, mas concedo que problemas já tem o the studio – simplifiquemos, portanto. O simples facto de ele poder dizer, como se em ágora, tais enormidades, é bem revelador da diferença entre os dois regimes que tenta comparar. A verdade é googlável. A quantidade de sites e blogues de autores com alopécia total e dormência na mão direita é assaz reveladora da diferença entre o actual regime e o regime que o the studio parece propor. No dele, este blogue não existiria. Mais, seria impossível, de Marvão, eu ter sequer acesso à www. Hoje, todos escrevem o que se lhes afigura e nem por isso têm um qualquer sucedâneo da PIDE a bater-lhes à porta - à parte, obviamente, a intrínseca, e não desprezível, principal característica da norma jurídica: a violabilidade, qual jogo com regras pré-definidas, afinal, a principal diferença entre democracia e ditadura. Os crimes contra a honra são sustentáculo perene de qualquer democracia, que se quer moderna e eficaz, sem que isso possa justificar a judicialização do debate político - mas isso é outra conversa. De resto, justiça, temos hoje regime bem diferente temos daquele que, não fora o 25 de Novembro, nos teria entrado porta adentro. Com o doloroso PREC, o comunismo à portuguesa provou ser a outra face da moeda que circulou por mais de 40 anos. Mais do mesmo viria. Para reconhecer a verdade destas palavras basta remontar a esse vero case study no terreno em que se traduziu a guerra civil de nuestros hermanos. De ambos, comunismo e fascismo, os factos provam-no, a democracia, esse mal menor, sempre andou alheada. No que respeita ao exuberante crescimento económico que parece ter-se dado durante Estado Novo, que o the studio, do alto dos seus, aposto, não mais que vinte anos, caso contrário é deveras preocupante para o cujo, parece querer testemunhar, como de ouvir dizer, e da sustentabilidade de manter esse crescimentos até à actualidade, estamos conversados. É facto notório que seria impossível, nos tempos que correm, um regime que industriava o "orgulhosamente sós" singrar no mundo moderno. Assim como, também acredito, mais, tenho a certeza, que a transição que se verificou em Espanha também se teria dado em Portugal. O regime, caduco que estava, cairia por si. Por dentro, de podre e insustentável. Os secretos a voces dos nossos vizinhos serviriam bem para nós - em igual medida. Não desconsidero, ainda assim, o 25 de Abril, nem a grandeza que lhe está subjacente, mas também não esqueço que o povo pouco teve a ver com ele. E isso é revelador. Voltando a outro lugar comum: há que não esquecer que a populaça que o vaiou, no quartel do Carmo, foi a mesma que o aplaudiu, de pé, dias antes, em Alvalade, no estádio – falo de Marcello Caetano. Em suma, o 25 de Abril atalhou as coisas, mas não as suavizou o que devia. Atalhos são, não é por acaso, sinónimo de trabalhos acrescidos e evitáveis. A tentativa de tomada do poder pelo PC, que se traduziria num "mais do mesmo", a verdadeira rebaldaria, vulgo PREC, que se seguiu ao 25 de Abril, pela qual ainda hoje pagamos juros capitalizados, qual anatocismo não contratualizado, podiam ter sido evitados. Porém, a história descambou para aí, e a verdade é que a história tem sempre razão. Cada preso político que aquela Quinta-Feira libertou talvez justifique a revolução, vista daqui, passados que foram meros 34 anos. Daqui por 100 anos, longe da fulanização, talvez seja possível racionalizar as coisas e concluir que o 25 de Abril ter-se-ia dado, por dentro, por si, com menos cravos, menos pompa, menos fontes luminosas, mas de forma mais eficaz. Um ano, quiçá dois, não duraria mais. Mas que difícil é, falar com tantos testemunhos vivos das agruras do estado que, estafado à nascença, em termos ideológicos, se quis chamar de “novo”. A verdade é que, o redondo raciocínio do autor do comentário que conduziu a este post não faz, obviamente, qualquer sentido, basta tentar imaginar Cuba no extremo ocidental da Europa - em 2008. Parece paradoxal, a comparação, mas não é. O resto tira-se de letra.

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publicado às 02:13


Punhetas a grilos

por Rogério Costa Pereira, em 27.04.08

Era uma promessa que lhe tinha feito. Havia de escrever um livro. Chegou a pôr um alarme no telemóvel: 2ª feira, 15 horas, avisar 10 minutos antes (era um nokia): “Escrever”. Assim mesmo. “Escrever”. Como se estas coisas de escrever pudessem ser programadas. Levanta-se pela manhã, toma um duche, engole os cereais e vai à bolina no seu carro que “pelo menos é seguro” e que “já não é a primeira pessoa que me diz, e até já li num livro: tem mais 28 cavalos do que diz o livro – sabes como é que é! Questões fiscais”.

E vai asinha porque não pode chegar atrasado ao seu novo emprego de escritor. O patrão é severo. Tem prazos a cumprir. Agora é um romance. Uma história de tragédia. Dois irmãos que se apaixonam um pelo outro e são obrigados a terminar a relação quando descobrem que, afinal, não são irmãos. Depois chega a hora de almoço e à tarde tem de se embrenhar numa comédia.

Há que arranjar um herói. Pode ser o terceiro irmão dos atrás avindos – e que hão-de deixar de o ser.

Que nome lhe havemos de dar? Passa este escriba pelas mesmas agruras dos pais que lhe escolheram o nome, assim como “uma espécie de pai sem o ser”.

Martim. Pronto. Pelo menos aqui não tenho quem discorde. Martim será e pouco me importa que lhe chamem Martins. Afinal as crianças são cruéis e os adultos são medíocres. Quase todos. Não podem ser todos. O próprio conceito e o simples facto de existir, como tal o impõe. Se o oposto da mediocridade, qualquer que ele seja, como de resto tudo o que é ou não é, não existisse, ou não fosse reconhecido, a própria mediocridade não existiria.


Mas já chega de conversa fiada. Vamos às coisas sérias.


 


Falava-vos do nosso herói! Lindo! Bela tirada: “o nosso herói”. Livro que o queira ser, deste escritor de empreitada (que não sou eu, atenção, não se esqueçam da promessa), tem de ter um princípio, um meio e um fim e, mais que tudo, tem de ter um narrador – aqui posso ser eu – que possa dizer coisas como: “o nosso herói”.


Martim. Irmão do Fulano e da Beltrana – assumi o “Beltrana”. Irmã borralheira da Fulana, a preferida, e da Sicrana, irmã do meio a quem pouco falta. Não é a sério, não se esqueçam, porque irmãos são mesmo só três - recapitulando, Martim, Fulano e Beltrana. Nesta história, sempre que não se quiser nomear alguém, Beltrana será. E assim no feminino, que fica giro. E o raio do corrector ortográfico automático quer à força mudar-lhe o género. Pois que aguente. Não é Beltrano. Nesta estória não há paneleirices, se o outro é fulano, esta tem de ser Beltrana. Bem bonda o incesto que afinal não era.


O Martim, como não pode deixar de ser, é aprendiz de feiticeiro. Genericamente: bruxo – como se intitula. Num mundo de medíocres ninguém quer ser aprendiz de nada. Vamos todos fazer de conta. Fazer de conta que somos felizes. Fazer de conta que somos experimentados. Fazer de conta que temos dinheiro. Fazer de conta que não são os nossos papás que nos sustentam. Fazer de conta que nos esfalfamos a trabalhar. Sábados, Domingos e feriados. E dizer mal do vizinho que é um calão e não trabalha nos dias de descanso - deve-lhe vir da droga. Mesmo que estejamos conscientes, e alguns não fogem a esse estado, o que só lhes deve aumentar a agrura, mesmo que estejamos conscientes que não fazemos a ponta de um corno, que é só para inglês ver e, pior que tudo, que somos, na maior parte das vezes, o nosso próprio inglês. O que interessa é que o nosso vulto apareça na fotografia, que os movimentos mecânicos do trabalho se possam vislumbrar. Mesmo que o produto de toda essa presença no local da ilusória faina não passe dum enorme flato, dado bem alto e ao vento para que ninguém possa ouvir nem cheirar.

Mesmo assim. Como num enorme auto de fé de bruxas vaidosas. E um bruxo não dorme, um bruxo não come, um bruxo não bebe, um bruxo não fode. Pois bem, este aprendiz de feiticeiro faz isso tudo e mais uma botas que sejam precisas para algum pobre ucraniano que por ai ande de pata ao léu.

E lá vai então o Martim para o escritório. Chegou. As estórias misturam-se, a do criador e da criatura. Está quase a tocar o alarme das 10 para as 10. Ele espera, pacientemente. Escrever. Tá bem, tá. Escreve tu que tens bom vagar. Eu tenho muito com que me entreter - afinal, sou o vosso herói, o protagonista desta história. Embora não me desagrade de todo a ideia de tão tonta corrente literária, não gabo a sorte de quem a quiser aproveitar. Demasiado trabalhoso e, tecnicamente, não passa de uma bela dor de cabeça. Ah, e não vende.


Tocou o alarme, toca a escrever.

“Era uma vez um cabrito montês”

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publicado às 00:20


A minha Avenida acima

por Rogério Costa Pereira, em 26.04.08

Como em todos os feriados religiosos anexos aos fins de semana, saí do meu Portugal Profundo e vim até ao Portugal Ainda Mais Profundo. Desta vez escolhemos a Quinta do Barrieiro, perto de Marvão. Aqui chegados, dei logo por um tipo de "Liberdade a Plenos Pulmões", mutatis mutandis, equivalente ao de que fala o Nuno no post anterior. Eis a canita e sus muchachas, que, afrontando a voz do dono, ousaram entrar entrar pela nossa (em bom rigor, delas) sala adentro, fingindo pelo leite do pobres. Se mais faltasse para tornar o fim de semana perfeito, eis-nos rodeados da arte de Maria Leal da Costa, nossa co-anfitriã, que se atreve, com pleno sucesso, a concorrer, nesta Quinta de Maravilhas, com a natureza, no desfile de liberdades em que se consubstancia este paradoxal Norte Alentejano. PS - As crónicas do Alberto Gonçalves, na Sábado, vão de mal a pior.

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publicado às 00:16


Marvão, 26 de Abril de 2008

por Rogério Costa Pereira, em 26.04.08

Diz o the studio, em comentário a este post da Fernanda:


«Oliveira Salazar foi um dos mais conceituados catedraticos Portugueses em Economia, nao foi alguem que fez uma licenciatura por fax. Durante o periodo em que esteve ‘a frente do governo, Portugal teve o maior crescimento economico de desde que ha’ registo. Portanto, com os dados disponiveis, so’ poderemos concluir que caso Salazar continuasse no governo ate’ hoje, viveriamos melhor que vivemos.

(…)

E sim, o Mario Machado esta’ preso pelas suas opinioes politicas. O primeiro dia de julgamento foi exclusivamente dedicado “ao que ele pensa” e nao “ao que ele fez”»


Sei que este tipo de opiniões praticamente se auto-contestam e que, portanto, não carecem de qualquer tipo de réplica. Encaro, pois, este meu comentário ao comentário em causa como um desafio: tentar perceber quem é o the studio e, aproveitando o ensejo, expor algum do meu pensamento, para que não tomem a nuvem por Juno, a árvore pela floresta. A identidade deste blogue é resultado da soma dos agires e pensares de quem nele escreve em cada momento. O 5 dias, permitam-me, e não é à toa que o digo cerca de um mês depois do meu primeiro post, agora que já tomei o pulso à maioria dos meus colegas, perdão, camaradas, não fala em uníssono, não reúne em comité central antes de cada um escrever o que quer que seja. O 5 dias é um endereço onde se podem ler fulano, sicrano e beltrano. Existe a floresta, e nessa não deixa de haver alguma identidade, claro, diverso seria insustentável, mas nela há arvores de todo o tipo. Atentem nelas. O nome que encima o artigo não está lá por acaso.


Voltando à vaca fria, que neste caso assina the studio, não será despiciendo referir que, pela forma como acentua, facilmente se depreende que está além fronteiras, e que, pela forma como não acentua, e como a trabalha, facilmente se conclui que a língua portuguesa se apresenta, aos olhos do ser, com aura de mistério insondável.


Mas isso, embora revelador, é mero formalismo que pouco é para aqui chamado. Interessa-me, isso sim, o discurso circular e básico, a lógica do razoamento, se assim lhes posso chamar - à lógica e ao razoamento.


Comecemos pelo fim.


Diz o moço que Mário Machado está preso pelas suas opiniões políticas. E como se alcança tal conclusão? Por uma perfeita aberração analítica: «O primeiro dia de julgamento foi exclusivamente dedicado “ao que ele pensa” e nao “ao que ele fez”». Como é óbvio, para qualquer ser pensante, os pensamentos levam às acções, embora neste caso se revele um fenómeno algo paradoxal: dificilmente se pode chamar “pensamento” ao que subjaz às acções do indivíduo em questão. Tratar-se-á de um fenómeno qualquer, absolutamente diverso de pensar, mas que por comodidade de raciocínio concederei em chamar de pensamento.


O the studio não sabe, e talvez nem lhe seja exigível, mas a verdade é que a maior parte dos seres racionais pensam antes de agir, daí o, para ele, inusitado, interesse em tentar conhecer o pensamento do individuo, antes de, daí, tentar encontrar uma causalidade adequada entre o dito pensamento e as alegadas acções, estas, verdadeiramente, a única coisa que realmente está em apreciação. Se o tal de Machado tivesse passado a vida a apregoar alhos e viesse agora acusado de bugalhos, isso, para além de estranho, servir-lhe-ia para lançar a dúvida na mente do julgador. Porém, se as coisas se identificam, escusado será dizer da respectiva relevância.


 


Daqui poderia avançar para o conceito de Estado de Direito, mas concedo que problemas já tem o the studio – simplifiquemos, portanto. O simples facto de ele poder dizer, como se em ágora, tais enormidades, é bem revelador da diferença entre os dois regimes que tenta comparar. A verdade é googlável. A quantidade de sites e blogues de autores com alopécia total e dormência na mão direita é assaz reveladora da diferença entre o actual regime e o regime que o the studio parece propor. No dele, este blogue não existiria. Mais, seria impossível, de Marvão, eu ter sequer acesso à www.


Hoje, todos escrevem o que se lhes afigura e nem por isso têm um qualquer sucedâneo da PIDE a bater-lhes à porta - à parte, obviamente, a intrínseca, e não desprezível, principal característica da norma jurídica: a violabilidade, qual jogo com regras pré-definidas, afinal, a principal diferença entre democracia e ditadura. Os crimes contra a honra são sustentáculo perene de qualquer democracia, que se quer moderna e eficaz, sem que isso possa justificar a judicialização do debate político - mas isso é outra conversa.


De resto, justiça, temos hoje regime bem diferente temos daquele que, não fora o 25 de Novembro, nos teria entrado porta adentro. Com o doloroso PREC, o comunismo à portuguesa provou ser a outra face da moeda que circulou por mais de 40 anos. Mais do mesmo viria. Para reconhecer a verdade destas palavras basta remontar a esse vero case study no terreno em que se traduziu a guerra civil de nuestros hermanos.


De ambos, comunismo e fascismo, os factos provam-no, a democracia, esse mal menor, sempre andou alheada.


No que respeita ao exuberante crescimento económico que parece ter-se dado durante Estado Novo, que o the studio, do alto dos seus, aposto, não mais que vinte anos, caso contrário é deveras preocupante para o cujo, parece querer testemunhar, como de ouvir dizer, e da sustentabilidade de manter esse crescimentos até à actualidade, estamos conversados.


É facto notório que seria impossível, nos tempos que correm, um regime que industriava o “orgulhosamente sós” singrar no mundo moderno. Assim como, também acredito, mais, tenho a certeza, que a transição que se verificou em Espanha também se teria dado em Portugal. O regime, caduco que estava, cairia por si. Por dentro, de podre e insustentável. Os secretos a voces dos nossos vizinhos serviriam bem para nós - em igual medida.


Não desconsidero, ainda assim, o 25 de Abril, nem a grandeza que lhe está subjacente, mas também não esqueço que o povo pouco teve a ver com ele. E isso é revelador. Voltando a outro lugar comum: há que não esquecer que a populaça que o vaiou, no quartel do Carmo, foi a mesma que o aplaudiu, de pé, dias antes, em Alvalade, no estádio – falo de Marcello Caetano.


Em suma, o 25 de Abril atalhou as coisas, mas não as suavizou o que devia. Atalhos são, não é por acaso, sinónimo de trabalhos acrescidos e evitáveis. A tentativa de tomada do poder pelo PC, que se traduziria num “mais do mesmo”, a verdadeira rebaldaria, vulgo PREC, que se seguiu ao 25 de Abril, pela qual ainda hoje pagamos juros capitalizados, qual anatocismo não contratualizado, podiam ter sido evitados.


Porém, a história descambou para aí, e a verdade é que a história tem sempre razão. Cada preso político que aquela Quinta-Feira libertou talvez justifique a revolução, vista daqui, passados que foram meros 34 anos. Daqui por 100 anos, longe da fulanização, talvez seja possível racionalizar as coisas e concluir que o 25 de Abril ter-se-ia dado, por dentro, por si, com menos cravos, menos pompa, menos fontes luminosas, mas de forma mais eficaz.


Um ano, quiçá dois, não duraria mais. Mas que difícil é, falar com tantos testemunhos vivos das agruras do estado que, estafado à nascença, em termos ideológicos, se quis chamar de “novo”.


A verdade é que, o redondo raciocínio do autor do comentário que conduziu a este post não faz, obviamente, qualquer sentido, basta tentar imaginar Cuba no extremo ocidental da Europa - em 2008.


Parece paradoxal, a comparação, mas não é.


O resto tira-se de letra.

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publicado às 00:16


Sejam as tropas do general

por Rogério Costa Pereira, em 23.04.08

Entre as situações, hipoteticamente em conflito, "qualquer coisa que me faça rir" e o "a bem da nação" opto, quase sempre, e despudoradamente, pela primeira. Por vezes, as coisas parecem misturar-se, mas é raro. Normalmente, o "a bem da nação" é coisa séria, algo rara, também, enquanto o "qualquer coisa que me faça rir" é sempre entidade distante e distinta da prosperidade nacional. Ou seja, os indicadores económicos baixam sempre que qualquer coisa me faz rir. Mas eis que se dá diminuição do IVA em 1%. Não é, a fazer fé nas palavras de alguns especialistas, mais do que uma impostura que em nada vai alterar a preço da minha bica. Porém, há que conceder, também não alcançará ser um mal para a nação. Ou seja, é um “a mais ou menos da nação”. "A mais ou menos da nação", que pouco lhe aquece ou arrefece, diminua-se o IVA em 1%, podia ter sido a frase de apresentação de tão esbelta medida. Apesar de tudo, fez-me rir. Um “a quase bem da nação” que me fez rir. Insólito. Andei, inclusive, algo preocupado, até perceber de onde vinha a piada. Foi o RAP que me esclareceu – é que o IVA tinha, em rigor, aumentado em 1%, isto a termos em conta que, não distante, o pagávamos a 19%. E para ali andei eu a gargalhar, como que ensandecido, sempre que revia o ar comprometido com que o nosso Primeiro tinha anunciado a nova, do género “sei que podem pensar que estou a gozar convosco, mas é assim…”



E para quê esta conversa toda, perguntarão, convencido sou e estou que algum perdido ainda esteja a ler esta parte do texto. É que a possibilidade, por mais remota, a mera possibilidade, de o Alberto João vir para o continente, tipo, vir mesmo para o continente, para aqui, mesmo ao pé de nós, aqui juntinho, fazer comícios, campanhas, dançar o vira, beber uns canecos, transpiração em bica, cabelo em desalinho, aquele sotaque, céus, e todas aquelas coisa que ele faz, túneis e tudo, essa chance, faz-me rir, quase desapiedado dos meus músculos faciais e das cicatrizes deixadas pela exagerada respectiva contracção. Notem bem, se ele vier ter connosco, para além dos jornalistas e dos "tipes do piésse", de quem é que ele vai poder dizer mal? Dos madeirenses? De Lisboa e dos senhores que nela habitam vai deixar de poder ser, pois se o próprio Alberto se transforma num deles. Não vos deixa loucos, a incerteza? Até me arrepio de ansiedade. Como será, como será? E tenham juízo, senhores que vão votar nas directas, lembrem-se do meio a que a Manuela recorreu para nos deixar abaixo do défice, perguntem-se onde raio andou o Pedro, o Coelho, que ao Lopes aplica-se a mesma lógica que emana desta croniqueta, bem vindo seria, falava do Coelho, por onde raio andou desde que saiu da jota, que experiência há-de ter destas andanças. Ninguém sabe. Quanto ao Patinha e ao outro, estamos conversados. Em suma, imaginem um imenso e infindável Carnaval, um "é-prá-desgraça-é-prá-desgraça" constante. Não me lixem. Sejam as tropas do general, liguem-lhe a dizer que venha, que o apoiam, digam-lhe da minha parte que eu também o apoiaria se fosse militante, e que só não sou porque sou um pateta que não se lembrou desta divertida possibilidade. Façam qualquer coisa, mas ele que venha, por favor. Opto, decididamente e mais uma vez, por "qualquer coisa que me faça rir".

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publicado às 19:18


Sejam as tropas do general

por Rogério Costa Pereira, em 23.04.08

Entre as situações, hipoteticamente em conflito, “qualquer coisa que me faça rir” e o “a bem da nação” opto, quase sempre, e despudoradamente, pela primeira. Por vezes, as coisas parecem misturar-se, mas é raro. Normalmente, o “a bem da nação” é coisa séria, algo rara, também, enquanto o “qualquer coisa que me faça rir” é sempre entidade distante e distinta da prosperidade nacional. Ou seja, os indicadores económicos baixam sempre que qualquer coisa me faz rir. Mas eis que se dá diminuição do IVA em 1%. Não é, a fazer fé nas palavras de alguns especialistas, mais do que uma impostura que em nada vai alterar a preço da minha bica. Porém, há que conceder, também não alcançará ser um mal para a nação. Ou seja, é um “a mais ou menos da nação”. “A mais ou menos da nação”, que pouco lhe aquece ou arrefece, diminua-se o IVA em 1%, podia ter sido a frase de apresentação de tão esbelta medida. Apesar de tudo, fez-me rir. Um “a quase bem da nação” que me fez rir. Insólito. Andei, inclusive, algo preocupado, até perceber de onde vinha a piada. Foi o RAP que me esclareceu – é que o IVA tinha, em rigor, aumentado em 1%, isto a termos em conta que, não distante, o pagávamos a 19%. E para ali andei eu a gargalhar, como que ensandecido, sempre que revia o ar comprometido com que o nosso Primeiro tinha anunciado a nova, do género “sei que podem pensar que estou a gozar convosco, mas é assim…” E para quê esta conversa toda, perguntarão, convencido sou e estou que algum perdido ainda esteja a ler esta parte do texto. É que a possibilidade, por mais remota, a mera possibilidade, de o Alberto João vir para o continente, tipo, vir mesmo para o continente, para aqui, mesmo ao pé de nós, aqui juntinho, fazer comícios, campanhas, dançar o vira, beber uns canecos, transpiração em bica, cabelo em desalinho, aquele sotaque, céus, e todas aquelas coisa que ele faz, túneis e tudo, essa chance, faz-me rir, quase desapiedado dos meus músculos faciais e das cicatrizes deixadas pela exagerada respectiva contracção. Notem bem, se ele vier ter connosco, para além dos jornalistas e dos “tipes do piésse”, de quem é que ele vai poder dizer mal? Dos madeirenses? De Lisboa e dos senhores que nela habitam vai deixar de poder ser, pois se o próprio Alberto se transforma num deles. Não vos deixa loucos, a incerteza? Até me arrepio de ansiedade. Como será, como será? E tenham juízo, senhores que vão votar nas directas, lembrem-se do meio a que a Manuela recorreu para nos deixar abaixo do défice, perguntem-se onde raio andou o Pedro, o Coelho, que ao Lopes aplica-se a mesma lógica que emana desta croniqueta, bem vindo seria, falava do Coelho, por onde raio andou desde que saiu da jota, que experiência há-de ter destas andanças. Ninguém sabe. Quanto ao Patinha e ao outro, estamos conversados. Em suma, imaginem um imenso e infindável Carnaval, um “é-prá-desgraça-é-prá-desgraça” constante. Não me lixem. Sejam as tropas do general, liguem-lhe a dizer que venha, que o apoiam, digam-lhe da minha parte que eu também o apoiaria se fosse militante, e que só não sou porque sou um pateta que não se lembrou desta divertida possibilidade. Façam qualquer coisa, mas ele que venha, por favor. Opto, decididamente e mais uma vez, por “qualquer coisa que me faça rir”.

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publicado às 00:06


A orelha que adivinha

por Rogério Costa Pereira, em 20.04.08

Sentia a orelha direita gelada, o que me obrigou a um doloroso coitus interruptus. E logo naquele dia, que tinha engatado a Jolie. Acordei. Estranhei que tivesse acontecido com aquela orelha, porque a outra (a esquerda!) é que estava ao léu, mas vá lá um gajo travar-se de razões com uma orelha – é parte do corpo que não nos encara de frente. Podia dizer que são só garganta, não fora cair um bocado no non sense - e logo num post que se quer sério, afinal trata-se de uma estória verídica! Eram seis da manhã. Raisparta a minha vida, o sonho já não o apanho outra vez, qu’isto dos sonhos é malta que não espera por ninguém. Encostei-me mais dez minutinhos (não confundir com dez minutos). Meio-dia! Acordei como se tivesse sido atropelado por um cowboy – resultado, muito provavelmente, da carga de porrada que levei do Brad Pitt (afinal alguém esperou por mim) e das trinta e seis vezes que calquei no snooze do despertador. Foram por trinta e seis vezes só mais dez minutinhos. Deviam pôr pernas no cabrão do despertador assim que se carrega a primeira vez. Isto dá cabo dum homem. Tomei o pequeno-almoço e almocei – não gosto de quebrar rotinas. Uma taça de cereais, uma sopinha, um bife grelhado com batatas fritas e ovo a cavalo. No bife. Uma laranja. Cheguei à repartição a tempo da abertura da tarde, com ar de quem estava em paz. ‘Tão, pá? Kékesepassou, meu? O chefe nem vai acreditar. Faltou a luz na minha área e o despertador não tocou / tive um acidente / a minha tia morreu / o meu cão passou mal a noite / estou muito triste. Optei pela última (hás-de pagá-las caro). Tinha faltado de manhã porque estava muito triste. Era oficial. Já não podia voltar atrás. Esperei pela desova. Vai-te sentar que já lá vou falar contigo. ‘Tou fodido. A minha mesa estava um verdadeiro caos. Resolvi arrumá-la para que o chefe não pegasse também por aí. No meio do labor deixei-me dormir – tal era. Voltei à Angelina. O chefe acordou-me com um beijinho na orelha direita. Eram sete da tarde. Não havia mais ninguém na Repartição.

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publicado às 00:31


short joke

por Rogério Costa Pereira, em 18.04.08

A three-year-old little boy was examining his testicles while taking a bath: "Mama," he asked, "Are these my brains?" Mama answered: "Not yet."

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publicado às 22:22


Descubra as diferenças

por Rogério Costa Pereira, em 18.04.08

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publicado às 15:50


Intermitências privadas

por Rogério Costa Pereira, em 17.04.08

Hoje deu-me para reflectir sobre os tempos de vida – das pessoas e das coisas; dos seres e dos projectos. Das intermitências da morte, como titulou o outro. Quanto às pessoas, e fazendo fé no ensaio laboratorial do que não virgula-de-virgular, estamos conversados. Parece que é maleita não desejada, esta de envelhecer, envelhecer. Sem morrer. Porque, reconheçamo-lo, e com humildade, que a morte é a cura para vida. Lembro-me da minha avó, viva, numa cama, há pelos menos dois anos. O que a vai curar? Claro que sim. Quando um dia vier. O mais longe que seja, cruzes-canhoto-bate-na-madeira, que o egoísmo dos que vivem-de-viver mais não permite. E eu não serei excepção. (ao tempo que já não escrevia assim, caramba, para que eu me entenda, sem pretender ser o pivot de serviço) Terão os projectos igual referência? Será o fim dos projectos, fará o fim de um projecto, parte essencial do dito projecto? Ou poderão os projectos ultrapassar os tempos de vida das pessoas? Talvez tudo. Sim e não. Depende do projecto, da maleabilidade dos projectos, depende das pessoas que hão-de vir. Dar-lhe almoço, jantar e lanche. Sim, porque desenganem-se, um projecto não tem perninhas para andar sozinho. E o único que tinha, o feioso da cabecita remendada e do corpito aos retalhos a que o louco deu vida, retribuiu como se viu. Vou ali já venho, amanhã quem sabe, para o mês que vem, um dia destes, nunca mais, terminar o que não comecei, porque tenho mais que fazer e chamam-me ao telefone. Assunto urgente e importante, coisa de trabalho, dizem-me. Fiquem aí à espera que eu já volto, está bem? Porque é isto, segundo sei, o que se pretende dum blogue. Coisa sem obrigações, sem tempos, que sabe reconhecer as premências superiores. Ou vocês, meia dúzia de leitores atraiçoados, pensaram mesmo que eu vinha para aqui falar duma coisa tão respondona como um avião que explode, um político medíocre? As notícias do dia a dia? Blocos e partidos? Futebóis e tristezas? Comprem mas é o jornal, que eu tenho mais que fazer.

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publicado às 23:50


Agora já não!

por Rogério Costa Pereira, em 17.04.08

Marco António, o que agora é Costa, assevera, na RTP1, já depois disto, que o PSD não tem uma liderança bicéfala.

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publicado às 23:18

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